sexta-feira, outubro 15, 2010

Procissão da conversa

Estava em Fátima, num daqueles dias em que a procissão das velas não se faz no recinto, mas a caminho dos Valinhos. A procissão demorou bem umas duas horas. Diga-se àqueles que gostam de procissões que aquilo é que é uma festa rija. Não há filas, porque as pessoas são muitas. Vão umas atrás das outras, com a sua vela na mão e, presumo, o terço na outra.
Fiquei para trás mais um colega. Rezava-se o rosário. Bastou sair do Santuário para não mais se perceber o que se estava a fazer. O ruído era tanto, as conversas paralelas eram tantas, que tivemos de avançar para a frente. De novo o mesmo. E de novo, repetida a movimentação, o mesmo. Por mais que quisesse rezar, encontrava sempre alguém a importunar. Por fim, já no grupo que seguia o altifalante, era eu que me importunava de pensamentos.
Que veio esta gente fazer aqui? Centenas de pessoas a seguir as palavras do terço, a imagem de Nossa senhora, e apenas se faz aquilo que apetece fazer, conversar. Bem dizem as sondagens. Somos cristãos porque sempre seguimos esta fé. O que eles não sabem é que a fé não se segue, mas vive-se.

6 comentários:

Canela disse...

Coragem amigo... coragem...

Não comento, nem quero tecer considerações interiormente, porque vou pecar... ai, se vou!

E quando a voz do "organizador", se confunde e funde com a oração do terço, a dizer de viva voz: "A ANDAR! A ANDAR!"!?

O que fazer perante isto? Eu desisti!

Anónimo disse...

Olá,
Claro que a fé não se segue, Vive-se...
Acredite Padre que há no meio desta confusão toda, muita responsabilidae dos líderes católicos.
Antigamente até celebravam a Eucaristia em latim, claro que a maior parte do povo não percebia uma só palavra.
Ensinaram o povo a papaguear orações, e colocavam-se num pedestal tão elevado, tão distante do comum dos mortais, que se pensava que Deus só se manifestava através desses eruditos.
Na minha humilde opinião, quanto mais ignorantes formos, mais fáceis somos de dominar, que foi o que o catolicismo fez ao longo dos séculos.
Agora assistimos ao resultado dessa situação criada.
No meio estará a virtude, e é esse centro (Jesus Cristo) que temos que buscar de novo...
Se o ensino da doutrina cristã, for orientado para a vivência diária e pessoal de cada um, chegaremos certamente a alcançar a tal sabedoria e liberdade que só Jesus Cristo nos pode Dar...
Ensinemos às pessoas que pelo Espirito Santo, habitante do nosso coração, falamos a qualquer hora com Deus nosso Senhor.
Realcemos que Deus é Amor e não Castigo.
Que colhemos o que semeamos.
Que cada semente só frutificará se todos os dias for cuidada.

Que Deus é Omnipresente Omnipotente e Omnisciente, Ele tanto se manifesta num sacerdote como na flôr que temos no quintal.

É esse misto de Sabedoria, e Simplicidade do exemplo que Cristo nos Deixou que temos que reaprender...
N´Ele reside, e só Ele pode Dar.

Paula

Anónimo disse...

Gostei deste seu comentário, pois o mesmo se aplica às procissões nas festas das aldeias e vilas. Já falei disto ao padre da minha freguesia de origem e interrogo-me também sobre que sentido faz a procissão. Creio que será apenas para dar ar aos santos e pô-los a passear uma vez por ano.
Participo com regularidade nas festas religiosas da paróquia onde nasci (que não é a mesma onde moro), como católico que sou, em todos os actos liturgicos que é suposto fazem parte da festa que realizamos e por conseguinte também nas procissões. Pois fiquem a saber, se dúvidas houver, que se fala de tudo menos do espírito que ali nos junta. Fala-se do tempo, dos copos que esperam pelas pessoas na tasca que por sinal é da igreja, etc. etc. Até dizer mal da mulher do vizinho ou conhecido já ouvi em plena procissão. Tirando o grupo que gravita ali na próximodade do pálio ou do andor e que segue mais de perto o padre, o resto é uma pouca vergonha. Para não falarmos na feira das vaidades em que a procissão se tornou. Há lugares cativos. Eu prometo para toda a vida levar a bandeira do santo X e onde visto a última saia, que de propósito comprei para levar na procissão, e aí de alguém que ma tente tirar...
Haja coragem de acabe-se de vez com estas autenticas palhaçadas que de cristãs nada têm e não são mais do que um paganismo religioso,

Teodora disse...

ó padre

não perca tempo com um povo perdido e que não se quer encontrar. dancemos, padre. dacemos ao som de

http://www.youtube.com/watch?v=86lrWMJNtF8

sandrinha disse...

Oi, Gostei do seu blog, muito bom!
Estou aqui para divulgar o blog da minha mãe, visite!
http://artsandra-artsandra.blogspot.com/
Bom final de semana!

Unknown disse...

Para gente de orelhas moucas e práticas religiosas participativas desviantes, envolvidas em manifestações claramente identificadas pelos seus membros e comunidade católica, na simbologia e densidade espiritual como o são as procissões, fica-se sem se perceber se há ou não uma nova modalidade de católico: a do católico inconsciente praticante.

Se os há e o fenómeno está identificado porque tarda tanto uma acção específica de catequização para adultos ou porque não a realização duma nova evangelização ?!!

Mas, nunca, mas mesmo nunca, perder a esperança de reorientar para o caminho de Cristo “as ovelhas extraviadas do rebanho”.