terça-feira, janeiro 13, 2009

Hoje foi daqueles dias

Venho aqui para me confessar. Não há padre. Numa linha de não sei quantos quilómetros só existe um padre. Eu. Não há ninguém para me ouvir. Só Deus me escuta. Só eu me escuto. Entro de mansinho. Não me sento na cadeira normal, mas no canto direito do confessionário. Acocorado. As mãos a segurar a cabeça. Não chegam para envolver os pensamentos. É um daqueles dias em que vou às compras e me telefonam quando estou para pagar. Faço a menina esperar. Ela sorri. Os que estão depois de mim acenam com a cabeça para a direita e para a esquerda. Sim. Diz. Onde estás. No Modelo. Que fazes? Compras. Tas a ver! Se tivesses esposa, agora ela estava aí contigo a fazer as compras lá para casa e para os miúdos. Não estavas sozinho. E ri-se, a brincar. Eu não. Decido desligar com a desculpa que estão muitos à espera a acenar para a direita e para a esquerda. São vários os casais. Pago. Fico no carro a olhar alguns minutos para o volante. Foi assim que escolhi. Fazer compras sozinho. E rezo sozinho na esperança de que estejam mais a rezar. Na esperança de que não esteja sozinho. Viajo sozinho até casa e entro sozinho. Arrumo as compras sozinho. Sento-me sozinho. Depois ajoelho-me cansado no chão frio e…rezo acompanhado!

49 comentários:

Teodora disse...

Ok padre, disse sozinho e não só. Assim sendo é sinal que está bem. Além do mais, diria que mais vale só do que mal acompanhado.

Vê está duplamente bem!

SCAS disse...

E aqueles de nós, que optámos por outra via, para chegar ao mesmo Senhor, quantas vezes fazemos as compras acompanhados, vamos no carro a dois, regressamos a casa onde estão os filhos... e sentimos falta de poder fazer essas e outras coisas sozinhos?! Ou quando se fazem com companhia, mas é como se lá não estivesse (também conheço casos desses)... Cada caminho tem as suas pedrinhas. Podmeos pisá-las ou contorná-las, mas não nos impedem de continuar, não são pedregulhos... Contanto que, ao fim do dia, rezemos acompanhados! Gosto TANTO de aqui vir. Obrigada.

Anónimo disse...

Caro Padre, não está sozinho...tem Deus a olhar por si. :)

JB

Anónimo disse...

Olá Padre,

Um desabafo muito intenso.
Compreendo o que sente, no entanto todos os seres humanos por muito acompanhados que estejam, por vezes, sentem-se sós.

A confissão... eu pecadora me confesso a mim e a Deus, há muitos anos que assim optei. Dessa forma tenho a certeza de que nada fica por dizer, nada fica em oculto. Alí não existem intermediários, sou eu e Deus...
Acredite, que também eu ajoelhei muitas vezes só, no meu quarto, num banco de uma igreja, enfim quando, os pensamentos teimam em pulular e não se encaixar, nem acomodar...
Nesses dias, tudo é questionado ou por nós ou pelos outros.
É nesses dias que damos por nós, sem companhia humana... e, na presença de Deus.

Muita Paz e muita Luz...

PR

Renata Cavanha disse...

Ainda ontem na capela da Comunidade que faço parte, dirigia uma oração ao Senhor por tds os padres...
Sabe , o mais lindo de td isso que partilhou, é saber q o Senhor , nosso Deus, o escolheu!!! E que dissestes sim, assim como Maria disse, sem pensar no depois...assumiu!!! E assume a cada dia ofertar estes momentos ao Senhor. Outra coisa que acho lindo, no momento da missa, o Senhor confiou a vocês padres a graça de toca-lo, aquele misterio, onde o pão se transforma em corpo , o vinho se transforma em sangue, penso eu, que lindo assumir este chamado, e estar com o Senhor, tocar em Jesus assim como a Hemorroísa fez com tanto medo ao tocar Jesus , e dele sair aquela força, a cura daquela mulher pela fé...
é assim contigo padre...q alegria poder contemplar esta graça em vcs!!!louvo a Deus por isso..
Padre Com Deus até o FIM, mesmo sem entender!!!
Mesmo quando não entendas, seja fiel até o fim!!!!

Carla Santos Alves disse...

Tanto que se podia dizer e bla bla bla...mas somos humanos e ás vezes sentimo-nos sozinhos, mesmo que tenha sido essa a nossa escolha!
Força, porque na realidade nunca estamos sós!

bj

Anónimo disse...

Há meia dúzia de horas, entrei num autocarro com um padre católico sentado no banco ao lado do meu, do outro lado da coxia.

