terça-feira, março 08, 2016

Confissão entrou em recessão

Dois padres, hora e meia em dois dias seguidos. Não sei se chegou às duas dezenas as pessoas que vieram confessar-se para que a Páscoa fosse mais graça de Deus este ano. Já não há filas de pessoas para confessar. O sacramento da penitência entrou em recessão. Os homens já não sabem que pecam. Os homens já não se lembram que Deus perdoa. Os homens esqueceram que além deles há Deus.
Talvez este ano da Misericórdia nos ajude a descobrir que precisamos de misericórdia.

9 comentários:

Anónimo disse...

(90 minutos x 4) : 20 = 18 minutos por confissão


Tempo médio de um duche: 10 min.



Canela disse...

Também há o contrário, lamentavelmente :(

Servir com Alegria disse...

Assim como não temos as pessoas agarradas ao Sacramento da Eucaristia, também não podemos ter ao sacramento da reconciliação. Bem os Sacramentos de Iniciação Cristã, estão em baixo numero, e por isso " Eu cá tenho a minha Fé e confesso a Deus", " Eu sou católico não praticante", termos como este estão muito em moda, " Não tenho tempo, para ir á missa "... Sociedade sem Cristo, hoje o Homem não precisa da Fé nesse Homem que foi humano e nos deixou mensagens fortes, para nos dar um exemplo de vida e como Divino está sempre presente na Sagrada Eucaristia através da Hóstia Consagrada, mas ... os seres humanos lembram-se desse Cristo, desse Filho de Deus na dor no sofrimento, " Supermercado faz-me um milagre que eu dou-te isto, aquilo.. ". Enfim resta-nos rezar por todos para esta sociedade que tudo quer e nada quer, tudo tem e nada tem, e diante do Santíssimo Sacramento interceder por todos, porque Ele é Pai de Misericórdia,e acolhe sempre o seus filhos.

Anónimo disse...

A mim custa-me imenso a confissão. Talvez haja quem veja no padre o próprio Deus ou uma espécie de terapeuta, mas para mim, é o padre e ponto final. Não gosto de revelar a minha intimidade a desconhecidos mesmo quando eles estão cheios de boas intenções e me querem salvar o "fogo do inferno". Tenho ouvido histórias de padres que "escavam" pormenores nas confissões para satisfazerem a sua curiosidade ou por simples gozo pessoal e isso deixa-me a pensar no valor dessas confissões...
Também me parece que, durante demasiado tempo, a confissão serviu para manter o povo controlado e o padre bem informado... Bem sei que já não há fogueiras alimentadas a carne humana, e que nem todos os padres pertencem aos Serviços Secretos, mas ainda assim gosto de manter os meus segredos, mesmo quando eles não são suficientemente escabrosos para manter vivo o interesse do padre. Além disso, quando o arrependimento é sincero, a mediação do padre "não aquece nem arrefece" nada...

Anónimo disse...

é confortável arrepender-se em segredo. Estamos arrependido, Deus sabe e pronto. Ufa! ninguém ficou a saber...

Entregar a nossa vergonha a alguém, por menos escabrosos que sejam os nossos pecados, é sempre constrangedor.

Aquele julgamento que fizemos tão errado de alguém... Aquelas palavras que dissemos...
Estamos arrependidos e Deus sabe é quanto basta.

Mas será que o arrependimento é verdadeiro se não admitirmos, se não entregarmos a nossa vergonha pelo menos ao padre? Afinal até estamos protegidos pelo segredo da confissão. Agora concordo que há padres e padres.

Anónima 09 março 17:23, não a estou a criticar eu própria não confesso aquilo que me envergonha. Mas será o arrependimento sincero, se não passamos pelo constrangimento de confessar as nossas falhas? Dá que pensar.

Anónimo disse...

Anónimo, 9 de março/2016, 17:23

Especialmente para ti

Não sei se já leste aquelas duas páginas escritas a letra miudinha que se encontram disseminadas pelos bancos de algumas igrejas, à disposição de jovens e adultos, que eu pensava que eram só para bem dispor, mas que afinal são para preparar os penitentes.
Se não, podes consultar aqui o texto:

http://www.santidade.net/folhetos/Exame_adultos.pdf

Anónimo disse...

Já perdi a conta ao número de postagens aqui colocadas sobre a falta generalizada da consciência do pecado, como se essa fosse a chave do problema.

