segunda-feira, julho 28, 2025

A procura faz encontrar

A Carla faz muitas perguntas envergonhadas. Acha sempre que lhe faltam respostas. Mas tem medo de perguntar por causa do que os outros possam pensar. Ensinaram-lhe, mais coisa menos coisa, que a fé era acreditar e ponto final, e agora tem receio de estar enganada porque tem muitas dúvidas. Diz que ama a Deus, mas não sabe se ama como deve ser. E a sua inquietação fez-me pensar nas muitas vezes em que alimentamos uma fé passiva e superficialmente obediente. Se é certo que, em Igreja, insistimos mais nas coisas do coração, porque a fé tem mais a ver com uma relação de amor do que com uma aceitação doutrinal, também é verdade que nas nossas comunidades cristãs não se faz muito apelo à razão, à reflexão crítica e à pergunta. Como se a fé não tivesse de conviver com a inteligência, com a dúvida e com a inquietação. No entanto, Jesus morreu a rezar uma pergunta: “Meu Deus, meu Deus, porque me abandonaste?”. A pergunta, mais do que consequência da dúvida é consequência do desejo de saber e de encontrar. A pergunta faz nascer as respostas e a procura faz encontrar.

 A PROPÓSITO OU A DESPROPÓSITO: "Queria saber como posso ter fé"

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