segunda-feira, março 04, 2024

A confissão pelas redes sociais

Estava em casa, assolapada no sofá, no meio das teclas da virtualidade e, quando se apercebeu que o seu amigo padre internauta estava disponível, perguntou-lhe se a poderia confessar daquela maneira, por email ou por whatsapp ou através de uma outra rede social. E o padre respondeu-lhe que a confissão era presencial, era um tu a tu com Deus por meio de um instrumento chamado confessor. Podia desabafar e receber conselhos pelas redes sociais, mas a absolvição é presencial. 
Porque já o fizera um dia destes, questionava-se também e questionava o seu padre amigo da internet se podia pedir perdão a Deus diante do Santíssimo Sacramento e se isso bastava para se confessar. Pelos vistos, tinha vontade em se confessar diante de Deus, mas não diante do padre. Muito menos de forma presencial, olhos nos olhos. Talvez porque custe ou porque nem sempre os padres temos sido acolhedores o suficiente. 
O que esta amiga não sabia é que uma coisa é pedir perdão a Deus, o que é sempre bom, seja em que ocasião for, e outra um sacramento com o qual recebemos especialmente a graça de Deus com o Seu perdão. Parece-me que se tem esvaziado o sacramento da Confissão. Percebe-se isso de forma óbvia na diminuição daqueles que se confessam. Mas também no modo como se percebe a graça sacramental. A confissão não existe apenas para descarregar pecados, mas para se encontrar especialmente com a Graça de Deus.

A PROPÓSITO OU A DESPROPÓSITO: "Já ninguém se confessa"

3 comentários:

JS disse...

A falta que faz uma pandemia para perceber que aquilo que não pode ser afinal até pode...

JS disse...

Um aspecto que se perdeu de vista e que em muito veio desvalorizar este sacramento: o penitente é chamado a arrepender-se perante Deus e também perante a comunidade. O confessor é instrumento de Deus enquanto representante da comunidade. O perdão de Deus foi confiado à comunidade, é ela que o administra. O pecado pessoal impacta sempre, directa ou indirectamente, a comunidade.
Por isso é que Paulo VI apreciava tanto a oraçäo do Confiteor e exigiu que fosse usada no acto penitencial da eucaristia (e que constitui um momento extremamente raro de diálogo entre a própria assembleia): Connfesso a Deus (...) E A VÓS, IRMÃOS, que pequei...; e peço (...) A VÓS, IRMÃOS, que rogueis por mim...

Ailime disse...

Bom dia Senhor Padre,
Na verdade uma confissão virtual não faz sentido nos seus vários aspetos.
É um Sacramento e como tal deve ser presencial.
Ailime