domingo, fevereiro 18, 2007

A ideia que as crianças fazem dos padres

A avó veio até à sacristia com sorriso malandro. Tenho de confidenciar-lhe uma coisa. Falava baixinho. A neta estava nas suas costas. A mesma que dias antes me levara um desenho pintado por suas próprias mãos. Para o senhor padre. Era lindo. Muito colorido. A irmã mais nova havia sido baptizada na semana antes e ela quis dar-me um presente pela festa da mana, a sua maior alegria de momento. Um lindo desenho que guardei, mesmo sem conter delineado qualquer esboço que se entendesse. O que entendi foi o seu carinho e presente. 
Neste preciso momento não entendia o sorriso da avó. Sabe, senhor padre, ela perguntou como se chamava o filho do senhor padre para lhe fazer também um desenho. Rimo-nos despregadamente. Tratava-se, sem dúvida, de repor no e ao padre a alegria que tinha da irmã. E que lhe disse, perguntei. Que o senhor padre não tinha filhos. Que não tinha esposa. Que nem a gata lá tinha agora. Não entendi esta da gata, mas continuemos. E ela que respondeu, perguntei desconfiado. Respondeu que era uma pena. Uma pena?! E tornei, entusiástico e, ao mesmo tempo, intrigado. Mas seria por causa de já não poder fazer o desenho? Não, respondeu. Porque seria um filho muito lindo! Mais me ri. Oh se ri. E antes de iniciar a celebração da eucaristia ainda me questionei. Como seria um filho meu? E será que todas as crianças pensam que os padres têm mulher e filhos?

30 comentários:

Elsa Sequeira disse...

Olá Amigo!

Que giro! As crianças são uns amores!
Ah! Um filho teu! Deveria ser assim como....LINDO!! Por dentro e por fora!!!

beijinhos!!
:)

Catequista disse...

AS crianças têm destas coisas. É a sua inocência!

Um abraço

Anónimo disse...

Porque não experimenta? Lá dizia o Camões a esse respeito:«Melhor experimentá-lo que julgá-lo»

Anónimo disse...

Desculpem-me, mas esqueci-me do mais importante. Na minha infância eu pensava que os padres eram casados com as freiras e que os filhos eram os meninos do coro da Sé (de Lamego).

Anónimo disse...

Como adulta que sou e criança que fui, sempre digo que anda tudo do avesso...a sociedade faz de monstros pais e de anjos eunucos, faz guerra às claras e amor às escondidas...a imposição de celibato a padres deveria ser uma escolha e não imposição, pois é uma pena que se extinga o gene da bondade e que se percam excelentes Pais (padres, fathers, pater...) de crianças que acabam por nascer de pais que as violam, maltratam e matam. A necessidade de disponibilidade total para a comunidade não é argumento, pois a profissão religiosa não consome mais tempo laboral e psicológico que a de médico, bombeiro, repositor de hipermercado ou executivo. E a eles deixam-nos procriar. Acho injusto. Não me referindo a si (e que isso fique bem claro, pois seguramente daria um bom pai), penso que era altura de o Vaticano perceber que, tal como as crianças, os adultos aprendem com exemplos e, como tal, que melhor ponto de partida que começar por agir em conformidade com o que se prega?! Eu trabalho com crianças...e se lhes disser aos berros para ficarem sossegadas, elas pura e simplesmente reterão a mensagem dos meus gritos e falarão ainda mais alto. É uma lei simples (mensagem verbal versus mensagem via exemplo). Uma criança não é um adulto em miniatura, mas quase sempre um adulto funciona como uma criança em tamanho XL. Defender oralmente o valor da família cairá sempre em saco roto se não se exemplificar ou argumentar com a prática daquilo que se defende. Daí a perda de fiéis, daí a progressiva e exponencial perda de legitimidade e credibilidade da Igreja. Eu gosto de si, acho estupenda a sua abertura à inovação na comunicação através deste blog e acredito em si. Eu não vou à missa, mas visito regularmente este confessionário. Serei talvez netcatólica, mas só porque aqui encontro palavras que posso admirar e concordantes com o que defendo. E tenho que estar com a criança neste ponto: é mesmo uma pena um homem com tanto para dar ser condenado a passar por este mundo sem deixar semente. E que criança Feliz seria...um abraço.

