quarta-feira, fevereiro 21, 2007

Ai, senhor padre, comi carne na sexta-feira

Trazia uma bengalita. Foi hoje de manhã. Vinha curvada pela idade. Cheia de trapos escuros. Eu estava sentado no meu cantinho do confessionário. Ajoelhou. Encostei o ouvido e ela também. Não falava alto nem ouvia bem. E disse: “Ai, senhor padre, comi carne na sexta-feira.” Eu também, respondi. “Mas eu não paguei a bula, senhor padre”. Nem sequer tinha dinheiro para tal e já não existe a bula. Esta servia para que os ricos pudessem comer carne nas sextas-feiras da Quaresma. Compravam o benefício. Nada mais contrário ao Evangelho. Como se só os pobres fossem obrigados à abstinência, Minha senhora, isso já não existe! Ela pergunta: “E perdoa-me, senhor padre?” Primeiro explico-lhe que quem perdoa é Deus. Depois explico que já não está obrigada pela idade. Depois ainda que a bula foi substituída pelo Contributo Penitencial, coisa que nas minhas paróquias também já esmoreceu. Esmorecia-o eu. Porque não concordava com esta forma de angariar dinheiro. Depois acrescento que antigamente a carne era mais cara que o peixe. Era comida fina. Hoje o peixe é mais caro. Seria pior comer camarão, sapateira e outros peixes assim, como eu já vi muitos cristãos bem intencionados. Mais, disse-lhe que também não se conspurcava com a carne. Expliquei com palavras mais simples. A carne não conspurca ninguém. “Ai senhor padre, mas sempre foi assim”. Pois. E eu farto-me de esclarecer isso na eucaristia. E nada. “O que posso então comer?” Lembrei-lhe que pela idade podia comer de tudo. Mas para a sossegar acrescentei que devia comer comidas simples, pobres. Em vez de requintadas, requentadas! “Só isso?!”.E seja boa. O melhor Jejum e Abstinência, o que agrada a Deus, é aquela ocasião em que estamos atentos ao próximo, que partilhamos com ele, que fazemos sacrifício para partilhar, que escutamos, que fazemos um gesto. É aquele sacrifício que fazemos para melhorar na nossa vida. Deixamos de fumar. Perdoamos. Estamos atentos ao outro. É aquela ocasião em que procuramos ser bons

33 comentários:

Hadassah disse...

Como cristã evangélica, fico surpreendida e feliz que hajam padres tão esclarecidos sobre o perdão que é dado por DEUS e contrários a condutas erradas, que a religião impunha aos fiéis... só não entendo porque é que ainda há fiéis tão agarrados à tradição e à religiosidade e tão pouco agarrados a Deus e à salvação. Parece-me que se for ensinado um caminho mais fácil as pessoas preferem o mais difícil, o do sacrifício,,, que abomina Deus.

Um abraço.

Sonhadora disse...

Também eu, ainda hoje, fui "repreendida" porque fiz frango para o almoço! Bem tentei explicar que o problema não é a carne em si, mas quando as pessoas têm estas ideias antigas é impossível... Só mesmo se for o Padre a explicar! E mesmo assim...

Um abraço!

Anónimo disse...

Pareçe que o assunto hoje é este mesmo: o jejum ! Até o meu filho me disse: mãe, não deveriamos estar a jejuar hoje? Descansa filhote que não tens idade para isso!
O trabalho de envangelizar pertence a todos os Baptizados, por isso temos todo o dever e obrigação de explicar o significado deste jejum quaresmal e lembrar também que é tempo de muita oração e caridade. Deveria ser todos os dias não é padre? Mas o Natal também devia... e não é!
Maria João

Anónimo disse...

Cada vez me surpreende mais. Por si dou graças a Deus.Como temos necessidade de pessoas assim.
Bjs

joaquim disse...

