terça-feira, dezembro 15, 2009

sondagem_ Na tua opinião, o que causa maiores problemas aos párocos de hoje?

Passado que vai muito tempo da última sondagem, e mais de 4.000 votos, chegou a hora de avaliar a sondagem que estava no lado esquerdo, no sidebar e acrescentar uma nova. A pergunta era:
“Na tua opinião, o que causa maiores problemas aos párocos de hoje?”

E os resultados são:
1. sociedade adversa _ 20%
2. apego às tradições _ 20%
3. não acolhimento dos leigos _ 20%
4. fraca espiritualidade _ 20%
5. excesso de afazeres _ 6%
6. celibato _ 6%
7. solidão_ 4%
8. falta de fraternidade sacerdotal_ 3%
9. falta de tempo_ 2%
10. festas religiosas_ 0%
_____________________


pequenas considerações:
  1. Desculpas são desculpas e eu não me quero desculpar. Quero antes encontrar uma razão para ter demorado tanto tempo a avaliar esta sondagem. Pela segunda vez achei estranha a vontade de alguns penitentes em fazer vencer a sua opção a todo o custo, o que torna a sondagem menos verdadeira. Houve alturas em que duas ou três opções andavam lado a lado a somar votos. E em pouco tempo, uma das opções mais votadas, aumentou de 200 para 800 votos. Por isso em breve mudarei o sistema de votações. Não o faço agora, porque na bravenet não consegui fazê-lo. Vou passar a utilizar mesmo a blogger. Por tudo isto, vou fazer considerações mais do meu entendimento que do entendimento da sondagem.
  2. A sociedade é adversa aos sacerdotes. Concordo. Aliás, acho que existe sempre uma suspeita e uma desconfiança desmesurada em relação a estes. São notícia apenas quando põem em causa a instituição, seja de que forma for. E quem é que precisa do sacerdote para viver?! Só precisam dele para as festas e para alguns sacramentos ditos sociais
  3. O apego às tradições choca com a fé, porque a fé, tal como o Evangelho, traz sempre novidade. Nós temos dificuldade em desacomodar-nos dos nossos hábitos.
  4. Há leigos que acolhem. Leigos que acolhem quando lhes interessa. Leigos que não sabem o que é ser leigo.
  5. Parece-me que, de facto, existe uma fraca espiritualidade nos padres, sobretudo os mais novos. Desculpas? Os afazeres? A corrida diária? A superficialidade moderna? A verdade é que a oração faz falta para nos alimentar por dentro. Eu preciso de muita mais oração.
  6. Com a diminuição de vocações e do número de sacerdotes, com o aumento de necessidades das pessoas, com a urgência de uma evangelização nova, torna-se cada vez mais difícil que os sacerdotes tenham tempo para além das funções sagradas. E tudo se torna paradoxal. Porque quando mais seria necessário terem tempo para as pessoas, parece que menos têm.
  7. Achei engraçado que as opções do “celibato” e da “solidão” não fossem mais votadas. Cada vez me convenço mais de que, apesar de serem questões marginais, há colegas que as não conseguem superar. Isso preocupa-me. E o não acolhimento dos leigos, isto é, a falta de amizade dos leigos, prejudica a resolução destas questões.
  8. Como explicar que os sacerdotes não sejam fraternos uns com os outros? Dizendo que também neste meio há competição? Dizendo que somos humanos? Ou que somos egoístas? Ou que nãos sabemos amar?
  9. Curiosamente, e talvez não tenham consciência disso, cada vez que um padre tem de presidir a uma festa nas suas paróquias, há quase sempre problema e grandes recuos no seu ministério. Quanto maior for a festa, mais problemas arrasta. Não esperei que esta fosse a opção menos votada. De todo.
  10. Num Ano Sacerdotal, vale a pena pensar nisto!!


    Hoje surge nova sondagem, a propósito da época que atravessamos, a época do Natal. E a pergunta é:
    Que prenda gostarias de pedir ao Menino-Deus neste Natal?

32 comentários:

Anónimo disse...

sr. padre gostei do seu comentario a sondagem e concordo em grande parte com aquilo que disse, tocou na ferida em alguns assuntos que muitos de voces pensam mas nao falam , e por mais que nao se queira a competicao existe entre voces apesar de o nao admitirem , sao humanos ao mesmo tempo que sao padres , ha sempre aquela coisa de ser melhor que o outro . um abraco

karene disse...

Fraca Espiritualidade dos padres? os mais novos? =O
hm.
ou eu tenho muita sorte, ou isso nao é bem assim.
A minha pouca experiencia de vida diz-me o contrario. nao é por ser pouca que é inviável, i hope

laureana silva disse...

Sr. Padre, gostei de ver o resultado da sondagem e sobretudo o comentário que fez à mesma. Denota muita humildade.
Desde já um Santo Natal.
Maria

Anónimo disse...

Olá Padre
Não creio que o maior problema hoje em dia seja ou não a aceitação dos paroquianos, embora isso seja muito importante,com a convivência isso irá a bom porto, para mim a solidão,é o pior dos males e pior ainda nos que estão nas aldeias ou mesmo nas cidades, viver só é muito complicado. È tempo do celibato obrigatório acabar,uma familia dá uma grande estabilidade emocional e uma maior comprênção dos problemas dos outros porque os vivemos tambem.
gosto das suas partilhas, embora sejam muito espaçadas.
Que Deus renasça todos os dias nos nossos coraçõese nos ajude a discernir qual o bem maior.