Maria João disse...

Só mesmo os mais pequenos!!!
Mas, de certeza, que um filho teu seria muito bonito. Com o que aprendemos contigo neste blog, só podia...

Elsa Sequeira disse...

Amigo!

Reparei que não coloquei uma palavra, que muda tudo ou parte...
então repito, corrigindo... - Ah! um filho teu! Deveria ser assim como TU...LINDO!!!!POR DENTRO E POR FORA!!

BEIJINHOS1

maria disse...

diz-se que a verdade vem da boca das crianças...! :)

Claro que os teus meninos seriam lindos!

E não tens um sobrinhito parecido contigo?

E esta conversa toda é para dizer o quê? ;)

E já agora, o que é que aconteceu à pobre gata? Além de não a deixares ir aos gatos deste-lhe sumiço? ai, ai, ai!

Anónimo disse...

Estou de acordo com o Anónimo, tanto no que refere aos pais em geral, como ao Sr. Padres deste Bog em especial.

Excepto em que "A imposição do celibato a padres deveria se uma escolha e não imposição".

Embora previamente definido pelos Cânones da Igreja, o celibato não deixa de ser uma opção.
Antes mesmo de ser Padre, o padre já sabe que ao abraçar esse tipo de vida, essa Missão, está implícito o celibato. Logo, é sempre um caminho optativo e livremente aceite.
Deve ser difícil e requerer perseverança e força interior, uma magnanimidade espiritual que a maioria não consegue.

Mas, afinal, todos os caminhos têm os seus contras, os seus pedregulhos e obstáculos.
Cada um tem de levar a Sua Cruz, casado ou solteiro.

E nesta matéria, lembro-me sempre da recomendação de S.Paulo, em I Cor.:
"32 E bem quisera eu que estivésseis sem cuidado. O solteiro cuida das coisas do Senhor, em como há-de agradar ao Senhor;
33 Mas o que é casado cuida das coisas do mundo, em como há-de agradar à mulher".

Dulce disse...

Venho comentar os comentários :): achei o máximo aideia do deprofundis que os padres seriam casados com as freiras, e os filhos seriam os meninos do coro. E concordo em tudo com o comentário da anónima que trabalha com crianças.

Anónimo disse...

A minha formação religiosa é nula! Por isso, recordo-me de ser pequenita e confundir Deus com o padre que celebrava a missa. Pura e simplesmente havia momentos em que um e outro podiam ser o mesmo, só que havia um pormenor! Havia vários padres e Deus era só um. Isso baralhava-me o raciocinio. Também achava que o padre era casado com a Nossa Senhora (qual já não sei!) Filhos sempre me disseram que não podiam. Por tudo isto achava que eles não eram gente como nós!

Eu do senhor padre não posso dizer nada porque não o conheço, mas estou a pensar num que induvitavelmente daria uns lindos rebentos!!!!! hihihi

Anónimo disse...

Gostei muito anónima. Pena que um vasto número de pessoas por egoismo, processos de transferência, sexualidades reprimidas e outras infelicidades, defendam ainda a obrigatoriedade do celibato dos padres!

Para mim muitas dessas pessoas nunca encontraram alguém que gostasse verdadeiramente delas e, por isso, impõem aos padres a mesma "lei"!

Teodora

Avozinha disse...

Não nos provoque, senhor confessor, não nos provoque! Olhe que nós respondemos!

Anónimo disse...

..."é mesmo uma pena um homem com tanto para dar ser condenado a passar por este mundo sem deixar semente"...
É também a minha opinião!
Tantas boas sementes que se perdem, por obediência a uma Lei feita por homens, que acredito, contra a vontade de Deus.
Deus é Pai, não privaria nenhum dos seus filhos desse Dom...

