sábado, janeiro 17, 2015

O acto de confessar

É maravilhoso passarmos duas horas ou mais a confessar. Estar ali acocorado numa cadeira ou num confessionário sem preocupação que não seja estar ali para os outros. É maravilhoso dispormo-nos a confessar e depois de uma hora chegarmos à conclusão de que não somos nada. É maravilhoso sentirmo-nos insignificantes na confissão. Sabermo-nos apenas a ponte que Deus construiu para chegar da Sua margem à margem das pessoas na sua dor. São aqueles momentos que nos garantem a nossa pequenez. Não é preciso que as confissões sejam sensacionais no sentido jornalístico da questão, ou profundamente direcções espirituais. Conta tão só que sintamos o amor de Deus actuar. É um encontro diante da misericórdia de Deus e diante das pessoas que Deus ama desta forma tão íntima. O perdão de Deus na intimidade da confissão. Comparações aparte, os padres têm neste acto uma graça que não cabe no tamanho do mundo. As nossas vidas de padre são demasiado preenchidas com afazeres, mas devíamos dedicar mais do nosso sacerdócio a confessar. Só nos faria bem. Pessoalmente, sinto uma necessidade grande de sentir este Deus, através da minha fragilidade, diante do acto da confissão. É maravilhoso.

22 comentários:

Anónimo disse...

É maravilhoso sentir Deus actuar no pecador por meio do Sacerdote!...
Penso que para o Sacerdote, deve ser uma das grandes alegrias ver uma pessoa acabronhada pela dor do seu pecado, e depois de perdoada, pela benção do
Sacerdote, sentir-se aliviada, liberta e feliz.
Tens razão Padre! Que graça tão grande poder perdoar os pecados em nome de Deus.
Que Deus continue abençoar-te, para que tu possas continuar abençoar os outros. MARAVILHOSO. Bom Domingo!

Anónimo disse...

Como será espiritualmente consolador para o Padre, sentir o perdão de Deus no seu penitente, através da intimidade da confissão!
O Padre de facto perdoa em nome de Jesus Cristo... Eu acredito e tenho Fé, que é uma Graça tão grande que "não cabe no tamanho do mundo!"
Obrigado Deus pelo poder que destes aos Teus Sacerdotes!!!



Anónimo disse...

"As nossas vidas de padre são demasiado preenchidas com afazeres, mas devíamos dedicar mais do nosso sacerdócio a confessar."
Este assunto é muito delicado para mim. Tenho dificuldade em perceber determinadas atitudes vindas de pessoas que deveriam estar ali para ouvir sem julgar e quando abrissem a boca terem o maior cuidado com o que dizem.
Aconteceu com o meu filho que tem 13 anos.
Já lá vão uns 2 anos desde o sucedido.
Ele é um rapazinho meigo educado e com um coração do tamanho do mundo.
A ultima vez que se foi confessar abeirou-se do padre, disse-lhe que achava que não tinha pecados pois cada vez que irritava os pais e nunca o fazia propositadamente pedia desculpa. Que se sentia em paz e alegria, a resposta do padre foi de uma insensibilidade muito vulgar, se achas que não tens pecado nem deverias estar aqui o que é que viste cá fazer. O miúdo desceu o altar já com os olhos marejados de lágrimas. Depois disso nunca mais se abeirou de um padre para se confessar, por muito que lhe explique que a confissão é uma conversa descontraída não o faz. Associado a isto deixou de participar como acólito na Eucaristia.
Em teoria é tudo muito bonito mas na prática as coisas e na sua maioria as coisas não se passam como tua as sentes, acredita que a maior parte dos teus colegas padres até se ri das situações que ouvem em confissão, especialmente quando se trata de mulheres e quando o que magoa é o relacionamento com o marido já ouvi a expressão "não dá conta do recado..." esboçam "sorrisos repugnantes" vulgares.
Também eu deixei de acreditar na confissão, não porque não sinta a necessidade de o fazer mas porque perdi a confiança na figura do "confessor"

Anónimo disse...

