terça-feira, dezembro 29, 2020

o inimaginável Deus vulnerável

O Deus que encarnou e se fez menino foi acomodado em palhas, numa manjedoura, sob os olhares de vacas, burros e ovelhas. Não sob o olhar de holofotes e de câmaras de televisão e jornais. Não teve as melhores condições sanitárias para vir ao mundo. Não teve direito nem a clínicas privadas nem a hospitais públicos. Não teve sequer lugar numa hospedaria. Encarnou junto dos animais, na solidão dos homens e sob a ameaça de um genocida. Nasceu na maior humildade e fragilidade da natureza humana. 
Deus quis entrar na nossa história anónimo e escondido, frágil e pobre, um deus vulnerável. O inimaginável Deus vulnerável! 
O Natal é a memória da vinda de Deus entre nós, na carne frágil, vulnerável e mortal que nós somos. A partir daquele dia, não se pode mais dizer Deus sem a humanidade, nem a humanidade sem Deus! A partir daquele dia, o sofrimento, a morte e o mal não terão mais a última palavra. 
Há que dizer, portanto, que, apesar dos tempos em que vivemos, nada nem ninguém nos tira o Natal, porque o verdadeiro Natal acontece nos nossos corações! É lá que Deus quer encarnar! É lá que Deus quer habitar! Talvez assim consigamos olhar o mundo e todas as adversidades do mundo com um novo olhar que brota de um coração cheio de Deus! 
 
A PROPÓSITO OU A DESPROPÓSITO: "Há gente para quem o Natal é só uma data"

10 comentários:

Anónimo disse...

Um texto excelente pra época, tudo isso mesmo.

Anónimo disse...

Na minha infância todos os anos no tempo de Natal, meu pai repetia constantemente que, neste tempo, até os maus eram menos maus. E de facto experimentei isso no diálogo com um vizinho que se dizia 100% ateu. Na minha opinião os ateus nunca o são a 100%. Muito perto do Natal fiz-lhe uma visita. Sentados à lareira conversamos durante algum tempo, ele já bastante debilitado, quase não saía de casa. Alegrou-se com a minha visita e admirou-se que, como jovem "perdesse" o meu tempo com ele. Quando me despedi conscientemente evitei falar em Natal e foi ele que ao despedir-se disse: "Um bom Natal!" No caminho de volta a casa perguntei-me sobre o significado da palavra Natal para um 100% ateu. Mas será que há mesmo 100% ateus? Há dias veio-me às mãos um artigo sobre Jean Paul Sartre, um filósofo ateu. O artigo dizia que durante um tempo que ele passou num campo de concentração, na II Guerra Mundial, um amigo sacerdote lhe pediu que escrevesse uma peça de Natal. Essa peça de Natal, chamou-a de BARIONA. Ele não só escreveu como participou nela, representando o rei Baltazar. E o que ele escreveu é simplesmente delicioso. Se não vejam este enxerto:" A Virgem está pálida e olha o Menino. O que se pode descrever do seu rosto é uma reverência cheia de ansiedade que junca se viu jum rosto humano. Pois Cristo é Seu Filho, carne da Sua carne e fruto das Suas entranhas. Durante nove meses trouxe-O no Seu seio, dar-lhe-á o leite dos Seus seios, esse leite que se converterá em Sangue Divino. Às vezes a tentação é tão forte que se esquece que Ele é Deus e estreita-O nos Seus braços e Lhe diz: Meu Menino! Noutros momento fica em silêncio e pensa: Deus está aqui! E é dominada por um temor reverencial diante do Deus silencioso... olha-O e diz: Este Deus, é Meu Filho. Esta carne divina é feita de Mim... tem os meus olhos e a forma da sua boca é a minha... É Deus e parece-se comigo!

Ailime disse...

Boa tarde Senhor Padre,
Um texto sublime!
Assim penso e entendo o Natal!
O barulho e as confusões são a deturpação desta data tão bonita.
Que se faça Presépio sempre no nosso coração.
Desejo-lhe um Bom Ano Novo com muita saúde.
Ailime

Anónimo disse...

Ó Padre Confessionário, Jesus não encarnou junto dos animais, nasceu junto dos animais ;-)

Confessionário disse...

30 dezembro, 2020 20:17
Não foi Jesus que encarnou. Foi Deus! heheh
Mas é o que diz o texto, que começa assim: "O Deus que encarnou e se fez menino..."

Anónimo disse...

Pois, não foi Jesus foi" O Deus que encarnou e se fez Menino" mas a frase: "Encarnou junto dos animais..." continuo a dizer que não está certo.

Anónimo disse...

Segundo o que aprendi, a Encarnação do Verbo dá-se na hora da Anunciação do Anjo. E depois de ser carregado nove meses no Seio puríssimo de Maria, nasceu na gruta de Belém. Logo a frase: "Encarnou junto dos animais, na solidão dos homens e sob a ameaça de um genocida." Eu não tenho a seu sabedoria teológica, não sou padre, mas continuo a achar que não está correcta. Mas não é isto que vai tirar-me o carinho que tenho pelo seu blogue e, por si, Confessionário. Desejo-lhe um BOM ANO de 2021🤗

Confessionário disse...

Faz sentido pensar na encarnação de Deus desde o "suposto" momento da concepção. Mas a verdadeira encarnação ocorre no nascimento. Por isso se diz (a Igreja diz) que no Natal se celebra a encarnação de Deus.
Tudo pode parecer um preciosismo!
DE qualquer modo, a intenção do texto não é propriamente narrar um acontecimento. É mesmo descrever/reflectir/meditar sobre o modo como Deus veio ao mundo, encarnou e se fez homem no meio de nós!

Um bom ano também

Anónimo disse...

Iniciada a reflexão na sua vertente «o mais filosófica possível» fui assaltada por uma dúvida persistente, dita assim:
- Existirá uma eventual relação- no plano metabólico - entre «encarnação» e «santos populares», ou mera simetria de datas?

Um bom Ano Novo, Srs Padre

Anónimo disse...

O que torna interessante este blogue é que também os simples o entendem e quando não entendem têm a liberdade de perguntar, porque o Confessionário, também sabe "descer" à altura dos mais simples. Não é essa a lição que dá o Deus Menino no presépio? Os primeiros a quem se fez anunciar foram os pastores, aqueles que,humanamente falando, ninguém dava nada por eles. E estes foram os primeiros a adorá-Lo!