quinta-feira, março 08, 2007

O fenómeno dos homens que não se confessam

Estava no café, e depois de um trocar de palavras e de atenções. Ó padre, as confissões são pá semana? Respondi afirmativamente. Sexta. Mais umas palavras e atenções, umas graças, e despedimo-nos. Então até sexta se não for antes. Ó padre, eu não vou lá. Perguntei só para dizer à minha. Voltei atrás. Não me diga que nem desta se confessa! Ó padre, sabe… As palavras não eram abundantes para explicar a sua pouca vontade ou indecisão. As asneiras, as carvalhadas. Que vou lá fazer se depois vou continuar?
Ai o fenómeno dos homens que não se confessam! Não é único, este amigo. Faz parte de um universo que nos devia levar a reflectir. Porque será? Porque sempre foi um hábito apenas das mulheres? Ou então consequência de machismo da parte dos homens não assumir? Ou então ser uma Igreja feminista a que temos? Ou dificuldade em aceitar a fé? Ou não acreditar no dom do perdão de Deus? Ou então não sei.
Segundo me dizem, depois de umas asneiritas, de umas carvalhadas, custa-lhes confessar-se. São as razões apresentadas. E julgam que não devem porque ao sair do confessionário já estão naquela porrada de palavras. Mas isso não é propriamente grande pecado! A não ser que sejam ditas para magoar alguém. É antes uma falta de respeito, uma falta de educação. Imaginem o que seria no norte do país, onde dizer asneiras é um hábito normal de todos, até dos padres!
Se for essa a razão, não há razão para não aparecer sexta. Mas será?

34 comentários:

DairHilail disse...

passei...gostei da música...conseguiu acalmar-me...um pouco, só um pouco...os homens são uns machistas...e pior são todos iguais...ou quase todos...e os padres...será não são machistas? espero que não...
Hoje encontrei um alquimista, que não é machista...
Fica bem!

Luis Carlos disse...

Olá,

A igreja católica e as outras religiões, sempre conseguiram inculcar medo, culpa e condenação.

Ninguém é padre, somos todos irmãos, e como irmãos confessamo-nos uns aos outros, não por medo de Deus, por que Deus, somos nós e tudo o resto que existe.

Os homens(machos) sempre conseguiram atemorizar mais as mulheres, pois viverem com mulheres livres do medo, da culpa e da condenação, era e é um perigo para o estatuto do homem(macho).

Agora, olhe à sua volta e veja onde estão as mulheres da paróquia a que preside? Que fazem elas? Celebram a eucaristia? Consagram o pão e o vinho, como símbolo da partilha cristã? Presidem e coordenam a diocese, onde está inserida a paróquia?

Estes homens, de que o padre fala, já aprenderam que não vale a pena, ir ao confessionário ter o seu momento de catarse, irem lá ao "tribunal" dizerem que são culpados, e depois levarem com o "castigo", vulgo penitência, com a posterior absolvição.

Diga-me quem é quer ir a um tribunal? Quem é que gosta de ir a um tribunal ser julgado? Ainda por cima com um chamado "representante de Deus" como se não fossemos todos representantes de Deus.

As mulheres que se vão confessar, são seres humanos que estão presos nas teias dos preconceitos desta igreja que se diz de Jesus de Nazaré, aquele que nunca teve preconceitos em relação às mulheres, tratando-as com muito carinho e sempre puxando-as para cima, para o estatuto, que naquele tempo e neste tempo, os homens têm.

Eu que não sou padre instituido pelo esta igreja católica, sinto em mim esses dons de Deus, e não só em mim como em todos os seres humanos.

Um abraço fraterno deste seu irmão humano,
Luís Carlos

Anónimo disse...

Dizer asneiras no momento certo alivia. Exprime a intensidade de um sentimento.

Nem todas são aceitáveis.

No sul também se diz. E de que maneira! Muitas das vezes entre portas e para ofender. É tudo uma questão de imagem social.

O norte é menos hipócrita do que o sul.

Existem pessoas educadas em todo lado e o inverso também.