Olhei aquele rosto triste de um homem de 70 anos, com o colar romano a apertar-lhe o pescoço como o cincho onde se estreita o queijo para extrair o soro. Há muito que não via tal adereço na via pública. O uso manteve-se com a resignada dedicação ao múnus.

Não pude deixar de apreciar aquele homem só, a caminho de uma casa da Igreja ou de um ritual que perdeu o sentido e de que a sociedade se desinteressou.

Que sofrimento ajudou a desenhar aquelas rugas? Quantos desejos reprimidos e quantos anos perdidos com o pescoço apertado por um colar e a lapela ornada com uma cruz?

Terá amado, teve sonhos, realizou-os? A meu lado um cidadão, sozinho, levava os olhos vazios e o ar de quem cumpriu a vida sem a viver.

Era preciso ser cínico ou mau para não sentir compaixão por quem dedicou o tempo e a juventude a uma quimera, perdeu a vida perseguindo o sonho do Paraíso e chega ao fim da estrada sem saber por que a percorreu.

Somos ambos da mesma massa. Com poucos anos de distância ensinaram-nos a ajoelhar e a rezar. Eu levantei-me, ele ficou de joelhos. Eu vivi a vida, amei e passei incógnito na estúrdia, sem um colar a que só falta a trela e sem a cruz a que não faltaram espinhos. Ele imolou a vida por um mito e esqueceu-se de si próprio por coisa nenhuma.

É injusto que aquele homem que sofreu o que eu não sofri, que trocou a vida por outra que não existe, tenha os mesmos sete palmos de terra à sua espera sem um filho que lhe recorde o nome ou guarde o retrato. Por um deus que inventaram para lhe tramar a vida.

Canela disse...

Sózinho nãooooooooooooo!

Deixe que Ele o acompanhe até nas compras!

Toda a vocação (consagrados/ leigos/ religiosas), tem as suas dificuldades.

Que Deus N. Senhor o continue a abençoar!

Mafalda disse...

Bem, querido Padre, o desabafo é preciso.Realmente, sentimo-nos sós, às vezes.No Modelo, no Continente, nas Amoreiras, no Intermarché, na praça a comprar legumes!!Penso com frequência nos amigos Padres.Mas, por favor, não se sinta sozinho.Nós estamos todos consigo.Gostamos muito de si, mesmo sem o conhecer.Bem sei que é egoísmo meu, mas faz-me tanta falta a sua companhia!Pense que, como já foi dito atrás, todos nós com famílias, filhos, etc. também temos momentos de grande solidão.Se temos!Mas Ele é o Caminho, a Verdade e a Vida. Está lá sempre.Connosco ao colo.
Muitas saudades

Mafalda

Anónimo disse...

Não sei quem é o Anónimo das 13.44 mas que me pôs a pensar, lá isso pôs.

manecas disse...

Não sei se percebi mas a questão anda à volta da solidão? Será? E quem vive mais solidão? Quem anda só ou quem anda acompanhado? Às andam juntas duas solidões.

Hoje lia algo que dizia assim: "Aquele que conhece a solidão última conhece as últimas coisas" (F. Nietzsche.
Acredito que a razão mais profunda de toda a solidão humana é a saudade de Deus" (Peter Wust)

Às vezes enganamo-nos ao olhar para o rosto de um homem de 70 anos que entregou a vida por um sonho. Às vezes o que parece tristeza é essa solidão que é saudade de Deus. Já ia para Ti, porque me demoras. Às vezes o rosto que parece triste apenas deseja seguir só, sem ninguém ao lado que interrompa o diálogo interior que o homem de 70 anos leva gozoso no coração. Aquele gozo que vive de "os meus olhos esperam ver Aquele que o meu coração ama e já se faz tarde"

É interessante, a mim também me ligam sempre que chego à caixa do modelo.

Anónimo disse...

Olá confessionário!
Entendo que os padres possam sentir-se sózinhos por vezes, como aliás qualquer mortal.A solidão, pelo menos uma vez na vida, já aconteceu com todos nós.Há quem se deixe embalar por ela,há quem corra o dia inteiro,há quem se deixe absorver pela profissão,há quem tenha pavor de permanecer nem que sejam só umas horas em casa e há quem a sinta, mesmo com os familiares presentes.
Penso que sentir solidão tem muito a ver com a incapacidade de preencher a vida com ocupações que tragam satisfação e também com a tendência para se viver demasiado para dentro.Há que muitas vezes vencer essa barreira e procurar aquilo que nos torna felizes.
Gostei francamente da sinceridade da sua partilha e que se tenha assumido como alguém que mesmo tendo feito uma escolha consciente,sinta a fragilidade da sua humanidade.
Um abraço com a minha admiração

Alma peregrina disse...

