Depois das férias da Páscoa, uma das nossas catequistas, por sinal religiosa consagrada, regressou aos encontros que, de vez em quando, fazia na creche, com os petizes que tinham entre 4 e 5 anos de idade. Costumava contar-lhe muitas histórias à volta da grande história de Jesus. Como vinha mais que a propósito, começou a falar-lhes sobre os acontecimentos vividos na Páscoa. Sobre a Morte e Ressurreição de Jesus. Alguns deles tinham participado na encenação da via-sacra e, pelo que a catequista percebera, haviam interiorizado grande parte dos momentos encenados. Aproveitou a ocasião para afirmar que Jesus dera a vida, de verdade, porque era muito nosso amigo e que ressuscitara, voltara a viver para nós sermos muito felizes um dia, com Ele, no céu.
Mas nisto, um dos pequenitos levantou a mão e disse. Olha, Jesus não morreu de verdade. Foi só faz-de-conta, a fingir. A catequista ficou estarrecida. E a criança continuou. Não sei se sabes, mas Jesus é o senhor Fernando e ele está vivo a trabalhar na farmácia. Pois é, reponderam os outros em coro. Sabes, catequista, os maus puseram-lhe uma coisa na cabeça, com picos, bateram-lhe com umas coisas mas não fazia doer, porque outros batiam numa tábua para fazer barulho. Tinha muito sangue, faz de conta, porque era tinta. Ele caiu na rua, mas levantou-se. E quando o pregaram numa cruz, o senhor Fernando disse umas palavras e fez assim. Ao dizer isto, inclinou a cabecita.
A catequista já não sabia bem o que dizer. Tinha sido, de certo modo, desarmada. Entretanto, pegou nas palavras que acabara de escutar e começou a fazer a destrinça entre Jesus verdadeiro e o senhor Fernando, seu fiel seguidor, que tinha, de facto, encarnado de forma excelente, a figura de Jesus. Dizia-me a catequista que achava que eles haviam percebido a diferença entre Jesus, que deu a vida de verdade, e que ressuscitou, voltou a viver, e o senhor Fernando, que foi só faz de conta, por isso não morreu e continua a trabalhar, na farmácia. Pelo menos ficaram a conhecer melhor como foi que Jesus deu a vida por nós.
1 comentário:
E que vida!
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