De facto, no norte, há uma concentração de pessoas que usam o palavrão com se tratasse de sinais de pontuação. Somos mais agressivos. Carago!

Uma rapariga do norte.

Anónimo disse...

Eu cá acho que o fenómeno está naqueles que se confessam...

knit_tgz disse...

Palavrões digo eu, e sou mulher. Mas sabes, ao contrário do que pensa e diz o Luís Carlos (está no seu direito de pensar e dizer), creio que muitos homens não vão não por causa do medo, da culpa e da condenação. Eu não me confesso para ser julgada, para me dizerem o que eu fiz mal. Sou eu que digo o que fiz mal, pois é a minha consciência, guiada pelo Espírito Santo, que mo mostra. Portanto, nessa medida, todos, repito, todos os crentes que se confessam são quem identifica os seus erros e pecados, na medida do que a sua relação com Deus e consigo mesmos permite descobrir.

Eu confesso-me porque o meu pecado não me afecta apenas a mim e a Deus. O meu pecado afecta todo o Corpo de Cristo, toda a Igreja, e em geral todo o género humano, desde Adão que é assim, já o sabemos. E o Senhor disse: "Antes de apresentares a tua oferenda no altar, se ofendeste o teu irmão, vai fazer as pazes com ele, pede-lhe perdão, e só depois apresentes a oferenda ao Senhor". Ora, não sendo boa ideia pedidos de perdão públicos a toda a comunidade, peço perdão a um representante da Igreja. O perdão de Deus não precisaria do padre (mas o Senhor, generoso que é, permite-nos que o padre no-lo diga, que é sempre bom ouvir de alguém que estamos perdoados), basta a misericórdia do Senhor e o meu arrependimento sincero. Mas o perdão da comunidade precisa de um representante da comunidade. E a Igreja, sabiamente, tem representantes definidos para tal, submetidos à disciplina do segredo (já viram a desgraça que seria confessar-me a um qualquer e isso tornar-se fonte de maledicência sobre mim?), e ao mesmo tempo treinados para reconhecer o que se passa em cada circunstância, que conforme os contextos um pecado pode ser grave, ser leve, ou ser até apenas um deslize. E, além do mais, a confissão frequente a um mesmo padre permite-lhe fazer trabalho connosco, trabalho de direcção espiritual, de aconselhamento para o nosso crescimento espiritual. A Confissão (ou Reconciliação) é por isso ao mesmo tempo factor de união com a Igreja e fonte de graça espiritual, de crescimento no Espírito.

Quanto aos homens que não se confessam, quer-me parecer que há vários casos. Há-os que, antigos, sem bases de catequese (culpa nossa, da nossa Igreja, que antigamente não o fazia) vêem na confissão um preceito sem grande sentido (e como nessa geração antiga as mulheres eram obedientes e os homens não, elas podem não perceber também, mas obedecem). Desconhecem que pecadores seremos sempre até morrermos, mas a ideia é levantarmo-nos cada vez que caímos, e cairmos cada vez menos. Outros já têm preparação catequética suficiente. Sabem que a confissão é fonte de graça e ajuda para não voltar a pecar tanto. Mas quer-me parecer que os homens têm, por um lado, medo de se porem vulneráveis diante de alguém (porque, a não ser que vamos lá despejar uma lista de pecados sem mais, se nos confessamos como deve ser ficamos vulneráveis, expostos nas nossas fraquezas, porque não só fizemos isto e aquilo, mas explicamos em que contexto o fizemos, e muitas vezes nós e o padre, em conjunto, descobrimos o porquê de o fazermos, e isso põe-nos expostos), e por outro lado, vergonha de voltarem a confessar-se depois e existir o mesmo pecado (porque isso significa que não o venceram, que não foram fortes). Até certo ponto é bom não gostar de repetir sempre o mesmo pecado, mas não querer dizer a um padre que o repetiram é orgulho, pois ele podia ajudar, dar pistas, e quanto mais não fosse rezar. Imaginemos que eu fumava e tentava deixar de fumar sozinha, sem ajuda. Se não conseguisse e ficasse triste, seria normal que ficasse. Mas depois devia ir pedir ajuda a quem sabe mais que eu (um médico, um farmacêutico). No pecado, que às vezes é bem difícil de deixar de fazer, toda a ajuda é bem-vinda.