Caro Padre amigo "no" Confessionário
Como informação:

Jejum e abstinência

Em Julho de 1984, a Conferência Episcopal Portuguesa, de acordo com o Código de Direito Canónico (Cân. 1253), estabeleceu as seguintes normas para o jejum e a abstinência nas Dioceses portuguesas:

Os tempos penitenciais

2.Na pedagogia da Igreja, há tempos em que os cristãos são especialmente convidados à prática da penitência: a Quaresma e todas as sextas-feiras do ano. A penitência é uma expressão muito significativa da união dos cristãos ao mistério da Cruz de Cristo. Por isso, a Quaresma, enquanto primeiro tempo da celebração anual da Páscoa, e a sexta-feira, enquanto dia da morte do Senhor, sugerem naturalmente a prática da penitência.


Jejum e abstinência

3.O jejum é a forma de penitência que consiste na privação de alimentos. Na disciplina tradicional da Igreja, a concretização do jejum fazia-se limitando a alimentação diária a uma refeição, embora não se excluísse que se pudesse tomar alimentos ligeiros às horas das outras refeições.

Ainda que convenha manter-se esta forma tradicional de jejuar, contudo os fiéis poderão cumprir o preceito do jejum privando-se de uma quantidade ou qualidade de alimentos ou bebidas que constituam verdadeira privação ou penitência.


4.A abstinência, por sua vez, consiste na escolha de uma alimentação simples e pobre. A sua concretização na disciplina tradicional da Igreja era a abstenção de carne. Será muito aconselhável manter-se esta forma de abstinência, particularmente nas sextas-feiras da Quaresma. Mas poderá ser substituída pela privação de outros alimentos e bebidas, sobretudo mais requintados e dispendiosos ou da especial preferência de cada um.

Contudo, devido à evolução das condições sociais e do género de alimentação, aquela concretização pode não bastar para praticar a abstinência como acto penitencial. Lembrem-se os fiéis de que o essencial do espírito de abstinência é o que dizemos acima, ou seja, a escolha de uma alimentação simples e pobre e a renúncia ao luxo e ao esbanjamento. Só assim a abstinência será privação e se revestirá de carácter penitencial.


Determinações relativas ao jejum e à abstinência

5.O jejum e a abstinência são obrigatórios em Quarta-feira de Cinzas e em Sexta-feira Santa.


6.A abstinência é obrigatória, no decurso do ano, em todas as sextas-feiras que não coincidam com algum dia enumerado entre as solenidades. Esta forma de penitência reveste-se, no entanto, de significado especial nas sextas-feiras da Quaresma.


7.O preceito da abstinência obriga os fiéis a partir dos 14 anos completos.

O preceito do jejum obriga os fiéis que tenham feito 18 anos até terem completado os 59.

Aos que tiverem menos de 14 anos, deverão os pastores de almas e os pais procurar atentamente formá-los no verdadeiro sentido da penitência, sugerindo-lhes outros modos de a exprimirem.


8.As presentes determinações sobre o jejum e a abstinência apenas se aplicam em condições normais de saúde, estando os doentes, por conseguinte, dispensados da sua observância.


Determinações relativas a outras penitências

9.Nas sextas-feiras poderão os fiéis cumprir o preceito penitencial, quer fazendo penitência como acima ficou dito, quer escolhendo formas de penitência reconhecidas pela tradição, tais como a oração e a esmola, ou mesmo optar por outras formas, de escolha pessoal, como, por exemplo, privar-se de fumar, de algum espectáculo, etc.


10.No que respeita à oração, poderão cumprir o preceito penitencial através de exercícios de oração mais prolongados e generosos, tais como: o exercício da via-sacra, a recitação do rosário, a recitação de Laudes e Vésperas da Liturgia das Horas, a participação na Santa Eucaristia, uma leitura prolongada da Sagrada Escritura.


11.No que respeita à esmola, poderão cumprir o preceito penitencial através da partilha de bens materiais. Esta partilha deve ser proporcional às posses de cada um e deve significar uma verdadeira renúncia a algo do que se tem ou a gastos dispensáveis ou supérfulos.


