segunda-feira, maio 19, 2008

A fé de Portugal

O bom do João foi a Fátima a pé. Fez o percurso com entusiasmo. Contou-me que ia rezando o terço, mesmo quando os outros não queriam. Uma vez por dia rezavam em conjunto. Era um grupo de mais de uma dezena de pessoas. Gente da terra que, uma vez por ano, faz esta viagem. Regressado de Fátima, o João sentia-se incomodado no mais íntimo da sua fé. Tinham conseguido chegar no dia 13, a cerca de meia hora da Eucaristia do recinto. Óptimo, pensou ele e repetiu no diálogo comigo. Mas um dos companheiros de viagem tinha uma promessa para cumprir. Vir da “cruz alta” de joelhos com o filho ao colo e dar duas voltas à Capelinha com o mesmo peso aos ombros. A decisão do grupo fora unânime: acompanhar o colega para que ele conseguisse cumprir o prometido a Nossa Senhora. Não queriam pactuar com a tristeza da “senhora” se ele não o cumprisse.
Não foram à Eucaristia? Perguntei. Por isso vim falar consigo, padre. Não fomos, e eu sinto-me incomodado com isso. Ainda tentei convencer o pessoal, mas eles não me quiseram ouvir, e eu não consegui resistir. Então foram a Fátima com fé em Nossa Senhora, com a devida devoção, mas não quiseram saber da Eucaristia? E não procuraram outra, que em Fátima costumam haver várias? Não, padre. Depois regressámos a casa. Que me diz? Fiz bem ou mal?
O João não teve coragem de mostrar a sua verdadeira fé, aquela que vê na mãe, chamada “de Fátima”, como o meio de chegar melhor ao Seu Filho, como o meio de amar mais o Seu filho Jesus. E é esta a fé de Portugal, que tem uma enorme devoção a Fátima, às promessas e às tradições. Basta pensar nas pessoas que vão a Fátima cheias de fé e de promessas, mas que não vão à missa, nem na paróquia nem no santuário. Basta recordar como tanta gente enche as fileiras das procissões das festas, fora ou dentro delas, e as que vão à missa dominical. Basta pensar naqueles que gastam uns cêntimos numas velas mas não partilham dos mesmos cêntimos com os vizinhos pobres. Basta pensar nos sacrifícios feitos para peregrinar a Fátima e nos sacrifícios que não são feitos para perdoar quem nos magoou. Basta pensar em Portugal, para perceber que esta é a fé dos portugueses, uma fé em Fátima, nas tradições e nas promessas.
Que me diz? Fiz bem ou mal?

34 comentários:

Anónimo disse...

Tens um erro: "viagem" e não" viajem" como escreveste.

Anónimo disse...

A propósito ou nem por isso...

Sou católica... Muitas vezes mergulhada em dúvidas, muitas dúvidas, que espero me façam crescer.
Mas de uma coisa eu tenho a certeza, os feriados católicos deviam acabar por uma série de razões.
A começar pelo facto de muitas pessoas que conheço, aproveitarem o feriado para FDS prolongado e jurarem a pés juntos que não acreditam em Deus.
22 de Maio - Corpo de Deus.
Isto faz algum sentido???
Se não fosse católica, recusava não ir trabalhar.

Paula

Unknown disse...

este post esta realemnte fantastico.....
Eu nao sou a afavor destas promessas que levam as pessoas a Fatima. as promessas que as fazem fazer sacrificios gigantescos para ir a pé, para andar de joelhoa lá as voltas...
E muito verdade o que diz, quando refere que muitos vao a Fatima, mas nem assistem à Eucaristia, e na sua Paroquia nunca ninguem os ve..... conheço muitos exemplos!ir a fatima e chegar à capelinha, queimar umas velas, vir dar uma vota aos comercios e levar um terço ``a familia!!!!Para muitos é.... nao ha aqule encontro com a Mae, e muito menos com seu filho....

Anónimo disse...

Agora deixou-me a pensar.
As pessoas consideram mais facil chegar á mãe, falar com Ela do que falar com o filho.
O que refere acontece muito onde vivo: as pessoas, principalmente agora, reunem-se em diversos lugares para rezar o terço, a procissão Mês Maria é a que reune mais pessoas, todos fazem tapetes,escrevem mensagens em faixas para ver passar o andor Senhora de Fátima; contudo quando é Procissão Senhor Passos, já não são tantos os que se manifestam....

