segunda-feira, março 03, 2008

O fenómeno: confesso 4

A nossa calçada tem uns paralelos fora de lugar. A água da chuva conduziu-os a outros caminhos. Há buracos nesta calçada. Por isso os salto. Por isso os evito. Mas hoje ia tropeçando num. Ia para casa, depois de uma conversa demorada com um colega. A conversa foi demorada, mas não foi longa. Entusiasmamo-nos ao ponto de falarmos a interromper-nos constantemente. Eu assim. Eu fazia. Eu cozido. Eu assado. Já viste isto. E o outro? Aquele de além. Falávamos de padres. Falávamos também de confissões. Falávamos de alguns padres que fazem umas confissões que são fenómenos. Muita gente ali vai. Às vezes romarias. Não gosto dessas confissões colectivas. Ou absolvições. Faço de conta que não me confundem. Mas intrigam-me, a não ser em casos raros de excepção. Romarias de grandes festas. Situações de grandes ajuntamentos e com uma grande Celebração Penitencial. Perigo de morte colectiva. Embora pense sempre que não é a confissão em si que salva, mas o arrependimento de quem se aproxima de Deus e do Seu perdão. Ela tem valor sacramental. Mas não é magia. Eu acho que a pessoa verdadeiramente arrependida precisa de se confrontar. Nunca ouvimos dizer que era no confronto com o tu que o eu crescia? Eu ouvi isso em psicologia. E a pessoa deve assumir. Custa pouco assumir relaxadamente perante um deus que não se pressente. Basta um desejo e já está. É mais frutuoso o assumir perante alguém, outra pessoa, que, inclusive, nos possa ajudar a levantar, a descobrir portas, estradas. E que o faça a mim. Em concreto. Pessoalmente. Não em massa.
Porém, há quem facilite. Porque é mais fácil. E há quem facilite porque lhe dá jeito ir confessar estes seus grandes pecados sem que os tenha de dizer a quem quer que seja, nem que seja um instrumento de Deus. Há quem percorra quilómetros para se confessar numa absolvição colectiva porque assim é mais fácil.
Pior era o outro padre que celebrava a eucaristia. No meio, após as leituras, fazia uma celebração penitencial. Obrigava todos s fazer o acto de contrição. E depois pedia aos padres que fossem pelo meio da assembleia para absolver os que quisessem. Só absolver. Nem era preciso ouvir. Quase como se apenas os que tivessem grandes pecados o devessem fazer.

39 comentários:

Anónimo disse...

Boa Tarde;

Estou sem palavras.........

(mais tarde / com + calma, digo algo mais)

Kalos

mafaoli disse...

É por estas que o arcebispo D. Jorge Ortiga proibiu as absolvições colectivas na arquidiocese de Braga e mais disse, se algum sacerdote agir de maneira diferente está contra a comunhão eclesial.
Para mim as confissões quaresmais já são um pouco confusas, grandes ajuntamentos, filas para se ser "atendido", alguns que passam à frente e aqui d'el rei ò da guarda, nem se olha ao momento e ao lugar.
Por vezes penso que nestas Reconciliações não encontramos a interiorização e meditação necessárias.
Agora fazer-se Celebração Penitencial colectiva, penso que se acaba com o sentido do pecado, deixamos de pedir perdão pelo "meu" pecado e aligeiramos e pedimos perdão pewlos "nossos" pecados.

Anónimo disse...

O Senhor padre está a ser extremamente intransigente com o novo método confessional!

A Igreja tem de abrir-se a uma nova realidade: todos, e sem excepção, temos de agir num só rumo ou então caímos ao rio!("A formiga no carreiro
Vinha em sentido cantrário
Caiu ao Tejo....")

Padre abra o seu espírito para novas aventuras. É preciso repensar a Igreja! Denomine-lhe de Novas Oportunidades Confessionais, faça um gingle giro com uns palavrões; uma imagem ultramoderna (sei lá...uns jovens com as calças caídas com as cuecas à vista, com a mão nos tim-tins, umas miúdas de ar lascívo... ah não se esqueça dos skates e do portátil! É fundamental! Estou certa que vai ter sucesso!

