quinta-feira, abril 25, 2019

Madalena [poema 212]

Entrou pela porta fechada, em pranto
Ajoelhou diante de mim como um sacrário
Banhou-me os pés, lembrou-me alguém
Ouviam-se vozes por dentro das vozes
O grito vinha de um local que não sei
Abraçava o que sobrava das minhas pernas
Mendigava que não lhe desse nada, de nada
Entrou e saiu, surgiu e partiu, como um fantasma
Nem odor, nem rumor, dela não ficou nada
nada de nada

4 comentários:

Anónimo disse...

Mais um poema intenso, padre!
E os seus finais são quase sempre curtos. Parece que quer deixar algo em aberto. Será?!

Anónimo disse...


Muito comovido por este momento de liberdade, nada é mais libertador do que nada. Minha esposa zanga-se quando lhe digo «Querida, tu não és nada para mim». Não compreende nada de nada, a pobre. Permita-me acrescentar um pouco de solenidade ao seu belo poema somando-lhe um pouco mais do que nada, com todo o entusiasmo que me é possível. Afianço já que apesar de retratarem a liberdade no seu melhor ângulo (o fechado), estes meus versos nada têm a ver com politiquices, coisa que abomino. Sufrago apenas um mais nada de nada.

SOLENIDADE

Não dou com a hora nem com o dia
Mas sei que és hoje,
Livre, livre, livre
Em todas as páginas rasgadas,
Nas letras debotadas, nos dedos tintados
És livre, livre
Entre as grades, por trás delas
Capaz de voar com asas plenas,
Penas dardejantes,
Extremidades em garra
Por que tua vida és tu, és nós
Um número escrito com tinta antiga
A circular nas veias
Mesmo nas grades
Inebriante voz

PS. se me pudesse recomendar a uma editora, agradecia. Posso arranjar mais destes. obrigada.

Confessionário disse...

25 abril, 2019 17:13
Há por aí uma série de editoras. Nunca como hoje houve tanta editora.
Se souber de alguma que esteja verdadeiramente interessada em publicar só pelo valor da publicação, diga algo!

Anónimo disse...

Com certeza, que sim. Para o bono e para o melhor.

Um abraço.