Caro Confessionário:

Eu compreendo a sua solidão! Penso que não bem uma solidão de falta de uma mulher... é a solidão de estar a lutar por um sonho, por uma visão, que parece que ninguém compreende! E a única Pessoa que compreenderia permanece muda e invisível! Eu não sou padre e sinto-me muitas vezes assim... e é provável que, mesmo casando, vá continuar a sentir-me assim...

Penso que a melhor maneira é vir cá ao blog e estar um pouco com pessoas que o compreendam. Foi por isso que eu comecei a vir cá! Depois da vitória do Sim no referendo, entrei numa profunda depressão e, ignorando o 1 milhão de pessoas que lutaram ao meu lado, julguei ser a única pessoa sã no meio de um manicómio! Mas a única maneira de escapar desses sentimentos é compreender que esses são sentimentos narcisistas e onde existe egocentrismo, não existe abertura para Deus!

Portanto, o que eu lhe proponho, padre, é olhar com mais atenção em seu redor... só assim você poderá ver as pessoas que estão consigo! Só assim você poderá ver a presença de Deus que está consigo! Só assim você poderá compreender que não está sozinho, mesmo que todos os outros lhe sejam antagonistas (não vê que isso é apenas um motivo para os amarmos mais?)

Padre, por favor, não apodreça dentro de si próprio! Lembre-se de como se sentiu no dia em que escolheu a sua vocação... e germine!

Quanto às pedras caiadas que lhe surgem à frente, faça como eu! Não as leve a sério! Ria-se um pouco! Só quando as pessoas compreenderem que você não se leva demasiado a sério, irão perceber que você não é dogmático nem rígido... irão perceber como você é um espírito aberto. Só então se irão abrir para si! Irão ler o que você escreve e tentar perceber, tentar interagir.

Senão sacuda o pó das sandálias!

Peço perdão se eu extrapolei para si os meus próprios sentimentos... mas fiz o meu melhor para o tentar consolar...

Peço sinceramente a Deus que o inunde com dilúvios superabundantes de Graça! Você merece!

:)

Pax Christi

Anónimo disse...

Sr. padre, desta vez tocou-me mesmo na ferida!...eu também vou às compras sozinha...
Sei o que é entrar numa casa vazia e fria, e arrumar as compras em silêncio.
Sei como é triste cozinhar só para um!... (quando as coisas saiem mesmo bem até dá vontade de chorar!!!!)
Sei o que é ter apenas um prato e um copo para lavar.
Sei o que é acordar assustada a meio da noite e não ter a quem abraçar.
Sei o que é ficar doente e não ter quem nos traga um mimo ou copo de leite morninho...
Sei o que é ter que mudar os pneus do carro e ir sozinha à oficina...


... por isso o padre não está só... eu, e tantas outras pessoas neste mundo fazemos-lhe companhia na solidão desses momentos...

Quando esses sentimentos o invadirem, pense em mim que também vivo sozinha, afinal quem lhe garante que se sentiria menos só se não fosse padre?

Augusta

Teodora disse...

Padre! Lembrei-me agora: o Corte Inglês tem um serviço óptimo de compras. Basta entregar a lista e informar a que horas quer que as entregue em sua casa. Já está tudo embaladinho, prontinho, entregue na porta de serviço e é só colocar na prateleira certa.

Quanto ao colocar as compras na prateleira, reconheço que os seus pares mais velhos usufruiram de melhor vantagem, isto é, sempre tiveram a sua governanta. A sua Maria sempre disponível para deles cuidar.

Quanto a vocês não sei, mas eu se calhar arranjava também uma Maria. Afinal as pessoas gostam mesmo que lhes mintam, ainda por cima estariam à noite em suas casas a imaginar o que o pároco estaria a fazer àquela hora em sua casa e tão juntinho da menina Maria.

Ó padre, desculpe mas tenho que desabafar porque já não aguento mais ouvir uma moça que diz ter mestrado e doutoramento numas tretas quaisquer acerca do mundo islâmico, e que não diz, mas nota-se que já não vê homem bem de perto há muito tempo, dizer uma série de ideias, nem sempre claras, em tom zangada e assutada e sem coragem para dizer objectivamente mal de D. José Policarpo.

Eu acho que ela sonha ser raptada por um gajo muçulmano que vista e lhe dispa burkas rendadas (renda chinêsa, tem todo o ar!). etc.

Mando daqui um abraço ao D. José Policarpo que a partir de hoje ainda gosto mais dele!

Anónimo disse...

ola!
Espero que com tantos miminhos ja esteja mais consolado.
Como vê ha inumeras pessoas com os mesmos problemas, como damos conta.

Gosto muito de dar por aqui uma voltinha mesmo sem escrever, mas hoje apeteceu-me dar tambem um miminho, que vem mesmo ao jeito quando estamos em baixo de forma.