(Mais uma para o Luís Carlos: na minha paróquia, as mulheres estão na liderança e na coordenação de um monte de actividades, envolvidas e activas. Graças a Deus! Não precisamos de ser padres para o fazer, e não me sinto nada discriminada por não poder ser padre. Há coisas em que homens e mulheres são diferentes, ou será que um homem tem direito a dizer: "quero parir um filho" e sentir-se discriminado por não o poder fazer? NOTA: "parir" não é palavrão, é palavra bonita, poética, e por isso a usei. Para mim, é assim: o Senhor, generosamente, concedeu a algumas mulheres (não todas) o dom e o chamamento de fazerem a carne de um filho crescer dentro de si, e de depois lhe darem de comer com o seu próprio corpo, tudo isto graças a Deus. E concedeu a alguns homens (não todos) o dom e o chamamento de fazerem o pão e o vinho tornarem-se o Corpo e Sangue de Cristo, e depois darem-nos a comer esse Corpo e Sangue, pela graça de Deus. Não me choca sermos diferentes e em nada me diminui.)

Maria João disse...

Este sacramento faz confusão a muita gente. Mas a verdade é que foi instituído por Jesus.

“A paz esteja convosco! Como o Pai me enviou, assim envio-vos eu. Depois destas palavras soprou sobre eles e disse: Recebei o Espírito Santo. A quem perdoares os pecados, lhes serão perdoados, e a quem os retiverdes, lhes serão retidos” (Jo 20, 19-23).

Ele lá sabia o que estava a fazer.

O luis carlos fala de "tribunal". Com alguns padres isso acontece, é verdade. Lá está, há sempre ovelhas negras. Mas não são todos iguais. Não vamos tomar todos pela mesma medida. O mesmo acontece com as pessoas que se vão confessar. Lá por que há uma ou outra que vá com medo disto ou daquilo, não quer dizer que todos o façam dessa forma.

O melhor é entendermo-nos uns aos outros e tentar perceber por que é que as pessoas se confessam e não se confessam. Esta é a questão principal. Porquê? Só a partir daí é que podemos perceber as atitudes das pessoas.

disse...

Quando escrevemos usamos pontuação certo?
Quando falamos a pontuação ~soa as carvalhadas!
Na minha terra isso é normal!
As pessoas nem se apercebem disso!
As carvalhadas são as virgulas, pontos finais, etc!

O problema da confissão... já falei disso neste blog.
mas... de facto muita gente não se confessa porque não disposição para mudar de vida! Sente-se bem assim, mesmo tendo consciancia que não deveria fazer isto ou aquilo mas... não vê isso como grande mal!
apenas uma necessidade de viver assim e não vai à desobriga porque sabe que vai continuar a ser como sempre foi!
hasta

Sílvia disse...

No norte do país? É um hábito normal dizer palavrões?
Não está a generalizar, pois não????

Anónimo disse...

Se calhar sempre foi mais das mulheres, porque elas não tinham /têm com quem falar sobre o que pensam e sentem. Muitos maridos, talvez não demonstrem interesse em conversar e elas recolhem-se ao silêncio. As amigas talvez não sejam 100% confiáveis. O padre sabe guardar segredo.

Provavelmente, alguns desses homens ditos machos, não sabem ou não querem saber ou nem se lembram que a sua mulher pode querer partilhar algo. Presumem que elas são felizes simplesmente porque eles estão ali.

Eles quando precisam de conversar vão até ao café e dão uma de treta com os amigos e mais umas borgas e está tudo bem.

Por outro lado, acho que, na generalidade, os homens são mais reservados. Não gostam de falar de si. Pelo menos não demonstram tanto.

Os homens tal como em outras matérias domésticas optam por delegar nelas as questões religiosas. Acham que elas "acertam melhor as contas com Deus". Repare-se no cumprimento de promessas. Elas cumprem e eles dão apoio.

