quarta-feira, setembro 03, 2025

abandono [poema 399]

quando o som da tua voz faz eco em mim 
quando as tuas palavras se juntam e crescem por dentro 
vejo apenas a forma dos teus lábios 
e o desenho de um beijo que se torna eterno... 

aperto no peito a cor dos teus olhos, 
quando o tempo se veste dessa mesma cor 
e tudo em redor parece o teu olhar, 
quanto te procuro sem te ver, mas te vejo por dentro... 

o tamanho dos teus braços não tem tamanho 
são apenas um abraço e o cobertor 
numa manhã que parece noite 
num dia de verão que parece inverno 
numa brisa que parece uma tempestade 

numa chuva que me escorre no rosto 
 
e a soluçar me diz: estou vivo e tu não morrerás 
em mim

4 comentários:

Anónimo disse...

Que poema magnifico!!!

Sabrina disse...

E esse final… ‘estou vivo e tu não morrerás em mim’… soa como um sopro de ressurreição, como se a esperança se tornasse carne dentro de quem lê. Obrigada por partilhar algo tão inteiro, tão cheio de vida...

Anónimo disse...

Lindo!

Emília Simões disse...

Boa tarde Senhor Padre,
Um poema muito belo, numa homenagem de saudade e amor ao seu querido Pai.
Assim o entendi.
Abraço,
Emília