Crie um email em nome de Deus e diga-lhes para Lhe remeter todos os seus pecados. Não tente nunca, pedir-lhes que reze alguma coisa como "correcção"!!! Olhe para o que lhe digo! É que nunca mais ninguém Lhe escreve.

Padre hoje tudo é feito para as massas. Modernize-se padre. Eu sei que às vezes a idade dificulta e que afinal de contas não tendes culpa. Culpa é da Igreja que deveria reformar-vos e substituir-vos por jovens dinâmicos, com muitas valências, que dominem as novas tecnologias, que tenham profundos conhecimentos adquiridos na denominada Escola Paralela. Uns tipos que falem a mesma linguagem, efetivos pecadores e por isso muito mais próximos do Homem comum.

Acredite... os chuchalistas infiltrados na prelatura são verdadeiros visionários!

Um abraço desta fiel crente da chucha!

Anónimo disse...

Boa noite estimado Pe. C.;

Ainda não me refiz do que li... mas tenho mais tranquilidade (vamos a vêr se me contenho).

Já conhecia a absolvição concedida por temor a DEUS.
Tb a absolvição por arrependimento (acho eu a mais correcta).

Agora a absolvição colectiva?

Perdoe-me a minha ignorância. O Catecismo da Igreja fala nisso?

Nunca tinha ouvido falar.
Nunca vi!
Nunca assisti!

Para mim a confissão, é algo que me devolve a Paz, a alegria, e, que acima de tudo me reconcilia com DEUS!

Procuro-a (confissão) sempre que escorrego demasiado!

Meditemos...

Na catequese, faz-se a festa do perdão!

1º Prepara-se a criança, para a reconciliação com Deus e com todos os que lhe são próximos.

2º Prepara-se a criança, a sentir a sua intimidade com Deus.

3º Prepara-se a criança para "em jeito de diálogo" com o Sacerdote, pedir o perdão para os seus pecados (embora de chacha). Mas é aqui que começam a sentir, o seu dever de praticar o bem.

Aprendi que não devemos julgar ninguém.

EU NÃO QUERO JULGAR!

Mas qual é a parte "do filme onde adormeci profundamente", perdendo assim o fio á meada?

Isto é uma prática antiquiiiiiiiissima?

Ou nem por isso?

Agora faço minhas as palavras da "nossa" Lisa.

Ó Pe. do meu coração tranquilize-me!!!!!!!!

Kalos

noctivaga disse...

Este relato que escreveu é mesmo verdade? Bem estou como o anónimo, sem palavras. Absolvição colectiva? Nunca assisti a tal aqui no meu Alentejo.

Lisa's mau feitio disse...

Padre do meu coração!!!

Hoje não estou com grandes conversas pq ando muito afectada com algumas coisas da minha vida e com a saúde dos meus, como sabe.

Mas digo-lhe: para mim a confissão é para ser a dois. Eu e o Padre. Mais ninguém. Ah!! E Deus, claro.

Não abdico da confissão, da conversa, do momento com o Padre que me escuta, que me ajuda, que me absolve. Os pecados não são muitos, é claro. Sou boa mocinha, Padre. Mas puxa daqui e dali e uma grande conversa advém sempre do momento da confissão.

Estou com o Padre do meu coração nesta questão. Como aliás, em todas. Mas agora esteve mesmo bem, meu querido Padre blogosférico!!!

Mil beijinhos doces em si e obrigada por existir. Muito obrigada mesmo.

Beijinhos a todos os comentadores e leitores.

Khalos, um especial para si.

Padre, reze pela minha família, por favor.

Lisa

Anónimo disse...

Sou completamente a favor da absolvição colectiva, desde que não seja excludente.Desde que se respeite a sensibilidade e o ritmo de caminhada do penitente.
Claro, desde que bem estruturada a celebração, bem preparada, bem participada.
Neste caso, a pessoa não se diluirá na multidão, mas tomará consciência da dimensão comunitária do pecado.
Posso dizer que na minha zona não se procede assim, a confissão é individual conforme as orientações romanas.
Mas gostava que pudéssemos viver outras formas de celebrar o Sacramento da Misericórdia de Deus. Penso que todos ganharíamos.
Ernesto Gonçalves

anamaria disse...