Finalmente, penso que muitos acham que é melhor não exteriorizar grandes manifestações de fé. O que iriam pensar deles? É como gostar de ballet! É pouco masculino.

Acho que não o fazem por mal. Acho que é mais por falta de jeito e educação.

Eu também nem sei o que é confessar. Acho que me confessei uma ou duas vezes quando era catraia. O padre era de origem polaca, falava muito baixinho e eu não consegui perceber nada do que ele me disse. Eu também não sou grande ouvido. Limitei-me a dizer que sim. Lembro-me que nem percebi quando tinha de me vir embora.

Teodora

Mafalda disse...

Olá!!!!! Espero que a razão não seja essa. Isso seria tão pouco!!
Não haverá questões culturais importantes que estão na base, primeiro do afastamento do confessionário em geral, e em seguida, mais particularmente, do fenómeno da mulher se confessar muito mais que o homem?
Já pensei algumas vezes neste assunto. Os homens têm fé, clara que têm. Mas, culturalmente, a confissão é muitas vezes vista como sinal de menoridade, como acto de humildade. E isso não é fácil para eles. Acho, no entanto, que o desafio que o Sr. Cardeal Patriarca nos lança nesta Quaresma , através das suas catequeses dominicais, toca , um pouco, no cerne da questão e nos ajuda a perceber: temos que exigir aos cristãos que aprofundem as razões da sua fé, ou seja, a fé não é apenas um sentimento ou uma tradição. Citando: « Está em questão todo o ritmo da formação cristã, em que o aprofundamento cultural deve acompanhar a celebração da fé e a experiência da oração. Só a racionalidade crente possibilita um discernimento completo, por parte dos cristãos, das realidades da sociedade em que estão inseridos. No debate cultural eles tornam-se incapazes de dar as razões profundas das suas opções de fé. É um esforço que tem de começar na catequese, sobretudo a de adultos, valorizar a presença na escola, sobretudo na escola católica, aproveitar todos os meios disponíveis, tão ampliados pelas novas tecnologias, para promover um debate contínuo sobre a fé e o homem e a sociedade, vistos à luz da fé. Formar cristãos é ensiná-los a celebrar e a rezar, mas é também ensiná-los a pensar. Oxalá a Igreja seja o espaço onde se mantenha e, porventura, se salve um verdadeiro pensamento filosófico»
Espero não ter baralhado tudo isto. Mas acredito mesmo que é preciso rasgar caminhos para seguir Cristo.
Abraço

Mafalda

Anónimo disse...

Bem...
No norte do país... não será bem assim. E se são muitos os que os dizem (mesmo padres), nem sempre "fica bem". Às vezes fica mesmo muito mal. Eu sou padre e, desde que deixei a tropa, que (quase) não digo. E a tropa era bem no sul e com boa gente alentejana.

Carla Santos Alves disse...

Amigo
Sabes que eu nem sei a ultima vez que me confessei....falo com Ele sim...sei que me perdoa...e a mim basta-me...
Uma vez confessei-me e correu mal...não gostei!

Bjs
Carla

Anónimo disse...

Sobre o (amplo) assunto:
http://www.churchformen.com/

Elsa Sequeira disse...