Isabel Maria Mota disse...

Bom dia Padre

Gostei da sua reflexão e fico a pensar em algumas das conclusões... eu tenho a sorte de fazer parte de uma paroquia (desculpe a falta de acentos mas o meu pc esta avariado...) uma paroquia muito viva e muito alegre. As missas estão sempre cheias de crianças e a intimidade que têm com o nosso Prior faz-me acreditar num futuro muito proximo com a Igreja... Quanto a prenda que podemos pedir ao Menino Jesus deixo aqui uma ideia maravilhosa do nosso Prior, Padre Paulo Serra. Ora veja... e se achar interessante divulgue. Tem que entrar aqui pois eu sou um pouco ignorante em termos de net...

http://gato-pintado.blogspot.com/2009/11/arvore-de-natal-espera-de-tempo.html

um grande abraço e obrigada pelas suas partilhas. Santo Natal a todos.
Isabel Mota

Anónimo disse...

Um Santo Advento, cheio de Alegria e Esperança.

Os cegos vêem, os coxos andam, os leprosos ficam limpos, os surdos ouvem, os mortos ressuscitam, a Boa-Nova é anunciada aos pobres.

Que o Messias esteja nos teus olhos, mãos e fundamentalmente no coração manso e humilde.

Pax Christi

Fátima disse...

São pertinentes as considerações que faz. Contudo, vou referir o ponto 8:
"Como explicar que os sacerdotes não sejam fraternos uns com os outros?".
Aqui, esperava que respondesse à questão em vez de interrogações. Talvez o Sr. Padre tenha aqui uma palavra a dizer...ou não?

Tenha um Santo Natal

Fernando Vouga disse...

Caro amigo

As religiões podem durar muito mas são como as pessoas: nascem crescem multiplicam-se definham e morrem. Esta, embora com origens que se perdem nas brumas do tempo, poderá estar já na curva descendente. Quantas religiões já desapareceram por esse mundo fora?
É a lei da vida!


Bom Natal

Moçambicano disse...

Boa Noite a Tod@s!

Espero sinceramente que daqui a uns tempos a resposta mais votada, se repetirmos a sondagem, não seja "Joseph Ratzinger"...

E assim, a prenda que eu peço ao Menino Jesus é que faça um milagre: abra os olhos e os ouvidos da Cúria Romana para a realidade do "Povo de Deus"...

Um Santo Natal para Tod@s!

Moçambicano

teresa disse...

olá padre ..
sabe eu tambem fiquei admirada por a hipotese da solidão não ser a mais votada , porque realmente eu acho que deve ser um grande problema para muitos padres ..
eu pelo menos não me consigo imaginar a viver uma vida tão solitaria , não ter uma familia a apoiar , um carinho , um elogio da cara metade ...
muita força para todos os sacerdotes ..

abraço fraterno ..

Joaquim Luís Monteiro Mendes Gomes disse...

Se eu fosse padre nos tempos que correm, com o derrubar de tanta coisa que era dada como certa, seria a dificuldade em orientar e explicar o papel da Igreja-estrutura na vida pessoal e social.

Anónimo disse...

Olá Padre!
Para ser sincera já nem sei em que votei... Eheheheh Mas acho que todos os motivos causam problemas aos párocos, dependendo das situações, dos contextos, das pessoas, etc. Claro que a intenção era ver onde mais insidia mas com uma votação "viciada" nunca se chega a lugar nenhum... Eu quando tenho uma opinião só tenho essa, não a tenho "repetida" LOL. Mas pronto... No fim o que valeu mais a pena foi os teus comentários! Sobre isso só queria dizer uma coisa... Tinhas dito que precisavas de mais oração. Olha, só o facto de te lembrares disso e teres a vontade de rezar mais já é uma oração eheheh é um bocado complicado mas um dia posso explicar-te!
Em relação à prenda ao Menino-Deus, o que eu queria mesmo não está nas opções... Eu queria que a operação do meu namorado corresse bem e que ele voltasse depressa para cá... Então acho que vou escolher a opção "mais esperança" para que ela não me falte... Mas não vou esquecer de rezar por tudo o resto em favor de todos!
Obrigada pela tua partilha e dedicação!
Um beijinho grande!

Paz e Bem
Luisinha

Moçambicano disse...

Bom Dia a Tod@s.

Afirmarmos que o Cristianismo está numa fase descendente é muito "drástico". É esquecermo-nos nomeadamente que aconteceu um Concílio Vaticano II...
Só que esse Concílio, levado à letra, iria transformar profundamente a Igreja-Instituição, até no sentido da sua "democratização", da sua colegialidade, e da sua independência do poder temporal.
Ora quem conheça um pouquinho a Igreja-Instituição Italiana - donde provém a maioria dos Cardeais e sobretudo a maioria dos Monsignori -, sabe que esta é um forte "força de bloqueio". Adicione-se-lhe a Igreja-Instituição Espanhola, e boa parte da congénere Latino-Americana - actualmente dominadas pelo Opus Dei -, e temos o "retrato feito"...