Não sei porque será ..
a mãe é sempre a pessoa com a qual podemos falar que ela, geralmente,é compreensiva, é como nas nossas familias; falo por mim falo mais com a mãe do que com o pai...
Talvez seja por isso.

Confessionário disse...

ups... desculpem o erro.

Anónimo disse...

"Basta pensar naqueles que gastam uns cêntimos numas velas mas não partilham dos mesmos cêntimos com os vizinhos pobres. Basta pensar nos sacrifícios feitos para peregrinar a Fátima e nos sacrifícios que não são feitos para perdoar quem nos magoou." - Está excelente!

Acho que o problema está nisto que diz. Muitos vão a Fátima, mas poucos ajudam o seu próximo, seja uma ajuda monetária, ou uma palavra amiga e muitos dos que o fazem, dos que ajudam não vão a Fátima... o que terá mais valor?

Parabéns pelo post!

osátiro disse...

Creio que a promessa devia ser cumprida.
E a missa em Fátima não é obrigatória; embora eu vá quase sempre à Eucaristia, quando vou a Fátima, no caso concreto a promessa estava em primeiro.
Tb reconheço q muitas vezes as pessoas só lá vão para acender velas; mas tenho muitas dúvidas que essas façam o sacrifício de andar kms a pé!
Se não vão à missa normalmente, ao menos q façam a peregrinação a Fátima.
Quem nos diz q esse não será o caminho para se tornarem melhores Cristãos?
Eu, por norma, não critico os "exageros" de peregrinos.
Eles são livres!
E é muito melhor ir a Fátima a pé ou andar a pé à volta da capela( coisa q já fiz), do que ser um ateu empedernido, jacobino e caluniosos para a ICAR!!!

ladoalado disse...

Os santuários,por mais que não queiramos, são muitas vezes quase locais de idolatria. Basta ver-se o que significa a palavra nos vários dicionários (local onde se guardava a arca da aliança, no antigo templo judaico; local onde, nas civilizações antigas se consultava um deus, por meio de oráculo; lugar onde se guardam e veneram relíquias ou uma determinada imagem de um santo,...)para termos a ideia de que o que lá leva as pessoas são objectos concretos, palpáveis, nos quais depositam uma fé cega.
Não se vai ao santuário orar à mãe de Jesus para que interceda junto de seu Filho, a quem amamos como pessoa da Trindade que é, presente na eucaristia, porque isso podemos fazer em qualquer outro lugar...vai-se ALI rezar e fazer promessas - tipo comércio espiritual de "dá cá-toma lá" - ÁQUELA Nossa Senhora" e não a outra...como se houvesse uma dúzia delas.
Lamento muito, porque sou católica, mas a Igreja fomenta este tipo de devoção. Veja-se os passeios da "Imagem peregrina": que é isso senão propôr como objecto de fé uma estatueta, por muito evocativa que seja de Maria de Nazaré?
E Fátima é isso mesmo. Vou lá muitas vezes, porque tenho casa perto, mas detenho-me sobretudo na Capela do Laus Perene, que abriga escassas dezenas de pessoas enquanto cá fora algumas centenas andam noutras ocupações...Será este o caminho para o Pai?

Al Cardoso disse...

Nao sei porque, mas em Fatima ou contrario de uma grande maioria nao sinto aquela mistica nem o espiritualismo que muitos afirmam encontrar.
Ja la fui muitas vezes e provavelmente la irei algumas mais, mas sinto-me muito melhor na pequena igreja da minha aldeia, que por acaso tambem ai se venera Maria, com o titulo de "Senhora das Boas Novas"!
Ai sozinho e em silencio, encontro muito mais intimidade com D*us!

Um abraco dalgodrense.

Paulo disse...

As promessas devem ser cumpridas e, não acho exagero que uma pessoa que se encontra "agoniada" com qualquer coisa na sua vida ou dos seus que prometa algo, ainda que digam que é de mais. A Ida à eucaristia, não sei...eu vou mas, por diversas razões, seja de transportes ou outras, por vezes compreendo quem não possa ir, afinal, o que será melhor:
- Ir com fé ou estar à espera do fim?

Anónimo disse...

Olá!
Na minha opinião o melhor a fazer seria assistir à eucaristia e a seguir cumprir a promessa. Eu pessoalmente não sou defensora de se fazer promessas porque Deus é Bom e dá-nos sempre o melhor, embora nem sempre seja o que nós queremos, mas nem sempre o que queremos é o melhor para nós.
Abraço

Lisa's mau feitio disse...

