quinta-feira, junho 18, 2015

Incêndio atinge igreja do milagre da multiplicação dos pães

Incêndio atinge igreja do milagre da multiplicação dos pães. Li a notícia a meio da manhã nas redes sociais. Vinha na página de um conhecido jornal nacional. Como já lá estive há uns anos, numa experiência de fé emocionante, fiquei triste com a notícia. O espaço nunca perderá o significado que tem para quem imagina que possa ter sido ali o milagre da multiplicação dos pães. Recordo que imaginar Jesus por aquelas paragens estremeceu em mim o que de melhor tem o meu coração. Mas o que mais me chamou a atenção na notícia foram os abundantes comentários jocosos. Copio alguns como lá estão ainda. “alguem nao prestou atencao ao forno...”; “Agora é a multiplicação do pão torrado....ou das tostas”;”Hoje há torradinhas para todos.”; “se calhar estavam a aquecer o forno para fazer os pães em duplicado.”; “Agora podem multiplicar os tijolos”; “Lá se foi a padaria do bairro,...”; “Esqueceram-se do forno aceso , agora nem pão multiplicado vão ter.”; “ao menos o pão cozido deve ter ficado”; “"Esturraram-se" as carcaças! Hahahaa”…
O ahahaha ainda soa na minha cabeça. Não é que me sinta indignado com a falta de respeito. Já estou habituado. As redes sociais dão possibilidade a todos os seus frequentadores de dizer o que bem lhes apetece sem medir a reação própria e natural do frente a frente. Além disso, faltar ao respeito não dá direito ao desrespeitado de faltar ao respeito a quem faltou ao respeito. Sim, porque a seguir logo diriam que não me podes faltar ao respeito por eu dizer o que me apetece.
Sinto-me, isso sim, espantado pelo facto de algo como uma casa que ardeu possa dar azo a piadas. Já estou a imaginar como seria comunicar a algumas dessas pessoas que gostam de rir com o mal alheio. Olhe a sua casa ardeu, ahahahah, esturricaram-se as mobílias, ahahaha, a comida que tinha na despensa já está cozinhada, ahahaha, cheira-me a esturro, ahahahah. Talvez, ou talvez não, nessa ocasião se apercebessem que o mal alheio só é alheio enquanto não nos toca a nós. Apetecia-me dizer mais umas coisas, mas não quero faltar ao respeito.

4 comentários:

Phoenix disse...

Isso se chama falta de respeito e HUMANIDADE. As pessoas perderam o minimo da vergonha na cara. Se o senhor está triste...Eu fico irada com este tipo de pessoa se é que pode chamar isto de pessoa, é até ofensa contra Deus, ficar brincando. Um incêndio é serio, poderia ter morrido alguém. Pelo amor de Deus e ainda estão dando risada. Eu fiquei irada ao ler este post teu. Uma pouca vergonha e descaso sobre os fatos alheios e desgraças, se tornarem motivo de risada. O senhor tem paciência porque é um bom homem, agora eu sendo humana e séria, daria uma bela bofetada na cara destas pessoas.

Anónimo disse...

Bom dia!

Magnifico este teu post.

Também li a noticia, senti repulsa e indignação por esses comentários.
"o mal alheio só é alheio enquanto não nos toca a nós." é mesmo assim, mas quando o mal lhe entra pela porta dentro sem pedir licença muda o cenário mudam os comentários.
O que vou relatar a seguir, não tem a dimensão desta noticia mas é real.

O marido bebia, tinha comportamentos menos próprios, um temperamento que quase se poderia definir de irascível. Num dia de desespero pediu a alguém muito próximo que lhe desse uma palavra um conselho, qualquer coisa. Como resposta obteve uma surda gargalhada, seguida das seguintes palavras "É ele que é da família... isso não é um problema... é apenas para descontrair".

Alguns meses se passaram e a situação foi ganhando dimensões cada vez mais desastrosas. Essa pessoa foi sentindo nela própria o efeito desse temperamento. O marido dela passou a beber com mais frequência. Agora o cenário é completamente diferente. As palavras e as gargalhadas foram adquirindo contornos de irritação mal disfarçada. Relata a vida dos outros como se quisesse desviar as atenções, em especial a dela mesma, da sua própria vida, do seu dia a dia.
A situação da primeira mulher em pouco se alterou, foi cultivando uma solitude que a leva a um lugar de silêncio e de oração.

Permite-me ainda esta ultima observação com uma pequena dose de "ironia" Deus dá um abraço através de alguém que nos diz uma palavra ou nos dirige um olhar um sorriso, inquestionável e muito bela esta observação. O "demónio" age de uma forma semelhante. :(

Febe disse...

Bertold Brecht responde bem a esses comentários :
:Bertold Brecht (1898-1956)
Primeiro levaram os negros
Mas não me importei com isso
Eu não era negro
Em seguida levaram alguns operários Mas não me importei com isso
Eu também não era operário
Depois prenderam os miseráveis
Mas não me importei com isso
Porque eu não sou miserável
Depois agarraram uns desempregados
Mas como tenho meu emprego
Também não me importei
Agora estão me levando
Mas já é tarde.
Como eu não me importei com ninguém
Ninguém se importa comigo.

Maria João Piedade disse...

O Sr. padre ainda se dá ao trabalho de ler os comentários às noticias? Já perdi essa mania, pois ficava sempre irritada por perceber a quantidade de gente sem moral alguma que existe neste pais! MAs ando desconfiada que quem escreve esse tipo de comentário, apenas quer concorrer ao "Jogo do Tanso" no Canal Q: o jogo que premeia aqueles que destilam fel da melhor categoria, nas zonas de comentários do Facebook! :D