Mas enquanto houver Padres como o nosso Amigo "Confessionário", que procurem antes de mais ser fiéis a Cristo e ao Espírito Santo,a Igreja - "Povo de Deus" -, continuará a ter futuro.

E "o Espírito Sopra onde quer"...

Uma vez mais, Bom Natal a Tod@s!

Moçambicano

rui disse...

Não sou pároco por isso o que penso sobre esta questão é meramente pessoal baseada em observações, mas uma opinião diferente.

Para os votantes, as causas dos maiores problemas para os párocos de hoje nem estão relacionados com a sua disponibilidade e a gestão do seu tempo pessoal e social, nem está relacionado com opções inerentes à sua vocação de padre como o celibato ou à sua vivência em comunidades ou de forma mais só. Talvez para os votantes a vida particular dos párocos seja isso mesmo, particular, respeitando essa mesma privacidade.

Os maiores problemas dos párocos estão na relação destes com os paroquianos e sociedade em geral.

Em relação à adversidade da sociedade, seremos capazes de identificar que adversidades são essas e o que as causa? Conseguindo identificá-las, podemos certamente reduzi-las ou mesmo eliminá-las, se assim pretendermos, como forma de aproximar os párocos dos paroquianos e da sociedade. Parece um tópico interessante e suficientemente vasto para desencadear umas belas tertúlias de diálogo e reflexão.

O apego às tradições é um factor interessante principalmente se pensarmos que pode ser visto de dois prismas distintos: o apego a tradições por parte dos párocos e igreja eclesiástica e por outro lado o apego a tradições por parte dos paroquianos e sociedade.

Surpreendeu-me a causa: “não acolhimento dos leigos” porque não vejo este factor como responsabilidade dos párocos, mas sim da comunidade, os paroquianos e os padres falam muito pouco de forma sincera, sem mordomias “eclesiásticas” e de bem parecer, preferindo adoptar comportamentos de aceitação da opinião do pároco mesmo não partilhem dessa opinião, por outro lado este tipo de diálogo entre padre e paroquiano exige abertura, saber ouvir de ambas as partes, uma mudança geral de atitudes.
Uma das situações que ocorre nalgumas comunidades é que os paroquianos mais activos relacionam-se bastante bem entre si, tem princípios e ideias idênticas e convivem frequentemente, estes comportamentos a médio longo prazo, dificultam a “entrada” no grupo de novos indivíduos ou indivíduos com novas ideias devido à intimidade social criada.
É para mim uma das maiores oportunidades de formação no seio das paróquias de hoje, aprender a trabalhar e a cativar a sociedade em que se inserem. Este não é um problema de pároco mas de comunidade.

Em relação à espiritualidade sinceramente penso que é uma oportunidade que a igreja tem para cativar novas pessoas. A meu ver, vivemos nesta década uma aproximação ao espiritual, à procura do bem-estar pessoal a partir da espiritualidade, nunca vi na minha “curta” vida, tanta procura de meditação e auto-conhecimento. A igreja pode mesmo ir mais longe e “oferecer” formas de espiritualidade pessoal no agir para os outros (encontrar-me nos outros). Algo que me parece ter alguma experiência, visto que passaram mais de 2000 anos.
Fraca espiritualidade?
Talvez…
Mas porque não utilizar essa fraca (mas cheia de vontade e curiosidade) espiritualidade como forma de cativar e acolher novos seres humanos para a comunidade? Certamente questionaremos tradições e agiremos umas vezes bem outras mal, mas aprenderemos com avanços e adversidades.

O que causa problemas aos párocos de hoje?
Ter tempo e geri-lo de forma a conseguirem olhar para fora de si e das suas paróquias, ensinarem isso aos seus paroquianos, dialogando com sinceridade sem medo de questionar o, à partida, inquestionável e enfrentando as adversidades, procurando crescer espiritualmente e humanamente nunca esquecendo que devemos ser portas abertas, acolhedores para todos aqueles que querem entrar e procurar aqueles que nem entram porque não conhecem ou conhecem mal. Se a comunidade procurar agir desta forma talvez o pároco possa ter outras causas de problemas, não os carregando às costas de forma tão custosa.

Um abraço,
Rui Pedro

Alma peregrina disse...

Caro amigo Confessionário:

Não vou, para já, dizer em que votei… até porque a sua análise da votação apaga completamente o meu raciocínio superficial quando votei…

Mas depois vi alguns dos comentários a este post e isso fez-me reflectir profundamente sobre o sentido da minha votação. Agora já posso justificar o meu voto com uma base mais racional eheheh



Pois bem, um dos comentadores não atribui os problemas dos párocos aos próprios párocos, nem aos paroquianos, nem à Igreja Católica, nem à sociedade. Ele atribui esses problemas a uma “curva descendente” da religião católica. Pelo tom do seu comentário parece que ele vê a Igreja como estando a definhar agonicamente diante dele, sem que ninguém possa fazer nada pela sua sobrevivência…

Para já, o seu raciocínio é falacioso. Lá porque algumas religiões morreram, isso não significa que todas as religiões venham a morrer. Logo, não é lógico deduzir que a religião cristã irá perecer só porque o paganismo pereceu (ainda para mais quando o paganismo pereceu precisamente às mãos da religião cristã). Se seguirmos esta lógica, então eu posso dizer: “Olhem para o hinduísmo ou para o judaísmo que duram há mais tempo que o cristianismo. Certamente isso quer dizer que o cristianismo irá durar ainda muito mais tempo”.

