Não posso afirmar que a homilia havia sido brilhante, porque não sou juiz de causa própria. Mas que tinha agradado, tinha. Sobretudo aos homens. Bom, e a algumas mulheres que, se pudessem, se escondiam, ruborescidas, por detrás de um véu. Pena que já não é costume usar. O evangelho proclamado, no qual se focara a homilia, tinha a famosa passagem das bodas de Caná, ocasião em que Jesus transforma a água em vinho. Foi este, segundo o evangelista João, o primeiro milagre de Jesus. Ou seja, o primeiro milagre de Jesus não foi uma cura ou uma ressurreição. O primeiro milagre que, em princípio, seria a chave de leitura para o que Jesus iria fazer e dizer depois, durante a sua missão, imaginem só, foi este milagre que parece algo banal mas que é sempre muito agradável de escutar. Afinal, Jesus transformara a água em vinho, e não fora um vinho qualquer, pois o texto refere que se tratava do melhor vinho. Já se está a ver porque é que a homilia chamou a atenção dos presentes, sobretudo daqueles que gostam de entornar uns bons copos. Por isso não foi de estranhar que, no final da missa, a homilia continuasse como assunto das conversas animadas. E nisto, diz um dos homens lá da terra, daqueles dos mais castiços: O homem transforma a água em vinho e, mesmo assim, mataram-no. É que foram uns burros!
A PROPÓSITO OU A DESPROPÓSITO: "A comunhão do casamento"
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