Padre tão querido do meu coração!!! :)

O que penso estar aqui em causa não é o seguinte: pede-se mais do que aquilo que se dá...

Há promessas para pedir, implorar graças... Quem tem Fé precisa de as cumprir.
Há promessas para agradecer. Bem hajam estas. Num Mundo em que ninguém agradece o que quer que seja, fazer força para agradecer a Deus é um louvor.

O dilema do "João" não faz sentido para mim. O "João" acompanhou a pessoa em causa e deve é interiorizar que o fez com amor e como apoio.

Eu compreendo na perfeição quem vai pagar as suas promessas onde quer que seja. Se entendo.
Tanto para pedir como para agradecer.
E mesmo quem não vai à Missa assiduamente e só se lembra de Deus, da Fé e de Nossa Senhora nestes momentos é igual a mim que ando sempre de nariz enfiado na Capela.

Faz-me lembrar aqueles amigos que só nos telefonam nos aniversários. O que farão durante o resto do ano? Que me importa? O que eu sei é que estão comigo no pensamento e que o concretizam nesse dia. Assim pensa Deus com toda a certeza... Digo eu, vá.

Não gosto de julgar afectos... Muito menos Fé.

Beijinho enorme, meu Padre tão especial, tão querido!!!

Lisa

Juliana O. disse...

Estou gostando do seu blog... Você é padre mesmo?
um abraço!

Lavrador disse...

As religiões impõem sacrifícios aos fieis convencendo-os que é necessário pagar alguma coisa ou fazer algum sacrificiozito, não se dê o caso dê o sacrifício de Jesus não ser suficiente!
A igreja católica há-de dar contas a Deus pelo modo como desvaloriza o sacrifício de Jesus!

Anónimo disse...

Na minha humilde opinião... acho bonito o espirito que se gerou, ao quererem acompanhar quem tinha uma promessa a cumprir (muitas vezes penosa, dolorosa...).

Só a aflição e agonia, dita tais promessas, não acredito que seja feito de animo leve...

1º Antes fazer promessas a cumprir no santuário do que recorrer a adivinhos, e, outros que o valha.

2º Antes querer só falar com a "Mãe", do que não falar nem com o Pai, Filho...

3º Antes, agarrar-se á mãe do que a amuletos...

Em suma; tudo muito bem em cumprir a promessa. Tudo muito bem em dar força, quando nas dificuldades os outros precisam. Mas há que repensar, a forma como se passa a imagem da Eucaristia.

Há que não cansar, de transmitir que na Eucaristia, não é só um pedaço de pão que recebemos. Há que reforçar, que na Eucaristia é Cristo que se doa em pleno, a nós. Não porque sejamos muito boas pessoas, mas porque assim ELE o quer, é por amor a nós, que ELE o faz em cada Eucaristia.
Há que reforçar, que quando se toma o Corpo de Cristo; naquele momento, ELE está dentro do nosso ser, podemos pedir-lhe tudo... tudo...basta que peçamos bem, e, pelo nosso bem e dos irmãos.

Há que reforçar a importância da Adoração Eucaristica.

Há muita coisa a mudar... mas com muita paciência, tolerância e amor!

O que mais me incomodou no Santuário de Fátima, foi vêr alguém que se dirigia para o mesmo, mas pelo caminho parou e deu a sua palma da mão para lhe lerem a sina!

Kalos

Anónimo disse...

Fátima é um lugar de peregrinação.É a montanha ,o monte Horeb,a subida a Jerusalém.

Lugar indispensável em que a Presença se faz mais presente,porque lhe damos mais espaço e mais tempo.

Porque os corações se abrem mais intensamente ao sopro do Espírito pelo silêncio,o recolhimento,a reconciliação.

Mas lugar que espera pela purificação do Templo,para atingir o objectivo a que Maria continuadamente nos propõe:a vontade do Pai..os adoradores em espírito e verdade.

E nessa purificação ficam de fora os tráficos de influências ,as superstições, o desvio do culto primacial.

Confessionário disse...

Porque não havia de ser, Jole?

Fá menor disse...

Infelizmente é assim para muitos...
Fica-se pelo acessório e esquece-se o essencial.

Penso que a promessa teria o mesmo valor se fosse cumprida após a Eucaristia. Esta sim, acho que é o gesto mais agradável que a Mãe gosta que tributem ao Filho!

Maria João Piedade disse...