Olá Amigo!!!
ahaha!!
esta dos homens ...fez-me lembrar aquele ditado popular que diz: "enquanto há homens não se confessam mulheres"...imagina...este ditado já é muito antigo, o que significa que desde sempre os homens ficam sempre fora, ou se vão é em muito menor número, e se reparares a maior parte deles (pelo menos por cá é assim) têm um sítio especifico, sempre para os fundos ou nas alturas,e engraçado porque há tempos alguém comentava que os homens na igreja sempre tiveram assim um papel preveligiado, por serem em minoria,e contavam que antigamente, quando era para beijar o Menino Jesus e a Cruz, nenhuma mulher ousava sair do seu lugar enquanto houvesse um homem...desde esse dia, eu sou sempre a primeira!! ahahahah!!! Comigo...machismo nunca!!!
Quanto ao palavreado menos adequado, pois eu não aprecio muito, porque não fui assim educada (nunca ouvi o meu pai dizer 1 asneira!), não acho que seja pecado, e olha, vou-te dizer sinceramente se ouvisse um padre a dizer asneiras a torto e a direito, perguntava-lhe se aquilo eram modos! ahahahah! Lá que de vez em quando...ainda se admite, agora a fazer disso virgulas e pontos finais...ATENÇÃO! AHAHAHA!!!
Quanto ás pessoas do norte, conheço algumas e de facto há as que utilizam com fartura essa pontuação...mas também há os que não a utilizam, e nem é preciso ir para o norte, aqui a centro é igual!
Concluindo, não me parece que seja essa a razão porque os homens não se confessam...desculpas, cantigas!!! Mas como entrar na mente dos homens???


Muita força para ti!

Beijinhos!!
:))

Elsa Sequeira disse...

esqueci-me de te dizer!!

esta música é um ESPECTÁCULOOOOOOO!!!

bJ

Anónimo disse...

Concordo com a mensagem qu a Silvia quis passar...Não se pode generalizar,porque nem só no norte se diz palavrões...mas confesso que mesmo sendo nortenha achei uma certa piada, principalmete quando se refere aos padres:-)até porque conheço um de quem tenho o privilégio de ser AMIGA que é um bom exemplo...embora mau:-)
Que ele me desculpe ao ler isto...:-)
Gosto muito do seu seu Confessionário!Tem sido uma grande ajuda...
ADOREI a música!!!!

Anónimo disse...

Concordo com a mensagem qu a Silvia quis passar...Não se pode generalizar,porque nem só no norte se diz palavrões...mas confesso que mesmo sendo nortenha achei uma certa piada, principalmete quando se refere aos padres:-)até porque conheço um de quem tenho o privilégio de ser AMIGA que é um bom exemplo...embora mau:-)
Que ele me desculpe ao ler isto...:-)
Gosto muito do seu seu Confessionário!Tem sido uma grande ajuda...
ADOREI a música!!!!

Anónimo disse...

Concordo com a mensagem qu a Silvia quis passar...Não se pode generalizar,porque nem só no norte se diz palavrões...mas confesso que mesmo sendo nortenha achei uma certa piada, principalmete quando se refere aos padres:-)até porque conheço um de quem tenho o privilégio de ser AMIGA que é um bom exemplo...embora mau:-)
Que ele me desculpe ao ler isto...:-)
Gosto muito do seu seu Confessionário!Tem sido uma grande ajuda...
ADOREI a música!!!!

Anónimo disse...

Confessionário!
Preciso da tua ajuda!
Vivo de algum tempo para cá um grande dilema.
Como é que eu me posso confessar se sei que depois disso não vou conseguir emendar-me?
Como é que é possível que pensamentos sejam pecados? (e desejos... fantasias)
Isto para mim é muito complicado.
Sempre fui uma pessoa certinha, com tudo o que é preciso para ser feliz. Vida familiar estável, filhos, e agora conheci uma pessoa que ocupa os meus pensamentos, se apoderou de mim como uma doença.
É uma coisa que não quero mas que vou alimentando. Amo a minha família acima de tudo, por nada do mundo lhe causaria qualquer dano, mas sinto necessidade de contactar de perto com a pessoa que ocupa a minha mente ao ponto de não afastar esses pensamentos, pelo contrário, penso nela deliberadamente e desejo estar junto dela, olhá-la, falar-lhe...
Ajuda-me!
A minha razão diz-me que isto não é bom, mas o coração não vê.

Como posso confessar-me?

Catequista disse...

Penso que muitas pessoas não se confessam por receio, vergonha talvez, ou por não conseguirem reconhecer os seus erros. "Não matei nem roubei, vou confessar-me de quê?"
Além disso, não chega só ir a tribunal e trazer a penitência. Que diferença faz? Rezar 10 Avé-marias, 20 Pai-Nossos? E o arrependimento sentido? E o propósito de não voltar a repetir o erro?
Talvez o que falte por aí é a formação dos cristãos, uma catequese dirigida a adultos que lhes explique o verdadeiro significado deste sacramento.
A minha experiência mostra-me que por cada confissão que faço, um alívio e um bem-estar se "apodera" de mim.

