sexta-feira, agosto 07, 2015

Igreja dos homens

Dois mil anos de história não mudam porque um padre o deseje, ou um bispo, ou até um papa. Os caminhos de Deus são insondáveis. Mas teimamos em fazer dos caminhos de Deus caminhos dos homens. A paróquia precisa de uma administração. Então fazemos dos padres administradores. A Igreja precisa de cristãos. Então fazemos de forma proselitista um caminho de angariação de pessoas. A Igreja precisa de uma organização, então enchemo-la de estruturas e pastorais estruturadas. A Igreja só precisa de Deus. Mas teimamos em fazer da Igreja um lugar dos homens. Quando a Igreja devia ser um lugar de Deus para os homens. Sinto-me estranhamente cansado de não saber como entender o lugar de Deus nesta Igreja ou nesta missão. Sinto que não sei bem como fazer para fazer a Igreja de Cristo, e por isso continuo a manter a Igreja dos homens. Talvez Deus lá esteja, mesmo que escondido.

18 comentários:

Anónimo disse...

"Sinto-me estranhamente cansado de não saber como entender o lugar de Deus nesta Igreja ou nesta missão. Sinto que não sei bem como fazer para fazer a Igreja de Cristo, e por isso continuo a manter a Igreja dos homens."

Compreendo o teu cansaço.

:(

Anónimo disse...

É bem verdade que às vezes há muitas estruturas e pastorais estruturadas onde muitos homens definem as leis e as impõem. tb é verdade que muitas estruturas acabam por afastar mais do que aproximar mas temos esperança que "Deus lá esteja mesmo que escondido". Eu acredito que está e é por isso que tantas vezes temos exemplos de "igreja um lugar de Deus para os homens".

Anónimo disse...

"Então fazemos de forma proselitista um caminho de angariação de pessoas."

Estranho... não vejo nada de proselitista na paróquia onde me insiro. Muito pelo contrário... É o deixa andar, quem quiser que procure... guia espirituais... não vejo nos meus padres. Vejo homens bons, não tenho dúvidas. Mas têm tanto de social como de inatingível.

Se calhar é mesmo isso... Cansaço :-(

Paulina Ramos disse...

" guia espirituais... não vejo nos meus padres.", " têm tanto de social como de inatingível.".
Concordo

Ana Melo disse...

Todos nos cansamos de tudo. Por mais que o caminho tenha sido tomado por gosto, todos nos cansamos de tudo.
Tudo tem um tempo, os caminhos dos homens são realmente muito cansativos.

A mim consola-me ter sempre onde me "agachar".

“Quem for humilde como esta criança… (Evangelho)
A criança tem duas características que não são para imitar, o egocentrismo e as birras. E tem duas características que devemos imitar: a confiança e a total dependência dos pais. Assim devemos ser com Deus: ter uma confiança completa e uma dependência total. É isto o contrário do orgulho, o entregarmo-nos completamente nas mãos de Deus.” http://www.apostoladodaoracao.pt/meditacao-diaria-261/

e depois... é por aqui......

https://www.youtube.com/watch?v=RYqCCsdjsuU

"A vossa palavra seja sempre agradável, temperada com sal, para saberdes como deveis responder a cada um." Colossenses 4:6"

Anónimo disse...

Há fases tão difíceis na vida, grandes provações.... O que me mantém de pé: a minha família e a Fé. A Fé que procuro alimentar semanalmente na Eucaristia.

Se existe alguém que conhece as minhas preocupações é o Padre da minha paróquia. Não porque o procuro ou que passe horas a lamentar-me. Não faz o meu género. Ocasionalmente encontro-o e numa pequena conversa vou-lhe dando conta das minhas preocupações.

Não tenho a menor dúvida da empatia dele comigo e consigo ver-lhe no rosto e nas palavras a preocupação dele pela nossa família, se for preciso ainda acrescenta alguns problemas que podem vir a surgir e que eu me esteja a esquecer :-). A preocupação dele é sincera (pelo menos naquele momento) não tenho dúvida. Mas bolas esperaria palavras de esperança, de ânimo, de FÉ! Consigo ficar ainda mais desanimado. É uma mágoa enorme porque o vejo como pastor que consegue ter homilias extraordinárias e verdadeiramente inspiradoras. Em particular, não parece nada aquela pessoa que sobe ao ambão.

