domingo, julho 15, 2007

Sinto-me uma pecadora

Veio numa hora sem movimento. Uma hora tardia. Não foi directa no assunto. Mas as palavras eram directas. Contidas, mas directas. Não sei por onde começar. Continuei em silêncio. Deixei que ela escolhesse as palavras. Se veio ao meu encontro, já tinha encontrado a força necessária. A mais difícil. Agora era uma questão de tempo e de palavras. E no meio de umas tantas deambulações, soltou quatro. Traí o meu marido. E não me sinto bem em relação a ele e em relação a Deus. Sinto-me uma pecadora. Quero ser forte. Mas o meu coração recorda a outra pessoa. Amas ainda o teu marido, perguntei. Respondeu que sim. Mas que não sabia como lidar com a situação. Ele perdoava, mas ela não se sentia capaz de se sentir perdoada. Até porque não esquecia os momentos com a outra pessoa. E eu encontrei-me a louvar a sua honestidade. Senti que isso era ainda mais importante que a traição. E desejei-lhe muita força. Nós, cristãos, somos tão santos como pecadores. Tão fortes como tão fracos. Sinceramente, penso que uma das nossas vitórias é podermos assumir que somos fracos. Como Jesus. Assumir as nossas fragilidades com humildade. Fui mais longe quando disse Não te envergonhes de ser frágil. Quanto à tua fragilidade, leva-a nos ombros apenas como isso, uma fragilidade. As paixões são muito descontroladoras e muito superficiais. São rápidas a consumir e a desaparecer. São fruto e consequência de desejos. O amor é mais profundo. Mais doloroso. Mais difícil. Complicado… mas mais interessante. A paixão resulta do desejo inato de prazer. O amor do desejo natural de ser feliz. Tens de fazer esta distinção. Se te sentires fraquejar, descobre a tua força interior e percebe à tua volta como o que tens neste momento é belo. Procura dar-lhe novo sabor. À tua relação com o marido. Procura dialogar. Demonstrar o que sentes e deixar que ele faça o mesmo. Deita-te nos braços dele e sente como é bom ter quem nos aconchegue com verdade. Ainda que com rotina. Não há nada melhor que termos com quem partilhar-nos totalmente... E não só sexualmente…

69 comentários:

Elsa Sequeira disse...

acredito que não seja falta para quem traíu...mas tenho a certeza que é muito dificil para quem foi traido, conheço bem de perto um caso destes...a parte do marido traido, um colega que também perdoou, ás vezes nem sei se fez bem, acho que se vai destruindo lentamene, e isso tenho a certeza...as coisas nunca mais voltam a ser como eram, por mais que se queira, por mais que se tente, por mais amor que haja... essa é que é a verdade...sei tudo isso porque lhe ouvi e oiço, (embora agora ele fale menos sobre isso), os seus relatos...vejo-o deambular pela sua mente, e ele vai buscar tudo...e de vez em quando diz..."na nossa própria cama", e eu oiço calada, nada do que eu posso dizer lhe pode arrancar aquela dor, tanta vez que o ouvi chamar por Deus...ele que nem sequer acredita(ava) em Deus... Toda esta história tocou-me bastante, porque eles até eram um casal que se davam muito bem, e e ninguém esperava uma coisa destas...mas aconteceu...e até já se passou algum tempo, e vejo que de facto as coisas nunca mais foram o que eram, com ela nunca falei muito sobre o assunto, dei-lhe uma força no inicio, mas como lido menos com ela também não tenho tanto á vontade, mas sei que para ela também não foi (é) fácil!

O melhor é mesmo evitar estas situações, que acabam por ir destruindo as pessoas, minando lentamente...

Anónimo disse...

Ao ler-te hoje,imaginei Jesus junto à fonte pendindo agua à mulher adultera.Para que mais palavras.Força amigo.Bjs

Anónimo disse...

olá,

tenho-m reencontrado em algumas das situações descritas, mas nesta mais k n'outras... Amava uma pessoa, no principio tentei-me afastar para não o prejudicar, nem a ele nem a mim, mas depois de tanta confiança e amizade deixamo-nos envolver e quando realmente demos por isso já era tarde! ele era padre e eu... bem, uma pessoa q sofria por estar naquela situação, sem poder desabafar, pois não sabia quem me poderia entender, quem poderia entender aquela relação- se é que assim se pode chamar- nem eu sei!!! Ele, pelo q dizia, sentia-se a trair, quer a Deus quer ás nossas famílias eu, sem saber o q fazer, nem como agir... Mas, depois de tanto sofrimento não sei se de ambas as partes ou não cheguei a um ponto q m senti a pecar, fartei-m da imutabilidade da situação e decidi pôr um ponto final no que sentia- afastamos-nos d comum acordo!!! Sinceramente, não o esqueci, sei que ainda o amo, e amarei mas tento, tento negar-m todos os dias, para não voltar a cair no mesmo!!!
Ainda não sei bem como lidar com isto mas...
Será isto justo??

Parabéns pelo blog.
sol

Ana Loura disse...

Como pode ser tanto dito num texto curtinho. Amen!

Anónimo disse...

Amor...
"O amor é mais profundo. Mais doloroso. Mais difícil. Complicado… mas mais interessante. "

Porque amor é tão complicado??
Porque que amanos uma pessoa e quase tudo está tão bem e repente tudo muda :(
Porque não existem manual de instruçoes, porque sofremos tanto??

Anónimo disse...

confessionário,
passo a correr, para dizer...
- que quando se trai já não se ama quem se traiu - essa é a verdade, pura e simples, o resto são tentaivas de amor, de arrependimento, talvez sejam também uma espécie de amor...mas já não é amor amor..

parabéns pelo post
1 beijo

Luisa Oliveira

Anónimo disse...

Também eu traí e ainda o vou fazendo de vez em quando.Mas a atracção é tão forte por ela (ela nem é mais mulher que a legítima,fisicamente falando,muito pelo contrário), mas quando estou com ela, ainda que só a tomar um café,sinto-me tão bem que não há explicação!
Já acabamos a relação algumas vezes, mas passados tempos voltamos ao mesmo.Sinto-me um verme que não é capaz de assumir uma postura cristã, ao contrário do que transparece.
Que Deus com o auxílio das vossas orações, me ajude a não cair mais!
Amén!

Anónimo disse...

Há meses que ando a lutar por uma paixão impossivel! Tem dias que sinto forças para lutar..mas vem outros em que a fragilidade toma conta de mim...e dá-me vontade de gritar e chorar o dia todo.
E pergunto: quando isto vai terminar, esta luta por um sentimento que não quero sentir...mas que existe?!
Já pensei que o melhor é afastar-me, mas teria que justificar este afastamento. Além disso já fiz várias tentativas...mas dura um, dois dias, a saudade aperta e volto, nem que seja só para a ver, dizer um olá.
Odeio este sentimento, odeio-me por o sentir...!

maria disse...

"Quando se trai já não se ama a quem se traiu"...

Eu também sou boa a lançar dogmas mas este não me atrevo. Como se o amor fosse algo acabado...como se fossemos pessoas ideais e não gente de carne e osso que peca todos os dias. E fala-se do perdão como se fosse um sub-producto do amor. "porque muito pecou, muito lhe foi perdoado".

É claro que a liberdade faz parte do amor e pode até nem se conseguir perdoar 1,2,3..."mas quem não tiver pecado que atire a primeira pedra" e cá andamos nós, católicos convictos, a pôr nos pecados sexuais toda a nossa atenção e entendimento. Como se não houvessem tantas outras coisas que matam o amor e uma relação.
A beatice exarcebada pode ser uma grande causa...

E para quem se lamenta por amar "demais" dê mas é graças a Deus. Não esquecendo, porém, que amor e sofrimento são inseparáveis.

Bendito sejas Deus que nos deste a capacidade de amar. Às vezes às mijinhas e outras com tanta exaltação. Não nos deste medida, logo nunca a irás pedir (assim espero). Dá-nos o amor nosso de todos os dias.

Paulo disse...

esta vida por vezes é mesmo complicada...e então quando mexe com sentimentos, ficamos entre a espada e a parede, sem saber o que fazer. Achei "interessante" a confissão da senhora e as suas duvidas e penso que o seu serviço, apesar de ser gratificante em termos espirituais, por vezes deve ser complicado dar um parecer isento.

Anónimo disse...

Concordo com a Luísa Oliveira no que se refere à maioria das mulheres.

Penso que só uma minoria trai os maridos pelas mesmíssimas razões que a maioria dos homens - sexo!

Julgo que as mulheres quando traem fazem-no porque a relação já está mais do que gasta. Já se cansou de chamar a atenção do marido mas o tipo está acomodado. Não é porque sejam levianas. Quando o fazem é porque têm expectativas que o novo relacionamento tenha um bom futuro.

Tenho uma colega que após 13 anos de casamento morno/frio conheceu um indivíduo e descobriu que ainda podia ser feliz nesta vida. Comunicou ao marido e partiu para outra! Paciência o fulano só gostava de Sudoko!!!

Uma amiga teve um caso com um homem casado durante dois anos. Sempre foi uma rapariga bastante racional. Só age se tiver a certeza, em caso de dúvida fica quietinha. Certo é que, mesmo sabendo que seria incapaz de desfazer um casamento, teve um caso com o senhor. Ninguém é perfeito!

Nunca achou que estivesse em pecado porque não foi um relacionamento premeditado, sempre evitou qualquer avanço até ao dia. A única coisa que a incomodava era saber que para ela ser feliz a mulher dele seria infeliz. O impacto social também teria o seu peso.

Dois anos após ela terminou a relação. Não foi fácil para ambos. Estar nos braços um do outro era estar nos braços da paz. Sempre foi uma relação de paz, confiança, apoio, riso, afecto, sinceridade, mimo. Também choravam juntos, acontecia!

Apesar das agendas difíceis de gerir houve sempre tempo para os dois. Ele sempre disse "depois de ti não há mais nada" ainda hoje ele diz-lhe o mesmo. De vez em quando ainda telefona e continua igual. Ela guarda dele as melhores memórias. Provavelmente não voltará a encontrar alguém assim.

A vida não é um laboratório!

E por falar nisto lembro-me agora que o padre da minha paróquia, rapaz com ar muito saudável embora fumador (deve ter boa oxigenação pulmunar!) optou desta vez por tratar do seu jardim não de t-shirt, mas sim num estilo proletário de fim de semana, na versão fabril do Vale do Ave ou do Vale do Sousa.

O que interessa é que o homem está sempre bem! Só não compreendi uma coisa?! Estava um calor do caraças e o homem estava completamente tapadinho!

Ele trabalha muito bem com a sachola! Tem muito jeito! Deve ter aprendido no seminário. Aquilo deve fazer-lhe bem aos glúteos e bíceps!

Teodora

Anónimo disse...

Sol

Se não é casada eu não vejo as coisas tão difíceis para o seu lado, agora para o dele um pouco.

Ele é padre não pode casar?! Paciência, passariam a viver juntos em terra franca! Quem ama cuida, por isso, tinha de saber que nem sempre podia estar com ele nem ter manifestações de afecto em público.

Chato chato, seria a parte dos filhos! Essa parte também não sei como poderia resolvê-la, mas ele sendo padre saberia de certeza!

A parte dos retiros ele que fizesse de curta duração!

