quarta-feira, outubro 07, 2015

Para estar ao teu lado

O dia de hoje acordou como os outros. Escuro, cinzento, frio. Acordou para que nascesse e se tornasse claro, colorido, caloroso. A meio da manhã já o sol dizia bom dia e nos convidava a viver. 
Cada dia que passa é sempre ocasião para darmos graças a Deus pela vida que nos dá e pelo sentido que lhe dá, e porque nos quer oferecer uma vida ainda melhor. Cada dia que passa, afinal, escuro ou claro, cinzento ou colorido, frio ou caloroso, é um dia para caminharmos em direcção à Vida que o Pai nos teima em oferecer, aquela vida que só atingimos em pleno no céu, o céu de Deus. 
Em cada dia que nasce, nasce também a certeza de que este caminho é o Caminho. 
Mas hoje esta certeza veio a mim logo ao acordar, e teima em fazer-me rever cada passo que faço nessa direcção. E és tu, mãe, que mo lembras, porque o dia 7 de Outubro é, em todos os anos do calendário depois de 2001, o dia em que me apetece dizer ao Pai que quero muito ir para esse seu Céu, só que mais não seja para estar ao teu lado. 
Não queria que este dia voltasse. Porém, na verdade, é neste tipo de dias que melhor nos apercebemos que aqui estamos só de passagem, como caminhantes, para esse lado onde já estás.

4 comentários:

Paulina Ramos disse...

Tocante!
Tão bela esta tua mensagem de amor.
Quem me dera ter a certeza de que o outro lado é um lugar real para todos... queria que esse lugar fosse de acolhimento inclusive para os que têm muitas duvidas.
E especialmente a esses, lhes fosse concedido o privilégio de o vislumbrar de o sentir e viver aqui, onde tudo faz a diferença.

Anónimo disse...

Vou agora passar pelo cemitério, deixar uma rosa e dar um beijo teu à tua mãe!
Passa o tempo, não passa a memória!
Uma boa mãe, uma grande amiga, um testemunho que fica...

Grande abraço, amigo.
LPS

Paulina Ramos disse...


"vida que só atingimos em pleno no céu, o céu de Deus."

E para mim o céu de Deus será algo semelhante ao que, tão bem, se descreve neste poema.

Em Todos Os Jardins

Em todos os jardins hei-de florir,
Em todos beberei a lua cheia,
Quando enfim no meu fim eu possuir
Todas as praias onde o mar ondeia.

Um dia serei eu o mar e a areia,
A tudo quanto existe me hei-de unir,
E o meu sangue arrasta em cada veia
Esse abraço que um dia se há-de abrir.

Então receberei no meu desejo
Todo o fogo que habita na floresta
Conhecido por mim como num beijo.

Então serei o ritmo das paisagens,
A secreta abundância dessa festa
Que eu via prometida nas imagens.

(Sophia de Mello Breyner Andresen)

Seremos o ritmo das paisagens...
Seremos a secreta abundância que víamos descrita nas imagens.

Perdoa mais este comentário, senti que se encaixava tão bem no seguimento do que li, que decidi, mesmo com duvidar enviar.

Anónimo disse...

Que palavras escritas com tanta ternura, e certeza daquilo que diz.
Nesse dia mais alguém lá foi, levar duas rosas, pois apesar de ela estar lá no céu, é uma das poucas coisas que podemos fazer, enqanto estamos por cá.
Bjs