Dulce disse...

Essa coisa das confissões não me faz sentido nenhum.

Anónimo disse...

Ainda há quem se confesse????? Pensei que isso já se restringia às velhinhas de 70 anos. Quem é que se confessa hoje em dia? Há séculos que não me confesso e não sei se um dia voltarei a confessar-me. Afastei-me de Deus, não sei se temporariamente ou se para sempre. Já fui católica praticante, até ao pormenor. Acreditava piamente, mas hoje em dia ponho em causa muitas coisas, em virtude de certos acontecimentos na minha vida. Que noção de Deus deve ter uma pessoa cuja vida foi um contínuo enfrentar de obstáculos ao ponto de desejar a própria morte? Acho que a Igreja Católica não explica tudo, ou porque não sabe, ou porque não tem certeza ou porque não quer dizer. Quanto a mim, ando à procura de outras "verdades", pode ser que volte para a Igreja que me foi deixada pela tradição familiar, mas por enquanto quero apenas aproveitar a vida, nem que seja em pecado ...

Anónimo disse...

Muitas vezes as pessoas não se confessam, porque não têm uma consciência muito clara de como se devem confessar. Aproveitando o facto de estarmos num confessionário, talvez o Padre possa dar algumas pistas de meditação para aqueles que, estando ainda hesitantes relativamente à possibilidade de se confessarem, possam reflectir sobre a sua vida...e, mais tarde, se possam abeirarem de um confessionário.

Ana

Ver para crer disse...

Na minha zona não há uma acentuada diferença entre homens e mulheres no que diz respeito à procura da confissão. Mas nota-se que hoje as pessoas não têm vagar para nada. Há uma correria louca.
Creio que esse é um dos motivos que lva muitos a pensar que não pecam. Não matam nem roubam!...
Contudo Deus não ocupa um lugar primordial na vida das pessoas. E esse é o grande pecado da nossa geração. E meu também...

Confessionário disse...

Silvia, e padre amigo, não estava a generalizar... estava só a dizer um pouco daquilo que conheço. hehe

O mal noa está nas palavras, mas na forma como as usamos. Há palavras que num contexto têm um significado bom ou menos mau, e noutros, um significado péssimo.

Confessionário disse...

Caro anónimo ou anónimo de 10 às 11,56h, deixo a sugestão: abeira-te do confessionário (de prefrência alguém amigo ou que saibas que pode ajudar-te) e pode ser que, pelo menos, recebas ajuda nesta tua dificuldade... ao menos isso... para que algo possa aparecer como luz para desenvencilhar isso!

Aliás, é uma das vantagens da Confissão: poder ajudar com uma palavra de atenção, de escuta e de aconselhamento!

Confessionário disse...

Caro anónimo ou anónima de 11 de Março às 2, 20h, a Igreja não é perfeita, os padres não são perfeitos, as ciscunstâncias não são perfeitas. A busca da Verdade é um caminho pessoal que se faz com a ajuda de outros. Espero que descubras o sentido para a tua vida como eu descobri! Se precisares ajuda, estarei por aqui ou no meu mail: eupadre@portugalmail.com

Confessionário disse...

Carla IsaBel, por eter corrido mal uma vez não significa que vá correr sempre. Eu tb já tive uma experiência de confissão que não foi nada boa... Mas não desisti de sentir a presença de Deus neste sacramento.

Confessionário disse...

Ana, talvez um dia destes fale de novo na confissão respondendo ao teu apelo. Agora basta dizer-te o seguinte (que é o que costumo dizer aqui nas minhas paróquias)
Os pecados são faltas de amor; podem ser de Amor a Deus, ao próximo e a nós mesmos. Dentro deste esquema, é necessário fazer um bom exame de consciência para perceber o que não está ou esteve tão bem nestas três áreas. Elas resumem bem as nossas faltas. Incluem os 10 mandamentos, e são, de facto, aquilo que nos faz sentir mal. A boa confissão deve procurar-se depois com uma boa ocasião, numa hora em que o padre nos pode verdadeiramente escutar. A confissão depois deve ser uma conversa, um diálogo, assumir as nossas falhas/pecados e comprometendo-se a fazer algo para reparar e tomar mais consciência que não deve repetir...