Isto tudo se resolve muito bem... Basta deixar-me de desabafos e pronto.

O problema é que comungo pelas mãos dele e isso começa a interferir na forma como comungo. Começo a ver alguém que diz faz o que eu digo e não o que faço... Na forma como vivo a comunhão, tem imensa importância o sacerdote. Tenho que verdadeiramente acreditar nele, e embora seja um ser humano e pecador como qualquer um de nós, tenho que lhe reconhecer o Dom da Consagração.

A Eucaristia passou, nos últimos anos da minha vida,a ser um dos momentos por excelência da semana. Mas por conta desta mágoa sinto-me tentado a afastar...

Oferece-te dizer alguma coisa confessionário?

Anónimo disse...

"Inatingível"??? Utilizar esta palavra para falar dos padres de hoje? ??? Peço desculpa, mas quem assim fala, não conhece os padres, porque eles hoje são pessoas muito acessíveis e ao serviço de Deus para todos, sem exceção. Tentem conhece-los

Confessionário disse...

11 de agosto

Eu acho que devemos sempre ver o lado mais positivo de cada pessoa, e percebê-la no seu agir... Há tanto por detras e que nao tentamos perceber!

Paulina Ramos disse...

"Há tanto por detras e que nao tentamos perceber!"
Pois há.
Há tanto nos leigos que os padres não tentam nem querem perceber.

Anónimo disse...

Sinto-me estranhamente cansada de não saber como entender o lugar dos homens numa Igreja decapitada.

Paulina Ramos disse...

"Sinto-me estranhamente cansada de não saber como entender o lugar dos homens numa Igreja decapitada."

Também eu me sinto cansada.

A humanização dos homens deveria ser o alvo central da igreja.
Decapitaram-na ao fazerem dela uma organização mundial onde os interesses económicos e financeiros são mais fortes.

É uma igreja sem Deus no seu universo que se deixou adulterar pelo paganismo dos povos a quem era suposto levar a mensagem de Jesus Cristo.

Estes dias revi pela "enésima" vez o filme "O nome da Rosa". A igreja actual mantém a mesma petulância e crueldade que a da época.

O cansaço transformou-se em desânimo.
:(

Confessionário disse...

Paulina, tb não devemos exagerar! A Igreja está a tentar uma grande mudança... que não é fácil! Imagina esse tempo relativo ao filme de que falas: os leigos não tinham absolutamente expressão nenhuma, e hoje começam a ter, embora devessem ainda ter mais!

Paulina Ramos disse...

"tb não devemos exagerar!"

Tens razão devo ter exagerado um pouco.

:)

Anónimo disse...

http://w2.vatican.va/content/pius-xii/pt/encyclicals/documents/hf_p-xii_enc_29061943_mystici-corporis-christi.html

JS disse...

Igreja dos homens versus Igreja de Deus? Isto até parece os dualismos de que o evangelista João tanto gosta.

A Igreja são os homens, os caminhos de Deus são os homens. Não há volta a dar a isto.

Certo, há sempre a tentação de tomar os meios pelos fins, de nos enlearmos no que é secundário, de vivermos mais para o ad intra eclesial. Na aparência, uma Igreja meramente humana; na realidade, uma Igreja desumanizada.

Faz mesmo falta (e vale bem a pena) ler e reler o "Evangelho da Alegria". Sobretudo em grupo. Aquela parte sobre as tentações...

E também há que deixar-se inspirar: "A primeira verdade da Igreja é o amor de Cristo. E, deste amor que vai até ao perdão e ao dom de si mesmo, a Igreja faz-se serva e mediadora junto dos homens. Por isso, onde a Igreja estiver presente, aí deve ser evidente a misericórdia do Pai. Nas nossas paróquias, nas comunidades, nas associações e nos movimentos – em suma, onde houver cristãos –, qualquer pessoa deve poder encontrar um oásis de misericórdia".

No caso de participares, Confessionário: votos de bom simpósio!

Confessionário disse...

JS, não vou poder nessa altura... e tenho de preparar-me para um novo ano a estudar!

JS disse...

Cuidado com os estudos, que ainda te fazem bispo... :)

Confessionário disse...

Não o desejo, de todo!