O que aconteceu com este padre, acontece com quase todos os padres, sobretudo quando estes entram num café ou estão num convívio ameno com as pessoas. Convidado por um indivíduo que estava ao balcão, com uma cerveja na mão, o padre ouviu aquela do “O padre só é padre na Igreja. Aqui é um homem como os outros”.
Faz-me confusão pensar que, quando um padre está em ambiente descontraído de convívio, as pessoas possam ter a sensação de que naquele momento o padre não está a ser padre. Como se o mundo do padre, como padre, fosse um mundo à parte. O mundo aparte das pessoas comuns. Que o padre não é comum. Não é bem homem como os homens que não são padres.
Mas este colega respondeu-lhe à letra. Olhe uma coisa, o senhor, que é casado, só é casado quando está com a sua esposa? O senhor, que é pai, deixa de ser pai quando não está com os seus filhos?
A PROPÓSITO OU A DESPROPÓSITO: "A ideia que as crianças fazem dos padres"
6 comentários:
excelente resposta, padre.
Ainda me ri
Boa tarde Senhor,
Na verdade há cada preconceito!
Os padres têm uma nobre missão, mas têm o direito de desfrutar da vida como qualquer outro ser humano.
Ailime
É interessante a avaliação que se faz do padre. Daí se pode deduzir que para estas pessoas, na Missa somos uma pessoa fora da Missa outra. Serei sempre a mesma pessoa, filho de Deus, pelo batismo, quando estou ns Eucaristia, quando estou no trabalho, quando em convívio com familiares e amigos. O mesmo acontece com o padre, na Missa e fora dela, é sempre Padre e como tal as obras que realiza serão "medidas" de acordo com o ministério que exerce.
Entendo como um padre possa ressentir esta dissociação como falsa, redutora, injusta, depreciativa ou mesmo ignorante daquilo que é a sua vocação e a generosa doação de toda a sua vida à causa do Evangelho e dos irmãos.
E no entanto, também cabe reconhecer que há algo de verdade naquilo que a gente observa. Porque, de facto, na Igreja boa parte dos padres não é, não se comporta como as outras pessoas. A começar pelas vestimentas que tem de envergar, passando pelos gestos e voltas que tem de dar, até ao tom de voz estranho, quase de falsete, com que fala ou canta, músicas também elas super-esquisitas. Senta-se no seu cadeirão, longe do pessoal; só ele pode ler o Evangelho, só ele pode pregar, quantas vezes passando ralhetes ou distribuindo carapuças, sem que ninguém possa ali fazer o contraditório. E depois fica do seu lado da mesa, e come a hóstia grande, e bebe o vinho todo, e acaba regressando ao quartinho secreto onde pouca gente pode entrar e o silêncio é obrigatório. Um ser quase etéreo, celestial, um anjo sem asas mas com cara de defunto que faz aparições aos domingos e festas de guarda.
Não admira que as pessoas estranhem quando o vêem passar na rua ou o encontram no supermercado, ou se cruzam com ele na praia. Ou que no café, ao dar conta de como ele despacha uma mini e larga uma caralhada, quem o rodeia diga aliviado: "afinal, ele é um homem como nós!" Que também pode ser uma forma de dizer: "ele que não venha para aqui com sermõezinhos e salamaleques que isto não é nenhuma capela."
JS, fartei-me de rir com a descrição que fazes do "padre"!
E podes até ter alguma razão na observação que fazes. Porém, quando alguém diz "aqui o senhor não é padre" também pode significar que essa pessoa continua a ter uma ideia errada de padre. Nunca o viu como um igual, pois se assim fosse não teria necessidade de fazer essa afirmação. Afinal, o padre não precisa de andar nos copos ou nos cafés ou nos super-mnercados para ser um igual!
O Padre, ele é sacerdote eternamente,sempre e em todo lugar ; recebeu na sua ordenação uma unção especial e foi inteiramente consagrado a Deus. Mas não deixa de ser homem, de ser gente. Devemos a ele todo o nosso respeito e carinho.
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