12.Os cristãos que escolherem como forma de cumprimento do preceito da penitência uma participação pecuniária orientarão o seu contributo penitencial para uma finalidade determinada, a indicar pelo Bispo diocesano.


13.Os cristãos depositarão o seu contributo penitencial em lugar devidamente identificado em cada igreja ou capela, ou através da Cúria diocesana. Na Quaresma, todavia, em vez desta modalidade ou concomitantemente com ela, o contributo poderá ser entregue no ofertório da Missa dominical, em dia para o efeito fixado.


As formas de penitência não se excluem mas completem-se mutuamente

14.É aconselhável que, no cumprimento do preceito penitencial, os cristãos não se limitem a uma só forma de penitência, mas antes as pratiquem todas, pois o jejum, a oração e a esmola completam-se mutuamente, em ordem à caridade.

(CEP - Normas publicadas com data de 28 de Janeiro de 1985).

Retirado da Ecclesia

Abraço em Cristo

Anónimo disse...

O comentário de joaquim extraído de Eclesia poupa-me trabalho.Acho até muito actual. Muitos de nós , devido ao excesso de alimentos, sofremos com colesterol, ácido úrico etc. ...este tempo quaresmal é-nos benefico.Depois a esmola e o contributo penitencial é uma ajuda para os outros os mais desfavorecidos.Afinal repetimos a solidariedade natalícia que a maior parte já esqueceu.
Estes sacríficios ajudam-nos a entender melhor o papel de Jesus nas nossas vidas.Jocap

Anónimo disse...

Depois de ter lido os comentários anteriores (eu não percebo nada destes assuntos) cheguei à conclusão que eu e muitas pessoas à minha volta jejuam, mas sem ser por razões religiosas. Não estou a brincar!

A necessidade de manter o peso, perdê-lo ou por razões de saúde, faz com que determinados alimentos tenham sido banidos e outros há, que só os comemos na dose mínima.

Só falta a parte da oração!!! Certamente tornava a dieta mais suportável!!! (Não estou a brincar)

Isto de tratar do físico e não fazer o mesmo à mente... bem, eu lá tento dar umas caminhadas pela praia e entro na igreja quando não está ninguém.

Teodora

Elsa Sequeira disse...

Olá Amigo!!!

Estiveste muito bem!
Pois cá para mim normas, regras, artigos... sobre algo que vem (ou se não vem deveria vir...)de dentro e nunca de fora, são inconcebiveis!
Por isso tens pontuação máxima!!!

beijinhos pa ti!!!

123 disse...

hola confesionário eu tambem comi carne mas pouca sabes como eu sou não como nada.
tambem acho que nao tem mal nenhum


adeussssss

















































































































































podes ir ao meu blog??'

Confessionário disse...

Ei, Tiaguito, porquê esse espaço tão grande entre as palavras do texto?!

123 disse...

ohhh desculpa eram as saudades

Anónimo disse...

Lá estamos nós a descambar só para um lado.

A "simbologia" da prescrição de não se comer carne em dia de jejum, não tem a ver com a sua carestia ou barateza, mas porque é um alimento mais pesado e mais dificilmente digerido do que o peixe. O jejum implica que se ingiram alimentos mais leves.
E nem tão pouco, o fazer jejum e abstinência anula o propósito, que nos deve mover dia-a-dia, de nos melhorarmos.
Uma coisa não anula a outra.

Penso que é uma forma simbólica de lembrar aos cristãos a necessidade de abnegação, de contrição e de reconciliação com Deus e os outros - porque a estrada íngreme que leva ao alto é difícil e requer perseverança e sacrifício.
Ajuda a exercitar, pelo esforço, a necessidade de contensão e a fugir dos excessos desregrados, neste caso muito pertinente - da gula (ou seja modernamente a obesidade), quando no mundo tantos morrem de desnutrição.

