De 60 anos de idade, nunca na sua vida tivera dúvidas destas. A senhora professora sempre pendurara nas paredes da sala de aulas uma cruz, simples, de madeira. Ela fazia todos os dias uma oração antes de os alunos entrarem. Pedia a Jesus que, na sua cruz, de mãos abertas, abraçasse aqueles meninos. Os enchesse de coragem e de vontade para estudar. Para acreditar que era possível construir um mundo melhor. Bons sentimentos, penso. Mas agora estava ali, sentada. Ao meu lado. Uma confissão demorada.
Que fazer? Aquela cruz representava muita da sua força e sabedoria. O governo dita as leis de acordo com lobbies e interesses maçónicos, dizia. Levantei-me. Não que para mim aquele fosse um mal maior. Penso que a Igreja deve ter preocupações mais importantes! A minha fé não é abalada porque retiram um crucifixo da sala do meu trabalho ou da minha escola. Mas é a identidade de uma Igreja, a identidade dos cristãos que está em causa. A identidade de um país maioritariamente católico. Fui ao meu quarto buscar uma bandeira portuguesa. Daquelas que sobrou do Europeu. E expliquei. Estas 4 quinas azuis representam as primeiras batalhas na conquista do país. Diz-se que são os 5 reis mouros vencidos na Batalha de Ourique por D. Afonso Henriques. Cada quina contém 5 pontos brancos que representam as 5 chagas de Cristo que ajudou D. Afonso a vencer esta batalha. Repare. Forma uma cruz. Ela olhou. Já tinha olhado várias vezes, mas não conhecia este significado. Abriu a boca de espanto. Continuei depois dizendo-lhe que não era grave. Que a tolerância (bendita para os interesses de alguns intolerantes) o aconselhava. Embora não haja ainda muito muçulmano por aí, ou Jeovás, ou assim ou assado, tínhamos de os deixar respirar a sua fé. Sim. Porque a cruz na parede podia indigná-los. Como a mim não me indigna nada que os muçulmanos ou hindus usem turbante. Nada! Mas pronto.
Ela saiu com a mesma dúvida. Eu não fora suficientemente claro.
Ao fechar a porta olhei para o presépio que estava na rua, a enfeitar o Natal. Ainda não se lembraram de te atirar daí. Enquanto fores útil ao comércio…
Que fazer? Aquela cruz representava muita da sua força e sabedoria. O governo dita as leis de acordo com lobbies e interesses maçónicos, dizia. Levantei-me. Não que para mim aquele fosse um mal maior. Penso que a Igreja deve ter preocupações mais importantes! A minha fé não é abalada porque retiram um crucifixo da sala do meu trabalho ou da minha escola. Mas é a identidade de uma Igreja, a identidade dos cristãos que está em causa. A identidade de um país maioritariamente católico. Fui ao meu quarto buscar uma bandeira portuguesa. Daquelas que sobrou do Europeu. E expliquei. Estas 4 quinas azuis representam as primeiras batalhas na conquista do país. Diz-se que são os 5 reis mouros vencidos na Batalha de Ourique por D. Afonso Henriques. Cada quina contém 5 pontos brancos que representam as 5 chagas de Cristo que ajudou D. Afonso a vencer esta batalha. Repare. Forma uma cruz. Ela olhou. Já tinha olhado várias vezes, mas não conhecia este significado. Abriu a boca de espanto. Continuei depois dizendo-lhe que não era grave. Que a tolerância (bendita para os interesses de alguns intolerantes) o aconselhava. Embora não haja ainda muito muçulmano por aí, ou Jeovás, ou assim ou assado, tínhamos de os deixar respirar a sua fé. Sim. Porque a cruz na parede podia indigná-los. Como a mim não me indigna nada que os muçulmanos ou hindus usem turbante. Nada! Mas pronto.
Ela saiu com a mesma dúvida. Eu não fora suficientemente claro.
Ao fechar a porta olhei para o presépio que estava na rua, a enfeitar o Natal. Ainda não se lembraram de te atirar daí. Enquanto fores útil ao comércio…