A senhora Linda faz parte do grupo de recasados. Daquele grupo que tem feito gastar tinta a muitos jornais que gostam de falar da Igreja. Ou que gostam de falar o que a Igreja possa vender. Ora estes jornais não conhecem a Linda como eu a conheci faz muitos anos. Tivera, pelos vistos, um casamento católico normal até ao dia em que descobriu que o pai dos seus filhos, na altura já maiores de idade, era homossexual. Chegaram ambos à conclusão de que era melhor cada um refazer a sua vida. Talvez ainda assim se amassem, contava-me. Os filhos ficaram tristes, mas não deixaram de ser filhos desse pai. Cada um foi para seu lado e ela, como ainda tinha idade para ser feliz com alguém ao seu lado, deixou que o coração a encaminhasse para os braços de outro homem. Dizia-me que era feliz ao lado deste. Mas que trazia um espinho no coração porque, sendo pessoa de fé clara e genuína, era impedida de abraçar inteiramente alguns sacramentos.
Como o caso era um caso óbvio de nulidade do matrimónio, propus que desse esse passo. Mas não podia, disse. O seu ex-marido nunca quis assumir publicamente a sua forma de viver, e ela respeitava-o ao ponto de não querer fazê-lo sofrer. Por seu lado, os filhos também não queriam uma situação que de forma meio legal indiciasse que afinal aquele pai não tinha sido o esposo que lhes doara a vida.
Por virtudes importantes à fé, como o amor, a bondade e respeito tanto ao ex-marido como aos filhos, a senhora Linda não quer, ou não pode extrinsecamente pedir a nulidade do seu matrimónio católico de forma a poder abraçar inteiramente alguns sacramentos como desejava. A bondade daquela mulher impede-a. Está entre a espada e a parede, por se esforçar em fazer o bem. Tudo porque a lei e a doutrina assim o exigem.
E agora?