domingo, dezembro 11, 2016

Encostadas ao meu peito

Contado parece algo meio distorcido. Vivido é a suma daquilo que eu imagino que deva ser a relação do pastor e das ovelhas. Tal como dizia o Papa quando afirmava que os pastores deviam cheirar as ovelhas. 
Ocorreu numa das minhas paróquias. Numa daquelas em que a relação com as pessoas tem aumentado imenso, sendo visível o carinho de parte a parte. Sinto que as pessoas confiam no seu pastor e se sentem seguras na sua presença. E assim no outro dia, enquanto confessava, reparei que uma grande parte das senhoras se encostava ao meu peito (advirto que tinham idade no mínimo para serem minhas mães!). Eu estava sentado com o braço sobre o encosto do banco, e à medida que vinham confessar-se, algumas aconchegavam-se para nos escutarmos coração a coração. Houve uma altura em que dei por mim a gostar de me sentir assim, tão pároco.

23 comentários:

gui disse...

É bom confiar assim, saber que do outro lado há alguém que acolhe sem julgar ou condenar.
É bom poder ser tão jovem (ou idoso) que não seja de preocupar o que é socialmente correto.
É bom ter o coração tão livre para permitir esses gestos.
Que deus lhe conceda a força de ser sempre a figura do bom pastor, do pai amoroso que orienta e trás a serenidade.

Anónimo disse...

"Advirto que todas tinham no mínimo idade para ser minhas mães"

Este é um comentário perigoso Pe



. E se não tivessem essa idade não poderia ser assim tão puro e bonito?

Anónimo disse...

Bom dia "Padre"! Vai perdoar se pareço vaidosa, mas eu consegui com o meu Amigo padre falecido algo que julgo vai um pouco mais além e que também pode conseguir e que é sentir-me abraçada por Deus sem qualquer abraço físico .. ele era uma pessoa aparentemente austero mas as suas palavras eram envolventes e sentia-se que Deus falava através dele..
bom demais para ser verdade não é? o que é bom dura pouco..
Agnóstica

Confessionário disse...

11 dezembro, 2016 23:14

Creio que eu agiria igual... mas não sei se os outros pensariam como eu! heheheh Essa é que é essa

Confessionário disse...

Agnóstica,
Talvez um dia eu possa ser um pouquinho como o "teu padre", quem sabe!

Anónimo disse...

Julgo que para ser do género do "meu padre e o padre de todos os fragilizados do mundo" basta fazer o que se diz .. quando o papa Francisco apareceu foi exatamente esse o comentário que eu e ele fizemos dele: "um papa que faz o que diz!".. e isso basta!
Agnóstica

Anónimo disse...

Ora pe.,o que vale, o pensamento dos outros ou o de Deus?

Mas se queres saber o que eu penso... É que tu irias fugir à sete pés se não tivesse idade no mínimo para tuas mães.

Não que não fugas lol

Anonima 11 dez 23h14

Confessionário disse...

Anonima 11 dez 23h14

Fugir não digo, mas era bem capaz de não ter estes pensamentos! lol

Anónimo disse...

anonimo
11 dezembro, 2016 23:14
concordo plenamente...
se as pessoas em questão tivessem outra idade eram julgadas! no mínimo...
eu faço esta questão:
- padre. abraçaria de igual modo alguém mais novo ou melhor pensaria da mesma forma ou ficava com pé atrás?
não estaremos "nós" sociedade um tanto com mentes poluídas??
que mal há em abraçar alguém?
a pessoa que da um abraço demonstra carinho,sim...
mas,será que tem outras intenções ou as intenções estão na cabeça de quem recebe tão nobre gesto?

Confessionário disse...

13 dezembro, 2016 09:34

Não sei se seriam essas pessoas as julgadas, ou o pároco!

Se eu abraçaria ou não, iria depender do contexto. Não tenho problemas com esses abraços. Eventualmente poderia tê-los com as pessoas, mas não com os abraços. Eu não vejo nenhum mal em abraçar alguém, muito pelo contrário. Mas sei igualmente que há pessoas a quem é melhor evitar determinados abraços que podem ser confundidos (e eu sei bem do que falo!)... e olha que este blogue é visitado por muita gente que um dia confundiu a atenção que lhe foi dada por um padre!

Em tudo acho que o melhor é agir com naturalidade... e é o que tento!

Anónimo disse...

