quarta-feira, outubro 23, 2019

Baptizado diferente

Senhor padre tal, que era eu, olhe, nós queríamos baptizar a nossa filha, mas queríamos algo diferente! Sabe, assim, usarmos uma música que costumamos colocar à Matilde, à noite, para a embalar. Tínhamos pensado em balões. Azul-turquesa clarinho, porque ela gosta muito dessa cor e nós também. Pelo menos ao fundo da Igreja, para se notar que é uma festa. Que é a festa da nossa menina. Para não ser só água, tínhamos pensado em colocar umas flores por cima daquele recipiente, que não nos recordamos como se chama. Pia baptismal, interrompo. Claro que queremos fazer uma coisa mais nossa. Mais familiar. Pouca gente. Apenas familiares e amigos. Quando lhes perguntei quantos seriam esses poucos familiares e amigos, responderam que não chegariam aos cento e cinquenta. Portanto, pouca gente, como é óbvio. Até tínhamos equacionado a hipótese de ser na igreja tal, que é muito bonita. Não que esta não seja. Mas, está a ver, era mais familiar. Só que acho que não cabemos lá. Porque são poucos, obviamente, penso eu. Ahhh, já nos íamos esquecendo. Estávamos a pensar em fazer a leitura de uns poemas em vez dos textos habituais, misturada com música clássica. Conhecemos um grupo que não é muito caro e que era capaz de ficar bem. Que acha, padre? Claro que não achei nada. Achei muita coisa e nada ao mesmo tempo. No meio de tudo aquilo, não encontrei nada. Nem o baptismo encontrei.

7 comentários:

Anónimo disse...

Misericórdia, tem gente com ideias,pra tudo. Façam na residência. Eu fiz da minha filha assim, o pároco que nos instruiu que fizemos na casa assim foi feito, uma belíssima festa de batizado com bolo, feito pela madrinha, um delicioso almoço, com direito a músicas e discurso feito pela família. Foi muito bonito. Mas na igreja. Somente estava os pais e padrinhos,nada de convidados, estes ficaram na residência na espera.Houve no dia entortou de uns 40 batizados, foi coletivo.

Anónimo disse...

porra......esta não





esta não...........

Sónia disse...

Só faltou dizerem que baptizar a menina pelo igreja era caro...
Atrevo-me a dizer que pensaram em tudo, menos no dom do sacramento que pediram. Onde fica Deus no meio disto tudo?

Anónimo disse...

É só mais uma prova de como vivemos em sociedade: o que conta é o que "parece", é a "festa", o "exterior". Enfim...

Ailime disse...

Boa noite Sr. Padre,
Na verdade, já nada me espanta.
O mundo anda às avessas e pobres crianças que, inocentes, nem sabem o que as espera pela vida fora.
Festas, grandezas tantas vezes acima das possibilidades, facilitismos, e pobres crianças que depois ao mínimo desaire são quem mais sofre.
E assim a vida segue sem regras, sem valores, sem a essência que nos devia nortear.
Ailime

Ângela disse...

Mas depois o padre é que não quis, e a igreja não cativa, e os padres queixam-se que as pessoas não vão à igreja mas não deixam as pessoas fazer as coisas à sua maneira... Haja paciência!

Confessionário disse...

Ângela, numa coisa estamos de acordo: "Haja paciência!"