quarta-feira, agosto 14, 2019

O padre retrógrado

Um colega padre que não conheço e que mora distante, porque eu pedira aos pais que desejavam baptizar seu filho que pedissem uns documentos e que fizessem uma preparação específica para esse efeito, mesmo que fosse na paróquia onde residem, afirmou que eu deveria ser um padre retrógrado. Disse-o com displicência, segundo me pareceu, quando os pais fizeram essa alusão. Dissera-o, pelos vistos, para manifestar que hoje já não é preciso nada para baptizar. Soube mais tarde que, para este padre, bastava os pais marcarem a data e a hora. Nada mais era necessário. E na hora preenchiam os registos do baptismo no livro de registos paroquial. 
Ora se, por não ser facilitista, sou retrógado, então prefiro ser retrógrado. 
Assim vamos nesta instituição demasiado ou excessivamente sacramentalizadora, sem mais. Desculpem a quase redundância, que é de propósito. Vou agora pedir perdão a Deus pelos pensamentos impróprios que alimentei na ocasião.

5 comentários:

Ailime disse...

Boa noite Sr. Padre,
Porque não o acho nada retrógrado sinto-me à vontade e, se me permite, de fazer algumas apreciações sobre o assunto relativo aos documentos solicitados para batismo pelos pais da criança. Já tenho alguma idade e fui recentemente madrinha de uma bebé, porque sou batizada, tenho a primeira comunhão, o Crisma e sou casada pela Igreja e, porque os pais da criança tiveram dificuldades em encontrar padrinhos e madrinhas para as suas duas filhas gémeas, por não reunirem alguns destes predicados. O mundo mudou muito!
Eu sou pessoa que gosto de tudo certinho, por isso sem problemas para solicitação dos documentos e entrega dos mesmos com estas informações.
Também sei que há paróquias onde batizam as crianças sem alguns destes requisitos. Eu própria fui madrinha há bastantes anos da mãe das crianças e ainda não era crismada, o que aconteceu posteriormente.
Perante estas discrepâncias o Sr. Padre há-de concordar que não é de ficarmos com boa disposição.
Quantas Igrejas temos? O problema não é com os senhores padres, mas com a Igreja que face ao Mundo de hoje deveria ter outra visão sobre o assunto.
Peço-lhe muita desculpa por este meu desabafo, mas sei que me compreenderá.
Muito obrigada pela atenção.
Ailime

Confessionário disse...

Olá, Ailime
Claro que compreendo esse lado. Para mim não se trata nem de burocracias nem de papeladas. Trata-se de tentar fazer o sacramento com a seriedade possível. O sacramento vale por si mesmo e nem precisa de padrinhos. Mas é uma ocasião excelente para evangelizar, para mostrar a radicalidade da fé e não o seu light.
E de facto, a preparação é uma das melhores ocasiões para dialogar com estes pais e padrinhos e, juntos, pensarmos em conjunto a fé. É uma excelente ocasião de anúncio da Boa Nova.

Anónimo disse...

Este post me lembrei do tempo que fui responsável por encaminhar os documentos das pessoas avaliaram para o batizado. Isto é uma regularidade da igreja que também serve como um comprovante para fins futuros como por exemplo o matrimônio. Tinha muita dificuldade em organizar tudo as vezes ia até a residência das pessoas para entregar as datas do encontro e após seria o batismo seguido da preparação. E algo bem marcante na vida das pessoas. Mas poucos apreciam. E ainda me lembro que veio uma família da Itália pra batizaram com o pároco da minha cidade, por gostarem muito dele. O Sr nem imagina o que aconteceu ele simplesmente viajou e não avisou daí me vi sem saber o que fazer. O jeito foi procurar um vigário que estava por perto e fazer todos os demais batizados que estava lotada a igreja. Quanto a família veio me perguntar do pároco lá estive eu numa daquelas das mais encantadoras mensagem para amenizar o acontecido. E pense como fiquei com a consciência pesada. Mas tudo bem, passou. O Sr nem tem que pedir perdão. , Deus sabe o quanto tu sabes o que fazer nestas ocasiões.

Ana Melo disse...

Sim Padre, há casos e casos, mas meia dúzia de frases durante o batismo, com o sorriso no rosto, terão o efeito de 10 reuniões, de obrigação. Deixo-lhe aqui, menos de meia dúzia, inspirado por Deus, só poderão ser melhoradas.


(1º Agradecer-vos, por partilharem connosco a graça, de ter um filho, e com o batismo agradecerem a Deus por ele.

2º partilhar convosco que a comunidade cristã, está, estará convosco nos bons e nos maus momentos, porque os há. A liberdade a que estamos expostos, para a graça de Deus, também permite o choro e a dor. O fruto proibido, a que estamos sujeitos todos os dias, pode trazer dissabores.

3º a passagem de Cristo pela terra, filho de Deus, nosso irmão de carne e osso, ensina-nos a dar valor ao que realmente tem valor. Ensina-nos, que muitas das vezes andamos a correr atrás de coisas, e a não dar atenção a outras, que nos fariam mais humanos. Porque a desumanidade e o egoísmo nascem connosco, como proteção, devendo nós no poder da escolha alimentar o lado da humanidade. O lado de que o outro, tem tanto direito a estar cá como nós, que todos temos uma função neste mundo gigante, e que muitas vezes o outro somos nós, que temos de nos deixar ajudar.

4º Dizer-vos também, que o filho que vos foi oferecido, vos vai dar muito trabalho, pois a “maquina criadora” funcionou, mas agora tem o caminho do pertencer ao universo, que temos a obrigação de cuidar, tendo em conta que as gerações se sucedem, e o certo é que o deixe-mos melhor, mais bem cuidado do que o encontramos. Portanto, tudo é bom, talvez os exageros não sejam bons.

5º vivemos num mundo de alguns exageros, festas, álcool, drogas, consumismo, cabe-nos a nós na educação dos nossos filhos, estar atentos a esses exageros, mostrar-lhe os caminhos da partilha, e do agradecimento a quem partilhou com eles.

Agradecer mais uma vez, desejar uma boa festa. E SAIR SORRIDENTE DE MAIS UM BATISMO.)

Bons e muitos batizados.

Confessionário disse...

Ana, isso pode-se fazer muito melhor num encontro do que na cerimónia.
Creio que a maioria dos que participam nestas reuniões não saem defraudados, e levam alguma coisa com eles.
Mas agradeço as dicas.