Concordo com este seu "julgamento"...em absoluto! Por muito que custe, e às vezes custa mesmo muito!, a confissão, o acto penitencial, deve ter um carácter individual...Penso que faz parte daquilo de sermos todos únicos! Somos confrontados com alguém, humano, como nós, mas representante daquilo ou Daquele que nos transcende...e que, paradoxalmente, pode residir no mais intímo do nosso intímo.
Não tenho nada contra (algumas!) cerimónias colectivas, mas o perdão dos meus pecados...a ABSOLVIÇÃO, gosto de a viver a "sós" com Deus e o seu visível representante.

Teodora disse...

Lisa

Como a compreendo! A confissão é para ser mesmo a dois... três seria uma multidão! E muito juntinhos, pois, nesta época a igreja é um espaço particularmente frio. No Verão sempre levo o meu leque e dá para atenuar a temperatura.

Já fui ao oftalmologista para acertar a graduação das lentes! Estou em fase de preparação para ver o meu padre na Via Sacra Jovem e não posso perder nenhum pormenor. A noite é escura, já pensei solicitar uns binóculos de visão noturna, mas suspeito que irei ver o meu padre em tons de azul e eu gosto dele mesmo ao natural.... assim num estilo muito realista, pouco roupa, numa atitude estética muito minimalista...

Confessionário disse...

ai ai Teodora... hummmm. Não havia necesidadezz

Confessionário disse...

Kalos e noctívaga, não só é uma prática como está prevista pela lei... embora em casos muito, mas muito de excepção.

Eu conheço quem faça.

Confessionário disse...

ó anónimo de 3 de Março 20;16

Respeito a opinião, embora nao teha percebido a da "chucha".

Mas gostava que me explicasse o que é ser moderno para perceber em que grupo me enquadro e para ver em que grupo se enquadra Jesus.

Anónimo disse...

Estimado Pe. C.,

Agradeço profundamente a sua tentativa ....em me tranquilizar...mas.... nem por isso!

Não conhecia!
Nunca vi!
Não sinto que tenha algum sentido... mas... ele há coisas.... que não é para entender, e, apenas aceitar!
"É como os calos, não se gosta... mas tem que se aceitar."

Kalos

Confessionário disse...

Kalos, não tem necessariamente que se aceitar, sobretudo se desviruta alguma coisa. E aqui, na minha opinião, desvirtua algo de muito bobre que é a personalização da confissão e do perdão.

Anónimo disse...

Oh!!!!!!!! Meu rico Pe.

Eu digo aceitar... a modos de que a Igreja é Hierarquica, assim sendo...respeitemos a hierarquia, e, sua leis!

Não concordo de modo algum, e, aproveito para fazer uma pequena partilha sobre a confissão.

Desde criança que me "habituei" a ir á catequese, á missa ao Domingo, etc... (o rol normal/ com o devido respeito).

As mágoas (não da vida que é belissima), que as pessoas me foram provocando, cesceram como bola de neve......

A solidão, a mágoa, e, por fim a revolta, fizeram-me perder forças e calejaram o meu coração.

Andei longe da casa de "nosso" PAI, anos!!!!!!!!!!

A saude começou a faltar, e, eu continuava longe.

Um dia num choro soluçante, pedi a alguém que orasse por mim (Se me abrires a porta entrarei... - conhece?)

ELE não só entrou, como me "aprisionou", não com correntes, mas com a SUA infinita misericórdia, o seu infinito AMOR!

Poucos dias após ter pedido a tal oração, procurei a confissão!

Nessa confissão, O SENHOR fazia-me sentir a vivencia de duas passagens biblicas.

1ª O Bom Samaritano, que acolhe aquele que está ferido na beira da estrada (muitos passaram, mas só o samaritano o acolheu), que o trata, e, o entrega aos cuidados do estalajadeiro (confessor).

2ª Quando o filho pródigo (faminto), regressa a CASA DO PAI. Este abraça-o e manda fazer uma festa.......