Mas pondo de parte o raciocínio falacioso, este não deixa de ser um ponto de vista paradoxal, porque acaba por ser mais transcendente do que qualquer ponto de vista religioso…

Senão vejamos, o próprio comentador em questão concorda que a Igreja Católica é antiquíssima… mas, por algum motivo que eu desconheço, não concebe que a Igreja sobreviva à actualidade. Ele consegue perceber que a Igreja se adaptou a uma miríade de épocas, cada qual com os seus problemas específicos, mas, por algum motivo, não consegue perceber que a Igreja também se pode adaptar a esta época com os seus problemas específicos. Durante 2.000 anos, a Igreja conseguiu ultrapassar todos os desafios que se lhe colocaram à frente, mas agora, 2.000 anos volvidos, parece que a actualidade é um desafio que a Igreja nunca conseguirá ultrapassar. Parece que o comentador acredita num Destino, num Apocalipse católico qualquer que sela o fado da Igreja…


Eu visitei recentemente a cidade de Roma. Fiquei pasmado. Roma (tirando a zona urbana, entenda-se) é apenas duas coisas: ruínas do Império Romano e Vaticano. Mas há 2.000 anos atrás, quem diria que aquela seita cristã minoritária e perseguida iria sobreviver ao Império alicerçado em pedra e glória? Quem diria, até, que essa religião esfarrapada e humilde iria proliferar nas ruínas dos colossos imperiais? Certamente, quem o afirmasse, seria perseguido pelas ruas como um louco perigoso e fanático. E, em boa verdade, era precisamente isso que acontecia! No entanto, devemos render-nos às evidências… e as evidências são as de um milagre! Roma caiu aos pés de um carpinteiro, com todas as virtudes e defeitos que daí decorreram.

Desde então, quase todos os megalómanos da História procuraram passar o atestado de óbito da Igreja. Lutero separaram o Cristianismo da Igreja e agora a Igreja Católica continua uma só enquanto as denominações protestantes continuam a fracturar-se indefinidamente. Os racionalistas postularam que viera a Idade da Razão e que a religião iria progressivamente desaparecer. Os racionalistas perderam a Razão numa Revolução que guilhotinou selvaticamente a torto e a direito e a Revolução cedeu a um novo imperador, tão déspota como o que fora deposto. Depois, Napoleão disse que iria enterrar a Igreja… Napoleão morreu mas a Igreja não. No séc. XX as ideologias comunistas declararam guerra aberta à Igreja e conquistaram metade do Mundo… o comunismo caiu mas a Igreja não.

Alma peregrina disse...

Agora, há uma série de comentadores que continuam a passar o atestado de óbito à Igreja. E têm muito menos poder do que os que o tentaram anteriormente. Mas continuam a fazê-lo… e continuam a fazê-lo apesar de a Civilização Ocidental da qual eles se alimentam estar em franco declínio demográfico, económico, político, etc… enquanto a Igreja prospera nos países do amanhã, nomeadamente na África.



Em suma, parece que há duas coisas eternas… 1) a Igreja, firme sobre uma rocha, e 2) os obituários da Igreja, que morrem rapidamente mas que renascem como uma Fénix com uma plumagem diferente.



Perante estas evidências, há duas formas de as interpretar. Ou a firmeza da Igreja é a causa da sua eternidade… ou a eternidade da Igreja acontece apesar da sua firmeza (i.e. a firmeza da Igreja é um obstáculo à sua eternidade).
É neste contexto que surge um outro comentador, que rejeita a noção de que a Igreja esteja numa “curva descendente”… mas que afirma que essa “curva descendente” apenas não acontece porque existe a forte possibilidade de a Igreja deixar de ser a mesma Igreja da “curva ascendente”.



Ele cita o Concílio Vaticano II. E faz muito bem. Sem dúvida, o Concílio Vaticano II auxiliou o aggiornamento de uma série de problemas que impediam a Igreja de se adaptar aos problemas da pós-modernidade. Neste sentido, o Concílio Vaticano II permitiu a adaptação da Igreja às novas realidades… o que, como já vimos, é a Fonte da Imortalidade da Igreja.

Mas este segundo comentador parece desconstruir esse Concílio de uma forma extremamente bizarra. Por um lado, ele parece admirar um Concílio que, relembre-se, mais não foi do que a reunião de todos os bispos do Mundo. Por outro lado, ele parece admirar como o Espírito Santo guia todos os fiéis… excepto os bispos. Mas se nós retirarmos a autoridade aos bispos, então como é que o Concílio Vaticano II (uma reunião de bispos) tem alguma legitimidade para retirar autoridade aos bispos? Se todos somos Igreja, excepto os bispos, então porque é que ele parece tão determinado a defender as resoluções dos bispos acerca da Igreja tomadas no Concílio Vaticano II?