Para justificação familiar seria um amigo e ninguém fazia perguntas, afinal ele era padre!

Desculpe, mas eu se tivesse a certeza que era ele que eu queria, não abdicaria por isso.

Desculpe padre, mas é o que penso!!! Importante é sermos felizes sem desrespeitarmos os outros nem a nós.

Também não vejo Deus a incomodar-se com o facto dos padres estarem casados ou solteiros. O meu Deus é porreiro e tolerante! Gosta de ver o pessoal feliz sem excessos!

Teodora

Anónimo disse...

Confessionário
Volto, agora com mais tempo...
Estiveste muito bem, como sempre, estendeste o teu coração tão de Deus, a alguém que mais que se sentir pecadora, se sentia perdida, ela devia estar a precisar de ouvir mesmo tudo o que lhe disseste, e tão bem que lhe o disseste...Jesus teria procedido exactamente da mesma forma...

Mas...e há sempre um mas...essa pessoa não mais poderá deixar-se envolver numa entrega livre nos braços que também nunca mais serão os mesmos para a acolher, haverá sempre por ali um fantasma a rondar...quer nela, quer nele... tudo está irremediávelmente perdido...falo não de experiência própria, mas de experiências que me foram muito próximas, uma delas, em que o marido é que traiu, resultou até já em divórcio depois de um ano de tentativa de acertar as agulhas, é que as agulhas já nunca mais voltam a acertar-se, porque amar é antes de trair, não é depois...”ainda o amo” etc... isso não é amor, é o amor mascarado... é o arrependimento de ver uma vida deitada fora por uma aventura...sim porque o trair...não passa de uma aventura, quando o nosso coração pula, as hormonas saltam, parece que voltamos a Ter 18 anos e isso de facto e momentaneamente é algo estonteante, desconcertante, mas é aqui que entra então o AMOR...quando se está no auge destes sentimentos, é preciso chamar a razão...pegar na balança e colocar tudo nela e analisar o que se ganha e o que se perde...e quantas pessoas fazem isto??????....
... Eu fiz! E AGRADEÇO A DEUS! Ter-me dado essa força e essa “balança” para as mãos... o mal não é Ter tentações...todos somos tentados...o mal é cair nelas...Sofri...claro, mas sofri pelo bem, pelo que era razoável, e hoje sei, o quanto foi importante Ter sido só eu a sofrer, e alegro-me pelo facto de não Ter magoado ninguém, e esses sentimentos foram-se esfumando no tempo, como se nunca tivessem existido, e o amor prevalece a nosso lado, sossegado, maduro, presente...umas vezes nos faz sorrir outras nos faz chorar, mas é sempre o mesmo amor, aquele que depois vemos sorrir nos rostos dos nossos filhos e que por tudo isso é impossivel trair, por isso volto a dizer... QUEM AMA NÃO TRAI...só a ausência total de amor leva as pessoas a embracar em aventuras, que no momento, acham que é o próprio amor personificado...mas não, não é, o amor é calmo, paciente, o amor dá a mão á razão...embora pensem que não...
Não pensem que quis transmitir que sou perfeita, porque não sou nem pretendo ser... sou até bastante imperfeita...todos erramos...uns de uma maneira, outros de outra...e os que trairam, precisam sim, de muita compreensão, de muito amor, de ser acolhidos e não rejeitados...

Gosto da forma de te dares aos outros, e gosto desse coração estendido, tão teu e tão de Deus... que envolve os outros, que nos envolve, que acalma...parabéns pela pessoa que és!
Espero que andes bem e calminho!!!

1 Beijo
Luisa Oliveira

Anónimo disse...

Mc....

-quando se trai, já não se ama a quem se traiu -

.... amiga não pretendi lançar nenhum dogma, tão somente expressar a minha opinião baseada na minha experiência pessoal...


Luisa Oliveira

Alma peregrina disse...

Folgo em vê-lo a postar novamente caro Confessionário. Espero que esteja mais aliviado de trabalhos.

Quanto a este post, acho que não devo falar muito porque não traí (para já) ninguém que amava. Portanto nada posso fazer a não ser desejar coragem aos que se debatem nestes dilemas, porque eles podem, de facto, destruir completamente as vidas de uma pessoa. Que todos possa ter o entendimento e a vontade de seguir sempre o caminho certo.

Apenas deixo aqui patente dois pensamentos:
1) Tentação é diferente de felicidade... porém, a tentação mascara-se de felicidade (se fosse fácil resistir-lhe, não seria tentação). A diferença: quando se cede à tentação, ela não traz felicidade. Era oca. Fachada. Pelo contrário, traz apreensão e arrependimento. Afinal de contas, que Amor pode florescer na infelicidade de outro (mesmo que esse outro seja Deus, a quem os padres fizeram a promessa de entregar toda a sua vida)?

2) De igual modo, Paixão e Amor são conceitos díspares (embora possa nascer um do outro e, idealmente, devam andar de mãos dadas). Ora, sem dúvida, deve preferir-se o Amor, como o padre referiu.
Lembro-me bem de um dia em que uma criança de rua me pediu uma sandes que eu tinha acabado de comprar e que eu lha entreguei.
Perdoe-me o pecado do orgulho, mas fiquei a sentir-me bem comigo mesmo... até hoje.
Provavelmente, se eu tivesse comido a sandes, nem me lembraria dela hoje. Encheu a barriga, mas não o coração.

Cumprimentos

Anónimo disse...

Teodora

por vezes não é tão fácil assim convivermos com essa situação- vivermos em segredo, convivermos com pessoas que só nos querem ver afastadas... Para isso era necessário que houvesse amor entre ambos e, que nenhum se sentisse a trair ninguém, nem mesmo ao outro. De qualquer modo, é uma questão a reflectir...
Obrigada pelas dicas

Anónimo disse...

Olá,
Este post também mexeu comigo. Também eu, depois de vários anos de casada me vi envolvida com um amigo por quem me apaixonei. Depois de muito tempo a reprimir esse sentimento, não foi mais possível contê-lo. Vi-me muito dividida: entre um casamento estável com filhos e um amor que me fazia sentir uma proximidade incrível. Não foi fácil. Pelo contrário, foi muito, muito difícil. Não estava preparada para essa situação e entrei em dissonância comigo mesma: por um lado havia o meu lado católico e conservador e eu sempre tinha sido uma miuda "certinha"...por outro sentia no meu íntimo que não poderia ser feliz, nem sequer seria correcto para ninguém se continuasse casada com uma pessoa mas tivesse outra na cabeça. Divorciei-me. Mas o peso da traição (e do "pecado") ainda me atormenta. Mesmo sabendo que verdadeiramente tomei a opção correcta, o sentimento de culpa continua...Anos e anos de uma educação católica e conservadora bem como uma família que não aceita que eu possa casar novamente contribuíram para isso. Resultados: (1)Já foram 3 as depressões pós-divórcio (2) Afastei-me de uma Igreja que me recrimina...
Se o amor é complicado? Pode ser sim...ou então já não sei se nós é que complicamos as coisas quando teimamos em não seguir o nosso coração de forma natural, para não ir contra as convenções sociais
Obrigada por me permitir este desabafo.
mrc

Anónimo disse...

Sinto-me também uma pecadora!!!

Adorei este post! Li, li novamente, li outra vez ... Pensei, repensei ... Parabéns amigo Padre!

Começo a acreditar que nossos "corações" é que nos traem ...

Existe uma diferença grande entre o amor verdadeiro e puramente um sentimentalismo. Não podemos confundir a nossa sensibilidade com amor. Quando encontramos alguém que à primeira vista achamos que amamos, este não é verdadeiramente um sentimento de amor, mas sim, paixão. Paixão não é amor! Se uma beleza o seduz e você entrega os pontos, isso não é amor, e sim o desejo de desfrutar dela.

Muitas vezes, admiramos um homem ou uma mulher que não conhecemos profundamente a ponto de fazer qualquer coisa para obtermos um olhar, um beijo ou uma carícia. Isso não representa nenhuma prova de amor, mas um desejo de descobrir sua sexualidade. Amar não é ficar impressionado por alguém, ter afeição sensível por alguém, abandonar-se por alguém, desejar alguém querer possuir alguém... nada disso é amor. Amar é a essência do dar-se a alguém! Amar não é sentir! Se alguém almeja se envolver em sensibilidades, este não amará ninguém, pois o amor é o oposto da sensibilidade. Amar é uma decisão. Consiste na vontade de ir ao encontro do outro.

Cada vez que passamos a ter nossas próprias vontades, deixamos de amar e passamos a andar na contramão; saímos da felicidade e passamos a viver na infelicidade. Nós precisamos ter a coragem de entregar no coração de Deus, hoje, aquilo por que mais sofremos. Temos muito a perdoar. Para sermos imagem e semelhança Dele, temos que praticar muito mais a caridade uns para com os outros, principalmente no dia-a-dia da vida a dois. E, caridade não é "dar esmola", mas dar a vida pelo outro com paciência; é amar verdadeiramente.

Fátima - RJ

Anónimo disse...

Teodora, gostei demais de tuas palavras para a Sol ... Saibas que estas tuas palavras, dirigidas para a Sol, foram divididas comigo e fizeram-me muito bem ...
Um grande abraço,

Fátima

anamaria disse...

Teodora

O "teu" Deus gosta de ver as pessoas felizes... mas suponho que não de forma egoísta...
É difícil, para mim, colocar-me na posição daquela mulher! O Confessionário foi, penso, inspirado pelo Espírito Santo. O facto de se arranjar coragem para "conversar" com um Padre sobre a questão é já, no meu entender, um primeiro passo muito importante num caminho de retorno à paz de alma que se procura. Deus, no Seu infinito Amor, fará decerto o resto...

Anónimo disse...

Padre, certos comentários deixam-me bastante baralhado

Neste cenário apresentado, quando a mulher diz que traiu o marido, houve ou não a prática de adultério?
È que desde sempre li em vários livros católicos e não só, que esta prática é uma violação do sinal de Aliança e de fidelidade a Cristo, aquele que o comete falta aos seus compromissos, lesa o direito do outro cônjuge, comete um atentado contra a instituição do Matrimónio violando o contrato em que assenta, compromete o bem da geração humana e dos filhos, que tem necessidade da união estável dos pais

Há comportamentos concretos, pelos quais é sempre errado optar, porque tal opção inclui uma desordem da vontade, isto é, um mal moral, porque não é permitido fazer o mal para que daí resulte um bem (isto é, um prazer instantâneo)
A raiz do pecado está no nosso coração na nossa vontade livre: dele provem os pensamentos malévolos; assassínios, adultérios fornicações, roubos, falsos testemunhos maledicências, coisas que tornam os homens e mulheres impuros.

Não mates, não cometas adultério….

Pecado mortal, quando tem por objecto matéria grave, e cometido com plena consciência e de propósito deliberado
Adultério é o termo que designa a infidelidade conjugal. Quando dois parceiros, dos quais pelo menos um é casado, estabelecem entre si uma relação sexual, mesmo efémera, cometem adultério. Cristo condena o adultério mesmo de simples desejo.
"Mestre, que hei-de fazer para ter a vida eterna?"
Amar o próximo não significa ajuda material ou moral como meio para atingir após alguns tempos determinados fins malévolos

Infelizmente nos tempos que correm é proibido proibir
Com esses comentários liberais corre-se o risco de implantar a ideia de que já nada é pecado e que é tudo normal.