De resto, custa assim tanto não comer carne em determinados dias?

Então, Sr. Padre, mude-lhes, a esses, a abstinência e o jejum por um Contributo Penitencial, por exemplo, ajudando os mais necessitados, que todo o ano são obrigados a fazer jejum por carecerem das necessidades básicas.
Ah, mas esquecia-me que nas suas Paróquias essa prática também já esmoreceu.

Quanto a tentar mudar a mentalidade das pessoas idosas, acho mesmo contraproducente. Sempre foram ensinadas dentro de certas práticas e rituais e, embora o essencial não passe por aí - o mais importante é que vivamos em completo acordo com os princípios evangélicos - não faz sentido incutir-lhes outras modernices que já não entram na sua enfraquecida plasticidade mental.
A juventude é sempre exímia em impôr aos mais velhos novas teorias e modos de vida; mas a liberdade e o respeito pelas diferenças, passa por sabermos aceitar os outros tal como são, sem termos que, a todo o custo, querer alterar-lhes os seus hábitos.
Para lá caminhamos.

Confessionário disse...

Ó Hepta, lá estamos nós a descambar só para um lado.

- O Contributo Penitencial é entregue na Cúria e não aos pobres das minhas paróquias

- O sentido do Jejum e da abstinência são de facto e sobretudo a aproximação aos outros, sobretduo os mais necessitados (dizia isso ontem na homilia); o verdadeiro Jejum que agrada a DEus é esse. Isto não é "modernice". Conheço gente que faz todo o tipo de jejuns e preceitos sem verdade... só com tradição. Muitos cumprem tudo e andam zangados com A, B ou C. Achas bem?

- O jejum não implica que se ingiram alimentos mais leves; mas que se faça algum sacrifício (o que se gosta, o que pode ser ostentação ou gula...)

- Não é uma questão de comer carne ou não, mas de se perceber aquilo que é esencial e agrada a Deus!

- Achas que uma pessoa idosa deve fazer jejum e abstinência porque é tradição, mesmo sabendo que isso não lhe é saudável, só porque não deve custar não comer ou não carne em determinados dias?

- Ajudar as pessoas a crescer não é atacá-las nem acabar com as suas coisas ou forma de ser (hoje temos televisão e ontem não tínhamos: há que aprender a vê-la)

- O respeito à diferença não é ser indiferente perante a pessoa.

- Não só os aceito como são, como gosto imenso deles como são! São até mais "puros" e verdadeiros que mitos de nós! Deus sabe isso.

anamaria disse...

Bem haja pelas palavras sábias e pelas ideias que elas transmitem... São sobretudo os "sepulcros caiados" que ostentam as medalhas de práticas que são pouco mais que visuais...Creio não estar completamente errada ao pensar que os sacrifícios se podem fazer todos os dias, a todas as horas, sempre na ideia-base de tudo:o amor em Cristo. Basta estar atento ao que se passa à nossa volta.
Comidas e bebidas... não é o que entra que nos torna impuros, mas o que sai...

Anónimo disse...

Sábias palavras que revelam sábias ideias...
Quantas vezes vemos os "sepulcros caiados" deste mundo esconderem pouco cristãs ideias e não só por detrás de medalhas de jejuns e abstinências cumpridos a preceito e a horas...
Comidas e bebidas...Não é o que entra em nós que nos torna impuros, mas tudo o que de nós sai, já pregava Aquele que menos ligava ao farisaico cumprir de preceitos sem espírito!

J disse...

Adorei a ideia do seu blog,sou ateu, mas tenho um imenso respeito pela igreja catolica.
Acho que o maior elogio que lhe posso dar e' que:
Acabou de ganhar um "fiel"...para o seu blog.

Paulo disse...

Pior do que comer carne no dia de hoje, será deixar a estragar-se ou não dar a quem mais precisa.

Anónimo disse...

Obrigada pelo seu comentário.
Concordo inteiramente consigo.