A única conclusão que se me afigura (e é uma conclusão que muito me entristece) é a de que este comentador nunca atribuiu autoridade aos bispos para começar… E aqui, eu gostaria de dissociar a minha intervenção deste comentador em particular para aplicar o meu raciocínio a uma corrente ideológica que, infelizmente, tem vindo a varrer o laicado e até alguns sacerdotes.

Segundo esta corrente ideológica, a autoridade está numa série de ideias originárias dos mais diversos quadrantes extra-eclesiásticos e a Igreja não tem autoridade sobre essas ideias. A Igreja deve, outrossim, subordinar-se a essas ideias, porque essas ideias é que têm autoridade para definir o que é a Igreja.

Isso leva a uma certa idolatria do Concílio Vaticano II. É que os partidários desta corrente ideológica interpretam o Concílio de uma forma muito particular.
No Concílio, os bispos subordinaram as ideias modernas à autoridade da Igreja, produzindo novos desenvolvimentos doutrinários a partir dessas ideias. Mas estes católicos não vêem os bispos a subordinar as ideias modernas… eles vêem as ideias modernas a subordinar os bispos. Era como se as ideias modernas tivessem irrompido pelo Concílio dentro e tivessem arrancado as mitras aos bispos… e depois houvessem proclamado que, doravante, a autoridade estava em quem proclamasse essas ideias modernas (mesmo que isso colocasse um leigo acima do papa). É uma ideia muito romântica e apelativa, mas que esbarra num pequeno obstáculo: a realidade. O que sucedeu foi precisamente o inverso. As ideias foram captadas, transformadas e cristianizadas pelos bispos… em súmula, os bispos subjugaram as ideias modernas, não foram as ideias modernas que subjugaram os bispos.

Alma peregrina disse...

E aqui remeto-me uma vez mais para aquele espanto que me assoberbou quando visitei Roma. Quantas ideias se encontram sepultadas debaixo das ruínas… ideias de que já ninguém se lembra e das quais só nos recordamos quando as lemos num livro de História. Mas mesmo aí a ironia é gritante! É que estas ideias só se encontram num livro de História porque a Igreja Católica preservou parte da ideologia helénica e romana na sua própria doutrina. As ideias romanas que resistiram à morte foram precisamente aquelas que foram subjugadas pela doutrina católica.

Se, por outro lado, tivessem sido as ideias romanas a prevalecer sobre a Igreja, muito provavelmente as igrejas cristãs seriam agora como o resto da Roma Imperial… ruínas. A Igreja ter-se-ia arruinado com Roma.



Decerto que alguns leitores já estão a pensar que eu estou errado, porque o Imperador Constantino subjugou a Igreja ao Império… mas quem saiba História sabe muito bem que a Igreja resistiu tanto aos imperadores cristãos como resistiu aos imperadores pagãos. Basta ver a História dos primeiros concílios, mesmo o de Niceia I no seu rescaldo.

Arianismo, nestorianismo, monotelismo… alguém sabe o que são estas coisas? Não! Porque eram coisas perecíveis que a Igreja condenou, apesar de os imperadores cristãos terem feito de tudo para que a Igreja os aprovasse. A Igreja e a doutrina cristã triunfaram, os imperadores jazem em ruínas com as suas ideias supostamente evoluídas.



E aqui voltamos à minha primeira intervenção. Apenas a Igreja parece eterna! De resto, apenas os obituários da Igreja são eternos. Epitáfios que são escritos por várias ideologias que deviam estar mais preocupadas com os seus próprios obituários. Ideias que, ao longo dos séculos, procuraram arrancar as mitras aos bispos em diversas situações… antes de desaparecerem por completo por sob as mitras dos bispos e o pó dos séculos, sem que mais ninguém ouvisse falar delas.



Por isso, a interpretação correcta é a de que a Igreja é eterna, precisamente por causa da sua firmeza. Mas, infelizmente, as ideias estrangeiras são muito tentadoras, muito reluzentes, muito irresistíveis. Por isso haverá sempre alguém a querer fazer coroar essas ideias estrangeiras como se elas fosse o sumo pontífice. Não. A Igreja não está em curva descendente. Nem sequer está em curva ascendente. A Igreja está numa recta. Igual a si própria, eterna, a batalhar um inimigo igualmente eterno, se bem que um inimigo que varia as suas formas consoante o momento. Esse inimigo é a perecibilidade de tudo o que é temporário e que tenta imiscuir-se na Igreja para findar com a eternidade dela. A “curva descendente” só virá no dia em que o efémero, a moda, o temporário, conseguir entrar na Igreja e, deste modo, acabar com a eternidade dela, arrastando a Igreja na sua própria transitoriedade, numa espécie de ataque kamikaze.



O que é que isto tem a ver com o meu voto nesta sondagem? Tudo!
Eu escolhi, como maior problema dos párocos hoje em dia, a solidão.

Agora percebo porquê…

Imaginem que somos eternos, mas vemos todo o resto do Mundo a caminhar alegremente para a sepultura!

É um terrível pensamento!

Mas é real!

Deve ser a solidão de Deus! O único Ser que é Eterno… que tenta partilhar o dom da eternidade connosco… mas nós estamos demasiado hipnotizados pelas ideias perecíveis e efémeras da nossa época para aceitar esse dom. E deixamo-Lo só… Quantas vezes no Evangelho vemos Jesus Cristo só, completamente só, porque ninguém consegue compreender o que Ele está a querer dizer, porque mesmo os Seus discípulos mais próximos estão mais preocupados com a conjuntura política da altura do que em beber verdades eternas!

