O teu corpo não mexe, Senhor. Estás morto? Precisamos de ti vivo! Toco-te e não tenho muitas palavras para descrever a sensação do teu corpo frio. Choro. São lágrimas de amor que fazem o caminho até chegarem ao peito, o lugar onde o amor acontece. Choro porque não entendo a morte, esse mistério que ultrapassa os mortais. Porque não te levantas? Porque não te ergues e ergues contigo o mundo sofrido, o mundo que precisa tanto da esperança? Eu sei que morreste com os braços abertos para amar. Sei que nesse abraço te uniste a todos os que sofrem e os abraçaste. Mas nós precisamos de ti vivo. Precisamos de ti vivo naqueles que amaste até ao fim. Porque te deixaste morrer como um criminoso? Como é que tu, sendo Deus, te humilhaste a esse ponto? Eu também fui daqueles que bateram as palmas quando te aclamaram como Rei. Também levei meu ramo para que o benzesses e, nele, me benzesses a mim. A tua coroa, porém, não era de ouro. Era de espinhos. O teu trono não era uma poltrona. Era uma cruz. As tuas vestes não eram de linho e seda. Eras somente tu num corpo desnudado. E assim se começou a construir um reinado sem fim.
A PROPÓSITO OU A DESPROPÓSITO: "Amontoado de cruzes"
1 comentário:
Boa tarde Senhor Padre,
Um texto muito profundo, belo e sentido.
A morte de Jesus, toda ela repleta do maior Amor que alguma vez houve na história da humanidade. O quanto sofreu por nós! E será que me lembro disto a cada instante?
Emília
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