Tudo isto vem a propósito de um indivíduo que veio ter comigo, a casa, a desoras, para me pedir um favor. Queria que lhe desse um jeito. Um baptizado àquelas horas naquele dia. Já tinha tudo marcado. Imagino que tenha vindo o marido e não a esposa porque os maridos são mais incisivos quando querem alguma coisa. Não berram nem gritam, mas insinuam os ombros e a altura ou largura. Primeiro dediquei-me a explicar-lhe algumas normas. Ó padre, não tenho muito tempo. Queria que passasse à frente. Esperava a minha resposta e não os meus ensinamentos. Como a maioria dos cristãos. Quando lhe respondi que não podia aceder ao seu pedido, levantam-se os ombros, alarga-se a cintura, estica-se a altura. Não foram muitas as palavras, porque eu estiquei o sorriso e quando este se estica o outro fica desarmado. Era assim que Jesus fazia. Já imaginava, padre. Vou procurar outro, disse. Eu esperava que o senhor dissesse sim, que é para isso que os padres servem. Um bom padre não diz Não. Essa também me fez lembrar Jesus, disse-lhe já ele virava costas.
Entrei em casa, sentei-me e a propósito perguntei-me. E se fosse eu? O que eu esperaria de um padre?
Que ele me anunciasse a palavra de Deus e não a sua própria palavra. Que fosse modesto e vivesse com simplicidade. Que soubesse calar-se quando outros falam e soubesse falar quando os outros ficam mudos. Que rezasse, fosse profundo e me fizesse participar dessa profundidade para fugir ao perigo da superficialidade. Que tivesse tempo, como eu sinto que devia ter, agora e amanhã, sem datas marcadas no calendário. Fosse a garantia do tempo que Deus tem para mim. Que se fizesse perguntas e tivesse dúvidas. Os que não têm dúvidas ou questões também não têm respostas e não as podem conceder aos outros. Decidi ficar por aqui com os pensamentos pelo medo de descobrir muitas mais coisas que fossem demais para as minhas costas. Estas já pesam.
Eu esperaria muito do sacerdote.
Entrei em casa, sentei-me e a propósito perguntei-me. E se fosse eu? O que eu esperaria de um padre?
Que ele me anunciasse a palavra de Deus e não a sua própria palavra. Que fosse modesto e vivesse com simplicidade. Que soubesse calar-se quando outros falam e soubesse falar quando os outros ficam mudos. Que rezasse, fosse profundo e me fizesse participar dessa profundidade para fugir ao perigo da superficialidade. Que tivesse tempo, como eu sinto que devia ter, agora e amanhã, sem datas marcadas no calendário. Fosse a garantia do tempo que Deus tem para mim. Que se fizesse perguntas e tivesse dúvidas. Os que não têm dúvidas ou questões também não têm respostas e não as podem conceder aos outros. Decidi ficar por aqui com os pensamentos pelo medo de descobrir muitas mais coisas que fossem demais para as minhas costas. Estas já pesam.
Eu esperaria muito do sacerdote.