Beijos... esperando que tenha ajudado!

Confessionário disse...

Caros amigos, estive alguns dias fora em trabalhos.

Mas agora que voltei, apetece-me dizer algo que me é sumamente importante e que, porventura respode a algumas coisas que aqui foram ditas:

A confissão é para mim dos melhores momentos do meu sacerdócio. Não porque venha a saber do que fazem os outros. mas porque me sinto útil a a ajudar e porque me sinto pequeno ao lado daqueles que, confessando-sem afinal possuem mais virtudes que eu!!! Mas sinto sempre na confissão uma grande graça de Deus... das melhores!!!

maria disse...

Meu querido padre,


já li o teu texto, já li os comentários...alguns fortes!!! O maior respeito por todos eles. A algumas das pessoas gostava de abraçar e dar uma palavra amiga.

Mas venho antes eu confessar-me! Foi o que a maior parte acabou por fazer... ;)

Por vezes, e pessoas como eu, que ruminam muito estas coisas da fé, querem ver o mais claro possível. Ai, ai...pobres! Não se conformam com os caminhos que outros já fizeram e não reconhecem como seus,olhar para este sacramento, percebê-lo no seu enquadramento histórico (tal qual como é não foi Jesus Cristo que o instituiu), social, espiritual, pastoral etc, nem sempre é fácil. E tanto não é que as dificuldades são conhecidas por todos.
Nos EUA, um bispo de uma diocese optou por fazer uma gigantesca acção de propaganda (anúncios na rua, nos media etc)para levar as pessoas aos confessionários.

Tu, não precisas disso, as pessoas vêm aqui e é o que se vê! :)))

Mas vamos lá à minha confissão...isto é difícil! A gente até tem vontade, mas vai enrolando, enrolando...!

Não foi neste domingo, já foi no anterior, estava a participar numa das missas da minha paróquia e no momento do rito penitencial, senti-me invadida por um tal desejo, necessidade de perdão e misericórdia de Deus que era ao mesmo tempo um misto de dor e alegria muito profundas e fortes. Aquilo abanou-me mesmo. E pensei como conciliar isto tudo que senti(o) ( e isso não é isolado num momento, traduz a minha vivência como crente), com a celebração do sacramento da reconciliação?

E aqui entram algumas das dificuldades que as pessoas já exprimiram...a figura do padre, a rotina, a pressa, a pouca disponibilidade de uns e outros.

Resumindo: é fundamental a necessidade de arrependimento e o reconhecimento do perdão e misericórdia de Deus. E a seguir procurar o momento, as circunstâncias, a pessoa do confessor (se possível), para concretizar de forma vísivel, palpável o sacramento da reconciliação.

Somos seres com corpo e espírito e precisamos de gestos concretos em que estas duas dimensões nossas se traduzam.

O gesto de ir junto dum padre (pessoa como eu)implica-me a traduzir na vida, o arrependimento que sinto e o perdão dado por Deus.

Um beijinho para ti, padre

maria disse...

o Blogger hoje não acordou em boa forma: a Maria era eu! :)))

lucie disse...

Já lá vão 7 anos(+/-) e continuo sem receber o perdão de Deus...

Medo, trauma, nem sei...

Pode ser que nesta quaresma tudo mude... :S

Lúcia

Anónimo disse...

Há 27 anos, mataram Óscar Romero!
A minha homenagem, a minha gratidão pela beleza evangélica do seu serviço, pela doação sem tréguas à causa dos espoliados da vida dos quais foi voz e vez!
Só me pergunto por que tarda a sua beatificação... Tanta pressa para Escrivá! Tanta lentidão para o mártir dos pobres!