Todos nos, de uma forma ou de outra, ja sentimos enormes dificuldades na escolha que fizemos, mas com a ajuda de DEUS conseguimos superar.

Desejo rapidas melhoras e como diz o primeiro comentario, mais vale só que mal acompanhado.

Muita força!!!!!!!!!

Anónimo disse...

"Às vezes enganamo-nos ao olhar para o rosto de um homem de 70 anos que entregou a vida por um sonho. Às vezes o que parece tristeza é essa solidão que é saudade de Deus. Já ia para Ti, porque me demoras. Às vezes o rosto que parece triste apenas deseja seguir só, sem ninguém ao lado que interrompa o diálogo interior que o homem de 70 anos leva gozoso no coração. Aquele gozo que vive de "os meus olhos esperam ver Aquele que o meu
coração ama e já se faz tarde" "

Excelente este comentário.

Pode muito bem acontecer que o que pareceu ser um olhar solitário de um homem de 70 anos, não seja senão o desejo da plenitude de estar face a face com Deus.
Deus e tudo o resto não existem para nos tramar ou castrar...

Na minha muito humilde opinião tudo o que faz parte deste mundo foi criado com um propósito.

Partilhamos todos da mesma essência.

Pr

Anónimo disse...

Para mim o celibato dos padres deve-se sobretudo ao papel secundarissimo que a Igreja reserva às mulheres.
Parece que contaminamos tudo em que tocamos.
Entristece-me muito a maneira como a Igreja discrimina as mulheres

Leonor

Anónimo disse...

Gostaria de dizer que o entendo, mas não posso. É outra a minha experiência, foi outro o caminho que escolhi. Escolhi casar, ter 4 filhos e agora tenho dias em que anseio poder fazer as minhas compras sozinho;-)
Quando precisar da companhia e do barulho de um pai, uma mãe, uma avó e 4 adolescentes faça como o meu pároco: apareça para jantar. Nem precisa telefonar.

Bem-haja

CrisR disse...

Lhe garanto padr, que mais vale sozinho do que mal acompanhado!
Quem me der a mim estar sozinha!

Luis Carlos disse...

Olá,

Pensei te dizer muitas coisas sobre os padres não terem opção de se casarem ou não, e dizer mal da igreja, entre outras coisas que tais. Mas quem está a pedir és TU, é pra ti que escrevo estas palavras.

A questão aqui é a solidão, e não é preciso ser padre ou ser casado, para sentir solidão.

Também eu vivi em períodos da minha vida, só, e sentia-me sozinho, e também me sentia sozinho quando estava acompanhado.

Nascemos, crescemos e morremos, connosco mesmos, e não podemos fugir desta situação, ninguém entra em nós, todos os humanos estão fora de nós.

Neste momento, sinto-me sempre acompanhado, mesmo que esteja só ou acompanhado, pelo menos estou eu e EU.

O que lhe falta sentir é esse EU e que comunica com o teu eu e vice-versa, é assim que nunca me sinto só, tendo ou não pessoas à minha volta.

Até já,
Luís Carlos

Anónimo disse...

Olá Padre
Passo por aqui para ver se ainda está desse lado, onde quer que seja, pelos novos comentários percebo que sim...
Não quer partilhar connosco que o lemos, o que lhe vai na alma, se os nossos comentários o ajudaram em algo.
Eu falo por mim, também nós precisamos do seu "feed back", para não nos sentirmos tão incapacitados.

Eu sou uma pessoa que quando jovem sentiu o "apelo" d'Ele, e não o seguiu.
Escolhi casar, pois achava que o Deus todo poderoso, não nos podia impôr o que quer que fosse...
Queria saber o que era o que o mundo designa de "fazer amor", numa entrega total entre dois seres que se amam.
Não me arrependo do caminho escolhido, pois estamos sempre a construir novos desfechos, através das nossas decisões.
Mas também não deixo de, de quando em vez, me sentir sózinha.
Muita força.
Permita-me que o deixe com esta frase de meditação.

"Embora ninguém possa voltar atráz e fazer um novo começo, qualquer um pode começar agora e fazer um novo fim."

Abraço
Pr

Anónimo disse...

Ó Leonor, então você não lê a Bíblia Sagrada?

Lá está muito bem explicado para que não haja dúvidas:

O homem foi feito à imagem de Deus a mulher porém foi feita à imagem do homem.

Tá tudo explicadinho!

Anónimo disse...

Simplesmente sem palavras para comentar a sua 'confissão' e alguns dos mais belos comentários que alguma vez li neste ou em outro blog...