Muito mais haveria para testemunhar, mas.... o que é realmente importante, é que se "aquela confissão" fosse "colectiva", nunca teria sentido o Amor de DEUS na minha vida.

Afastei-me inicialmente pq não tinha fé (é um dom de DEUS), era um hábito, uma rotina. As rotinas não perduram ás imtemperies.

Kalos

P.S.: Após muita oração, e, por vezes colectiva consegui receber o "Dom" do perdão, perdoando assim a quem me tinha feito sofrer tanto. Aos poucos "o estalajadeiro", foi vendo a minha saude a recuperar.

A mágoa e falta de perdão "mata", é como ir bebendo veneno aos poucos.

Anónimo disse...

Estimado padre

Chucha é o termo afectivo que denomina a ala mais neoliberal socialista. É uma corrente dissidente do socialismo, constituída por uma elite intelectual, moral e academicamente do melhor.

Todos, sem excepção, têm obra feita e com enorme impacto no rápido progresso da nossa nação. As estatísticas comprovam-no!

São tipos geniais na análise e interpretação da realidade económica, social e política como jamais vimos. Este grupo de excelência surgiu oficialmente em 9de Março de 2005.

Quanto a Jesus Cristo para mim Ele foi o primeiro comunista. Diria que João Baptista era o número dois da hierarquia! Portanto nada tem a ver com os visonários chuchas.

Quanto a si padre, sugiro que tente responder mentalmente a este questionário e se o resultado for mais do que três respostas sim é porque o senhor é um crente fiel da chucha. Ora vá lá:

1. Costuma prometer e não cumprir?
2. Costuma berrar em vez de falar?
3. Põe o dedo em riste enquanto berra?
4. Considerar-se um cínico?
5. É arrogante e autoritário?
6. Ameaça quem lhe faz frente?
7. Fala e escreve fluentemente inglês técnico?
8. Faz jogging?
9. Sobrepõe a sua vós quando alguém diz algo que o desagrada?

Em caso de sim a penitência é: fazer um retiro até ao dia seguinte das próximas legislativas e, entretanto, reze muito padre. Atire muita água benta pela janela fora (em todas a direcções)a ver se o país se liberta deste grupo de comunistas que assola o trilho do nosso Primeiro.

Primeiro foram os sinais católicos nos locais públicos e agora é essa gente mal trapilha que perturba o normal funcionamento da governação!

Um abraço chucha

Anónimo disse...

Mais do que gostar, tenho necessidade de me confessar de joelhos, já o havia dito aqui. De joelhos, mas sem buraquinhos nem separações. E, relativamente a este assunto, dizia-me uma amiga: mas, Filó...o coração é que tem de estar de joelhos...
Pois, mas eu não acho, ou não sinto assim. As manifestações são importantes. Eu posso gostar muito de uma pessoa, mas se os meus actos e gestos não acompanharem esse sentimento,pouco adianta. Está bem, eu sei que Deus lê o nosso coração. Mas, cada pecado é um acto de orgulho e desobediência contra Deus. Por isso "Cristo se humilhou e tornou-se obediente até à morte para expiar o orgulho e a desobediência dos nossos pecados. Por isso Ele exige de nós este acto de humildade e de obediência, na Confissão sacramental, na qual confessamos os nossos pecados diante do seu representante, legitimamente ordenado. E, conforme a sua promessa: "Quem se humilha, será exaltado, e quem se exalta, será humilhado" (Lc 18,14)
Não posso, portanto, concordar com confissões colectivas. Cada um tem de confessar os seus pecados, com arrependimento sincero e com lealdade, olhos nos olhos, sem aligeirar.
Abraço
Filó

osátiro disse...

A absolvição implica arrependimento.
Isso é o essencial.

Cristo disse: vai e não voltes a pecar!

Na Absolvição colectiva há arrependimento?Custa a crer...
Quanto à anónima das 20.30: a ICAR não pode alinhar em modernices, nem precisa.Mas o que é isso de ser "moderno"?
A ICAR é o Evangelho de Cristo: isso é o mais moderno e revolucionário de todos os tempos.

osátiro disse...

