sexta-feira, julho 08, 2022

Uma comissão sinodal pouco sinodal

Estive presente num encontro onde foi possível escutar algumas partilhas sobre o sínodo que está a decorrer na Igreja. O Papa Francisco convidou a Igreja a fazer um sínodo para pensar a sinodalidade da Igreja, com a durabilidade de dois anos, começando pelo que alguns designam como “bases” e que eu prefiro designar como “a base” da Igreja. Tudo começou pelas comunidades de todo o mundo, constituindo-se e criando-se, para o efeito, grupos, sobretudo laicais, e estratégias de partilha, diálogo, participação e comunhão. Cada conferência episcopal tem agora de redigir, com base em relatórios das suas dioceses, um relatório nacional para fazer chegar as vozes de toda esta base ao Vaticano. 
Para já, estamos a ultimar esta primeira fase do sínodo que tem três fases. É uma grande graça e há já quem diga que, depois do concílio Vaticano II, este poderá ser o maior evento da Igreja católica. Concordo em absoluto, embora ainda tenha as minhas desconfianças dos seus frutos práticos. Até porque depende de uma conversão difícil, de uma mudança de mentalidade arreigada e de uma revolução de hábitos que a Igreja alimentou em muitos séculos. E a prova de que tenho alguma razão nestas minhas cautelas foi visível numa das partilhas do referido encontro em que se apresentavam propostas para uma Igreja mais sinodal. Numa das partilhas, os palestrantes apresentaram-se como representantes de uma comissão sinodal composta por “quatro padres e duas colaboradoras”.

A PROPÓSITO OU A DESPROPÓSITO: "Igreja menos clerical"

2 comentários:

Ailime disse...

Boa tarde Senhor Padre,
A ideia do Sínodo é excelente. Pretende-se uma Igreja unida pelos mesmos princípios e valores, mas pessoalmente não sei se, pela diversidade de culturas dos povos que a compõem, se se chegará a um consenso que agrade a todos, mas principalmente que se reja pelo que Jesus nos ensinou.
Desejo-lhe um bom domingo.
Ailime

Confessionário disse...

Ailime, o que se pretende não é que a Igreja seja unida pelos mesmos princípios e valores, pois é antes aceitar a pluralidade dentro da Igreja.
O mais correcto é pensar que a Igreja caminha como Povo de Deus peregrino, onde todos valem por igual, embora com distintas missões e funções; todos têm carismas e dons; todos têm voz... não há elites...