Por incrível que pareça, este problema é um problema sem resolução possível. Se um pároco tem, por missão, ser Cristo na Terra… então o pároco não escapa à maldição a que Cristo não escapou. A maldição de se ser eterno num Mundo que deseja morrer. Leia-se a estória de Adão e Eva… esta maldição está lá desde o princípio…


Pax Christi

Alma peregrina disse...

PS – Nesta nova sondagem eu votei “Mais Joseph Ratzinger”. Ou seja, votei “mais amor”. Amor na Verdade, porque, entenda-se, Deus é Amor eheheh

Fernando Vouga disse...

Caros amigos

Confesso que esperava algum alarido. Mas tanto não!
Limitei-me apenas a dar, com todo o respeito e correcção, uma opinião. E nem sequer tenho a pretensão de fazer doutrina e muito menos de convencer alguém.
Só quero que se saiba qhe há quem pense diferente de vós.
Claro que eu poderia rebater os vossos raciocínios (sem contudo adjectivar...), mas isso provocaria uma discussão estéril e quiçá interminável.

Bom Natal a todos.

Anónimo disse...

Que Deus é Este
Que está por Perto...

Que fez o Seu Projecto
No Deserto!


....É JESUS.


Pax Christi.

Dad disse...

Olá Padre!
O tempo que há que eu não passava por cá! Peço desculpa mas tem sido falta de tempo aliada a uma perguicite virada contra a rotina. Entrei aqui e vi que os inquéritos continuam. É bom que as pessoas indiquem aquilo que pensam.Cá por mim, acho que a Igreja Católica, apesar das renovações que tem feito continua desfasada da sociedade em que vivemos, em muitas coisas, começando logo pela forma como trata os padres que são gente como nós. Endeusá-los para lhes retirar a vida comum de todos os homens, causa mal estar interior e exterior. Mas enfim, isto sou só eu a falar que sou leiga e analiso as coisas sem pensar nos danos materiais que isso poderia trazer à Grande Igreja Instituição...
Também fiquei muito admirada com a sondagem...
De qualquer forma o que eu quero mesmo é desejar-lhe um bom recomeço de ciclo com a passagem do Natal (do Constantino) mas que fizemos nosso e do Ano Novo que se aproxima e que poderão ser ciclos de renascimento espiritual.

Grande abraço,

Zita disse...

A melhor prenda deste Natal seria: "Amor","Amor","Amor",por todos os que atravessam o nosso caminho...por todos os que nos estendem a mão...por todos que nos sorriem...por todos os que precisam de nós...por todos que amamos!Por todos que estão no nosso coração!
Ame e deixe-se "Amar".
Feliz Natal.

laureana silva disse...

Padre deixo-lhe o desejo de um santo e feliz Natal.
Maria

laureana silva disse...

Sr. padre desejo-lhe um santo e feliz Natal.
Maria

sónia disse...

Passei p deixar um Feliz e Santo Natal a todos :)

qto à sondagem, votei pelo fim das guerras, mas pensando melhor, havendo amor é o princípio k levará ao fim de td o que de mau há no mundo..

um bj a tds e k o Espírito vos ilumine nestes dias e p sempre

Possato Jr. disse...

Caro padre...

É uma pena que eu demore tanto tempo para vir te visitar!

Meus afazeres estão me pondo doido! A propósito, estou escrevendo muito sobre Bíblia e Hermenêutica Juvenil! Tens interesse? Se sim, poderíamos conversar a respeito! Que tal?

Se não for te pedir demais, responda lá no meu blog!

Sabe, amigo padre... Estou te sentindo um pouco frustrado. Alguma coisa está diferente das últimas vezes em que te visitei.

Estás em guerra com alguns leigos, em tua comunidade? As palavras que dirigiste aos leigos, em teus comentários, são mais duras do que de costume. Creia-me que, como nem todo padre é igual, assim também acontece com os leigos.

Paz e Bem!!!

Feliz Natal!!!

Anónimo disse...

O ponto 3 da sua sondagem toca-me especialmente porque, como cristão leigo, não quero ser pedra de estorvo para ninguém – e muito menos para os padres.

E parece-me pouco explicitado, este ponto 3 para votação: o que significa, “não acolhimento dos leigos”? Não acolhimento do quê, em concreto? Em que circunstâncias? Não acolhimento dos padres, como e quando?

E, de qualquer forma, a sua consideração a este ponto, que passo a comentar, não será uma queixa genérica contra a natureza humana? Senão, vejamos: se substituirmos “leigo” por qualquer outra realidade humana, obtemos sempre uma verdade.

Parafraseando:

"Há pais que acolhem. Pais que acolhem quando lhes interessa. Pais que não sabem o que é ser pai."

"Há irmãos que acolhem. Irmãos que acolhem quando lhes interessa. Irmãos que não sabem o que é ser irmão.”

"Há professores que acolhem. Professores que acolhem quando lhes interessa. Professores que não sabem o que é ser professor."

Etc., etc….

