Fala-se bastante, por estes tempos, na Igreja do Papa Francisco. Mas eu não consigo ficar indiferente a estas abordagens e às muitas expressões que se usam, quase como se houvesse uma Igreja de Francisco, tal como houve uma de Bento XVI e outra de João Paulo II. Como se os papas fizessem Igrejas à sua medida. A Igreja não é propriamente dos papas. A Igreja é de Cristo. Quando muito, poder-se-ia afirmar que a Igreja é de todos e de cada um de nós, na medida em que a Igreja somos nós. E nesse sentido também é do Papa, seja ele qual for. Entendo o uso desta linguagem, mas não deixo de me inquietar com ela. E tem sido insistente o uso dos chavões eclesiológicos para falar da Igreja dos tempos de Francisco. Ouvem-se, lêem-se, vêem-se, sentem-se. Todos os que tentamos estar actualizados e que tentamos viver uma vida cristã comprometida seguramente já nos apercebemos que a Igreja, segundo o que se vai ouvindo, tem de ser sinodal, missionária, inclusiva, em saída, aberta, laical, samaritana, ministerial, inculturada, intercultural, profética, simples. São palavras muito acertadas para falar da Igreja de Cristo, tal como se conhece desde o início do cristianismo. Gosto especialmente que o Papa Francisco no-lo recorde e se esforce para que a Igreja de Cristo se expresse e se viva cada vez mais deste modo. Mas também temos a obrigação de lembrar que esta não é propriamente a Igreja de Francisco. É a Igreja de todos nós. Ou melhor, é a Igreja de Cristo. É a Igreja... que também é do Papa.
A PROPÓSITO OU A DESPROPÓSITO: "A Igreja dos 'chineses'"
5 comentários:
Boa tarde Senhor Padre,
Decerto o que se pretende dizer é que a Igreja tem a marca do Papa Francisco.
Todos os Papas têm o seu cunho pessoal e deixam o seu rasto, não os dissassociando de serem a Igreja de Cristo, cada um ao seu ritmo e modo de ser.
Ailime
ó padre, não sei que te diga, pois eu gosto desta Igreja do Papa Francisco!
entendo o que queres dizer, mas eu gosto deste chavões "inclusivos" que o Papa Francisco repete. A Igreja devia ser assim, não devia?!
Para bem e para mal, o estilo católico mistura a personalização da autoridade e a distância ao poder: é ele quem manda, ele é que é o chefe.
A experiência da sinodalidade que vimos fazendo deveria ajudar a recentrar e equilibrar esta visão. Deveria.
Depois, há a luta pelo poder e surgem as facções e os partidos. Já S. Paulo se enervava com a história do "Eu sou de Apolo", "Eu sou de Pedro", "Eu sou de Paulo"...
06 outubro, 2023 11:42
nem mais. Uma coisa é liderar processos e ajudar a fazer processos, e outra coisa assumir tudo como se os processos fossem sua propriedade!
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