Aceite apenas um abraço de um (ex) colega seu que sucumbiu ao peso da solidão (não tanto física como a espiritual/moral/psicológica) e que hoje vive uma solidão ainda maior: a da ausência de Alguém (porque não deixei de ser padre para ir atrás de um capricho e por isso - um ano e tal depois - vivo sozinho), a da ausência da Igreja (por muito que me digam que não, sinto-me um 'filho' indesejado, renegado...), a da ausência de Deus (esta será uma ausência minha porventura... mas sinto-a como se fosse d'Ele)!!

CrisR disse...

Anónimo das 15:34 acho que o senhor ou senhora é que não leu bem a biblia sagrada, porque Deus fez ambos á sua imagem e semelhança. Pegou foi numa costela de Adão para criar a mulher!
O que não lhe dá nem mais nem menos valor.
Mas mesmo que não era isto que estava a ser "discutido".

A. Andr@de disse...

É importante saber que cada vez mais as pessoas tem pensado seriamente e dedicado a publicarem suas ideias com clareza e estilo. Parabéns pelo blog. att

Ni disse...

Chorei ao lê-lo... é que hoje foi daqueles dias...

Escrevo não por estar sozinha, mas porque não está sozinho.

Abraço...

Rezo consigo... e por si.

Ver para crer disse...

"Quem corre por gosto não cansa".
É isso mesmo:sozinhos mas sempre acompanhados.

Confessionário disse...

Pr, perguntas como estou?!

Estou, no meio dos meus afazeres, a aceitar comentários...
Estou tb a tentar fazer um doc em Movimaker e não está sendo facil.

Esta é a resposta à tua perguntas. espero que seja.

e digo LOL

Alma peregrina disse...

CrisR, VOCÊ É O MÁXIMO!!!
:)
:)
:)

E para o caso de o Anónimo ter dúvidas, "tá lá tudo explicadinho!"

"Deus criou o Homem à sua imagem; criou-o à imagem de Deus, criou-os homem e mulher." Gn 1:27

Mas claro que o Anónimo não está interessado em conhecer aquilo de que fala... está interessado em "pensar pela própria cabeça", que é um eufemismo para uma cartilha pré-formatada usada por quem quer comentar aquilo que não está interessado em conhecer.



Quanto à Leonor, proponho-lhe que saiba um pouco mais sobre o que a Igreja pensa. Ser padre não é um privilégio. E o ser humano mais respeitado do Cristianismo não é papa, bispo e muito menos homem.

http://www.vatican.va/holy_father/john_paul_ii/apost_letters/documents/hf_jp-ii_apl_15081988_mulieris-dignitatem_po.html

Deixe de dar ouvidos às pessoas que "pensam pela própria cabeça". Veja por si própria! Aprenda! Talvez comece a perceber coisas que antes não lhe eram acessíveis e que foram completamente deturpadas!
:)

bete p.silva disse...

Nunca pensei nisso...devia existir um confessionário só para padres não é?

Vocês teriam direito a um...digamos...um atendimento diferenciado.

(faz tempo que leio aqui, hoje foi a primeira vez que criei coragem para comentar)

Elsa Sequeira disse...

"Hoje foi daqueles dias"... pois, existem imensos dias desses, e tanto faz estar acompanhado como sozinho, acredita.

Força para ti!

Canela disse...

Aos que se "insurgem", aos dias dificeis do Pe., apenas pelo facto de o ser (Padre);

E se fosse um pai viuvo?
E se fosse uma mãe solteira?
E se fosse um chefe de familia?

Todos temos dias dificeis!


O que é que muda?

O preconceito do cabeção? O cabeção (colarinho de Pe.), não lhes dá imunidade ás doenças, ao stress, aos dias dificeis.

Pois eu atrevo-me... e os dias dificeis das mulheres???

1- Filhos em dia de birra.
2- Marido stressado.
3- Chefe mal humurado.
4- Dias de T.P.M.

Imaginem isto tudo junto, num só dia......

:)

Anónimo disse...

Um post que revela uma imensa sensibilidade. Como sempre. Mas, neste caso, parece-me que chega misturada com alguma frustação... Em meu -modesto- entender, o celibato dos padres é uma das maiores aberrações da vida consagrada. Não dúvido de que teríamos mais e melhores pastores se este entrave fosse de vez para o armário das velharias. Enquanto vai e não vai há que ponderar se a felicidade que vem de uma entrega gratuita e exclusiva consegue superar/compensar a que é proporcionada por uma família convencional... É que a realidade está, na maior parte dos casos, distante daquilo que idealizamos...
Eu não tenho filhos e, com a dose que Deus me deu de egoísmo, sinto que foi uma benção... Procuro amar, o mais que posso, os dos outros e já não faço pouco... Acredito que, ao senhor, não faltem pessoas a que amar e também acredito que seja generoso na retribuição... Então onde está a solidão... Não tenho vontade nenhuma que uma qualquer criaturazinha o leve de nós:)))

Bjs

CrisR disse...