Eu sei que as pessoas de idade não estão sujeitas a esse regime, mas se querem práticá-lo, não há mal nenhum nisso.
O que importa essencialmente é, de facto, o interior, que deve reflectir-se no exterior, nas nossas vivências.

Mas penso que os caminhos mais fáceis nem sempre são os que mais nos ajudam a aperfeiçoarmo-nos espiritualmente.

Quando Deus disse: "Não quero sacrifícios, quero boas obras", referia-se aos rituais de sacrifícios animais daqueles que, depois, no dia-a-dia eram uns tratantes.

Nós, humanos, que somos por natureza imperfeitos, não é com facilidades e sem sacrifícios e abenegações que nos conseguimos manter sempre no caminho estreito e na disponiblidade constante de nos ajudarmos a nós e aos outros.
Precisamos de nos exercitar.
E ao fazermos jejum e abstinência, alguns dias por ano, não é uma prática apenas exterior; exercitamos também o espírito, pois qualquer sacrifício, mesmo que respeite ao corpo, requer sempre boa-vontade e disponibilidade interior.

Unknown disse...

Ninguém o diria de melhor forma...sinto-me previligiada por seres meu amigo!

Bjs

Carla

Maria João disse...

Deixo apenas esta passagem da Palavra de Deus.

"Será este o jejum que Me agrada no dia em que o homem se mortifica? Curvar a cabeça como um junco, deitar-se sobre saco e cinza: é a isto que chamais jejum e dia agradável ao Senhor? O jejum que Me agrada não será antes este: quebrar as cadeias injustas, desatar os laços da servidão, pôr em liberdade os oprimidos, destruir todos os jugos? Não será repartir o teu pão com o faminto, dar pousada aos pobres sem abrigo, levar roupa aos que não têm que vestir e não voltar as costas ao teu semelhante?" Is 58, 1-9

mi disse...

caro padre,
obrigada pela orientação do que é o verdadeiro espírito da Quaresma!

Jorge Oliveira disse...

Grande Padre! (Ó Haddassah, este é um padre protestante…lol)


Em vez do Joaquim (e seus correligionários) vir para aqui despejar as ordenanças fedorentas da religião e dos concílios, devia era ler mais vezes o Confessionário e se tiver uma Bíblia em casa medite em
Colossenses 2:16-23, pode ser que aprenda alguma coisita.


Abraços

Anónimo disse...

Peço desculpa da (quase) repetição de comentário!
Para não parecer maluca -aquilo que muitas vezes sou mesmo!-, explico: fiz o primeiro comentário e não o vi escrito, por existir um grande espaço em branco entre dois deles... Julguei ter feito algo de errado e voltei a escrever... Só depois percebi o que tinha sucedido!
Pecado confessado, meio perdoado...não é?
Saudações em Cristo!

Confessionário disse...

Hepta, venho só dizer que concordo contigo (hehe). De facto se fizermos com verdade e vontade alguns sacrifícios exercitamos a nossa austeridade e atenção para o essencial. Mas repito: de verdade e vontade!

Confessionário disse...

Ana Maria, eu percebi qualquer coisa... hehe. Vamos supor que a repitação é uma forma de insistir. heheh

joaquim disse...

