Não se passou, mas podia passar-se assim. Imaginei uma qualquer senhora no meu encalço para que lhe acedesse a um desejo. Um desejo daqueles que, embora plausíveis, são inadequados ou pouco possíveis. Imaginei um daqueles pedidos relativos a uma missa numa hora que lhe seria agradável e num horário que me seria impossível. Ou um baptismo desta ou daquela forma, distinto do sacramento. Ou um papel urgente de um registo que não existe. Coisas assim que ocorrem muitas vezes e diariamente aos padres.
Imaginei a senhora de olhos, primeiro arregalados e cheios de ternura para convencerem, e depois arregalados, abertos e carregados, para insinuarem, dizendo. O senhor padre está aqui para servir.
E não é que tinha razão! Essa é a nossa missão, ao ponto de estarmos ou devermos estar para o outro como ele necessita. Era verdade o que ela dizia. Esquecia porém que, como um pai serve mais o que os filhos precisam do que o que os filhos desejam, eu deveria servir o que ela necessitava e não o que queria. Esquecia porém que não se consegue dar pão quando só se tem a farinha, ou não se consegue fazer omeletas se não se tem ovos. Esquecia porém que mais do que servir cada homem, eu estava para servir Deus em cada homem. Não sabia, cuido eu, a distinção entre bens que queremos e o Bem Maior. E que era esse que eu gostaria de servir!
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