Sabes que estas peregrinações a Fátima as comparo um pouco às coroações do Espirito Santo que existe aqui nos Açores. Também quem mais aparece para pagar as promessas e ser coroado é sempre aqueles que nunca vêem à missa o ano inteiro. Acreditam e tem fé no Divino Espirito Santo, mas apenas para eles, não na Igreja...para mim ainda é complicado me inteirar e compreender as tradições na Igreja.
Claro que neste caso é diferente, porque as promessas são pagas unicamente dentro da eucaristia e nunca fora e tem a vertente da caridade, onde oferecem as Sopas do Espirito Santo que é um gesto de louvar.

Maria João

Anónimo disse...

Em meu entender a Fé de cada um deve ser manifestada como nós queremos, quer por promessas, quer por eucaristias , quer por outra coisa qualquer. Não devemos nem impor, nem criticar, nem julgar. Vou a Fátima algumas vezes e confesso que algumas das vezes não vou á eucaristia, mas quando me venho embora venho com uma alegria e uma paz interior que me dá alento para a vida, isto porque mesmo não indo é eucaristia sinto que estou na presença de Jesus na casa da Mãe. E isso meus amigos para mim é o que interessa.

Abraço

Maria João disse...

Infelizmente, ainda há uma fé muito pouco madura, do dá cá em troca de ...

beijos em Cristo e Maria

Tozé Franco disse...

Já fui a pé até Fátima, sem ser para cumprir qualquer promessa. Apenas pelo acto de peregrinar que me possibilita um encontro mais pessoal com Deus.
Tenho um enorme respeito pelas pessoas que cumprem promessas.
Acho que ir à Missa é muito importante.
Faz-me alguma confusão os que se afirmam como não praticantes, assim como uma espécie de fumadores não praticantes...
Um abraço e voltarei.

Anónimo disse...

Ninguém tem autoridade para dizer se o João fez bem ou mal...senão Deus.
Ninguém deve censurar quem vai a Fátima a pé e não vai à Missa regularmente. Só Deus. Porque ninguém sabe o que vai na alma dos outros. Porque ninguém sabe o que leva cada um as ser o que é ou ou que é capaz de ser, em resultado de tudo o que o condicionou, desde a concepção.
Pode-se escarecer em abstracto.Não se pode julgar ninguém em concreto, se esse alguém for autêntico no seu comportamento e no que faz...
Dogmatizar tudo...é uma tentação perniciosa que só afasta.

Tenho dito!

Um abraço a toda a gente.
Jonas

Teodora disse...

Andar a pé faz muito bem principalmente ao ar livre! É certo que parte do trajecto é por via pública de intenso tráfego. No entanto, todos os indicadores económicos apontam para uma melhoria da qualidade do ar nestas vias resultante do aumento contínuo dos combustíveis. Sócrates terá um orgasmo só de ver o povo todo no jogging!!!

Eu fui a Fátima a pé e adorei!!! Fui num grupo restrito com carro de apoio e alojamento reservado. Adorei e hei-de lá voltar e a pé.

O pessoal anda para aí a gastar um dinheirão em, astrólgos, cartomantes, reikies, massagens de chocolate, pedregulhos e rabanetes e se fossem a pé a Fátima voltariam de lá a levitar e por menos dinheiro. Além disso consegue-se atingir o peso ideal. Comia a sopa toda, batatas, arroz, sobremesa e chocolates e mesmo assim emagreci. Consegui vestir 34! A minha irmã já me disse que, e sem querer cometer uma heresia, está na hora de eu lá voltar.

Deixando a questão material e passando ao espiritual, convém que haja um elemento que "coordene o ceremonial" da caminhada. O guia do peregrino pode ser um bom guião! Digo eu... pareceu-me. Uma pilha dá muito jeito. (Tangaram comigo, mas eu levo sempre uma pilha e meias de lâ nem que seja numa viagem ao Equador! Odeio frio nos pés!!!) Se não fosse a minha pilha não teríamos lido uns textos do tal guia! Posso não enetender de orações mas sei sempre o que é preciso.

Depois de lá chegar julgo essencial ficar por lá uns dois dias. É necessário um banquinho pois os joelhos falham após 2 minutos em pé. Andar por lá...é... acho que fazia bem... a muita gente... os membros... do nosso governo...rezar um bocadinho... muita água-benta... talvez só mesmo com um mergulho... nem assim... aquilo já não tem salvação...