Alma peregrenina, fez rir!! E olhe que estes dias não tenho andado muito para sorrisos! :):)
Mas tem razão as pessoas opiniam sem estudarem sobre o que falam!

E padre...não se sinta sozinho! Nós estamos aqui todos consigo,e Deus é daqueles amigos "melgas" que NUNCA nos largam!

Mais uma vez digo, quem me dera neste momento estar apenas sozinha com o meu filho, seríamos por certo bem mais felizes!

Eu não sou Católica Romana, mas um dia ainda vou descobrir onde é a sua paróquia para o ir cumprimentar! :)

Anónimo disse...

Olá Padre
Ao perguntar como estava, referia-me mais ao seu interior, pelo que tenho lido aqui nunca duvidei que continuasse com os seus afazeres.

Peço desculpa pelo que vou dizer a seguir, não o quero magoar mas é exactamente o que senti ao ler o seu feed back.
Uma resposta formal, e, educada.
Senti-o pela primeira vez frio e distante.
Senti que não pretendia partilhar a verdade que lhe vai na alma.
Pelo menos por agora.

Perguntei, o padre respondeu, confesso que esperava outra resposta, esperava que dissesse algo como, sinto-me interiormente melhor.

Se me enganei desculpe, e como o melhor pedido de desculpas, é não cometer o mesmo erro, prometo que me remeto à minha insignificância, e termino por aqui os meus comentários.

Até sempre padre,
Pr

Confessionário disse...

ó Pr, não deixes de comentar!!

Eu gostei imenso da tua pergunta e da tua (e da de todos!) preocupação. Só tenho a agradecer profundamente... o mais profundo que pode existir.

Mas a minha resposta naquele momento, por mais íntimo que seja Dele e por mais que O sinta próximo, apeteceu-me ser apenas uma resposta... como disseste, feita lá longe!!!

Mas hoje estou mais empenhado em fazer do frio uma barreira a ultrapassar com o calor que está cá dentro, em casa e na "minha casa". Obrigado.

Gosto mt de vós, amigos!!!

Unknown disse...

No inicio do mês , devido a actividades de um movimento catolico que faço parte, fomos visitar o centro pastoral cá da diocese, mais precisamente a residencia dos sacerdotes, ou seja o lar de idosos onde estão os padres ja «velhotes», as freiras, e as irmas de sangue de alguns padres que lhes dedicaram a vida. A questão que se pôs, mais tarde na partilha de impressoes foi o que sentiriam aqueles sacerdotes ali.....pensamos todos nestes pontos:
-eles dedicaram a sua vida aos outros
-com aquela idade ja nao devem ter muitos familiares vivos
-terão visitas????
-sentir-se-ao sozinhos????
- que amparo tem para alem das pessoas que vivem ali com eles, algumas ja bastante dependentes????
Foi algo que me fez pensar....tenho alguns bons amigos padres.....e ja os imagino ali....sozinhos, porque deixaram de poder ser parocos, prestar serviço e , nao tendo ninguem, nem casa nem nada, foram para ali.....Sim porque avia lá um padre ainda relativamente novo e bem de saude.
Enfim...são so questões....
Por aquilo que converso com um Pe grande amigo meu, a solidão é algo que o assalta muitas vezes, ele tenmta combate la, mas ainda e novo.....e qd for mais velho?????cm sera????


Parabens pelo blog!!!

Anónimo disse...

Olá!

Fizeste-me pensar.
Fizeste-me chorar.
Estragaste o meu dia, já por ele sombrio.
Mas eu sei que tu ficas bem, e eu tambem vou ficar.

Um beijo para ti... e outro para mim.

Alexandra

Anónimo disse...

Olá padre!
A nossa vida é assim, cheia de momentos altos de euforia e de momentos vazios de tudo... mas nunca de Deus!
O principal na nossa vida de padres (pais) é sabermos sempre o nosso lugar e a razão primeira do nosso sim!
Sabe padre, quando chego ao fim do meu dia sinto uma grande paz... não por ser melhor que os outros, mas por perceber que é na entrega que está a minha realização e a realização de Deus em mim... Também vou ao modelo sozinho... mas tenho a certeza que nunca vivo em solidão... Ele dá-me tudo e a si tb... Como agradecer o sacrifício na cruz? Apenas e só dando a vida... com muita alegria!
Hoje este pobre e jovem padre vai tê-lo muito presente na fragilidade da sua oração,

Um abraço

P. Pedro

Anónimo disse...

Só está só quem quer. E val mais só que mal acompanhado

Hadassah disse...