Pois, também me parece que abraçar uma senhora com idade para ser sua mãe é bem diferente de abraçar outra mais jovem... E se, no caso, se combinarem os atributos jovem, bonita e solteira, então acredito que as confusões podem ser muitas, não só para quem vê, mas também para quem recebe e dá os ditos abraços...
Os senhores padres podem até vir com o discurso da santa inocência, que nunca pensaram tal coisa, que os outros é que confundem tudo, etc e tal, mas quando se combinam uns determinados factores, a verdade é que os pensamentos não são assim tão puros, por muita água benta que bebam!... Claro que depois os outros é que confundem tudo!
Se há gente a confundir a atenção do padre, também há padres que julgam que todos os gestos ou olhares têm segundas (e terceiras!) intenções!Desculpem lá se há gente descompensada, que não consegue perceber os limites, mas não é preciso tocar nos outros com "pinças"!
Na minha paróquia temos a sorte de ter um padre tão lindo que dá vontade de louvar a Deus só de se olhar para ele! Se me desse um abraço, não posso jurar que os meus pensamentos fossem 100% puros e inocentes mas não iria ultrapassar os limites que para mim são óbvios! Por isso, venham os abraços!

Anónimo disse...

Pois isso ja nao posso responder...
Nunca tive esse problema.
Mas o padre la tera os motivos que o levam a certos argumentos.
Longe da minha pessoa fazer juizos de valor!
Foi apenas uma opiniao que é o que se faz por estas bandas.
E uma pergunta normal as circunstancias.

Anónimo disse...


" Se me desse um abraço, não posso jurar que os meus pensamentos fossem 100% puros e inocentes mas não iria ultrapassar os limites que para mim são óbvios! Por isso, venham os abraços!"

Lindo! Adorei.

Mas continuo a achar que os Padres fogem desses abraços. talvez como forma de se protegerem, o que é uma pena.

Confessionário disse...

13 dezembro, 2016 22:35

Não creio que fujam. Talvez evitem alguns... e de certeza que cada um sabe quais tem de evitar. Eu sei... Dou bastantes, mas sobretudo a pessoas que me parece que não vão pensar senao no abraço... pois já tive quem os confundiu, como é natural. Creio que não terá mal nenhum enquanto soubermos nós o que significou... mas claro, sempre se pensa, e agora?!

Confessionário disse...

13 dezembro, 2016 18:34

Nãos enti que eram juizos de valor, e a pergunta era pertinente... of course

Peregrina Repetente disse...

Pe, qual é o problema em admitir que os padres como qualquer ser humano precisam tanto de abraços e carinho? Sem culpas, sem olhares reprovadores. Esquecemos que os padres, vivem tão cheios de gente e tantas vezes tão SÓZINHOS, sem uma mão amiga, sem um ombro, sem alguém que os oiça, sem cobranças e sem juízos de valores.
PR

Confessionário disse...

PR, tens toda a razão. Precisamos até mais que um homem casado, como é óbvio. Como seres humanos, necessitamos dessa atenção e carinho. Quando fingimos que não, estamos a enganar-nos a nós próprios e podemos tornar-nos sacerdotes esquisofrénicos. Podia agora fazer apelo a um abracinho (estou a sorrir), mas graças a Deus ainda vou tendo quem mos dê! Mas, sim, era muito melhor e mais saudável que tudo fosse natural e sem quaisquer segundos sentidos de parte a parte!

Anónimo disse...

"Meu sonho ganhar um abraço verdadeiro... Sim, sinta o calor humano, pois a vida é curta para pensar em certos detalhes...Um carinho sincero vale mais de que qualquer bem material, troco por tudo."

gui disse...

Padre: às vezes é essa falta de naturalidade, ou dificuldade em se manter a mesma postura em situações mais próximas que leva a confusões e não o próprio abraço ou olhar. O "porque é que" é que me levou a ter andado confusa e aos segundos sentidos.

Ana Melo disse...

Faz como Deus faria. Segue em frente. O padre não é o INEM. Deus, criou-nos, programou-nos, com muita resistência (para mim resistência demais). Essa necessidade de abraços imediatos, nunca foi com Deus. Vemo-lo em muitos episódios a analisar a situação, a esperar pela melhor hora, a deixar que os que precisam, gritem, rezem, vigiem……

Anónimo disse...

Nunca imaginei que a palavra ABRAÇO gerasse tanta confusao...

Anónimo disse...

A palavra em si não causa confusão, o acto sim...

Daqui a nada vamos esmiuçar o acto: como abraçar? Onde se deve colocar os braços em volta de alguém? Há ou não formas "decentes" de abraçar alguém?

Creio que o problema é o facto de o sacerdote-homem abraçar uma paroquiana ou será que se o sacerdote for visto a abraçar um paroquiano vai causar o mesmo "falatório"?

Sejamos realistas hoje há vocações em que o acto abraçar leva a pensar segundas intenções, ainda que não as haja, por exemplo um professor a abraçar um aluno(a), médico e outras mais. A sociedade está atenta a segundas intenções, ainda que não as hajam por parte dos protagonistas... Estamos a pouco-e-pouco a vivenciar o Big Brother do 1984 de Georg Orwell...

Senhor padre: abrace! Abrace muito a Deus e aqueles que procuram a sua ajuda. Abrace com palavras e acções.

Carpe Diem!

Anónimo disse...

Resposta maus que perfeita...