RG

A Flor disse...

As crianças são prenda de Deus, são dádivas do Criador.

Ele confia-nos as crianças, para que as possamos educar e ensinar a viver nos caminhos do Senhor e deste modo possam ter paz e alegria enquanto vivem.

Um beijinho no amor de Cristo.

Abraçinho da Flor

Confessionário disse...

MC, tenho um sobrinhito, mas só é parecido em mim na vontade que tem de ser parecido com o tio. hihihi

A gata, pois a gatita, não conseguia ter tempo para ela... e isto saria mais pano para mangas sobre o assunto do post, não daria?
Deixei-a em casa de umas pessoas amigas.

E só queria dizer o que lá está.

Confessionário disse...

avozinha, força. Isto não é propriamente uma provocação, mas podia ser. ahahah... Estou aqui a divertir-me com alguns comentários su+er interessantes!! ahahah.

Como seria, hein?

Anónimo disse...

Senhor padre!!! Isto mais parece um clube de fãs!!!

Depois de tanto elogio fiquei curiosa por conhecê-lo?! Se o senhor não fosse padre convidava-o para jantar na margem do Douro (Dom Tonho - junto à janela) no próximo sábado!

Sábado não! Ainda falta muito! Amanhã mesmo!!! Não, hoje mesmo!!!aiai

(Não quero de modo algum desrespeitar a sua condição. Nunca o quis.)

Teodora

Dulce disse...

Só a propósito das ideias que as crianças fazem das coisas religiosas: quando eu era pequena ia sempre à missa. (Agora, nem sempre)Estranhava muito aquela parte "Eis o mistério da fé." E os fiéis, que estavam joelhados, levantavam-se. Então, eu ficava sempre à espera que o padre algum dia dissesse o que me parecia ser a coisa correcta: "Eis o mistério de pé"...
Ah! E o verbo "encarnado"? Que verbo seria?, pensava eu. Pois, o verbo por excelência, o verbo SER. Escrito a vermelho, já se vê...
Devia haver uma missa explicada às crianças, sem tanta coisa difícil... :)

Confessionário disse...

Teodoroa, clube da fãs?!! Só se for de Jesus. É como no Benfica: é-se adepto do clube não de qualquer jogador. Os jogadores mudam!!!
hihi.
O convite fica em pé... mas espero que não seja mais que uma refeição. ahahahah

Confessionário disse...

Dulce, para to a minha gargalhada. De facto há muitas coisas que na Eucaristia davam pano para gargalhadas...

melhor seria que em cada momento da Eucaristia soltássemos um sorriso de verdadeira alegria!

Anónimo disse...

Ó senhor padre eu disse club de fãs porque os elogios são directamente para o senhor e não para Deus?!

Quanto aos jogadores, até podem mudar (não com a frequência das épocas desportivas - nem numa década) mas nunca haverá dois iguais. Cada um com as suas virtudes e seus defeitos. Acontece é que quando se gosta muito, até dos defeitos se gosta.

Então sábado lá estaremos!!! hihihi

Teodora

Anónimo disse...

Claro que não seria mais que um jantar!!! Estaremos num restaurante, senhor padre!!! Eu estou a convidá-lo para jantar não para fazer uma segunda versão do Nove Semanas e Meia.

Não ficaria bem a nenhum de nós!!!

Teodora

Anónimo disse...

Estou a brincar com o senhor padre! E já percebi que também tem sentido de humor! hihihi

O jantar está de pé! Não se esqueça, lá estarei ansiosamente à sua espera!

Teodora

Anónimo disse...

Oi! venho do carnaval e lembrei-me de passar aqui, isto está muito animado mesmo! Tu deves ser mesmo giro, assim um pedaço....( emais não digo...)ihihihih!! Pois claro que devias ter um filho, um não uns poucos!!Deviam ser todos lindos!!
Quanto ás coisas engraçadas na Eucarositia há uma que nos faz sempre rir, que é a altura em que o padre faz a purificação do cáçice e afins, há um colega nosso acólito que diz que o padre está a lavar a loiça, e pronto quando chega a altura...lá vêm os risinhos!!!
è bom passar por aqui.
beijo


mariana

Anónimo disse...