Não respondi às perguntas do Confessionário porque elas seexcluem e eu faço várias daquelas acções ao mesmo tempo.

Anónimo disse...

Olá!

A primeira vez que ouvi falar na absorvição colectiva foi á alguns anos atrás. O Sr. Padre pegou num grupo de jovem e fez essa confissão. Se é justo confessarmo-nos dessa maneira? Não sei. Talves sim, talves não.

Pessoalmente acho a confissão um pouco complicada. Chegar ao pé do Sr. padre e dizer os pecados... mas que pecados? Que tipo de faltas é que podem ser pecados? Esta quaresma confessei-me, por sinal ao padre "lindo" da minha paroquia. Ele ajudou-me a defenir o pecado. Tivemos algum tempo a debater as nossas convições e chegei á conclusão que pecado é todas as faltas que cometemos com Deus voluntarias, ou involuntarias. Agora o complicado é ter a capacidade de não voltar a pecar. Mas não é facil, isencialmente quando o pecado vem do pensamento. Conseguimos controlar as nossas atituides, mas não consegui-mos controlar o nosso pensamento.
Livra! Que complicação.
Voltando á absorvição colectiva...
Qual é a diferença entre a obsolvição colectiva, ou o padre confessar as pessoas em um mituto? Quase que só á tempo de dizer o acto de contrição.

Um abraço!

Alexandra

Confessionário disse...

ó amiga da chucha (sem pejuração), não explciaste a "modernice".

E gostei de responder ao teu questionário. Fez-me bem pensar onde me enquadro. Sí falta saber se sou moderno ou não! heheh

Confessionário disse...

Sátiro, gostei muito do termo ICAR. Ainda estive a pensar que significaria... e depois ahhhh, fez-se luz.

Alexandra, é só uma correcção: Absolvição e não absorvição.
Beijos

Anónimo disse...

olá!

Éu não tenho a culpa que de vez em quando o meu computador não escreva o que eu quero....
Bem... geralmente tinha um 3 a português.
Mas a ideia da absorvição/absolvição ficou esclarecida.

um abraço!

Alexandra

Anónimo disse...

Li uma vez sobre algo sobre a absolvição colectiva, que também desconhecia, e penso que percebi ser possível fazê-la, por exemplo, numa situação de catástrofe, onde não há tempo de dar a absolvição individualmente. Pe C., corrija-me se não for isto.
No entanto, a descrição que fez no seu post quase parecia um ritual da IURD, ou coisa parecida... quase que consegui ver os crentes a desmaiar quando o padre passa por eles...
Mas a escolha do método, penso eu, é sempre uma questão pessoal. Acredito que no meio dessa multidão absolvida colectivamente hajam pessoas que sentem no momento a leveza a que a confissão e absolvição nos transporta, e que o sintam bem com o coração. Embora eu perceba pelo tom do seu discurso que há muitos que procuram esta prática porque é mais... prática - e desculpe a redundância :)!
Pessoalmente, valendo a minha opinião o que vale, prefiro uma confissão e absolvição individual, porque o diálogo (ou "triálogo") faz-me crescer como crente e como cristã.

Confessionário disse...

sim, amiga anónima
está previsto para casos muito excepcionais, como é o caso de uma catástrofe. De resto, depois pode tornar-se abusiva a sua utilização... e é isso que sinto. Porque eu nao sou contra a absolvição colectiva como excepção. Não sou a seu favor como norma.

Anónimo disse...

Senhor padre

Passo a explicar: os padrões de modernidade são os que já incluí na minha sugestão para o jingle.

Como constato que o senhor está deverasmente preocupado em perceber de que lado da barricada está, eu ajudá-lo-ei nesta tarefa introspectiva e, assim, passarei a enumerar outros aspectos: o uso do iPod complementado com uma sweater de capuz colocado na cabeça; frequentar os bares da moda e beber uns shots; no caso do visado pertencer à faixa etária da pré-adolescência deverão ser os pais a transportá-lo ao bar lá pelas 2 da manhã; no bar deverá adoptar um comportamento de quem nunca regressa sozinho para o seu quarto (elas não resistem ao meu charme!- é o lema); enquanto dança deverá adoptar movimentos de quem manda quecas para o ar; se for ao café leve o portátil não converse com os amigos, fale no messenger ou no Hi5; cabelo algo comprido e franja a funcionar tipo semi-viseira.