Até que chegamos ao inevitável: "Há padres que acolhem. Padres que acolhem quando lhes interessa. Padres que não sabem o que é ser padre."

E onde é que isto nos leva, ao fim e ao cabo, a nós, cristâos? Não nos leva apenas à necessidade de conversão? Não nos lembra que devemos colocar a nossa esperança em Deus e não nos homens? Não nos recorda que devemos procurar mais, como diz S. Francisco, amar do que ser amados, compreender do que ser compreendidos, perdoar do que ser perdoados?

A vida em Igreja só é possível se nos dispusermos a estar imersos em Caridade. A vida em Igreja só é possível se soubermos ou, ao menos, procurarmos, ser capazes de deixar que Deus perdoe através de nós, apesar das feridas que sangram no nosso coração, pelas injustiças de todo o tipo de que vamos sendo vítimas – na igreja. [Atenção: longe de mim estar a dizer que na Igreja só se recebem tratamentos injustos …]

Mas se só podemos estar na Igreja quando tudo nos corre de feição, não será que, ainda que inconscientemente, nos procuramos servir da Igreja em vez de a servir? Não será que queremos encher o vazio que nos habita com coisas do mundo, mas procuradas na Igreja? “Ah, eu sou leitor! Ah, e eu, animador do grupo de jovens! Alto lá, que aqui o zelador sou eu! E eu sou o pároco, quem manda sou eu! (o que é verdade - mas a sua autoridade deriva do serviço à Igreja e aos outros e não tem nada a ver com prepotência)”. Portanto, como sou conhecido na paróquia, como sou alguém, tenho de defender o meu feudo, têm de me ouvir, têm de me considerar. Não posso deixar que me ultrapassem, não posso perder o meu lugar e defendo-o a qualquer preço: jogos de intrigas, calúnias, insinuações, adulações... E assim, o que quer que faça, que até podem ser coisas extraordinárias, numa procura impura de mim, é feito sem Amor. E sem Amor, nada tem valor, como afirma magistralmente S. Paulo, no Hino à Caridade. É QUE ESTOU A CONSTRUIR SOBRE A AREIA. Vai tudo cair, vai desmoronar-se tudo o que não está construído sobre a rocha firme.

Resumindo, a verdadeira resposta à pergunta “Na tua opinião, o que causa maiores problemas aos párocos de hoje?”, nunca está na realidade externa, por mais adversa que esta seja. Das hipóteses de resposta apresentadas, a minha escolha recai sobre “falta de espiritualidade dos padres”, porque nela estão encerradas todas as outras.

Sem abertura de coração às circunstâncias, aos acontecimentos, sem perguntarmos constantemente: “Senhor, o que queres de mim? Para que me mandas isto? O que me queres dizer?”, qualquer cristão, leigo, padre, bispo, cardeal ou Papa, será, na verdade, um triste cristão…

Que o nosso coração e o nosso espírito repitam humildemente a oração que Heli ensinou ao pequeno Samuel: “Fala, Senhor, que o Teu servo escuta!” e se disponham verdadeiramente a ouvir a resposta…

DEUS NÃO DEFRAUDA AQUELES QUE NELE CONFIAM.

FELIZ 2010!

Pensamento Positivo disse...

Boa noite caro Padre Confessor e caríssimos Penitentes!...

Em 1º lugar gostaria aqui de salientar que felizmente PT é hoje um Estado de Direito Democrático, onde como manda a lei existe liberdade de expressão e de pensamento... Também aqui isto deve imperar... Não há neste confessionário confissões certas, nem confissões erradas... Há confissões todas tão respeitáveis como as demais mesmo que estejamos contra elas!... Por isso também eu vou aqui deixar a minha, conjuntamente com os meus mais sinceros Parabéns ao nosso Padre Confessor pela coragem de trazer estes assuntos para a discussão comum!... Ainda bem que ainda há Padres capazes de valorizar a voz dos seus leigos!...
Quanto à sondagem? Para ser franco nem reparei que ela existia!!!... Mas vamos lá ver... Isto parece-me um problema muito mais complexo do que à 1ª vista possa parecer e de muito difícil resposta num simples post de blogue... Mas tentemos uma aproximação do ponto de vista de um simples leigo...
Uma simples pesquisa por religião no mundo na Wikipedia é suficiente para nos revelar através dos dados cruzados dos recenseamentos gerais da população dos diversos países que toda a Cristandade está em plano descendente no nº de pessoas que com ela se identificam e mais ainda em relação ao nº dos que efectivamente a praticam... Está também a aumentar, principalmente entre as camadas mais jovens da população, o nº dos que indicam não ter quaisquer confissão religiosa e o nº dos que afirmam que a religião não é muito importante para as suas vidas... Obviamente há que não descartar também a questão demográfica com os países Islâmicos a terem taxas de natalidade maiores que as dos países desenvolvidos que são o berço da Cristandade... Os recenseamentos de 2011 deverão certamente confirmar a tendência que já vem de há uns 20 anos a esta parte... Enfim, serve isto para dizer que isto não é só 1 problema dos católicos... É um problema de todo o Cristianismo mundial, tanto mais que, tanto quanto parece as únicas Igrejas Cristãs que crescem são as chamadas neopentecostais, tipo IURD ou MANÁ ou então alguns pequenos movimentos autocéfalos que crescem com 1 ou 2 "Bispos" nas periferias das cidades, principalmente nos países em vias de desenvolvimento e junto das classes mais pobres, emigrantes ou menos instruídas dos países desenvolvidos... Trocando por miúdos a ideia que isto parece dar é que o Cristianismo convencional, tanto na sua forma conservadora como na sua forma liberal não está a conseguir responder aos anseios e às necessidades de um mundo mais culto e culturalmente mais diversificado deixando os mais frágeis à mercê de denominações que merecem ter credo, mas que não têm nem preparação teológica nem vocação salvífica para o Ser Humano contemporâneo e que muitas vezes mais não são do que antros de exploração escravizante dos já de si mais débeis... O que fazer então? Como dar a volta a este texto?... A resposta não parece nada fácil!... Porém, a prática destas Igrejas neopentecostais ou dos pequenos movimentos dispersos deixa-nos algumas pistas para que possamos encontrar a resposta... Continua!!!...

