terça-feira, novembro 08, 2016

pessoas especiais

Veio uma filha falar comigo passadas umas horas da suposta missa de sétimo dia para me dizer que estava magoada porque não fizera nenhum tipo de homenagem ou referência à sua mãe. A intenção de missa da sua mãe era uma entre outras, e pedira para que fosse a primeira a ser referida na eucaristia. Mesmo assim, estava magoada, e nisso temos de ser compreensivos. São momentos de especial dor. E a sua mãe era especial. Para ela. Provavelmente não para as outras dezenas ou centenas de pessoas que estavam na eucaristia. Mas era ela que desejava que eu fizesse da sua mãe o ser mais especial do mundo. Que era. Mas para ela. Que era, tal como as mães das outras dezenas ou centenas de pessoas que estavam na eucaristia. Pedi perdão por tê-la magoado sem intenção. E que não era meu costume fazer homenagens senão a Deus na Palavra que é lida em cada liturgia.

11 comentários:

Anónimo disse...

Bom dia Sr Pe:
Felizmente na minha terra natal ainda é possivel termos uma missa pela intenção duma pessoa apenas..eu sei que tem o mesmo valor das missas com "intenções coletivas", mas entendo a desilusão dessa filha, porque a tradição ensina que a especialidade está na exclusividade da intenção da missa.
Ainda hoje recordo as palavras do diácono que esteve presente no funeral de meu primo (junto com 2 sacerdotes de quem meu primo tb gostava mt. Não o fiz por ele precisar, mas por saber que ia ficar mt feliz se estivesse a "ver" nalgum lado) que connosco vivia desde pequeno e faleceu no ano passado vitima das infeçoes hospitalres, depois de uma vida com paralisia cerebral .. palavras que descreveram a vida dum santo que se transformou mártir entre os anjos.. confortaram-me muito porque eu sabia que era isso que meu primo queria ouvir e que a sociedade e instituições precisavam "engolir" de tanto hipocrisia que usam para com as pessoas com deficiencia.
Falou de meu primo o tempo todo, de Deus na sua vida, da importancia do sorriso no sofrimento. Meu primo sorriu a vida toda, mesmo depois de passar anos numa cadeira de rodas, apenas deixou de sorrir quando o nosso paupérrimo sistema de saude publico fê-lo cair numa septicemia e infeção hospitalar. Meu primo foi e é o meu heroi, com o exemplo dele tudo o que me acontece de mal é minimizado..
Agnostica Portuguesa

Anónimo disse...

Pe.,

A morte e o sofrimento dos outros anda-te a pesar demasiado, não anda?

Tens que ter força, a tua fé na ressurreição é supostamente mais sólida que a de todos nós. Deus te ajude a transmiti-la aos que sofrem.

Há pouco tempo, estive no funeral de um familiar de um padre amigo. Ele próprio fez a homilia. Imagino o quanto lhe custou... Embora eu ache que ele não a devesse ter feito, porque também ele é humano e tem necessidade, como todos nós, de chorar os seus mortos, a segurança e a esperança na ressurreição que nos transmitiu a todos, foi algo de extraordinário.

bjito

Confessionário disse...

mas amiga agnóstica, esse teu primo é um exemplo de fé que tem interesse em partilhar. Além disso, creio, pelo que dizes, que foi tudo presidio por gente amiga, e não propriamente um pároco que tem de ser mais imparcial que parcial...
E tb não há regras sem excepções, nem formas de fazer sempre iguais. E a questão que quero realçar não é a das missas ou intenções particulares.

Confessionário disse...

08 novembro, 2016 11:01

eu tenho força e muita fé na ressurreição. Porém, como alguém dizia o outro dia, os funerais mexem comigo. São momentos de especial cuidado, e geralmente são ocasião de exigências dos familiares que temos de atender com cuidado e ao mesmo tempo educando. Não é fácil, não.

e... já agora, eu presidi ao funeral da minha mãe. Doeu, mas não podia ser de outro modo!

Anónimo disse...

Então que o Espírito te ilumine quando estiveres a "educar" esse familiares exigentes e os consigas fazer distinguir o essencial do acessório.

Como a tua mãe deve ter ficado feliz, ao olhar lá do céu :-)

Anónimo disse...

O problema é esse sr Pe, na minha vida o melhor, o especial acontece quando ha afetividade (com os meus médicos tem sido assim por exemplo) e com os padres não é facil estabelecer esses laços, porque será?
AgnosticaPort

Anónimo disse...

A perda de alguém é sempre difícil, mas de uma coisa tenho a certeza, a fé é a melhor, a única maneira de nós percebermos um pouco melhor essa perda.
Se algumas pessoas conseguissem, pensar assim, tenho a certeza, que todos compreenderíamos melhor,isto de não haver padres para fazer todos os funerais, e até mesmo fazer missas só por uma pessoa.
Eu graças a Deus, e aos padres com que tenho o privilégio de "participar" nestes acontecimentos, sinto que cresci na fé e ás vezes fico triste por não conseguir transmitir essa fé e paz que sinto,perante as pessoas que estão a sofrer,pois seria tão mais fácil e menos doloroso, pois Deus è infinitamente Bom e a todos consola.

Anónimo disse...

Verdade Anónima, a fé de que fala será a ideal, sem necessidade de ser materializada em nada.. eu por sinal, desde que entrei nesta caminhada, nunca me senti plenamente integrada na Igreja. Preciso sempre de alguém, padre ou com conhecimento em teologia, que se torna meu confidente, e com quem possa por a nu todas as minhas duvidas e descrenças que ainda tenho: não consigo acreditar na ressurreição dos mortos por ex, mas acredito na de Cristo, na medida em que O sinto muito vivo no meu dia a dia. Não é por isso porém que deixo de procurar a perfeição na minha vida, não já orientada para uma recompensa no Além, sim porque se trata de um imperativo categórico, que dantes (quando era agnóstica vinha do Kant e outros filósofos), agora vem da doutrina que conheço de Deus. Dantes fazia o Bem pelo Bem, agora o Bem que procuro fazer tem o sentido de dar continuidade à Mensagem de Cristo. Não mudei muito a minha maneira de ser dantes para o agora, apenas o sentido que dou à vida e que já é muito. Sei que estou já a fugir ao tema, mas talvez inconscientemente explique porque necessito tanto de uma bengala "humana" para a minha fé .. Não sei caminhar sozinha, apesar de neste momento estar praticamente so nesta caminhada .. sinto-me mt mais próxima dos que ainda procuram Deus, do que aqueles que já O encontraram, por isso tenho um pé dentro e outro fora da Igreja. Já houve quem dissesse que católico tem de ser a 100%, aceitando e cumprindo escrupulosamente as regras da igreja,daí que me considere cristã mas apenas à procura de ser filha de Deus que pode merecer o seu Amor.
Agnostica Port

Anónimo disse...

Vivemos num mundo onde todos queremos ser os especiais, e que os nossos sejam os especiais. Veja-se a eleição do novo presidente dos Estados Unidos. O que conta é que sejamos especiais. Que sociedade mais perdida!

Anónimo disse...

Pois mas quando essa especialidade é sinonimo de doença, ninguém quer o predicado.. "pessoas com necessidades especiais" digo eu.. de tanto conviver e viver com elas são sim especiais, mas para bem melhor...

Anónimo disse...

Não me identifiquei na msg das 14h41... sou a Agnostica, desculpem, não gosto de anonimato a mais..