Confessei-me há uns minutos atrás. Depois de um largo exame de consciência, abeirei-me de um colega para sentir, através do seu olhar, o perdão de Deus. Após a enumeração das faltas e pecados que sentia pesarem-me na consciência, o colega falou amável e delicadamente da nossa condição humana frágil.
Porque me deu tempo para me por no seu lugar de confessor, apercebi-me que a maioria das minhas faltas estavam intimamente relacionadas com o meu antro ou auto-centrismo. Com a tentação de nos olharmos como centro da nossa vida. Como aquele que busca em si compensações, sucessos, satisfações. Acabou por ser muito bom dar conta em mim que o pecado é exactamente a ausência de Deus porque nos colocamos no centro de tudo. Foi bom experimentar na pele o que tenho ensinado teologicamente a outros. Foi bom, no final, perceber que a gratificação da vida nos vem de Deus e não de nós. Paradoxalmente, é Deus que nos dá a satisfação ou alegria plena da vida, e somos nós que nos entregamos à insatisfação do nosso ser.
Curiosamente, o colega sugeriu-me que recordasse aquele momento da nossa ordenação em que nos prostramos no chão, colados ao pó do tapete à frente do altar. Afinal é essa a condição e postura que nos habilitam para sermos autenticamente sacerdotes.
1 comentário:
"da nossa condição humana frágil", pois é mesmo assim, só é pena que nem sempre, ou melhor, quase nunca, as pessoas vos vejam assim.
Que diferente seria se assim fosse.!!!!
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