Relativamente ao discurso, direi que o conteúdo não importa, há que adoptar sempre atitudes não verbais que revelem profundidade de raciocínio (tipo psicólogo Eduardo Sá)nem que seja para falar de extensões do cabelo!

Dada a hora tardia irei ficar por aqui, no entanto, espero tê-lo ajudado neste processo de auto-análise.

PDivulg disse...

Há pelo menos 25 anos no estrangeiro me confessava assim, nós por cá ainda andamos a questionar se é ou não válido?! Quem em consciência se arrepende não precisa de um sacerdote pela frente (que muitas as vezes nem ouve de tão farto de confissões que está!) e que nos dá uma penitência??...

Anónimo disse...

Algumas considerações:

- O problema da chamada "fórmula C" da celebração da Reconciliação não está propriamente na absolvição geral mas sobretudo na ausência da confissão individual.

- Infelizmente, a discussão em torno das absolvições colectivas acaba sempre por escamotear o essencial da questão: a forma insatisfatória, mesmo deturpada, como hoje é celebrado o sacramento em causa.

- Sem dúvida por força das circunstâncias, foi-se perdendo o sentido comunitário do sacramento, optando pela sua celebração em privado. Mas o pior foi terem-se desenvolvido justificações teológicas nesse mesmo sentido, a ponto de hoje se considerar a confissão auricular como normal, ordinária, mesmo a única permitida.

- Mesmo todos os elementos "comunitários" invocados para a celebração: do espaço ao tempo, do ministro à escuta da Palavra e oração em comum, não disfarçam o contrassenso da prática que se estabeleceu e se mantém como normativa.

JS

Anónimo disse...

- Os sacramentos existem para a comunidade e em comunidade; ou então, não existem. Porque a comunidade é o primeiro dos sacramentos.

- A prática dos primeiros cristãos relativamente à Reconciliação é elucidativa. Em causa estão os pecados enquanto atentado à vida da comunidade, à sua estabilidade, à sua unidade. Há a acusação/reconhecimento público da falta. Há a imposição da penitência, decidida em comum, e a exclusão temporária da comunidade. Há o cumprimento público da penitência. Há a reintegração na comunidade.

- A massificação das comunidades cristãs trouxe enormes obstáculos a esta prática, a ponto de a tornar raríssima, e irreconhecível como norma. Mas é possível encontrá-la hoje, no essencial, no seio das ordens monásticas e de alguns movimentos eclesiais.

JS

Anónimo disse...

para quem tanto tem contribuído para acabar com a confissão, não deixa de ter piada a crítica a formas mais aceitáveis da mesma....

BLUESMILE disse...

padre do meu
coração, confissão como um momento a dois... hum...

parece-me que prefiro confissões colectivas...

BLUESMILE disse...

este blogue é uma anedota...
"absorvição"??

de joelhinhos, porque assim é melhor?

"chuchas"?

" para ser feita a dois e juntinhos no confessionário,. que a igreja é muito fria"???


realmente, há algo de profundamente perverso na confissão INDIVIDUAL...

Anónimo disse...

Uma ideia interessante:
http://www.la-croix.com/article/index.jsp?docId=2331565&rubId=4078

Ficou-me o pormenor: espaços (para confissão) com três cadeiras para permitir por exemplo o acolhimento de um casal ou de duas pessoas amigas.

JS

Teodora disse...

Bluesmile

Estou profundamente honrada pela sua visita. É que há muito muito tempo que não me cruzava aqui com alguém do seu gabarito! É que V. Exa. exala profundidade de pensamento. É hirta e firme como dizia o outro. E cinzenta!!!

Diria mesmo que é uma verdadeira ensaista!

E por falar em ensaio... e tubos de ensaio... há um travo azedo, amargurado e de solidão na sua séria constatação...há um "bolçar", o que me transporta para a possibilidade de já fazer uns bons tempos que não se "confessa a dois"?!

