sábado, junho 27, 2015

esvaziasses [poema 62]

Carcaça trajada, polida, carcaça enfim
Balão cheio, colorido, balão de ar a mim
Pipa de vinho, velha, envelhecida, sem vinho
Passo andante, corpo vestido, errante caminho

Vazío sem par nem par e em dor
E se adentrasses que fosse Senhor?

2 comentários:

Coruja Sábia disse...

Dividir um pouco da minha poesia com o senhor, porque também sou poetisa e escritora. E amo seus poemas. Dedicado de uma alma poética para outra.

Você e eu:

Mantenha uma vela na estrada
O sol não vira mas nesta alvorada
Veja, abra seus olhos cansados
Há uma luz que chegará ao seu lado.

Você não poderá chegar ao céu
Sem cair e prova o amargo fel
Você nunca irá ser um vencedor
Sem ser no fundo da alma um perdedor.

Há um lugar melhor
Nós podemos fazer este pesadelo não ser pior
Me dar sua mão
Vamos formar uma nova nação.

Olhe nos meus olhos com esperança
Vamos despertar no nosso interior, uma criança
Quero conversar com você
Sem esse povo fofoqueiro entender.

Vamos ser o amor
Quero ser o seu remédio para dor
Cante para mim, eu cantarei para você
Eles não entendem a nossa língua, por estupidez ou querer?

Somos únicos neste mundo
Iguais as estrelas, eles são doces vagabundos
Somos palavras vivas, eles são a desesperança viva
Em nossas bocas soam fortes palavras
Eu e você somos diferentes
Mas pessoas comuns, com mentes eloquentes.

Abraços amigo.

Anónimo disse...

O dono do terreiro

Entre papoilas ergueram-se quatro paredes de sal
E o crime foi a vertigem vermelha dos olhos
Nos campos cercanos ao terreiro
De quem sabe ser nada
E olhando-se no espelho da antiga morte
Carrega aos ombros a sua urna vazia
E na cor das papoilas se acende e apaga

Vede, com quantas mãos incertas
Vaza água nova na jarra despeja
E despeja da jarra o musgo dos dias

Vede, como se estreitam as paredes
Afagadas de sol, afogadas de sal
E como no campo se incendeiam as papoilas
Em seu pavio

No terreiro, agita-se o cão na corrente
Nos seus olhos faísca a alva túnica
Ali tão vasta, acolá tão esparsa
Esvoaça e pousa, pousa e esvoaça
Desliza pela negrura de um focinho
E nele brilha o sangue de um fantasma