Abraço, padre.

Jorge Oliveira disse...

O termo traição e pecador infelizmente está cada vez mais a cair em desuso.

Abraços

(tens um desafio no meu blogue)

Anónimo disse...

Anónima de 16 das 23.07

A minha amiga sabe bem sei que "por vezes não é tão fácil assim convivermos com essa situação - vivermos em segredo, ...". É o Natal sem ele(no caso dos padres a missa é só à meia-noite, ainda dá para dar umas cambalhotas; pior é para os outros) (desculpem estou na tanga! já estou a descambar!!! Está a ler Sol e Fátima? como vêem até estariam em vantagem!), é chegar a casa sem ele, é estar na rua e ter vontade de o tocar e não poder; é disfarçar o olhar; é querer partilhar um pensamento ou uma opinião e no momento não dá, é querer passear de mão dada e nem sempre poder fazê-lo etc.

Tudo isto é suportável se as duas pessoas gostarem muito uma da outra. Mas têm de gostar mesmo muito e saber que estão ali de pedra e cal.

Não estou a falar de relações baseadas em actos impulsivos, tentações, atracções. Não nada disso.

É muito difícil tudo isto, mas há pessoas que embora casadas deixaram de gostar do seu cônjuge e podem verdadeiramente voltar a gostar de outra e não se pode pensar mal delas só porque eram casadas.

Agora é da responsabilidade dos dois investirem na relação, não é pulando a cerca que vão melhorar o casamento!

Eu concordo com tudo o que a Luísa disse, mas não consigo deixar de pensar que há de facto pessoas que traem e não é por tentação (impulso para a prática de acções condenáveis), é porque conheceram alguém de quem gostam muito! E desculpem lá mas não há coisa mais bonita do que o amor entre um homem e uma mulher!!! Mas não se encontra um por ano como se vê para aí!!!

A minha amiga não foi egoista não, não foi mesmo, abdicou de tudo por alguém.

Kephas (juro que respeito a sua opinião)

quando diz "Afinal de contas, que Amor pode florescer na infelicidade de outro (mesmo que esse outro seja Deus, a quem os padres fizeram a promessa de entregar toda a sua vida)?" acha mesmo que Deus fica lesado porque o padre tem uma namorada e não casa porque não pode? Se o problema é a promessa, isso é fácil de resolver, deixam de fazê-la e casa quem quer! Quem criou essa promessa foi Deus ou o Homem?

Se eu tivesse um namorado padre acho que só sentir-me-ia triste se soubesse que a questão da promessa o incomodava. Desde que eu não interferisse em rigorosamente nada que tivesse a ver com a sua actividade não vejo onde pudesse haver conflito de interesses.

Juro que não me sentiria uma concubina.

Teodora

Anónimo disse...

oi confessionário
por estas e por outras é que eu nunca me hei-de casar...
parece que as pessoas só pensam em traições,adultérios e afins...hellooooo...a vida tem outrs cores, e outras coisas mais interessantes para fazer...ou não???

bj
mariana

Anónimo disse...

Colocou-se aqui a questão de, da parte da mulher "pecadora", digamos assim, amar ou não o marido, embora o tivesse "traído".
Penso que uma das grandes dificuldades do casamento é a confusão que existe entre os conceitos de amor e de atracção física. Porque são coisas diferentes. Enquanto o primeiro é fácil de identificar e definir, o outro entra no mundo nebuloso da abstracção. Do "amor ao próximo" preconizado por Jesus (a acreditar nas escrituras) ao "fazer amor" vai uma distância que se pode medir em anos-luz.
A maioria dos nubentes que vão ao altar é movida pelo desejo carnal (no qual não vejo qualquer malícia). Desejo esse que é muitas vezes, ou quase sempre, volúvel e efémero. Nesses casos, depois de saciada a carne, nada mais resta da ligação. E o desastre é inevitável.
Para o casamento, tal como para o sacerdócio, tem de haver vocação. E há muito boa gente (quando digo "boa" quero dizer isso mesmo) que nunca deveria casar. Não porque sejam egoístas e não queiram fazer cedências, mas porque têm dificuldades em prescindir de uma parte significativa liberdade a que têm direito.
Para bem da Humanidade a mulher começa a ter os mesmos direitos do homem. Ao contrário do que se passa no mundo islâmico, na nossa cultura deixou de estar sujeita ao homem. O que quer dizer que o casamento dos tempos do "Deus Pátria e Família" já não tem cabimento.
Vai sendo a altura de a Igreja Católica entender com seriedade as novas realidades, libertar-se dos preconceitos machistas e encontrar novas fórmulas para que homens e mulheres continuem a gerar filhos de uma forma responsável.

Anónimo disse...

Hoje venho mesmo "confessar-me". Anonimamente, ou não me atreveria:

Uma vez houve um homem que se cruzou comigo: não era bonito, mas eu achava-o belo. Não tinha pressa, tinha tempo. Aprendeu tudo a meu respeito perguntando muito pouco. Eu que nunca me tinha permitido amar alguém, amei-o. Nunca chegámos a qualquer intimidade física porque entretanto descobri que ele era casado. Isso era para mim um obstáculo intransponível. Esmifrei-me, chorei, adoeci, afastei-me, recompus-me.
Saí vitoriosa, de alguma forma, ciente dos meus inabaláveis princípios.
Anos depois, para eu não me armar em parva mais os princípios inabaláveis, conheci na net um homem. Desde o princípio soube que ele era casado, porque ele mo disse. Mas manejou as minhas emoções, fazendo-me desejar e acreditar numa amizade impossível. Eu teria lutado contra o mundo inteiro para conhecer aquele amigo com tempo para mim, carinhoso como um pai, com quem falava ao telefone horas a fio, que adivinhava as minhas emoções no fio da minha voz... O resto veio vindo... até acordar dum pesado e longo sono, com vergonha de mim, com pena de mim, com medo de mim. O que me deu a coragem para terminar. E fiquei com uma noção mais clara de quem sou. Capaz de me negar para que me amem. Manipulável. Culpada. Pecadora. A quem também Jesus Cristo disse: "nem eu te condeno. Vai em paz".
Um abraço, padre.
Obrigada por me deixar estar aqui a falar às escuras...

Anónimo disse...

Tenho vindo a acompanhar este desenrolar, e começo a assustar-me com os conselhos que a amiga Teodora tem vindo a dar em relação ao pessoal que anda apaixonado pelos padres, será que alguém teria paz, mas paz mesmo a sério a viver assim relações? "cambalhotas" pelo Natal, antes da Missa da meia noite? Viver ás escondidas, quanto tempo, um mês um ano? a vida inteira? Que estranho amiga Teodora, acha que as pessoas precisam de inquietudes ou de paz? Não leve a mal, mas sabe incentivar as loucuras, penso eu que não ajuda em nada, concerteza as pessoas precisam de paz para o seu coração, para a sua alma, vivemos numa sociedade, não numa selva.
Por favor não se aborreça, com a minha opinião contrária.
Sr.Padre, desculpe-me a intromissão, mas não resisti.

M.V.

PDivulg disse...

Sem dúvida que a paixão passa rapidamente o Amor não. Mas tem de ser cultivado...

maria disse...

Concordo na generalidade no que diz o deprofundis. E para isso a Igreja tem que mudar o discurso. Não andar continuamente a anatemizar as uniões de facto. O divórcio. A forma como hoje os jovens se relacionam. A minha ideia sobre isso é positiva. Para tantas gerações o casamento era uma forma "legalizada" para os homens terem sexo. As mulheres segurança. Há que procurar a verdade.

Anónimo disse...

Este blog tem uma nomeação no meu blog. Passa por lá. :)

Anónimo disse...

A infidelidade é um assunto muito delicado. Encerra em si, necessariamente, o desrespeito e a mentira que não são, nem nunca poderão ser virtudes. E quando falo em infidelidade não me refiro apenas à que atraiçoa o casamento ou o ministério do sacerdócio. Incluo, também, aquela que subverte princípios e valores. E o resultado é sempre o mesmo: ferir, magoar, gerar infelicidade que tanto pode ficar encapsulada como emergir. Uma e outra causam estragos. Somos humanos, somos frágeis, eu sei. Mas há que estar vigilante... e reconhecer e retroceder... Sei que tenho um discurso demasiado conservador mas não abdico dele por acreditar que é o único que leva àquela felicidade que todos procuramos. Eu tento ser fiel e sou feliz!!!

Beijinhos ao nosso Padre (mas não "no" nosso Padre)... Percebeu não percebeu? (eu também sou mazinha!)

Alma peregrina disse...

Cara Teodora:

Desde já lhe manifesto também o meu respeito pela sua opinião. Gosto muito de conversar com quem discorda de forma cordial, o que é raro nos nossos dias.

Apenas julgo que este raciocínio é um tanto perigoso...

O celibato é uma forma de "filtrar" os homens que efectivamente estão dispostos a seguir Deus e a ser homens de Deus.
É verdade que os apóstolos tinham mulheres, mas também é verdade que Jesus disse ao rico: "deixa tudo e segue-Me". O rico não O seguiu porque foi incapaz de se libertar de tudo e portanto não foi salvo (pelo que sabemos).
Se um homem quiser ser, de facto, um ministro de Deus, tem de apostar nesta via radical de despojamento... tem de estar só com Ele... casar com a sua missão.

A lógica do "não fazer a promessa" (que eu sei que não foi a sua intenção dar-lhe a extensão que eu vou dar) é, de facto, responsável pelas situações dos dias de hoje.
Já que o casamento é um impedimento para a felicidade individual, deixa-se de fazer a promessa.

Conclusão: hoje em dia os jovens (e não, não sou um velho rabugento que vaia de uma janela soturna, eu sou um fruto dos anos 80) entregam-se sem se casar, numa série de "mini-casamentos", muitos dos quais nem chegam a ter o mínimo significado para eles. E o que acontece ao Amor? Lamento dizer, mas acho que cada vez mais nos afastamos dele. Cada vez mais nos esquecemos do seu significado. Cada vez mais ele se apresenta como um "conceito abstracto e inatingível".

E, no entanto, o Amor é tão simples: é ser feliz com a entrega a outrém. Como tal, o Amor não consiste na realização pessoal da nossa própria felicidade, mas da do nosso conjuge. Por isso é que
e tão complicado do ponto de vista prático... embora seja simples a nível teórico.

Por isso, aqueles que, ao longo das gerações pós-60, "revolucionaram" o Amor, subjugando-o à felicidade pessoal (em grande parte encarnada no Sexo, que, diga-se de passagem, é só um placebo da felicidade pessoal), cada vez se afastam mais dele.

É por isso que, apesar de todas as distorções que sofreu no passado, o casamento cristão (como é entendido pela Igreja) é imortal e nunca poderá ser substituído por outro de igual valor.

Longe de compreender o erro, os participantes na supra-citada Revolução desejam que a Igreja se subjugue, por sua vez, ao conceito de Amor que eles, por sua vez, subjugaram à felicidade pessoal (quando a cadeia devia, na minha opinião, estar invertida... ou seja, a felicidade depende do Amor conjugal que depende da Igreja).