Um abraço chucha

Anónimo disse...

A melhor maneira de captar o que poderia/deveria ser o sacramento da Reconciliação (e também os outros) é colocando os olhos no Ritual da Iniciação Cristã de Adultos.

Concretamente, é possível ver como se pressupõe uma caminhada pessoal, de purificação e iluminação, pela oração e pela caridade; bem como um acompanhamento personalizado, por parte do catequista e do padrinho. Mas a dimensão ritual acontece sempre em comunidade, através de diversas etapas, e com o envolvimento dos diferentes intervenientes.

Mais concretamente ainda, chamo a atenção para a etapa dos escrutínios: em comunidade, escuta-se a Palavra (textos fixos); há a homilia a explicar o sentido da etapa; há o convite à oração, feito em primeiro lugar aos fiéis, depois aos catecúmenos; seguem-se as preces pelos eleitos; e há a imposição das mãos e o exorcismo.

"No rito do exorcismo, os eleitos, já instruídos pela Igreja sobre o mistério de Cristo que salva do pecado, são libertados das consequências do pecado e da influência diabólica, são robustecidos para prosseguirem a sua caminhada espiritual, e abrem o coração para receberem os dons do Senhor".

Não estará aqui uma óptima chave de leitura para a Reconciliação?...

JS

erute disse...

Lembro-me de uma vez ter estado presente numa absolvição colectiva, por falta de padres para confessar uma comunidade que é bastante grande. Na altura "gostei" de não ter de dizer os meus pecados ao padre (doi-me imenso reconhecer que errei), mas a verdade é que após sair dali não me senti em paz comigo, com Deus e com os outros.
E acabei por passados dias me estar a confessar a um padre, só os dois e Deus.

Acho que cada vez mais na nossa sociedade é necessário termos espaço de tempo e acompanhamento para olharmos para dentro de nós e percebermos o que não é correcto e na confissão com a ajuda do padre é mais fácil isso acontecer. Sejamos crescidos e reconheçamos os nossos pecados.

Anónimo disse...

Querida Teodora:

Pode ter a certeza de que se há coisa que não padeço é de solidão...
Graças a Deus estou muitíssimo bem acompanhada:
;))
Talvez por isso não necessite de "confissões a dois" no quentinho do confessionário, pelo menos com padres, nem de estar "juntinha no confessionário" com ninguém...
Abraços e espero que não precise de se confessar muitas vezes.

;)

Teodora disse...

Bluesmile

Ainda bem que largou o registo amargurado e passou ao sentido de humor!!! Gosto mais assim! É que já tinha lido outro comentário seu noutro sítio e o registo era de dor, desilusão.

Tive a sensação que pertence ao grupo de seres crentes na religião: a fé na ciência, cuja biblias são assinadas por Christopher Hitchens e Daniel Dennett.

Relativamente ao confessionário, não é que eu seja muito exigente, mas confesso que gosto de algum conforto (nem tenho taras mórbidas)por isso o confessionário está fora de questão para confissões a dois. Além disso a educação diz-me para ter respeito pelo espaço, e para com os outros, por isso, não me atreveria!

Relativamente a ser padre não sou preconceituosa, portanto, são homens como os outros. Nem tanto, alguns são mesmo diferentes mas pela positiva!

Mas também não tenho preconceito com quem gosta de se confessar sózinha, é tudo uma questão de gosto! Sou uma humilde cristã de espiríto livre.

Quem não tem cão caça com gato!

Saudações da chucha

BLUESMILE disse...

Querida Teo:
Essa tua fixação pela chucha é preocupante.
Quantoa ás tuas referências bíblicas, igualmente bizarras.
Por último, as afirmações de que os padres "são homens como os outros" e que "quem não tem cão caça com gato", não me parecem lá muito abonatórias da defesa da confissão individual. Bem pelo contrário.
Numa coisa concordo contido - é tudo uma questão de gosto - ou falta dele.
Continuo a desejar que vás poucas vezes ao confessionário, o mínimo possível .Só significa que és uma pessoa feliz e equilibrada.

Abraços.

;))