Finalizando gostaria de manifestar aqui o meu desagrado em relação aos últimos modelos da roupa dos paramentos. O meu padre este domingo mais parecia um templário do que padre. Quando olhei e vi aquela capa verde com uma cruz na frente só lhe faltava o elmo, escudo e espada! Mas já antes foi o Cardeal Saraiva Martins em Fátima com aquele conjuntinho com imagens no paramento que mais pareciam resultado da técnica do guardanapo. Eram santinhos emuldurados a dourado e os ombros orlados com uns fiapinhos dourados!

A Igreja sempre teve tão bom gosto e agora deu-lhe para os froques?!

Fá menor disse...

Gostei, Teodora, parabéns!
Essa ironia está de gritos!

A brincar, a brincar, foi falando a sério:
"Depois de lá chegar julgo essencial ficar por lá uns dois dias."

Que dizer das pessoas que ao chegarem a Fátima ficam logo "mortinhas" por saírem de lá?... é pagar a promessa e "Ala que se faz tarde!"
(Desculpem, mas hoje se calhar acordei virada do avesso!)

osátiro disse...

Acho piada-para não dizer pior- que haja esteja sempre pronto a condenara ICAR( os €€€!!!) quando essas pessoas normalmente nem um ser humano q encontram no chão são capazes de ajudar!!!
Ainda não vi ninguém a criticar a ICAR q não seja o mais egoísta e hipócrita q se possa imaginar.
E tenho visto muito disso.
A Teodora tb acertou em cheio!
Quanto ao resto, respeite-se a liberdade das pessoas: se querem fazer sacrifícios, devem ter toda a liberdade de o fazer.
A ICAR não impôe nada.
E haver "católicos" q gozam com as "estatuetas"... e gabam-se de ser os bons católicos: faz lembrar Cristo: quem se humilha será exaltado; quem se exalta será humilhado!

Anónimo disse...

Dou comigo a pensar!…

Habituei-me a ir a este santuário, desde criança e por ali tenho vindo a passar ao longo da vida. Cruzo-me mensalmente (Maio-Outubro) com milhares de pessoas, das mais diversas proveniências geográficas que, com enorme sacrifício tantas vezes estampado no rosto, se dirigem para este santuário.
Estamos às portas do Verão e de agora até Setembro não há aldeia nem lugar onde não se realize a festa da terra, em que o programa das festas é preenchido com a lista infindável de “artistas” e “vedetas” da televisão e da rádio, que a troco de chorudos cachets, mobilizam, ocupam e distraiem os residentes que ano após ano se esforçam para que esta festa suplante em número de pessoas e receitas financeiras a anterior.
Tudo isto em nome de um santo ou santa cuja veneração se perde na bruma da história, mas de cujo programa, em letras miúdas e despercebidas se anuncia, lá um canto:
“Às X horas missa e sermão”

Sabemos pela história, que um dos processos usados para que o cristianismo se difundisse e se enraizasse no império romano foi o de cristianizar as manifestações pagãs (e esse talvez o seu grande mal!). Será que ao nível da fé e da espiritualidade não estamos hoje a assistir e até em muitos casos a patrocinar a paganização de momentos e razões fundamentais da nossa fé cristã?
Dou comigo a pensar nestes milhares de pessoas que mensalmente levam o seu sofrimento à exaustão para pagamento da sua promessa, tantas vezes fruto de uma relação comercial que contratualizaram com um deus qualquer, não de certeza o Deus da Vida, e assim no mais profundo individualismo resolveram o seu “caso” e pela soma de vários “casos” pensam ganhar o céu, sem saber ou alguém lhes ter dito que o céu não se ganha é nossos por direito, pois somos filhos de Deus e por conseguinte herdeiros.

Dou comigo a pensar no esforço em tempo e dinheiro colocados na realização das nossas festas e lembro-me do serviço comunitário e solidário que não se fez, nas capacidades que não se mobilizaram para trabalho em prole do desenvolvimento e da promoção humana, nomeadamente dos desprotegidos, dos mais carenciados, das minorias, das crianças, da educação e da cultura.

Quantas comunidades pelas nossas aldeias estagnam ou vão morrendo social e culturalmente apesar de serem constituídas por um povo de peregrinações a santuários e de uma fé que agoniza dia após dia apesar de “festa rija” todos os anos.

