Avistei-o do altar. Destacava-se pela altura acima da média e pela tez morena. Estava no terceiro ou quarto banco. Intrigou-me a postura, o entoar dos cânticos com o coro, a forma de se ajoelhar e de estar atento às leituras. Como Deus não me dotou de larga visão, desenhei-lhe apenas estes gestos e atitudes que também se destacavam dos outros participantes na Eucaristia. Só quando a visão e a proximidade me permitiram desenhar mais que isso, descobri que era o Coimbra, o Coimbra que se ordenara no mesmo dia que eu e que, após ter abandonado o sacerdócio com uma filha no colo e uma esposa no abraço, já não via há anos. Viera porque era missa de sétimo dia de uma pessoa que lhe era querida. No final veio à sacristia dar-me um abraço. Gostei tanto de ver o Coimbra! Gostei sobretudo de perceber que se mantém o mesmo. Que se afastou do sacerdócio, mas não de Deus e da Igreja. Que a sua fé genuína continua lá. Lá onde Deus e homem se encontram, no coração do Coimbra.
Apetecia-me dizer Afinal um dia padre, padre todos os dias. Mas prefiro dizer que gostei muito de ver assim o Coimbra.
2 comentários:
Os padres deviam talvez ser melhor preparados afectivamente para decidirem antes por uma vida matrimonial ou sacerdotal, a rapidez com que saem por vezes no início ainda mostra que algo não está a ser feito da melhor forma, ou no seminário, ou no acompanhamento espiritual, ou no discernimento de vida... não se trata apenas de um amor à primeira vista, repentino, uma paixão, um amor... é um problema de fundo
Foste muito feliz com a frase:
"onde Deus e homem se encontram, no coração do Coimbra"
Para mim foi com este texto que melhor trataste este tema.
Parabéns!
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