Se a confissão fosse sentida desta forma, pela maioria dos Padres,nós penitentes, não teríamos tantas vezes a sensação que quando a pedimos estamos a sobrecarregar a agenda do Padre... A desculpa da agenda e dos afazeres para evitar as confissões, faz lembrar um pouco a desculpa do "não tenho tempo de ir à missa..."

Confessionário disse...

18 janeiro, 2015 16:59

Só uma pequena emenda: não é o padre que perdoa, mas Deus! O padre é apenas um instrumento.

Confessionário disse...

19 janeiro, 2015 09:01

Não deixes de acreditar na confissão. Por isso mesmo, porque quem perdoa os pecados é Deus. Nós, padres, somos apenas pedras frágeis desse ministério.

Eu entendo o que dizes e procuro não ser um padre que afasta na confissão. Mas nunca sei se o faço deveras! E depois por um padre que tomou essa atitude, não se devem por em causa os outros. Esse é tb um problema da nossa humanidade. Valorizamos muito o erro de alguém e desvalorizamos as muitas coisas positivas de muitos outros.

Força

Confessionário disse...

19 janeiro, 2015 18:35

Apesar de reconhecer aquilo que faz acontecer a confissão, tb dou por mim tantas mas tantas vezes sem tempo ou vontade física para confessar.

Anónimo disse...

Aqui esta um contrasenso pe... tantas mas tantas vezes sem vontade fisica ou tempo para fazeres algo que te faz tao bem a ti e ao próximo...

Anónimo disse...

As tuas prioridades andarão certas, pe?

Confessionário disse...

20 janeiro, 2015 00:18

E não seremos quase todos assim?! Sabemos o que nos faz bem e nem sempre temos vontade de fazê-lo.

Imagina os milhares de estudantes que até sabem o bem que lhes faz estudar e o que crescem com os estudos, mas que têm quase sempre pouca vontade para se dedicar a eles. Não é bem a mesma coisa, porque eu gosto muito de confessar e tenho vontade de o fazer. O problema são as vezes em que não apetece ou não tenho tempo.

Anónimo disse...

Embora eu ache que o exemplo do estudante não seja muito bom,estudar é chato :-) confessar pode sê-lo?
concordo que somos todos um pouco assim... A mim nada me faz melhor que ajudar ou fazer o bem. Então porque não estou sempre a fazê-lo??
Obrigado por partilhares essa tua "humanidade" e essa tua "fraqueza". É preciso uma grande dose de humildade para um padre se expor dessa forma. Ainda que seja uma exposição moderada pelo anonimato.

Mas insisto no contra-senso teu, meu, de todos... é suposto ser assim?


Confessionário disse...

sim, é um contra-senso... mas, afinal, de todos!

ahhh e confessar nunca é chato... mas é cansativo!

Anónimo disse...

Bom dia!

Hoje precisava de um confessor, um PADRE que me escutasse... sem julgar, poderia nem falar muito, e nem deveria sorrir.

Acho que não precisava de uma "absolvição" mas precisava que me escutasse.

Hoje precisava muito de um abraço real, sem sorrisos ou palavras um abraço profundo forte e demorado, um abraço sem pressa, um abraço onde eu me pudesse retemperar.

Confessionário disse...

21 janeiro, 2015 10:59
Estas a falar do abraço de Deus...

Anónimo disse...

"Estas a falar do abraço de Deus..."

Verdade!

Sem me aperceber estava a falar do abraço de Deus, mas diz-me, por favor, porque é que os homens não dão este abraço espontaneamente sem maldade?

Porque é que em vez de um abraço nos devolvem a violência e o que não quero nem nomear?

Se responderes não dês uma resposta de conveniência.

Explica-me, se puderes, porque é que as pessoas são más aparentemente por prazer ou mesmo sem um motivo aparente.

O que é que as leva a maltratar um ser semelhante a elas?

Eu falava sem pensar do abraço de Deus mas referia-me a uma necessidade própria real.