Mas que pode a Igreja fazer? Se Jesus se mostrou mais conservador que a própria sociedade judaica puritana da altura, afirmando: "O que Deus uniu, nenhum homem pode separar!" Foi peremptório! Se a sociedade exige o divórcio e Jesus o condena totalmente, que deve a Igreja fazer?
Pois: a Igreja (tal como nós) subgjuga-se perante Deus e não perante os homens. É só por Deus que a Igreja responde.

Você, cara Teodora, não se sentiria mal a viver com um padre. Poderia ama-lo. Ele poderia ama-la. Estou certo que sim...
Mas estaria (mesmo que não se apercebesse disso), a subjugar o Amor do seu padre ao Amor a Deus. Estaria a inverter a cadeia de valores.

Mais tarde ou mais cedo, a Igreja terá de aceitar homens casados... é um facto. Mas em nome da sua sobrevivência. Nesse dia, os ministros de Deus não terão sido capaz de O amar mais que as suas vidas. Esse será um dia triste para mim e para a Igreja.

Cumprimentos

Anónimo disse...

M.V.

Não fico nada aborrecida com o que disse. De facto reconheço que dizer estas coisas assim sucintamente é complicado e pode parecer loucura.

Admito que deve ser uma situação complicada, mas uma vez que não é possível uma situação mais às claras, porque o Homem assim o convencionou, assim fosse.

A questão das cambalhotas é mesmo tanga!

Claro que eu acho que não é uma situação fácil e muito menos para pessoas demasiado jovens, porque ainda não consolidaram a visão das coisas. É muito perigoso ir por aí quando se é jovem. Emocionalmente não há estrutura para aguentar.

Quando eu era mais novita também achava que o a vida era como nos contos de fada. Conhecia-se um belo rapaz, casava-se, tinha-se filhos e o casamento era para toda a vida. Achava que a vida podia ser muito certinha, programada. Eu seria capaz de controlar tudo!

Hoje, e depois de observar a realidade à minha volta e de a vida me ter sacado o tapete algumas vezes acho que a vida é para se viver o melhor possível. Não posso concordar com o adultério, mas que ele pode acontecer pode e porque alguma coisa falhou no casamento. Não porque as pessoas todas tenham mau carácter.

Para os jovens claro que o casamento é o modelo mais certo, pois há a grande probabilidade de terem filhos; mas quando se chega aos 40 o que se espera de um relacionamento não é exactamente o mesmo.

Nós não somos só razão, somos também coração. Quando se tende demasiado para um dos lados ficamos meio tontos. Se ouvimos demasiado o coração parecemos patéticos, irresponsáveis e imaturos. Se ouvirmos apenas a razão ficamos secos e com reacções espontâneas que denotam desequílibrio.

Julgo que o ideal mesmo é agirmos de acordo com a verdade. Devemos ser responsáveis, verdadeiros connosco e com os outros.

Não compreendo como é que casais dormem juntos quando já não há mais nada a dizer um ao outro. Aceito que os filhos são um elemento importantíssimo para que as pessoas hesitem no momento da separação, mas acho que não aguentaria fingir.

Volte sempre!

Teodora

Anónimo disse...

Kephas

Realmente é muito coerente mas como saberá muito melhor do que eu (eu não sei quase nada) os textos biblícos são muito subjectivos o que conduz muitas vezes a interpretações distintas e todas aceitáveis. Este aspecto acrescido do facto de os textos reconhecido como válidos pela Igreja terem sido compilados de acordo com a vontade de políticos e homens do clero (os quais selecionaram o que era mais conveniente de acordo com a conjuntura política e social da época) faz-me por vezes duvidar de algumas fundamentações teológicas.

A verdade é que por vezes acho que a Igreja arranjou argumentos para ter a "exclusividade" dos padres.

Volto a dizer que tudo que disse faz muito sentido, mas a verade é que não consigo ver o outro lado.

É que a Igreja tem homens com um poder de argumentação e astúcia extraordinária. Juro que os admiro pelo exercício mental fabuloso deles.

Deixo claro que tenho o maior respeito pelo seu ponto de vista.

Teodora

Anónimo disse...

de facto é uma verdade constante

a infidelidade, se me perguntarem se sou infiel? digo que sou todos os dias,
confesso que sou um ser apaixonado, apaixono e desiludo-me com as pessoas todos os dias, tento preencher este vazio que me consome todos os dias,
como alguém me disse, tenho uma batalha dentro de mim, que procuro o impossivel,

mas se a vida é feita de possiveis, para quê viver?

confesso que cada vez ligo menos ao sexo, começo a passar bem sem ele, o sexo é importante? claro que sim,

se traimos deveriamos contar ao outro? se pensa em continuar com a relação para quê dizer, errou... segue-se em frente, o pior, é quando os pensamentos nos ficam lá dentro.

è o que digo dentro de nós existe um batalha grande, um dias ganha-se outros perde-se

não sei o que procuro, e muito vezes não sei qual a minha missao

tenho um lema vivo um dia de cada vez, mas muitas vezes tenho dias que não me apetece viver

deus vos abençoe

Anónimo disse...

olá... é uma situação muito complicada, nem quem traiu está feliz nem quem foi traído. Julgo que quem é traído é um golpe muito duro.. Já me deu vontade de trair. Não o fiz. E agora que olho para trás acho que o ia fazer porque nao me sinto amada como quero. As pessoas são diferentes e cada uma tem formas diferentes de amar. Enquanto que eu o coloco num patamar muito alto da minha vida sinto que ele não o faz. Isso entristece-me... Acredito que gosta de mim. Mas sabe-me a pouco. Então quando se está carente e se é tentada por outra pessoa acho que pode acontecer a traição. Não o fiz, mas quase que aconteceu. Não me sinto uma pecadora por ter pensado ficar com outra pessoa. Sinto-me só mesmo sabendo que ele faz parte da minha vida, e que muitas vezes o tempo que dedicamos um ao outro é pobre.
Parabéns pelo blog.

Anónimo disse...

Olá!
Hoje os comentarios são demasiado intensos para me passarem desprecebidos. Tocaram em algo demasiado perfundo: amar um padre!

Quando nos meus encontros paroquiais(catequese, visita a seminários, locais de oração...) encontrava um padre "bom" ,perguntava o porquê de abdicar de tantas coisas e seguir aquele caminho!Não compreendia como é que alguem não podia amar.
Há agum tempo atrás obtive algumas respostas(por sinal um padre "BOM"). Explicou-me que são desisões que se tomam, que não se pode voltar a traz. Que Deus lhes dá muita força para continuar a percorrer aquele caminho. Que hesita muitas vezes.

E quando lhe perguntei: nunca olhas-te para uma mulher desejando-a? Ele respondeu com uma fraz da escritura: "todo aquele que olha para uma mulher desejando-a, já cometeu adulterio com ela no seu coração" Não deu a resposta que eu estava á espera. Então, porque tinha muita confiança com ele voltei a perguntar: e tu? Já amaste? Ele abrir um sorriso timido, senti um leve termor nos seu lábio e olhardo-me nos olhos disse: Amo em silêncio.

"Amo em Silêncio"
A partir desse dia tambem eu passei a amar em silêncio.
Todas as vezes que entro na igreja , lembro-me dessas palavras(estou longos momentos em silencio, nem sequer consigo rezar) Nunca mais voltei a ter paz.Sinto um aperto no coração cada vez que o vejo, mas na minha cara está sempre um sorriso.
Porque Deus escolheu este caminho para ele, e eu vou sempre olha-lo em silencio...
Que Deus nos ajude...

Obrigado querido padre por estas palavras.

Anónimo disse...

Gostei deste post.
Concordo com alguns comentários, com outros nem tanto, gostei em particular do “desabafo” do anónimo do dia 16; 13:04. Como eu o entendo...mas, ”mais vale sofrer por amor do que morrer sem nunca ter amado”.

Maria João disse...

O Centro Vocacional Juvenil (CVJ) dos Missionários Combonianos, organiza de 24 a 28 de Julho uma caminhada jovem a Fátima de oração com e pelo Darfur.

O drama deste povo está a aumentar. As milícias continuam a desrespeitar os direitos humanos. Rezem pelo Darfur. E estejam atentos às várias acções de ajuda em http://jovensemissao.blogspot.com.

Maria João
Fé e Missão
(Missionários Combonianos)

Alma peregrina disse...

Cara Teodora:

Desculpe por interpelá-la de novo, mas estou a gostar muito da conversa.

Não nego nada do que disse. A Bíblia é, sem dúvida, uma compilação subjectiva realizada por políticos e clérigos. Deixaram de lado os ditos evangelhos apócrifos, mediante critérios com os quais podemos não concordar. E também é verdade que a Igreja se tentou apropiar de uma "exclusividade" da verdade.

A questão é que eu não considero nada disso como negativo.

A Igreja é subjectiva na sua interpretação? Sem dúvida!

A Teodora também é. Refere um Deus "porreiraço", uma concepção que claramente nunca poderia ter nascido noutro contexto que não no actual. Duvido que os judeus do século I d.C. se tivessem convertido a um Deus "porreiraço" porque, provavelmente, eles nem saberiam o significado de "porreiraço".

Também os homens medievais atribuíam a Deus um papel punitivo e rude, um pouco à semelhança das mentalidades das monarquias absolutas e feudais que prosperavam na altura.

Tal como a minha concepção é completamente díspar da sua ou dos homens medievais.

A verdade é que Deus é um só. O meu Deus, o seu Deus, o da Igreja e o dos medievais são todos o mesmo, à vista de diferentes interpretações.

Portanto devemos tentar deixar de ver Deus segundo a nossa própria imagem e começar a pensar mais em termos de "o que Ele quer que eu faça?"

Se não podemos evitar o componente "subjectividade", então que a subjectividade seja introduzida por especialistas que dedicam toda a sua vida ao estudo das coisas divinas.

Não significa que a Igreja esteja sempre certa... mas significa que devemos fundamentar bem a nossa opinião, vendo sempre se o nossa opinião divergente com a Igreja efectivamente possui solo firme. Infelizmente, hoje em dia (e não digo que seja o seu caso) cai-se numa crítica facilitista a tudo o que advém da Igreja, de forma a ques esta deva submeter-se a interesses que são completamente extrínsecos à vontade divina, como é entendida pelas pregações de Jesus.

Além disso, se formos ao extremo de considerar as Escrituras como um mero fruto subjectivo de interesses, que substrato temos para conhecer Deus? Que valor teve a vida e sacrifício de Jesus (para além da sua própria geração)?

Temos de confiar que Deus zela pela Igreja, que Ele próprio semeou na Terra, por intermédio de Jesus Cristo. É a isso que se chama Espírito Santo.

Na verdade, eu acredito que a parte dos Evangelhos em que Jesus refere a indossulibilidade do casamento não foi vítima de subjectividade. Sendo o divórcio legal nas sociedade judaica e romana de então, teria sido muito mais fácil, em termos pessoais e doutrinais puramente suprimir essa parte. Se tal não aconteceu, provavelmente foi porque Jesus o disse.

O que faz sentido. Contrariamente ao que o pensamento pós-moderno tenta sugerir, Jesus não permitia tudo em nome do perdão. Na verdade, Ele é extremamente exigente e obriga a uma devoção total e extrema.