Eu não compreendo essa obrigação do celibato nos Padres. Um Deus de Amor como Aquele que conheço não imporia uma obrigação dessas...apenas houve uma recomendação de Paulo quanto a isso, nada mais. Tenho a certeza que serias um Padre muito mais feliz e mais completo no teu ministério se tivesses essa liberdade.

O homem (qualquer um) nasceu para ter uma adjutora, que o completa.

Viu Deus que não era bom que o homem não estivesse só e deu-lhe a Mulher, diz a Bíblia.

Amigo Padre percebo esses momentos de solidão, não é por causa de Deus, mas por causa da mesquinhez dos homens e da religião.

Deus aprovará a tua felicidade e terás a mesma ou maior legitimidade, para aconselhares o próximo, se fores marido e pai.

DTA
Hadassah

Anónimo disse...

Ola Confessionário ! !

Acho que é a primeira vez que escrevo, apesar de acompanhar o blog há imenso tempo, já lá vão anos penso eu...

Este post, foi mesmo muito bom... Não pelo conteúdo, mas pela capacidade/disponibilidade de partilhar estas coisas menos fáceis na sua vocação...

Eu estou neste momento a tentar discernir também a minha vocação. Consagro-me a Deus ou não...
É sempre um chamamento de Deus, mas claro que neste caminho de discernimento tudo pesa. E eu questiono-me muito sobre o que me acontecerá. Enquanto sou jovem, posso fazer missão, posso ir ao encontro das pessoas, dos jovens e dos adolescentes, tudo é mais fácil.
Mas questiono-me sobre o que acontecerá com o passar dos anos. O que acontecerá quando for menos jovem e tiver que voltar a casa e arrumar as compras e jantar... sozinha....
Por mais que digam que não vamos sozinhos, que Deus está sempre... Muito mais dificil é pecebe-lo sempre presente.
A solidão sempre foi o meu maior medo... E nesta fase continuo a pensar na solidão...

Como discernir? Como enfrentar tudo?

Obrigado pela partilha Padre! !

Anónimo disse...

bem.. realmente é quando estamos com mais pressa nos hipermercados que nos aparece sempre alguém a falar ao telemóvel.... lol
Não está só, Aquele que o Enviou estará sempre ao seu lado, deixe sentir a sua presença, não precisa de mais nada!
Um Abraço, rezarei por si e para não estar tão solitário.. =)

Anónimo disse...

Olá a todos e todas!

Eu detesto fazer compras. Levo um ponto de avanço em relação a vós. :)

Bem...como simples mortal que sou, jovem a beirar os 30 não escolhi a solidão como opção de vida mas tenho que a enfrentar quando assim tem de ser. Descobri, contudo, que quando estou bem comigo mesma consigo fazer do silêncio a mais doce melodia. Mas porque nem só de poesias vive o homem e de frases feitas que apesar de bonitas, algumas delas, não passam de máximas de vida utópicas há que ser realista. Seja um padre, um mecânico, músico, seja lá quem for, todos nós, passamos por isso. A ideologia de cada um é fazer o seu trabalho bem feito e satisfazer o seu público alvo. Há profissões que a curto prazo revelam frutos outras, porém, exigem um pouco mais. É como em tudo na vida. Um músico, por exemplo, quando prepara um trabalho, das duas uma: ou tem sucesso ou o seu trabalho vai por "água abaixo". Porquê? Porque, como se costuma dizer, não se pode agradar a gregos nem a troianos. Depois, ou se desiste ou se continua lutando… mesmo que a solidão tenda a espreitar e fazer jus à sua essência...

As pessoas, por mais que se esforcem, são egoístas. Algumas delas são frontais, demonstrando o seu descontentamento ( aqueles que, no supermercado, abanavam a cabeça para a direita e para a esquerda, por ex.) outras, porém, são hipócritas. É dessas que tenho medo. O que me preocupa não é o grito dos maus. É o silêncio dos bons.

Como referi, estou na casa dos “trinta” e continuo a achar que vivo num mundo de plástico. Viver de aparências, assusta-me. Para mim as pessoas são pessoas e não “profissões”. Rir, chorar, comer, pular, sair, cantar, jogar, desatinar, beber, gritar, inventar, estoirar, quem não gosta de o fazer? Ou melhor: Quem nos diz que é proibido? É a profissão pela qual nos ocupamos ou é a pessoa que somos? É por isso que não gosto deste mundo de plástico. Porque se for dentista não deve comer doces… se for mecânico não deve ter carro estragado..se for Drª não deve sair à noite, por exemplo, porque parece mal…..e por aí fora… para bom entendedor meia palavra basta…


