A propósito e a despropósito do filme que agora anda na boca do mundo, e embora eu evite falar do que as bocas do mundo costumam ter em modas, apetece-me partilhar uma simples ideia que me surgiu após ler um artigo e um comentário de um colega. O filme “Spotlight” retrata uma situação verídica ocorrida na diocese de Boston e que pôs a nu a vida de alguns sacerdotes que, pelos vistos, abusavam de crianças. Ainda não o vi, mas já li várias coisas sobre este filme que, como dizia o órgão oficial do Vaticano, não parece nada anticatólico.
A propósito e a despropósito de algumas dessas leituras que afirmavam e reafirmavam que a Igreja tinha de falar nestes assuntos, gostava de dizer que para mim uma coisa é afrontar, enfrentar, procurar soluções para os problemas, e outra necessitar de falar deles. Dizê-los pode significar que se pretende enfrentá-los, mas não significa necessariamente resolvê-los. Há tantos assuntos que a sociedade se farta de dizer e não os resolve!
A propósito e a despropósito desta insistência no dever de falar-se, ocorreu-me pensar numa comparação igualmente triste. Não imagino que alguém que tivesse uma mãe ou uma irmã prostituta, embora encarasse a realidade e se esforçasse por dar o contributo à sua resolução, tivesse a mínima vontade em falar disso.