sábado, fevereiro 04, 2017

O que faz um padre quando faz um funeral

Mais uma vez volto à conversa dos funerais. Esses momentos da vida de padre que não gosto de dizer, mas que digo tantas vezes. São das ocasiões mais propícias a Deus. Sei-o e creio que podem ser, se bem aproveitados, instrumentos de encontro com Deus. Mas também sei que muitos deles são somente o cumprimento de um ritual de uma cultura que já lá vai, uma cultura cristã. 
Por isso hoje, ao ajoelhar diante do sacrário, perguntei ao Senhor o que se pede a um padre quando se pede um funeral. Deu-me três respostas. Ou talvez só me tenha dado uma e eu é que acrescentei duas. As duas em que mais tenho pensado. 
Uma era a de que o padre cumprisse o ritual secular da morte como um dever cívico, social e algumas vezes laico. A outra era que o usasse de forma meio proselitista. E a última era que no funeral o padre se deixasse usar por um Deus que habita o homem, sobretudo quando sofre.

11 comentários:

Paulina Ramos disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Anónimo disse...

O que faz um padre num funeral???
-veste a batina...
Ihihihih
Ou poe os oculos de sol!
Desculpe esta brincadeira...

Paula Ferrinho disse...


Mostrar um "Deus que habita o Homem, sobretudo quando ele sofre..."
Para mim, será esta a principal função de um sacerdote num funeral...mais do que a de ter, num funeral, uma atitude proselitista, ou a de encarar o momento como o cumprimento de um ritual.

Que bom lê-lo!

Anónimo disse...

A primeira coisa que disse quando li a titulo deste post foi: o padre faz num funeral, aquilo que é pago para fazer: fazer o funeral!
Gostei muito deste seu post, fez-me pensar que o senhor padre poderá ser um padre diferente dos padres que estou habituada a ver em funerais, gostei da sua reflexao, da sua conversa com Deus...mas fiquei na duvida, Deus deu-lhe uma resposta, qual das 3? Seria a primeira: o padre cumprisse o ritual secular da morte como um dever cívico, (é o que todos fazem, nada de novo) a segunda:que o usasse de forma meio proselitista (acho que de alguma forma ainda existe muitos a tentar usar desta forma) ou a terceira: no funeral o padre se deixasse usar por um Deus que habita o homem, sobretudo quando sofre.(uma raridade).

Confessionário disse...

Olá, 07 fevereiro, 2017 16:17 (e de certa maneira a Paula Ferrinho, que creio que faz mais ou menos esta pergunta)

Quem tem lido o que tenho escrito sobre os funerais, sabe mais ou menos qual deverá ser a resposta. Aliás, é uma resposta que tenho buscado incessantemente, porque fazer funerais me custa bastante. Daí que duas das possíveis respostas são fruto dessa minha anterior reflexão. E a descoberta está naquela que eu suponho ter sido a verdadeira resposta de Deus às minhas inquietações. E agora, qual delas vos parece ser essa?

Confessionário disse...

07 fevereiro, 2017 16:17
e realmente, poderia ter acrescentado essa quarta razão: fazer aquilo para que foi ou é pago (bom, isto é, quando o funeral é pago!)

JS disse...

E a última era que no funeral o padre...

...visse naquela urna a Cristo expirado e tomasse aquele corpo sem vida como a própria Mãe o tomou depois de descido do madeiro.

...estremecesse com a dor e a revolta de Deus, como quando a terra tremeu, o véu do templo se rasgou e os túmulos se abriram.

...pressentisse no meio do silêncio e das lágrimas a madrugada de Páscoa.

Confessionário disse...

JS e 07 fevereiro, 2017 16:17

Creio que terei de refazer este texto ou fazer um novo, depois das vossas aportações. Afinal teriam de ser 5 razões possíveis... ou haverá mais ainda?!

Anónimo disse...

Sr. padre, a meu ver nao seria necessário acrescentar: "fazer aquilo para que foi ou deveria ser pago". A meu ver este está subjacente à primeira: o padre cumprisse o ritual secular da morte como um dever cívico.

Confesso que nao sou sua leitora assídua, mas vou apostar na terceira!

Confessionário disse...

08 fevereiro, 2017 15:25

Os deveres cívicos, em principio, têm um lado bom, pois trata-se de um compromisso. Fazer pelo dinheiro é outra coisa.

E claro que só podia ser a terceira... como não?

Anónimo disse...

Também eu às vezes não sei que vou fazer a um funeral. Mas depois de ler o que escreveu, bem como os seus comentadores, creio que me fez bem pensar nisto!