Reformulando o que um amigo meu disse e , com razão, a igreja tornou-se, infelizmente, no negócio da salvação. Uma espécie de registo civil dos tempos modernos. Baptizar uma criança é sinónimo de salvação? Parece. Não sou apologista de quem, domingo a domingo, vai à igreja só por descargo de consciência. Só tenho pena, sim é pena mesmo, de quem baptiza os filhos sem saber o porquê. Tempos depois, aparecem eles na filas do supermercado a abanar a cabeça, em sinal de descontentamento, só porque alguém atendeu uma chamada e os fez esperar.
E é precisamente por causa disso que vivo num mundo de plástico sem volta a dar e , sem nos darmos conta, lá estamos nós no apogeu do egocentrismo.
Não temos paciência para nada e a simples presença de alguém igual a nós chega-nos a irritar. Não, é? E vimos para os blogs dizer isto porque não temos ninguém (de carne e osso) com quem partilhar ideias, ideais e pontos de vista…

Ter fé é acreditar naquilo que não se vê…


A minha fé, faço-a eu. Considero que tenho um Amigo, um grande Amigo a quem não recorro porque Amigo que é Amigo está sempre presente mesmo que não o veja. Pois é, e porque não o vemos muitas vezes, duvidamos. Não! A natureza encarregou-se de me levar algumas pessoas (obviamente sou apenas mais um caso) e só porque a pessoa não está junto de mim não posso considerar que não está do meu lado.
Assim deveria ser com o restante, mas não é para a maioria de nós, porque a sociedade, da qual também faço parte, incumbiu-nos de duvidar daquilo que um dia foi concreto.

Mas mesmo aqueles que, na igreja participam, de forma activa, humilde e honesta, erram. E erram porque não é por acaso que Ele nos perdoa mesmo antes de termos errado.

Ao autor do blog: Se vivêssemos num mundo de cera sempre o poderíamos moldar..
E num mundo de plástico?


"O carácter forma-se em sociedade, mas o talento, na solidão"
Por aqui vou cultivando o meu se é que me entendem :-)


E assim vivemos, de utopias, de verdades e de solidão…mas acima de tudo de muitos sorrisos porque sem eles a vida seria, sem dúvida, muito mais pobre.

Bem haja a todos! E força para enfrentar os obstáculos mais duros da vida para todos os Eu’s aqui presentes e aos que estarão por vir!

A mudança começa hoje.

Beijos

LM

Clara Margaça disse...

Vim aqui hoje à procura de uma coisa que escreveu acerca de ser padre - se o padre é assim é porque é assado - pois hoje ouvi algo muito semelhante e ao rever os textos antigos, este prendeu a minha atenção. Ainda que estejamos sozinhos, sendo ainda no meio da multidão, como é gratificante saber que Ele é a maior companhia que se tem. Gostei mesmo. :)

Agora vou continuar à procura, antes que me perca.
Um beijo,
Clara

Zadok disse...

Pois... como o compreendo! No ministério há sempre uma certa «solidão existencial», mesmo quando moramos com algum colega. Todo o caminho implica sacrifício. Costumo dizer que a felicidade não se tem mas constrói-se... E o nosso ministério também passa por aqui, mesmo que rodeados de gente, existencialmente sós. Resta a fé e o amor de Quem sabemos que nos ama. Mas mesmo com isso nem sempre o sentimos... Afinal somos de carne, não somos de ferro. Lembrar-me-ei de si quando sentir e pensar do mesmo modo que aqui fala. Sentir-me-ei menos só no ministério. Um abraço.

Anónimo disse...

Eu gostava era de saber porque é que me apareceu este post de 2009 à frente, agora... Deve ser para me aborrecer... se há tema que me aborrece é este, padres indecisos na sua vocação. Não li tudo, mas pelas frases "Não tenho vontade nenhuma que uma qualquer criaturazinha o leve de nós:)))" parecem ter entendido mais do que eu, andam por aqui há mais tempo, quer dizer eu também andei e depois retirei-me, vá lá saber porque voltei passado um par de anos? É que o seu blogue surge no início da pesquisa do Google, hum,, nada mau... Quando se começa a falar muito do tema à mau sinal. Quando se tem medo de falar também. Quanto mais se expõe, mais sujeito está... bom, pode arranjar-me um padre 100% padre? É que eu procuro há anos e não encontro. Um padre 100%... isso agora para explicar... E já agora quando tiver a vacilar, ou estiver com dúvidas fale comigo, eu sou perita em manter os padres na sua vocação... à força! Só não me apetece hoje mesmo é identificar-me porque hoje Deus me perdoe estou num dia não. Ah e não deixe de ser padre, vai arrepender-se!

Anónimo disse...

Por vezes só consigo ver o que não tenho, mas não penso no que poderia ter perdido. Essa chamada faz de advogado do diabo... quando não podia ver o mar dizia para comigo tenho de o ver, mas quando finalmente estava liberta para o ver, nunca lá pus os pés. Ilusões confessionário