Pensamento Positivo disse...

Continuação...
Reparemos: Estas "Igrejas" apostam todas elas numa fórmula de sucesso: Muita música moderna por vezes na versão "pimba", pouca palavra e muito dirigida aos problemas e aos anseios reais da população chegando a invadir o território da terapia psicológica, sem qualquer preparação técnica ou autorização legal, e uma enorme tendência para a individualização das soluções apesar da publicidade dos cultos, dando-se primazia à satisfação das necessidades do individuo privilegiando-se uma liturgia simplista, voltada para a contemplação da relação pessoal do Crente com Deus...
...Mas esperem aí... A leitura destas palavras parece começar a sair fora do nosso assunto, mas na realidade... O que me parece é que todas as razões apontadas como dificuldades que se levantam aos párocos de hoje estão afinal lá todas!... Reparemos: O Cristianismo não perderia nada em parar um bocadinho para pensar em torno destes nºs!... Reparemos: Falta incrementar a ligação entre os Pastores e as suas ovelhas para que apesar da publicidade dos cultos ou da Santa Missa se quiserem a palavra e a Liturgia possam responder aos anseios e necessidades de cada um. Se as pessoas não sabem nada de Latim, para quê insistir em que rezem o que não compreendem?... Falta desapegarmo-nos todos de velhas tradições que não agradem à maioria, se a maioria gosta de música moderna, porque não dentro dos devidos limites?... Falta quebrar a solidão nos nossos corações, para que 1 nova espiritualidade possa raiar... E falta acima de tudo repor aquela simplicidade dos primeiros Cristãos... Não, não é preciso voltarmos às grutas!!!... Uma Missa solene numa majestosa Catedral com paramentos dourados pode muito bem começar com o Cardeal ou o Papa sorridentes e cheios de alegria a saudarem fraternalmente os Irmãos com um simples "Bom dia, Irmãos!..." ou no final da Missa a virem para a porta da Catedral dar um cumprimento pessoal a quem vai saindo dentro dos limites a que a segurança nalguns casos possa impor... Enfim, pequenos nadas que fazem toda aquela diferença!...
Resumindo e concluindo não me levem a mal o que vou dizer a seguir, mas se todos nós, Papas, Cardeais, Bispos, Padres, Diáconos, Acólitos e Leigos não reaprendermos a ser mais Cristãos para o novo mundo nascente, aceitando o homem de hoje como ele é e as verdades da Ciência como um bem necessário ao Progresso da Humanidade arriscamo-nos seriamente a morrer como meros catecúmenos vivendo na mais simples superficialidade do dia a dia!... O caminho é pois árido... Será que estamos à altura de o percorrer?...

Um santo ano de 2010 para todos!...
O Pensamento Positivo

just disse...

Fiquei a pensar no que escreveu "...cada vez que um padre tem de presidir a uma festa nas suas paróquias, há quase sempre problema e grandes recuos no seu ministério." e no padre da minha paróquia, sem perceber bem o problema. Penso que não se refere aos problemas que quem está a organizar festas (leigo ou padre)enfrenta... pode ajudar a esclarecer?

Confessionário disse...

Olá, Just

Na maioria das festas, exactamente por causa das pessoas estarem apegadas a tradições, devoções, e não à fé, criam transtornos ao pároco porque ele tenta fazer uma caminhada de fé e não o cumprimento funcional de uma actividade. Os mordomos nem sempre são gente de fé. São muitas vezes gente que não participa nos actos de culto, mormente a Eucaristia, e por isso não fazem caminhada de fé e nao entendem certas opções paroquiais. Além disso, o padre hoje não tem tanto tempo assim para se dedicar a questões mais pagãs que de fé.

Um abraço

just disse...

Caro Padre,
Obrigada pela resposta esclarecedora.
Na minha Paróquia incluímos actividades não directamente de fé no programa anual, como magusto, santos populares, janeiras… com o objectivo de aproximar as pessoas e ir tentando fazer comunidade. E os nossos padres participam, e com o povo lá vão comendo castanhas, sardinhas … e por isso queria esclarecer consigo o recuo no ministério que falou.
Compreendo o que escreveu e reconheço a dificuldade.
Peço ao Senhor que nos ajude no caminho da Verdade.
E envio-lhe um abraço,
Justina