Pode parecer descabido ou ridículo, mas precisava uns braços reais que me abraçassem tal como descrevi.

Confessionário disse...

"Porque é que em vez de um abraço nos devolvem a violência e o que não quero nem nomear?"

Não tenho propriamente resposta a esta pergunta. Terias de a fazer a quem te devolve dessa maneira. Tb não me parece que a razão radique em Deus. Somos assim. Tu tb serás muitas vezes, digo eu. E se alguma coisa podemos, é aprender com o nosso sofrimento a não fazermos o mesmo aos outros. Como vês, pode haver sempre um lado positivo nas coisas, mesmo as negativas.
E tb acho que todos temos uma tendência enorme para o mal. Como diz aquela história, temos em nós o bem e o mal, e tudo depende daquilo que fazemos crescer mais.

Anónimo disse...

"Terias de a fazer a quem te devolve dessa maneira."
Não sabem porque o fazem! É isto que me surpreende.
"Tu tb serás muitas vezes, digo eu."
Pois... penso que a questão residirá aqui, não entendo porque não vivo dessa forma!!! alimento um "ideal" dar aos outros aquilo que eu mais desejo para mim.

"Como vês, pode haver sempre um lado positivo nas coisas, mesmo as negativas." Verdade! :(


Anónimo disse...

Não sei onde é que Deus estava com a cabeça quando se lembrou de instituir isto das confissões com padres pelo meio. Se tirasse os padres do meio, as confissões até podiam ser toleráveis. Eram assim uma coisa passada só entre nós e Ele. Um tête-à-tête, cheiinho de intimidade. Mas não. Isso já era pedir muito. Se nem são eles que perdoam, então o que estão lá a fazer ao certo? Porque têm que meter o bedelho numa conversa que não lhe diz respeito? Só para aterrorizar uns pobres coitados a quem pedem um peito coração contrito, mas que apenas o sentem a saltar do peito? Tu não gostavas que entre ti e Deus não existisse nada? Pois, olha que eu também! Mesmo nada. Desculpa-me, mas achas que tenho que atravessar determinadas “pontes” para sentir o perdão de Deus actuar? Mesmo sério?! Aliás, quando rezo o Pai Nosso, sai-me logo um automático, genérico (e colectivo) “Perdoai-nos as nossas ofensas, assim como nós perdoamos a quem nos tem ofendido” que me deixa razoavelmente satisfeita. E, sempre que sinto que preciso, torno esta locução muito mais específica. Acredita. Perdoar faz bem. Tão bem, ou melhor ainda, que ser perdoado. Perdoarmo-nos, para perdoarmos e sermos perdoados. Ai está algo que poderá dar um bom início de confissão. Digo eu. Assim sendo, perdoa-me qualquer coisita. Dá paz e traz paz ao mundo. O que também é maravilhoso.

Confessionário disse...

24 janeiro, 2015 12:22
DEus não precisa de nada e por isso tb não precisa dos padres para confessar. Mas Ele quer precisar da nossa mediação, como tantas vezes usa a mediação humana para os seus intentos.
O padre não perdoa, de facto, mas é essa ponte do perdão de Deus. Um sacerdote autêntico não prestará valor aos pecados confessados, mas ao perdão concedido, digo eu. E como veículo-ponte, Deus poderá falar connosco através do confessor.... com conselhos, com sugestões, com o aliviar de pesos (uma coisa contada é uma coisa aliviada, porque é partilhada). E há ainda o assumir dos factos que, sendo perante alguém, têm um peso muito diferente em nós.
Por tudo isto, a confissão diante de um sacerdote é valiozíssima.

Anónimo disse...

Senhor, e o veículo-ponte tem de ser um padre????

Confessionário disse...

24 janeiro, 2015 18:34
estão abertas sugestões...

Anónimo disse...

Estou disponível para fazer confissões em part-time. On-line: confissões@pre-pagohotmail.com .Português, mirandês, alentejano, açoriano e madeirense.