Amanhã é um novo dia, para dar de beber às aves, sentadas em meu regaço,
Comprei literalmente, por um vintém que não sei, um fontanário para elas
Em troca, doei a vida para que a água se debicasse, se bebesse, se afogasse
As aves esvoaçaram até à fonte, detiveram-se à minha beira, no beirado,
Como um beirado de uma casa que não têm, ali pousaram em desassossego.
Encharquei a mão de água, imensa água em acanhada mão, com mágoa
A água desapareceu entre os dedos, e ali quedaram pequenas lágrimas,
Afinal a àgua da fonte são as minhas lágrimas, e as aves vão e voltam
São minhas como beirado, pousam no meu regaço que é um regato
em lágrimas que nasceram na fonte que é água a viver um dia sem fim...
em lágrimas que nasceram na fonte que é água a viver um dia sem fim...
4 comentários:
Minha nossa! Quanta inspiração para uma pessoa pensar em um lugar lindo poema onde estão as aves...As lágrimas em águas. Simplicidade ao encontrar ao beirado...
Com milhas lágrimas do tempo e o cimento da vida cocretei minha poesia.
Tão bucólica esta partilha... percebo muito pouco de orningolaringologia, mas agrada-me a frescura que emana de tanta água, onde podemos afogar as mágoas, vislumbrar toda essa passarada, que calculo multicolorida e deliciarmo-nos com inolvidável perfume da natureza e com o som seco do bater das asas.
Poético, muito poético, nem consigo dizer mais.
Irei reflectir em tudo isto, com o carinho que merece.
Pena estar deprimida e não ser mais colaborante, nesta reflexão.
Bem-haja!
Um poema lindo e muito profundo.
Apreciei imenso.
Boa noite, sr. Padre.
Ailime
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