Penso nisto e lembro da Dª Maria, cristã da paróquia vizinha daquela onde nasci, mulher de peregrinação não só a Fátima, mas também a Dornes e outras se houver, que se incompatibilizou com o novo pároco, por este “falar de coisas que nos atormentam” e que com ele cortou relações ao ponto de deixar a missa ao domingo, mas que às escondidas se esforçava por alindar os altares laterais da sua igreja. Quando questionada sobre a sua atitude, se justificava:
“Oh filho!... Eu não quero nada com o padre, mas sempre gostei de enfeitar o raio dos santos”.
Interrogo-me sobre se muita coisa da nossa fé não é absolutamente lateral (tal como os altares da Dª Maria) e continuamos a pôr aí todo o nosso empenho, tantas vezes numa pura promoção individual.

António Cerca

Anónimo disse...

Olá!

A nossa fé é muitas vezes activa mas não é vivida...
Abraços
MJG

Anónimo disse...

Boa tarde,


Sou do Brasil, mais precisamente, Caxias do Sul(no estado mais ao Sul do país). Região colonizada principalmente por Italianos. Daí também o fato de ser uma das regiões mais católicas do estado.

Como pude perceber, aí, do outro lado do Atlântico, as coisas não são muito diferentes daqui, quando o assunto é religião.

Pois bem, o que me chamou a atenção foram os comentários acerca das peregrinações à Fátima.

Aqui temos como padroeira da cidade, N. Srª de Caravaggio. E todos os anos milhares de pessoas passam por lá. Mas nenhuma concentração de peregrinos é tão grande quanto na Romaria à Caravaggio. O Santuário fica a aproximadamente 20Km da cidade, e todos os anos milhares de pessoas percorrem a pé esse caminho. Esse ano foram 325mil pessoas, nos 4 dias que durou a romaria.

Agora vamos ao que interessa. Ao ler os comentários me deparei com a mesma situação que se passa aqui. Embora grande parte dos peregrinos sejam de fato Católicos, muitos apenas vão em busca de um "comércio" com Deus.
Não sou contra tradições e promessas, mas muitos só lembram de Deus quando os problemas surgem, vão a Igreja apenas para pedir favores a Deus, exercitam a religião, como se fosse uma forma fácil de conseguir as coisas, e deixam em segundo plano o SER Católico.

Não critico os que peregrinam, pois também o faço. O que me incomoda são pessoas que o fazem sem motivos, apenas porque todo mundo vai, ou aqueles que falam mal da Igreja, e nessas ocasiões surgem. Enfim, aqueles que transformam essas lindas festas em homenagem a Mãe, em festa de bagunça.

Eu particularmente, não sou muito dada a promessas. Prefiro deixar que Ele me dê, conforme a sua vontade...


Enfim, escrevo esse post, mais para que pudéssemos perceber como as coisas são semelhantes em países tão distantes...


Deixo aqui minha despedida, em uma sexta feira gelada (termômetro marcando 5ºC às 15hs...)..

Abraços a todos , e fiquem com Deus e Nossa Senhora...

Ver para crer disse...

As promessas sempre me incomodaram.
Sabendo embora que até Paulo cortou o cabelo, por causa dum voto.
Parece-me comércio com Deus.
Fátima leva muitos a Maria e a Seu Filho.
Por essa razão, não me incomoda.
Mas gosto mais da Eucaristia na minha terra, com a minha comunidade.
Gostos!...

Anónimo disse...

Por favor deixem cada um viver a sua fé e parem de criticar. Cada um sabe de si e só Deus sabe de todos. Rezem para que nunca se vejam em situação que vos leve a fazer as promessas que agora criticam. Não se fazem sacrificios e se passa tanto sofrimento de animo leve ou por falsa Fé. e não se assiste a uma Missa á chegada é muitas vezes por falta de forças, mas de certeza que se volta outro dia para o fazer. ´Caso contrário, é a Deus que tem de se prestar contas, não aos homens...

Uma peregrina pedestre

BLUE LADY disse...

Não há duvida que o humor é a melhor maneira de explicar as coisas. Gostei muito do comentário da Teodora. Fez-me rir, informou correctamente e lançou reptos. Gostei!

Anónimo disse...

Olá, vim aqui dar por acaso e tenho de dar-lhe os parabéns pois parece-me um cantinho muito simpático. Ao ler este posto, fica-me uma pergunta: até que ponto o ir às eucaristias é condição essencial para se ser um bom cristão?...

Z disse...

Nunca percebi essas promessas de joelhos. Respeito como respeito outras opinioes, mas nunca as entendi. Da maneira como vejo Deus, Ele é amor e nunca dor.
Gosto muito do seu blogue.