Talvez o casamento seja uma forma de refectir o afecto indissolúvel entre Deus e Homem, através da união de dois seres humanos, sendo que cada um deve ver Deus no outro. Se não conseguimos entregar-nos totalmente à pessoa que mais amamos na nossa vida, como podemos entregar-nos ao próximo e aos nossos inimigos?

O casamento deve resistir às coisas boas e às coisas más. Isto está patente na promessa "Na Alegria e na Tristeza, na Saúde e na Doença". A rotina é, sem dúvida, para muitas pessoas, uma coisa má. Por isso, a rotina (que é inevitável em qualquer relação a longo prazo) não é, pelo compromisso assumido, um motivo válido para o divórcio.

Por isso é que a doutrina de Jesus é tão difícil. Não digo que sejamos perfeitos. Não digo que não erremos. Não digo que o nosso pecado seja imperdoável. Mas não devemos tentar justificar a nossa imperfeição e o nosso pecado à luz de uma interpretação errónea do que Deus quererá de nós. Isso é que seria introduzir uma subjectividade insustentável que resultaria, em última análise, na fragmentação da Igreja em indivíduos sem qualquer laço comum entre si.

De resto desculpe se os meus comments são muito longos comparados com os seus, mas eu não tenho nenhuma capacidade de síntese e adoro escrever sobre estas matérias

Cumprimentos

Romeiros do S.N.S. Conceição disse...

E quem não peca, mais que não seja por omissões...

Mafalda disse...

Não sei se já venho a despropósito, mas tinha que escrever alguma coisa.Especialmente porque há, nestes comentários a este post, muito sofrimento.Acreditem que alguns houve que me «esmagaram» um bocadinho.
Concordo com alguns, com o Kephas especialmente, e com outros não.
Mas mais importante do que a minha opinião sobre o tema, é sentir que há algumas pessoas desesperadas.Sós.Com falta de amor ou não amadas por quem gostariam.Consigo dizer pouco.Coragem.Deus vos ajude.E ajuda mesmo.

A Flor disse...

Traição... não é apenas aquela que se trai fisicamente... à muitas formas de trair o outro!...

Deixo o meu abraçinho apertadinho e cheio do amor do Senhor Jesus :))

Flor com admiração e carinho

Anónimo disse...

Bom dia Kephas

Os seus comments não são nada longos, são o que têm de ser e são muito interessantes. Os meus se são curtos devem-se ao desconhecimento e não à capacidade de síntese, se me permite.

Assumindo a minha dúvida relativamente à interpretação de alguns textos bíblicos, também reconheço que tenho fortes probabilidades de estar errada. Por isso, gosto de escutar os que estão por dentro do assunto. Para mim é muitas vezes difícil partilhar o sentimento implícito em alguma linguagem da Igreja porque eu não cresci numa cultura religiosa. Não consigo chegar lá.

Quando fala da indossulibilidade do casamento eu penso que o que une duas pessoas é o sentimento, o qual foi Deus que quis que assim fosso. Por isso, quando num relacionamento as pessoas se afastam também é porque Deus assim quis. A união não existe porque há um sacramento mas porque Deus faz do modo que quer. Paralelamente, acho que não podemos desresponsabilizar-nos dos nossos deveres: cultivar atitudes positivas relativamente aos que nos rodeiam e assumir os nossos compromissos.

Não considero aceitável que as pessoas se vinculem e se desvinculem como quem muda de t-shirt (seja no casamento, no grupo de amigos, no trabalho etc.); coisa que hoje em dia é o que mais se vê. As pessoas aproximam-se pelo seu visual (tudo tem que ser formatado), pela marca do carro, pelas pessoas que possam se úteis e quando chega a hora da verdade é impossivel representar-se 24 horas por dia. Uma coisa que me baralha completamente é a rapidez com que hoje o pessoal muda de namorado?! Eu devo ser mesmo de pedra, porque não consigo encantar-me! Bem se eles mudam tanto também concluo que aquilo é mesmo só para passar o tempo! Há quem goste de fazer palavras cruzadas outros coleccionam relacionamentos! Depois é o que se vê! Sinceramente não estou nesse grupo, fujo a 7 pés!

Eu só considero é que devemos ser todos muito responsáveis e nada de atitudes levianas, mal alicerçadas, em que caminhamos para o abismo e arrastamos outros connosco. Mesmo pensando assim, sei que podemos errar e que não devemos cometer o mesmo erro duas vezes.

Quando aceito a possibilidade de divórcio é mesmo porque considero que as pessoas sempre estiveram com as suas melhores intenções mas que realmente não há volta a dar ao problema. Claro que muitos abusam do sistema e só sofrem com tudo isto.

As crises económicas são relativamente fáceis de controlar num relativo curto espaço de tempo, as crises de valores, essas precisam de muito mas muito mais tempo. É muito difícil de mudar o pensamento colectivo. Actualmente ainda mais porque as pessoas não estão disponíveis para aprender. Nivelam as opiniões e ponto final. Poucos querem ouvir, preferem falar.

Continue a falar que eu continuarei humildemente a ouvi-lo.

Cumprimentos

Teodora

Alma peregrina disse...

Cara Teodora:

Penso que, como o Confessionário vai de férias, não vale a pena continuar, até porque foi atingido o mínimo denominador comum nesta conversa.

Apenas gostaria de referir que não acredito que, quando um casal deixa de se amar é por vontade de Deus (tal como o amor entre o casal não é vontade de Deus). O amor (ou a sua ausência) são atributos da liberdade humana de sentir. A Deus cabe apenas sancionar ou condenar a nossa conduta baseada nessa liberdade.

Pela sua ordem de ideias, um indivíduo que odeia outrém também o faz porque Deus o deseja, o que é um impedimento para toda a ideia teológica de Salvação/Danação, sendo também pouco dignificante para o ser humano em si.

Esse indivíduo odeia porque ele próprio o sente. Deus não é responsável por isso, apenas tem de condenar o Ódio (não propriamente condenando aquele que odeia).

De resto estou de acordo que vivemos numa época de crise de valores e que inverter esta tendência será difícil, até porque a sociedade actual é refractária a todo e qualquer discurso antiliberal. Resta aos cristãos católicos tentar viver de acordo com as suas convicções e tentar marcar o exemplo (o que nem sempre sucede, infelizmente).

Gostei muito de falar consigo. Desejo-lhe um bom Verão.

P.S. Desejo também deixar claro que não condeno ninguém que se divorcie, apenas não creio que seja papel da Igreja aceitar esse comportamento.

xica disse...

Senhor Padre não faço ideia o seu nome, nem quem é.... mas tenho andado pelo seu blog a aproveitar os seus textos para rezar... Vi que este texto deu algo polémica e hoje (porque confesso que comecei primeiro pela polémica e depois fui ao texto...) quero agradecer-lhe porque ha algum tempo que não leio um texto que me toque tanto...

Como é incrivel a nossa fragilidade e pequenez... mas mais ainda como é incrivel e um dom sabermos olhar Cristo e nos deixarmos, a chorar amargamente as nossas falhas, no Seu abraço misericordioso de Quem tanto nos ama.... é um dom sabermos e aceitarmos que somos pequenos e pecadores mas pecadores muito amados!

A nossa fragilidade muitas vezes leva-nos a sermos infieis aos nossos grandes desejos (aqueles que são construidos com e a Seu lado)... somos pequenos e por vezes afastamo-nos de Cristo e de nós próprios atrás de desejos de falsa aparencia de bem... por vezes estes desejos parecem-nos mais "apetitosos", são os mais faceis de alcançar e esquecemo-nos que são os mais rápidos a serem consumidos... e no seu texto mais do que o pecado presente dessa mulher é de louvar a sua coragem de chorar amargamente...

Não me identifico com o seu pecado mas identifico-me muito com a história... foi uma pequena cedencia da parte dessa mulher, afastou-se um pouco... talvez ate tenha pensado "é só desta vez... ou estou sempre com ele quero mais liberdade, quero fazer o que me apetece e satisfazer outros desejos mesmo que possam ser mais pequenos e superficiais..." Identifico-me porque quantas vezes eu também faço estas pequenas cedencias, quantas vezes não me afasto do meu maior desejo e grande amor, pensando o mesmo? quantas vezes eu não troco a oração ou o ir para à missa por um pequeno desejo que é consumido no momento? quantas vezes eu não traio Cristo com pequenas cedencias?

E o dificil que é ter a atitude desta mulher e lembrar me que não chega chorar sozinha e que basta estender os braços para cair no abraço misericordioso de Cristo...

Por isso peço a graça de cada um ter a coragem desta mulher, de aceitando a fragilidade que somos chorarmos em Cristo o nosso pecado... saber-me pecadora perdoada e muito amada e deixar-me ser trabalhada e podada por Cristo que tudo pode!

Obrigada

Ni disse...

Admiro-a!
Admiro-o!
Força!

Anónimo disse...

Kephas

Boas férias para si também.

Teodora

Anónimo disse...

Caro Padre,

Já há algum que aqui não venho, mas este post...este post tocou-me particularmente, até porque passo por uma situação parecida.
Sempre tive uma má relação comigo mesma. Sempre agradei aos outros para que eles me dessem aquilo que eu não tinha por mim e de que tinha imensa fome: amor.
Nasci de uma família pobre e doente e desde sempre conheci a rejeição. Queria encontrar alguém que amasse, pronto.
Um dia, surgiu esse alguém. Casei com ele.
Na verdade, nunca tive por ele aquela "coisa", aquela paixão de andar com o coração aos pulos. Sentia-me bem por ser amada, com uma grande sorte, no fundo.
No entanto...no meu medo de acabar sózinha, dei-me conta que não bastava ser amada para ser feliz: eu teria de amar também.
E aqui começa o meu sofrimento. Confundi a alegria de ser amada com o amar. Confundi tudo, porque tinha medo de ser rejeitada e ficar sózinha.
Apercebi-me que gostava da vida que levava...mas não amava o homem que tinha ao meu lado. Já estava casada, quando me apercebi, com vergonha, que, afinal, o que tinha movido a minha decisão em casar não fora o amor, mas, uma vez mais, o medo de voltar a ser rejeitada.
Guardei tudo isto em silêncio. Anos e anos, para não magoar o homem que, todos os dias, e volvidos quase 7 anos e meio, quase beija o chão que eu piso.
Mas, um dia, há uns meses, conheci outro homem. Penso nele constantemente, falo com ele. A nossa amizade cresce, e eu sinto falta dele. Muita.
Não sei o que é isto, mas anda a mexer comigo.
Ele é caboverdiano e trata-me por "nha cretcheu" (em crioulo, significa "meu amor"). Temos muito em comum.
E aquilo que eu tenho tentado abafar todos estes anos sufoca-me, quase que explode e acaba comigo!
E porquê? Porque me sinto infeliz. Penso noutro homem, quando estu casada com um que me ama tanto e eu sem saber como correspondê-lo.
Que vida madrasta!

José Fernandes disse...

Hoje sou o vampiro que a si próprio se suga,
Chupo-me até ao tutano e desfaço-me em bruma,
Encolho-me na minha capa de seda carmesim,
Volteio o punhal nas minhas veias de onde o fel se escapa,
De tudo o que de ruim em mim existe.
Solto-me de crinas ao vento e cavalgo o sonho por sonhar jamais,
Entendo-me com o sopro deste vendaval que num turbilhão se alojou em mim.
Crio-me e recrio-me nesta insensatez,
Neste furacão que levanta o mar,
Uivo-me por dentro num sonido surdo,
Para que cá fora não me ouçam chorar.
Repito-me nas velas enfunadas destes cogitares,
Destes lamentos que o sol arrepiam,
Do abismo assomam os meus egrejos fantasmas,
Chamando-me a si como loucos varridos.
Deixem-me sugar o meu próprio sangue a jorrar em pulsões,
Deste gorgolejar latente,
Enquanto o meu sangue ainda brota quente.