Pode ser que sim. Uma sociedade sem consciência do "pecado" perde mais facilmente a capacidade de distinguir entre bem e mal, certo e errado, tornando-se vulnerável a todas as falhas. É um corpo doente sem saber que sofre de um mal e que, por isso, não procura a cura.

Venha então a Igreja mostrar o pecado nas suas diversas cambiantes e conteúdos, actualiza-o, para que entre na consciência social e individual com esse nome e os homens se possam auto-reconhecer como pecadores necessitados da misericórdia divina, se essa for a solução.

Diferente é uma sociedade consciente do pecado, mas que o despreza. Séculos e séculos de uma Igreja tentacular e de consciências reprimidas e dominadas por uma moral judaico-cristã obcecada com a culpa e o pecado (aliás, original) e atemorizada com o fogo do inferno produz disto: rebelião.

Parece, contudo, que o desprezo pelo pecado ainda não atingiu a culpa que, ainda que silenciosamente, continua presente e a necessitar de remição, transitando do confessionário para os consultórios dos profissionais do sector.

Como não há pecado sem culpa, agarrado a esta vai muitas vezes o pecado, a que, apesar do desprezo, não conseguimos ser totalmente indiferentes.
Esta “mea culpa”, ou seja, o pecado, é um caminho para Deus, porque também não há pecado sem ideia de Deus.

Chegados a este ponto, a confissão.

Há necessidade de obter a graça que advém da misericórdia divina e a confissão apresenta-se como o sacramento seguro para a reconciliação. Para isso é preciso enunciar os pecados e sentir sincero arrependimento, diante de um sacerdote. À primeira vista parece fácil, mas não é.

Começando pelo fim, temos a questão do arrependimento. Sabemos que estamos verdadeiramente arrependidos dos pecados cometidos quando podemos afirmar com elevado grau de certeza que, voltando atrás, não cometeríamos os mesmos actos. E eu tenho pecados que, em idênticas circunstâncias, voltaria a cometer, só evitaria as circunstâncias, pelo que não estou verdadeiramente arrependida. Logo aí…

Depois, há a parte da verbalização dos pecados. Esta é a dificuldade em que normalmente se coloca o acento tónico. O estranho é que se considerarmos a hipótese se relatar o mesmo ao psicólogo, psicanalista, psicoterapeuta ou ao próprio Deus, não parece tão intimidatório.

Talvez o problema seja mesmo o padre. Ou os confessionários sejam intimidatórios. Ou o acto de chegar e despejar pecados em meia dúzia de minutos. Ou a perspectiva de sair de lá exactamente iguais ao que entramos mais pecadores ainda. Ou talvez a graça de Deus não baste. Ou lhe seja a Ele mais fácil perdoar do que a nós perdoarmo-nos por O ter ofendido.

Anónimo disse...

Eu, Anónimo de 09 de março 17:23 me confesso: Ainda não percebi em que é que verbalizar ou não verbalizar um pecado torna o arrependimento mais (ou menos!) verdadeiro. Entregar a vergonha ao padre torna-me melhor pessoa para os outros ou diante de Deus? Ou será que é o meu desejo sincero de não voltar a pecar? Já fiz muitas coisas de que me vim a arrepender mais tarde, (algumas delas poderiam mesmo considerar-se pecados!) mas o desejo de não as voltar a fazer, não me veio do facto de as ter dito ao padre. O arrependimento sincero nasce do coração, não importa se é verbalizado ou não, o que importa é se é sentido no nosso íntimo, ou não faria sentido a expressão: "Deus lê no coração"...
Concordo com o anónimo de 10 de março quando diz que os confessionários são intimidatórios. As pessoas fazem fila como para uma casa-de-banho. Chega-se e despeja-se. Falta a higiene entre uma confissão e outra...Desconfio que a certa altura o padre já nem está a ouvir nada, porque a maioria das confissões, são todas iguais. Anda tudo "apertadinho" até chegar a Quaresma..."Sr. padre, falta-me a paciência", "zanguei-me com a minha vizinha", blá, blá, blá... A culpa não é dos padres, o dia deles também tem só 24 horas como os dos outros, o que falta é intimidade, acolhimento, ser capaz de ver no padre um amigo em vez de um juiz...
Ah, e sim, eu sei que existem livrinhos para ajudar no exame de consciência, não sou assim tão ignorante!!!
Anónimo 09 março 17:23

Anónimo disse...


14/Mar72016 - 18:49


Pena. Estava a contar com a tua ignorância para praticar a minha obra de misericórdia… Estragaste-me o dia, SHAME ON YOU!