Caro Padre “no” Confessionário
Como é óbvio estou de acordo contigo, quando dizes que é preciso verdade e sinceridade naquilo que se faz.
Ao ler a nota da CEP que aqui coloquei, reparei que existe algum cuidado nos tempos dos verbos utilizados, de tal modo que toda a nota é mais uma directiva do que uma “lei”.
Se a coloquei foi apenas para se saber o que é que a Igreja recomenda neste tempo de Quaresma.
Logicamente não é por fazer jejum e abstinência, sem qualquer sentido, (não como carne, mas como lagosta), que vivemos aquilo a que a Igreja nos chama a viver neste Tempo de Quaresma.
É por vezes muito mais difícil prescindirmos, ou até libertarmo-nos de certos “vícios” diários, (tabaco, álcool, doces, telenovelas, etc), do que fazermos um jejum ou uma abstinência, (sobretudo num país em que o consumo de peixe é muito mais elevado do que o da a carne), que pouco ou nada nos custa.
Mas sobretudo, julgo eu, mais importante ainda, é sabermos porque o fazemos, e o que aproveitamos para mudar o que é preciso nas nossas vidas, para uma verdadeira comunhão com Deus e os irmãos.
Se assim não for, todo esse jejum e abstinência pode ser comparado, (“málacumparado” como se diz na minha terra), aos terços nos espelhos retrovisores dos carros, quando ali são colocados como nem sei bem o quê, superstição, e nunca são utilizados para a sua verdadeira finalidade, a oração.
Volto a repetir que é por vezes muito mais difícil mudar certas coisas nas nossas vidas, como os nossos comportamentos com os outros, como fazer as pazes com quem estamos zangados ou magoados, as nossas atitudes com as nossas mulheres, maridos, filhos, pais, empregados, etc, etc, com a Igreja, do que algo que apenas, mal feito, é apenas uma coisa física.

Uma palavra ao Joincanto, com todo o respeito:
Eu não tenho correligionários, nem podia ter, nem queria ter, porque não sou ninguém. Considero os outros todos meus irmãos em Cristo, e aqueles que acreditam, também meus irmãos na Fé.
Quanto aos epítetos que coloca ao documento da CEP, apenas lamento, porque eu era incapaz de assim me referir a qualquer documento de outra Igreja. Para si um abraço em Cristo.

Obrigado amigo Padre, pelo Confessionário.
Abraço em Cristo

Andante disse...

Jejuns
Abstinências
Tão poucas penitências.

Ainda há muita terra para lavrar pois a ignorância permanece.
É a nós, crentes, que se devem atirar as culpas.
Uns, por excesso de zelo, condenam aqueles que não cumprem.
Outros, por serem demasiado prá frente, tornam-se intolerantes.
O padre sozinho não pode dar conta do recado e a Quaresma, mais que de jejuns, é tempo de conversão, no sentido pleno da palavra, e de mudança de vida.
Eu comecei hoje a tentar e, está a ser difícil. Dominei-me em relação a "determinado víciozito".
Pôssa que está a custar...
Iniciei, assim, o meu jejum e a minha penitência.
Quero viver intensamente este tempo de preparação.

Beijos peregrinos

Catequista disse...

Lembro-me de há alguns anos atrás, durante um retiro de jovens durante a Quaresma, o padre explicar que não fazia sentido nenhum fazer abstinência e "regalar-se" com lampreia, marisco e afins. Acho que hoje em dia as pessoas cumprem o jejum ou a abstinência mas sem perceberem o que está por detrás destes actos, qual o verdadeiro significado da vivência da Quaresma.
Uma vez num grupo de catequese de adolescentes propus que durante a Quaresma não comessemos chocolates. "Oh Catequista, isso não, que gosto muito!" Pois, aí é que está o verdadeiro sacríficio!

Confessionário disse...

Joaquim, não leves a mal o excesso do Joincanto. Não deve ter sido com maldade.
Joincanto, foi um pouco fortita a linguagem!!!

Paulo disse...

Antes comer que deitar fora, o pecado, a meu ver, é pior se não dermos a quem tem fome.

joaquim disse...

Caro Padre "no" Confessionário
Claro que não levo a mal.
Abraço em Cristo para o Joincanto e outro para ti

mafaoli disse...

Há muito que a minha abstinência se volta para fazer algo em beneficio daqueles que mais precisam. Penso que o que agrada a Deus não tem a ver com aquilo que pomos no prato.
O meu antigo padre costumava dizer: «O mal não está naquilo que metemos para a boca, mas sim, naquilo que deitamos pela boca fora» .Não será isto uma grande verdade?

Confessionário disse...

Penso que sim, Mafaoli