Anónimo disse...

Esta foi a primeira vez que entrei neste blog. Após uma atenta leitura a diversos textos, resolvi comentar neste que, indirectamente, me toca bem no mais profundo recanto do meu coração.

E se no meio de tantas deambulações as palavras fossem sete? "Traí o meu marido com um padre"

Pois é o que escrevo é de uma realidade fria e cruel... Tudo aconteceu durante 3 anos. Três dolorosos anos em que o dito padre usou e abusou de uma pessoa carente e doente - a minha melhor amiga! Na altura procurou-o porque ele atende qualquer pessoa, é conhecido na cidade por conseguir o impossível, é o Santo cá da zona! Claro que existem pessoas boas e pessoas más, mas pessoas que proclamam a palavra de Deus seduzirem e apoderarem-se de uma pessoa com problemas espirituais é dose, dose de cavalo! O Sr. Padre sabe, concerteza ao que me refiro quando escrevo "problemas espirituais". O dito cujo, o padre é dos poucos que diz fazer exorcismo... Rico e poderoso exorcismo que faz com que tenha sexo com uma pessoa que está incorporada!!! Assisti e ouvi diversas coisas... coisas que nem utilizando toda a minha criatividade imaginei um dia ver e ouvir!
E no fim de muita e muita coisa a minha amiga foi difamada pelo próprio padre em frente a uma freguesia toda... Gostaria de lhe enviar um email com o história na íntegra... Talvez o faça...
Recordo-me que entramos em contacto com a diocese e não tivemos qualquer resposta. É triste saber que um homem usou o que lhe ensinaram para tirar proveito próprio e continua como um Santo! A minha amiga... está a recuperar... aos poucos e poucos eu sei que ela ficará bem e que esse padre terá o merecido castigo! Sei, porque Deus não dorme e tudo, tudo viu! No seu silêncio e tristeza assistiu à decadencia de uma mulher pura que tanto faz bem a quem com ela entra em contacto!

Agradecia umas palavras de apoio. Fico à espera!

Agradeço antecipadamente uma possível resposta sua!

BLUESMILE disse...

E Inda há gente maluca que vai ao confessionário contar a sua vida privada para depois ser exposta publicamnete num blogue?

SEgredinho de confissão?


Acho o formato deste blogue vergonhoso.

E ao ler as comentários mais me convenço da maluqueira destes católicos convictos - são beatas a a confessarem que ansdma come ro padre, é um casado indigno, gajo católicos que confessa infidelidade sempre com o nome de deus em cada parágrafo, e por último abetad teodora que comenta os boceps do padre lá do sítio..
Beatagem?? vade retro!

Confessionário disse...

Bluesmile,
A tua opinião sobre o formao deste blogue, como opinião que é, é plausível. Ninguém é obrigado a gostar do que quer que seja.
Relativamente à condenação que fazes apenas explico (como já foi assunto de discussão em posts anteriores e de clarificações várias) que não abuso nem quebro o segredo de confissão. Nem sequer uso o que as pessoas desabafam comigo. Nem nada te garante que as situações que descrevo tenham acontecido.
Podes pensar o que quiseres, mas eu continuarei com a minha consciência tranquila.
Um abraço de alguém com fé consciente e nada beata!

Anónimo disse...

Bluesmile, repara numa coisa que comparada com o que o Confessionário disse não tem valor absolutamente nenhum, mas que é (infelizmente) apenas objectiva: o blogger não expõe a sua identidade (o que tem inúmeros benefícios, mas que não vêm ao caso). Percebes porque é que isso salvaguarda tudo mesmo no caso de as coisas descritas serem verídicas? Por exemplo, na universidade são fornecidas aos alunos análises que psiquiatras fazem dos seus clientes e a própria história de vida destes e as coisas de que estes se queixam (coisas que tu nunca dirias a ninguém). Como vês as pessoas estão salvaguardadas, o que importa é o que se pretende fazer (como em muitas coisas que fazemos, senão todas) e o que- e como- o sujeito assume naquilo que faz.

Anónimo disse...

Ah e mais uma coisa da qual eu tenho a certeza: se tais coisas são verídicas (sendo isto para mim no entanto uma dúvida sem sentido), é preciso coragem para as confessar. Seja quem for que as confesse (porque se confessa).

Anónimo disse...

Anónimo:
O exemplo que deste dos testes dos alunos é com'letamente inconmparável.
Já seria uma situação análoga se um psiquiatra inventasse um blogue chamado "confissões dos meus clientes" e colocasse on line as confidências e históarias de vida dos dos mesmos, ainda que alegadamente fictícias.
Claro que um psiquiatra nunca poderia fazer isso porque violaria gravemente o código ético e deontológico da sua profissão.
Que felizmente para os doentes é bastante mais rigoroso do que a ética dos padres.
Quando se descrevem num Blogue chamado confessionário situações explícitas e concretas reveladas em confissão - ainda que sejam alegadamente fictícias - fica sempre no ar a suspeição de que um padre está a violar publicamente o segredo da confissão.
Por mais " capacidade ficcional" que o referido padre tenha, a forma como essas situações são descritas e apresentadas têm subjacente a ideia de que o segredo da confissão não existe e que a intimidade das "paroquianas",
assim descrita despudoradamente tende a ser objecto de devassa mais ou menos voyeurista.
Não é por acaso que os reincidentes comentadores e utilizadores nas caixas de comentários assumem estes relatos de confissões como "verdadeiros".
Sei, da minha experiência de escrita, que o que quer que se construa em termos ficcionais se baseia sempre em realidades, filtradas aqui e acolá, captadas sobre factos verídicos e pessoas concretas.
Não há relatos completamente ficcionados.
A imagem que este blogue dá, enquento reflexo da realidade, é que o "confessionário" não virtual é um lugar privilegiado das coscuvilhices mais ou menos obscenas, que os padres devem comentar entre si e que são aqui divulgadas por um padre, para delícia dos leitores.
Por isso mesmo, acho que este blogue tem um importante papel terapêutico - afasta ainda mais as pessoas dos confessionários e das confissões "reais".
Bluesmile
www.vidadecadela.blogspot.com

Alma peregrina disse...

Cara Bluesmile:
O blog é anónimo, o Confessionário é anónimo e nada é revelado sobre a identidade da senhora em questão. Nada do segredo de confissão foi quebrado e, como já foi dito, nem se sabe se a história é verídica. A mulher deste post não foi acusada perante ninguém e continua a fazer a sua vida normal, nada no seu quotidiano foi minimamente afectado. Mesmo que ela visite este blog, nunca poderá saber se o post se refere a ela, porque não sabe se foi o seu confessor quem o escreveu ou não.

Agora, parece-me que você faz aqui, nesta sua segunda intervenção, uma grande confusão. Diz que, mesmo que a história seja ficcional, fica sempre a ideia de que o segredo de Confissão foi quebrado.

Ora, se o segredo de confissão não seria quebrado caso esta situação fosse verídica, também não o é se a história é ficcional. Não há diferença nenhuma. A suspeita de quebra do segredo de confissão no caso de esta história ser ficcional só é levantada se efectivamente tivesse ocorrido essa quebra. O que não sucedeu.

O seu exemplo também não é feliz. O blog “Confessionário de um padre” não se assemelha a um blog de um psiquiatra “Confissões dos meus clientes”. Porque o Confessionário não está a expor casos específicos. As confissões apresentadas são casos-tipo.

O que podemos depreender do caso deste post:
1) A pecadora é uma mulher
2) A pecadora cometeu adultério
3) A pecadora confessou o seu pecado.
Realmente, não me parece que revelar isto seja minimamente comprometedor. Pode ser qualquer mulher casada.

De resto o post foca mais a resposta que o Confessionário ofereceu
Esse é que é o fulcro do post: as reflexões e acções do Confessionário em relação a esta situação…

Portanto, continuando a sua analogia, não seria eticamente condenável que um psiquiatra anónimo abrisse um blog em que escreveria:
“Hoje recebi no meu consultório um indivíduo com um caso típico de esquizofrenia. Tratei-o do seguinte modo…”
Longe de violar o segredo médico (que estaria salvaguardado pelo anonimato do médico e do paciente), este blog exerceria um papel terapêutico e didáctico sobre todos os indivíduos com esquizofrenia (e com auto-consciência suficiente para saberem que necessitavam de tratamento) que visitassem o blog.

E, de facto, sucederam-se neste post comentários de pessoas que cometeram adultério e que se sentiram aliviadas pela luz espiritual que lhes foi proporcionada. O processo de identificação também é terapêutico. E tudo o que foi preciso foi escrever um post em que uma mulher adúltera vai confessar-se.

A noção de voyeurismo que você refere denota que você não alcançou minimamente o objectivo deste blog. Ninguém aqui está a predar emocionalmente a mulher do post. Os comentários aqui expressos visam unicamente:
1) Empatia com a pecadora (por identificação ou por mera simpatia)
2) Discussão sobre o tema “adultério” e a sua relação com a doutrina da Igreja.

Quanto às suas insinuações sobre o afastamento das pessoas dos confessionários são completamente infundadas. Eu, por mim, tenho andado a confessar-me mais desde que descobri este blog. Não diria que o blog teve alguma coisa a ver com isso, mas não me afastou de certeza.
Só uma pessoa que não compreende o verdadeiro significado da Penitência poderia dizer este tipo de coisas. Não fale do que não sabe, porque tenho uma forte suspeição que você não só não é católica como ainda é hostil ao catolicismo. A Penitência é um sacramento e, consequentemente, é dos actos mais sagrado, centrais e indispensáveis de uma vida cristã completa. Nunca um católico se poderá afastar dela.

Cumprimentos do seu nada beato (infelizmente, porque a beatitude é o último passo antes da santidade) Kephas.

Anónimo disse...

Olá

Bem, acho que devo informar as pessoas de que não li o comentário do kephas antes de escrever este. Até para parecer mais imparcial o facto de que começo a ficar admirado (do tipo boca aberta) com a forma como ele se exprime, mas sobretudo com algumas coisas que exprime. Faz-me lembrar o quanto os cristãos, e até não cristãos, devem às capacidades humanas dos Padres da Igreja.

