quarta-feira, abril 26, 2017

As hóstias bentas

Ocorreu bem longe daqui, numa paróquia que um amigo assumiu há pouco tempo. Contou ele que numa ocasião, durante a comunhão, se apercebera que as hóstias não eram suficientes. Começou, por isso, a parti-las de modo que chegassem para todos os que estavam na fila da comunhão. Nisto uma das catequistas, ao ver a dificuldade do padre, e com muita solicitude, correu à sacristia e trouxe de lá uma píxide improvisada com hóstias por consagrar. Abeirou-se do padre e sussurrou-lhe ao ouvido. Benza-as que assim já chega para todos. 
A situação é caricata apenas para quem sabe que não é o mesmo uma hóstia consagrada que uma hóstia por consagrar, e que não é o mesmo uma consagração que uma bênção. Termos simples e básicos, digo eu, para quem possui a mínima formação de fé. Pelos vistos a solícita catequista, pese embora a sua genuína generosidade, não a tinha. Claro que ninguém é obrigado a saber tudo. E, como costumo dizer, não sou ninguém para julgar a fé dos outros. 
Porém o problema vai muito para além do facto da senhora catequista não saber estas coisas. O problema é que uns dias antes o tal padre convidara os catequistas para uma formação e a resposta que obteve foi um claro Não. Que não precisavam mais formação.

10 comentários:

Anónimo disse...

Srº padre, esse tema dos catequistas são iguais em todos o lado, infelizmente! Não gosto muito de fazer juizos desse grupo, mas a verdade é que olho para os catequistas como pessoas de muita, mas mesmo muito boa vontade, mas cada vez com menos formação. E não porque não haja, porque não querem formar-se. Nunca entendi muito a razão. Talvez a culpa seja das formações a que já foram anteriormente e sentiram pouca utilidade nelas. Mas hoje em dia há tantos livros,revistas, coisas na net que ajudam a formar e crescer, até este simples blog.
MJoão
bj

Anónimo disse...

Parece-me que não é um problema apenas dos catequistas, mas de muitos católicos!

Anónimo disse...

E quem fala de catequistas, fala de leitores, MEC, acólitos...

continua-se a fazer como se fazia como o padre tal e não se permitem, e à paróquia, evoluir.

mas verdade se diga que não é só na igreja, o mesmo se passa nas empresas e na vida pessoal... se se faz assim se não dá trabalho, nem causa "problemas"... para quê mudar!?!

depois admiramos-nos que seja sempre tudo igual e que não evoluamos para melhor... mudar dá trabalho! e para aprender, aprende-se na escola... e depois da escola sabemos tudo ;) (estou a ser sarcástica como é óbvio, senhor padre!)

VL

Anónimo disse...

Nao é apenas um problema de catequistas, claro que maioria dos católicos nao se empenham em formação, leituras e estudos, mas a verdade é que se torna mais grave saber que aquela pessoa é catequista e é formadora de crianças e jovens. Se nao sabe para ela, o que tem para transmitir?

Gui disse...

Estas histórias repetem-se um pouco por todo o lado. Esta semana foi nos lançado o desafio de participar numa formação. Estive presente e fiquei triste por num concelho aparecermos um punhado mal cheio de gente.
Foi de facto uma noite especial mas também triste por ver o cuidado, dedicação e a atenção com que a formação foi preparada e não terem aproveitado.

Dulce disse...

Olá!

Eu ando numa preparação para o Crisma e ando (espero) consciente do que isso significa (tanto o sacramento como a preparação).
Ainda há poucos dias tive uma discussão sobre a transubstanciação e outros fenómenos. E se fosse hoje teria dito o que disse de outra forma pois não fui muito clara e provavelmente até errei na interpretação. Contudo, concluo que o mistério que é a transubstanciação talvez seja um "bocadinho" difícil para a maioria das pessoas e mesmo para a maioria dos fieis. As opiniões devem oscilar entre a incredulidade total e a Fé, com todas as matizações possíveis. Mesmo os fieis que se habituaram a ouvir "o corpo e sangue de Cristo" será que acreditam realmente? Será que interiorizam verdadeiramente o que aquele momento é?
Não é julgar a Fé dos outros... só me pergunto se todas essas pessoas que eu vejo comungar acreditam realmente, porque se acreditarem a Igreja não se pode, com certeza, queixar do número de fieis.

Anónimo disse...

Dulce, é uma boa pergunta essa! Quero partir do principio que sim, que quem vai comungar sabe para o que vai. Para quê ir comungar se nao acredita? A hóstia nem saborosa é! Por isso não vejo razão de querer comungar sem acreditar.
MJ

Paula Ferrinho disse...

De facto, até me ri com este seu post... Que situação caricata, é verdade!!!
Mas fez-me pensar: de facto, acho que há muita falta de conhecimento em coisas tão básicas: essas que relata e tantas outras características da nossa fé e tradição cristãs... Também sou catequista e não estarei, certamente imune a tudo isto, seria pretensiosismo meu e por isso penso: o que está mal nas nossas catequeses e nos nossos catequistas? Acho que seria um bom início articularmos as catequeses com o ritmo do ano litúrgico e "desligá-las" do ritmo escolar, letivo, que "vai para férias" em períodos como o Advento, Páscoa... Porque não? Ligá-las ao ritmo do ano litúrgico e do que se celebra, centrando-as na cadência dos Evangelhos e toda a sua riqueza, percebendo os tempos e as quadras que se celebram e porquê, a ligação que isso tem com toda a liturgia e linguagem simbólica (e de vida) que se utiliza na Eucaristia. Ás vezes, isso é para mim mais tentador que os guias que temos que, sinceramente, acho que às vezes não são apelativos. E com isso, se estivéssemos atentos, aprenderíamos tanto, tanto em relação ao que professamos acreditar e quem sabe, até em relação a essa situação que relata.
Desculpe se o maço com uma tão longa resposta, mas é o que acho. E é pena, tantos de nós sermos assim, não sabendo "dar razões" da nossa fé...
Um beijinho,

Anónimo disse...

Olá a todos!

Concordo plenamente com a Paula Ferrinho. Já fui catequista e também nunca percebi porque nos tempos fortes da liturgia se mandava os meninos para casa de férias, como se de aulas se tratasse! Eram tempos fortes, com tanto para dizer e onde a maioria dos miudos teria mais tempo disponivel, por nao estar sobrecarregado com aulas e testes e podia-se aproveitar.
bjs

Anónimo disse...

O problema maior é que as pessoas não treinados para e acentuar a evangelização, simplesmente foram treinadas para ir a igreja.
Fui catequista entre outros envolvimento sem conhecimento, jamais posso fazer, a não ser um serviço voluntário para a comunidade. Com os coisas de Deus não se finge ou pode ser de qualquer jeito. Ele é perfeito e somos aprendizes. Pouco sabem DELE. A igreja ainda é um redoma.