Confesso-me um pouco confuso com alguns comentários, que revelam uma fraca formação religiosa.Sou casado, com filhos e neste contexto defendo o celibato dos padres.Porquê? Ser padre é uma vocação a seguir Jesus de um modo totalitário, por isso discerniu a sua vocação, caso contrário seguiria outra como a de casado que tem também valor.Quem deixar pai, mãe, filhos,amigos, terras,terá cem vezes mais pais, mães, filhos, amigos, terras ...e a vida eterna.
O papel de padre é por isso muito importante para acompanhar e orientar os seus paroquianos, sentir-se feliz pelos êxitos dos seus confiados e para acompanhar precisa de muita muita disponibilidade, que no caso de constituir família seria impossível, porque a certa altura a disponibilidade viria afectada pelos seus.Depois, agindo assim o amor repartido gera amor , família, comunidade e vida...jocap

Anónimo disse...

Não tenho nenhum tipo de formação religiosa. Mas tenho algo muito presente, não tenho o direito de privar o outro de viver a sua vida para viver a minha. Eu estaria a ser profundamente egoista. Gosto que viva comigo, mas não que viva para mim.

Cada vez mais temos de estar disponiveis para aceitar os horários de trabalho, não são só os padres. Saio de casa muitas vezes às 7h e chego às 23h. Não sou a única!

Cresci a "aparar" o jogo dos outros (peço desculpa se pareço agressiva) e não suporto que se pendurem no pescoço dos outros 24horas por dia 365 dias do ano. Falta muitas vezes o ar.

Confesso que não vejo conflito de interesses entre celibato e disponibilidade para os paroquianos. Os padres têm vida própria quando chegam a casa.

Ou será que perspectivam as relações sexuais como um acto pecaminoso para o senhor padre. Claro que isto não se aplica a eles!

Teodora

Anónimo disse...

O meu filho, aí com 6 ou 7 anos, referindo-se a um dos padres que celebra missa na igreja que frequentamos, dizia ser filho de um outro (não sei porquê, a diferença de idades até nem é grande, mas enfim). Lá aproveitei para lhe explicar a questão do celibato dos padres. Aí ele respondeu muito depressa: "Então já não vou ser padre!". Não que ele alguma vez tivesse dito que o queria ser...

Anónimo disse...

Acho que todas as crianças pensam que os Senhores Padres são casados, ou que pelo menos deveriam de ser.
E quando lhes explicamos que não são casados e que não poderão ser pois são casados com Cristo, que quiseram e foram chamados a seguir Cristo desta forma, que Cristo vos chamou para anunciar a palavra d'Ele, eles ficam confusos e não percebem...
Acho também que não é só as crianças que assim pensam, pois acho que vários jovens também não percebem...
tbm concordo com o anónimo quando diz que o celibato deveria de ser uma escolha...
Acho que como vocês não se podem casar há muita gente que já não vai para Padre... pode amar Jesus, mas não seguirá esse caminho pq quer também constituir uma família...

Anónimo disse...

"Ò reverenda dignidade do sacerdote em cujas mãos o Filho de Deus se encarna como no seio da Virgem Maria" (Santo Agostinho)
O sacerdote é o amor do Coração de Jesus.. ele é, por graça de Deus, o Próprio Cristo no Altar a alimentas a Santa Igreja com o Alimento de Vida Eterna, a Carne e o Sangue de Jesus, vivo e presente no Santíssimo Sacramento! Pai espiritual de uma multião de almas sedentas do céu, és o único homem na terra capaz de saciar nossa fome de Deus ao nos dar Jesus! Claro que é bela a pureza das crianças, mas infinitamente lastimável a falta de formação religiosa dada a elas pelos próprios pais e família! os pais se preocupam tanto hoje com o futuro dos filhos e não lhes dão o essencial: Jesus e a verdade da Igreja!