Bluesmile, a resposta que este blogger te deu sempre me pareceu a melhor de todas as respostas possíveis ao teu comentário original, e quando digo melhor estou a querer dizer "a mais veraz" e não a mais apropriada para ti (porque não se refere a ti mas ao próprio blogger); e achei essa veracidade tão rigorosa, que me fez lembrar o rigor supra-objectivo com que Anselmo de Aosta rebatia contemporâneos que duvidassem das intenções e motivações dele, um rigor de tal ordem que legitimava as próprias dúvidas com que era objectado (as quais o próprio sujeito, como é requerido, não suspeitava serem tendenciosas nem pervertidas); a verdade, ao contrário da ciência, não é uma moeda de entendimento entre pessoas (um pseudo-entendimento, que é chamar entendimento a concordar com um objecto comum [como vários cães acreditam todos num osso que lhes esteja à vista]) nem uma ferramenta (não pode ser usada por pessoas sem consciência ou que só têm consciência das coisas, como muitos profissionais que não têm consciência de serem verdadeiramente ferramentas i.e. objectos que se formaram e que produzem produtos, e se comportam como se fossem verdadeiros sujeitos e autores, para não falar daqueles profissionais que são investigadores e que procuram aquilo que perseguem como se procura uma verdade ou como uma criancinha persegue as suas fantasias, sim porque é preciso fantasia para ornamentar de valor humano uma descoberta de um objecto: por exemplo, se os profissionais do género humano descobrirem uma cura para o VIH, estão a cumprir um dever deles para consigo próprios ou também para com os seres humanos e não a fazer uma coisa boa para com estes [esta ideia perverte o conceito de bom ou de bem, e de exercício profissional, porque utilização de conhecimento não pode por definição e por natureza ser origem de bom ou de bem, pela simples razão de que estas verdades, se não as tens ou o teu semelhante, também não as vais produzir com a magia do conhecimento a menos que sejas psicótico], porque o trabalho de um tipo de profissionais define ou caracteriza esse tipo e não o tipo ser humano, que não nos esqueçamos, precede esses tipos que no entanto infelizmente idolatra na miséria das suas confusões, uma das quais é pensar através de objectos, como fazem os cães e os gatos [sim, terias transformado animais em seres humanos, se conseguisses beneficiar o encéfalo deles com ciência, mas não precisas de te maçar com essa experiência porque tu conheces muito bem os animais humanos]); e não preciso de te lembrar que quando se trata de religião, de verdade, e até da dignidade humana, estamos a falar de coisas contra as quais a ciência, nas pouquinhas décadas de vida que tem (mesmo medidas em séculos, mas tu sabes que até à ciência dos anos 80 é preciso ter vergonha, e consciência dessa vergonha, para chamar ciência, a não ser "ciência anacrónica, incipiente"), não conseguiu nada, incluindo substituir-se a elas (um objecto ou utensílio não pode ser um valor mental, apesar de as pobres pessoas verem nele um grande valor, talvez por confundirem utilidade com valor); isto para não falar das coisas más que conseguiu, e das que as pessoas fazem umas às outras, nomeadamente em atitudes e comportamentos, servindo-se da tão maravilhosa ferramenta chamada conhecimento (aquele muito objectivo, que tanto encandeia a mente incipiente). Tenho vergonha de dizer estas coisas, porque a verdade é uma coisa que eu sempre tive vergonha de justificar (e vontade de exprimir); mas não me falta coragem para o fazer (é uma coragem que as pessoas humildes têm).

Mas eu lembrei-me disto: como este padre não é um blogger auto-identificado, nem identifica os seus paroquianos (por mais que essa paróquia e esses paroquianos pudessem ser identificados por quaisquer artifícios sociopatológicos), até mesmo a expressão literal de coisas que esses paroquianos disseram ou fizeram só pode ser vista não no contexto da paróquia e dos paroquianos (porque esta possibilidade está vedada pelo blogger aos leitores do respectivo blog) mas sim no contexto do livre produto deste homem em que consiste o seu blog. Assim, fica visto claramente que o blog é o blogger, e que tal blogger não é um padre de uma determinada paróquia; o padre de uma determinada paróquia é padre e não blogger; o homem não pode ser indistintamente padre e blogger (ou assumir-se como sendo as duas coisas ao mesmo tempo [i.e. és blogger porque és pessoa e não porque és padre, assim como não podes ser sacerdote por seres blogger]). Eu vou mais longe e digo que nada do que eu disse e da resposta do blogger à tua objecção mudava, no caso de o blogger se identificar no blog. E também digo isto: um psiquiatra pode perfeitamente expor informações do seu exercício, desde que não identifique clientes (aqui tu sabes que essa identificação seria um desvio comportamental, mas sê-lo-ia por razões que não se aplicam ao sacerdócio e à instituição Igreja, o que significa, sim, que tanto quanto diz respeito à ciência e pelos vistos a ti também, podes sempre esperar que um dia aquilo que objectas aconteça, seja sob que forma for, e tu tenhas de ser educado pelo padrão com que isso possa acontecer, um padrão que nem sequer conheces, porque não conheces aquilo que objectas [fazes lembrar aquele entrevistador que interrogava Tom Cruise sobre a posição deste relativamente à psiquiatria e às ciências psicológicas, um entrevistador que como é comum na classe dele, seria decerto um humanista, como também estranhamente se imaginam todas as pessoas que servem a ciência]).

Qualquer pessoa com idade mental não muito inferior à física sabe que este blog é um trabalho em si mesmo, e não um exercício de promiscuidade. Eu dou-te um exemplo claro de promiscuidade: profissionais i.e. incorporadores das ciências psicológicas educarem seres humanos nessas cienciazinhas como tu instruis uma pessoa nalguma verdade ou nalgum bem. Tais pessoazinhas abrirem a boca, e serem ouvidas como se exprimissem o tipo humano (ou as coisas que exprimem caracterizassem realmente as instâncias desse tipo, quando na realidade são produtos). Promiscuidade é aliciares seres humanos com as coisas (objecto ou ferrramenta) com que tu te fizeste a ti próprio.

De resto, para quê comentar a tua resposta? Aquilo que sabes por experiência de escrita, os miúdos dir-to-iam se tivessem capacidades (pesoas como tu têm muito a mania de ensinar realidade aos semelhantes, como se eles precisassem de ajuda para a ver ou os beneficiasse vê-la só porque ela é útil para ti). A análise que fazes a este blog e aos respectivos leitores seria integralmente destruída por uma simples análise psicológica ao teu blog (porque neste se percebe melhor a origem das coisas que dizes de uma forma aparentemente livre). O que dizes, a ti é devido, porque em ti teve origem. Uma psicanálise às coisas que dizes arrasava-te ao ponto de te esqueceres que és uam pessoa. Por isso mesmo, nem precisamente isso mereces, porque és na verdade tão digno como os teus semelhantes.

Não existe verbo entre objectos, e sujeito é um tipo de objecto (todos os tipos de sujeito humano são tipos de objecto, mas tipos assumidos por sujeitos humanos; e o que é triste é que muitos assumem um tipo de sujeito porque pensam que esse tipo os definirá melhor ou aos semelhantes do que eles são realmente definidos).

Eu espero que Bluesmile não seja daquelas pessoas que vão ficar religiosas na cama de um hospital pagão (e muitas destas ficam-no por causa daquilo de que são privadas num hospital pagão [e no entanto, os advogados do conhecimento defendem humanismo no mesmo, como se por acaso tal coisa pudesse ser advogada]). Porque aí pode haver arrependimento, mas já não há vida.

Sou um rapaz que teria dado tudo para poder falar com (e mais ainda ouvir, nem que fosse só ao ouvido) alguém como este Padre, quando esteve internado num hospital há uns meses atrás (e quando teve uma peritonite aos 13 e chorava baba e ranho na crudelíssima hora das visitas, de uma água que não podia beber durante dias de uma sede tenebrosa).
Que teve um preso como colega de internamento, por quem orou e a quem amou em silêncio deitado na mesma ambulância, e que por estar sem as lentes de contacto nos olhos não via o que o guarda que o acompanhava escreveu numa folha branca que afixou aos pés da cama dele, mas na qual escreveu com a mão da mente estas expressões do Requiem do Irmão Mozart: «et latronem exauristi» «quia pius es» (dois mistérios que este padre tão bem consagrado deve conhecer igualmente bem).
Isto é mesmo de uma pessoa que precisa tanto da verdade como a ama.
E só quem ama a verdade conhece o tipo humano e por conseguinte o ama (Padre, tu disseste: ninguém pode amar aquilo que não conhece).
Obrigado a estes dois assalariados da Verdade: o Padre e o Mozart, e todos os irmãos deles.

Anónimo disse...

Sou também um rapaz que aos 17 anos passou por uma igreja, quis entrar, viu que a Missa estava a começar, e teve a bênção de ver um padre elevar bem alto uma Hóstia (quando eu pensava que ela era mostrada aos fiéis), um "alto" que denunciava a atitude do homem que fez essa consagração, de ver uma mulher que entrara depois deitar lágrimas (e nós sabemos quando uma pessoa deita lágrimas justas), e de ver um fiel descer do banco e ajoelhar-se no chão com as mãos postas.
Sou um jovem de sorte, que ama Anselmo de Aosta e a quem este Padre o faz lembrar.

BLUESMILE disse...

Do ponto de vista estritamente formal, é defensável afirmar que este blogue não viola claramente o segredo da confissão.

Mas ponto de vista ético, do ponto de vista pastoral, quanto á visibilidade social do fenómeno "confissão" enquanto instituição de devassa da intimidade privada é evidente que um blogue com este formato e com este conteúdo, além de revelar as fantasias oníricas de um padre, coloca em evidencia que o segredo de confissão é ficcional, que não tem tem propriamente limites concretos. E que quem se "confessa" está sujeito a ver a sua vida exposta publicamente, ainda que seja sob aforma de relatos ficcionais.
Haverá pessoas a quem isso até pode agradar.
Mas essas serão uma minoria, felizmente.
E ainda que todos os casos "relatados" derivem apenas das fantasias de um padre, o facto de as apresentar com este formato de "revelações de um confessionário" tem um certo tom de tablóide decadente que deveria levar este padre ( e outros) a uma maior reflexão sobre o sentido actual da "confissão" e da forma como ela é apresentada aos crentes.

Por mim, como nunca me confesso, não tenho problemas destes.

Mas conheço muito boa gente a quem este blogue provoca escândalo.

Confessionário disse...

Amiga Bluesmile, esta conversa já anda demorada...
Para teu descanso e melhor compreensão (visto que não é isso que pretendes) essa reflexão já a fiz!
Dou mais valor que tu, pelos vistos, à Confissão (já que nem te confessas). Eu confesso-me. Aliás, vou mais longe. Confesso neste blog as minhas fragilidades, os meus sentimentos, os meus pensamentos, a minha fé. Será assim tão fifícil perceber isso?! Este espaço chama-se "Confessionário" não porque sejam relatadas confissões, mas porque me confesso eu...
Reforço que essa tua análise do blogue já a reflecti há muito tempo junto das instâncias devidas. Mesmo que, por osmose, pudesse ser questionável a minha forma de escrever o que sinto, verdade que quem acompanhar verdadeiramente o blogue, perceberá que não tem fundamento a tua queixa.
Tb não me parece credível o que dizes ser uma "maioria" de pensar-visitante. A quem provoca escãndalo? A quem? A quem nem se confessa?!
Porque será que este blogue tem visitas? Virão há procura do escândalo? Não será porque as pessoas buscam o seu eu, a sua fé, o seu encontro com Deus através destas histórias simples e comuns?! Sabes o que são parábolas? Sabes porque Jesus falava em parábolas?
Sabes a diferença entre situações e confissões?
Acusa-me do que quiseres. Diz que escrevo mal. Que não tenho boas ideias. Diz que fantasio oniricamente. Diz que sou um mau padre. Mas não afirmes, sem saber com a certeza devida, que eu coloco em causa o segredo da confissão!!!

Engraçado como a tua "confusão" aparece num texto como este... e quando ainda por cima é um relato baseado na realidade de uma pessoa que me pediu para eu falar algo sobre este assunto no blogue!!!... e que, segundo a mesma, poderia servir de ajuda para outras pessoas!

Se te incomoda tanto, deixa de vir.
Um abraço amigo... mesmo depois deste teu julgamento!

Alma peregrina disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
BLUESMILE disse...

1 - "A quem provoca escãndalo? A quem? A quem nem se confessa?! "

Não. Provoca sobretudo escãndalo a quem se confessa, coitado, e que pensa ingenuamente que os padres nunca falam do que se passa nas confissões.Muito menos publicamente.

2 - "Porque será que este blogue tem visitas? Virão há procura do escândalo?"

Provavelmente sim. Porque o ser humano é intrinsecamente voyeurista e gosta de dar uma espreitadela na intimidade alheia. No que dizem no confessionário, nos pecadilhos dos outros.
É por essa razão que os tablóides sensacionalistas têm mais leitores que os jornais convencionais.Voyeurismo.
As pessoas ( a beatagem incluída) gostam do escãndalo. Gostam sobretudo de sexo, de crimes e traições e adultérios. Deleitam-se com coisas dessas.
E neste blogue, é o que mais há. Nos posts e nas caixas de comentários.

2 - "Não será porque as pessoas buscam o seu eu, a sua fé, o seu encontro com Deus através destas histórias simples e comuns?!"

Não me parece que essa seja a motivação mais frequente num blogue com este formato.

3 - "Sabes o que são parábolas? Sabes porque Jesus falava em parábolas?
Sabes a diferença entre situações e confissões? "

Precisamente por saber a diferença, por isso mesmo, é que os teus relatos do que as pessoas dizem num confessionário de um padre nada têm de parábola.Nada mesmo.


3 - "Acusa-me do que quiseres. Diz que escrevo mal. Que não tenho boas ideias. Diz que fantasio oniricamente. Diz que sou um mau padre"

Não te acuso de nada.
Provavelmnte és um bom padre, com boa vontade, ainda jovem e com jeitinho para a escrita.
Limito-me a constatar um facto.
E a reafirmar que neste blogue estás no limiar do abuso do segredo de confissão, para as pessoas comuns.
Crentes ou não crentes.
E por vezes atravessas esse limiar.

4 - "ainda por cima é um relato baseado na realidade de uma pessoa que me pediu para eu falar algo sobre este assunto no blogue!!!..." e que, segundo a mesma, poderia servir de ajuda para outras pessoas!"

Ou seja, tal como intuí desde o princípio, não se trata de um relato ficcional mas de uma história de vida real e concreta contada na primeira pessoa e por ti publicada como "confissão".
E ainda dizes que não tenho razão!
Bem só espero que tal realidade pessoal não te tenha sido mesmo transmitida durante a confissão.
Porque se o foi, há aqui há claramente uma violação do segredo de confissão. Formal e material. Mesmo que uma pessoa te autorize a divulgares a sua intimidade, num momento de vulnerabilidade e fragilidade humana, isso não te dá o direito de o fazeres. Aliás deverias ser o primeiro a salvaguardar essa intimidade e esse dilema íntimo de olhares alheios.
SE a referida pessoa, por uma questão de exibicionismo ou masoquismo, ou culpabilidade, ou vontade de expiação, tiver essa necessidade de expor publicamente a sua vida privada, que o faça ela mesma através de um blogue.
Nunca através dos relatos de um padre que publicita on line os segredos de confissão alheios.

Isto tem algo de perverso.
Como o tem confissão em si mesma, aliás.
Mas, se não percebes isto, que mais te posso dizer?
Talvez que tentes colocar no teu blogue os teus registos mais pessoais e quotidianos em vez dos relatos alheios.
E feches os "relatos de confessionário". De vez.
3 - POr último, é raro visitar o teu blogue.
Abraços

Anónimo disse...

Olha, Padre, não sujeites a tua amada paroquiana e a sacralidade com que a própria vida dela é honrada, à prova de estigmatizar a impiedade de uma pessoa ou a impiedade abstraída e personificada por um grupo de co-pessoas da mesma. Não sujes a tua língua munindo-te das coisas que te justificam a ti e das que justificam a tua semelhante. Já viste o que seria se pessoas se servissme de partes de um quadro de Rembrandt? o quadro seria destruído, nem sequer desagregado.

A dignidade do teu trabalho não é a mesma que a de julgar entre ele e as respostas tentadoras com que ele é objectado, e esse trabalho não é propriamente este. A tua resposta ao comentário original é uma resposta única, que não podes replicar nem multiplicar, é a resposta única a quaisquer objecções, própria para todas elas. Confia a tua defesa àqueles que conhecem o teu trabalho (atenção que eu sei que confiar não e a mesma coisa que delegar, porque não podes delegar confiança). Porque assim como tu falas, assim também aquele que ouve o que tu dizes se apresenta. Confia a este defender aquilo que ouve, uma vez que não podes falar a mesma coisa a este e a outros. Com efeito, tu sempre falaste por ti (nunca em teu próprio favor, como a tua própria resposta exprime). Então deixa aquele que entende o que dizes contender-se com o semelhante dele que não entende o que dizes. Porque assim como ele entende o que dizes, também tu entendes o que ele diz sem precisares de falar por ele. E tu entende-lo, porque o amas. E porque amas, e porque amas aquilo que dizes, entendes igualmente aquele que não te entende. Amado, és um padre! Guarda o teu padrão, para que aquele que há-de carregá-lo (e que é herdeiro dele) o possa encontrar. É este o teu trabalho. E guardando-o, podes portanto dispensá-lo aos teus irmãos. Deves deixar os teus irmãos julgar por ti aqueles que te rejeitam, porque uns e os outros estão em pé de igualdade relativamente a ti. E porque é a tua semelhança com os teus irmãos (a qual lhes é feito herdar pelo padrão que tu dispensas e que te foi confiado por aquele que fez o teu santo tipo, um tipo que tu próprio assumes) que distingue uns e os outros. Confia a tua defesa ao teu irmão, como aquele te confiou a dele (aquele que não pode ser profanamente conhecido, disse-te: «Quem irá por nós?» portanto se tu estavas presente, então foste; deixa também vir os teus irmãos, pelos quais ele te prometeu esperança). Esta é a lei e o testemunho que te foi dado: deposita nos teus irmãos (desde o baptismo à comunhão) o padrão que te foi confiado. Se amas, confias no amor com que amas. Assim como quem ama, segue aquilo que ama.

Quanto à minha amiguinha (isto nas minhas palavras quer dizer 'pseudo-semelhante') Bluesmile (ou Yellowsmile, como eu lhe chamo no meu humor), e por conseguinte aos amiguinhos dela (de quem pode esperar apoio, como os cães formam matilhas [ao fim e ao cabo são amiguinhos i.e. semelhantes uns dos outros]), bem...

Na carta que eu escrevi na iniciativa por Darfur, pus lá a expressão "a força da verdade é para levar bem àqueles que dele carecem (conforto, esperança, mitigação das aflições)". Mas não referi outras coisas não tão a propósito desse martirizado povo, como por exemplo "juízo", "direito" e "conversão das misérias", porque isto parece-me mais apropriado para culpados i.e. responsáveis pelas suas próprias perversões, e para incipientes da verdade (esse martirizado povo é recipiente da verdade, porque dignidade e inocência são verdades [é, a Verdade tem formas acutilantemente puras de escolher prosélitos, não é à toa que os selvajenzinhos dos cães não o são, os quais no entanto beneficiam de uma liberdade honrosa no maravilhoso reino no deles, não é à toa que eles são nele admirados, até porque são belos, é que no mundo dos objectos há uns mais bonitos e uns mais feios, uns mais agradáveis outros menos, por exemplo a beleza da ciência alicia os cientistas e até precisamente os ignorantes, por alguma razão os conhecedores abstraem os ignorantes, daquelas abstracções a que muito boa gente chama verdade e à qual atribui veracidade mas a que eu chamo promiscuidade e à qual atribuo perversão, mas precisamente cada um reverencia os seus objectos de crendice porque se abstrai neles]).

Estava eu a dizer... quanto a Bluesmile & C.ª, eu quero saber se quer mesmo jogar o jogo de provar a verdade. Tão simples como isto. Agora não me maço mais, porque tenho a verdade com que me preocupar. Deixo só a advertência a essa pessoa, de que a verdade é de tal ordem e natureza, que não existe nenhuma forma determinada de rebater incipientes. Isto significa que quando essa pessoa acusar uma dessas formas, essa forma é-lhe roubada e essa pessoa vai ser provada com outra até se concentrar nas suas próprias reclamações. Eu querer saber aquilo é porque a verdade não se defende a si própria, assim como não acusa. Portanto, não existe nada que me alicie a defendê-la (nem por conseguinte alicio eu). Ela é uma substância que os sujeitos humanos consomem (uns para a edificação, outros para a degradação [esta requer a correspondente auto-degradação]). Deixo também o aviso de que eu não sou adepto de jogos, pelo que não faço amiguinhos dessa forma, como não os faço a troco de absolutamente nada (porque nem pelos meus próprios produtos me permuto ou transacciono).

Anónimo disse...

Uma das razões pelas quais Jesus falava em parábola é porque os semelhantes dele não estavam suficientemente maduros para poderem compreender (ouvir) a verdade (a qual é verbo, não convém esquecer). E se eles não podiam perceber ou reconhecer a verdade, muito menos os selvajenzinhos dos co-semelhantes deles. Até porque o trabalho de Jesus (a Sagrada Hóstia) é redimir (no sentido de ser via de redenção) e não julgar (i.e. exercer o juízo divino); por isso é que o Verbo (i.e. Deus) Se fez carne, assim como também Se fez (por ser) Espírito (daí a SS. Trindade).

Anónimo disse...

O mais estranho é que Bluesmile, que sonha tantas e tão verazes coisas (segundo as suas crenças), não sonha uma única das coisas verdadeiras que podem ser ditas sobre este blog.
Há pessoas assim, estranhas, obscuras. Preocupadas com os seus próprios escândalos. Há pessoas miseráveis.

Anónimo disse...

Uma coisa triste é que quem não reconhece este padre, não pode reconhecer absolutamente nenhuma pessoa daquelas que o amam ou reconhecem. E o facto é, não faltam pessoas que falem com este padre.

Confessionário disse...

Termino esta conversa por aqui.
Quem não consegue perceber os motivos e as formas deste blogue é porque não tem o seu coração o suficientemente disponível para ler estes textos. Confusões e dúvidas podem existir. Mas fazer disso argumento, é um erro grave.

Continuo em paz e de consciência tranquila porque nunca abri mão do segredo de confissão. Quem me conhece, sabe esta verdade. O resto são "cantigas"...

Anónimo disse...

...Kephas... desculpe... Admiro o seu pragmatismo, a sua força e determinação, a sua argumentação, a sua clareza e eficácia, talvez até a sua radicalidade no Amor... Sinto até pelo pouco que li ser por vezes luz clara na tempestade... mas não se irrite tão efusivamente nas causas de Amor que defende, porque as palavras podem acabar por trair esse mesmo fim... (Mas ainda bem que comentou, o resto mal tem ponta por onde se lhe pegue)